Obsolescência programada nos relacionamentos contemporâneos : fenômeno capitalista da descartalização de pessoas



Eduardo Freitas

Quando o modelo vigente é adequado a funções mais intimistas da tua vida: algo está errado.

O comportamento social contemporâneo está envolvido na conduta do consumo, na busca patológica do ideal, reorientando de modo superficial condutas e relacionamentos. 

E o que diabos é obsolescência programada? É o meio mercadológico utilizado em países capitalistas, que visa diminuir a vida útil de um certo produto, forçando o consumidor a comprar uma nova versão.

A beleza é o exemplo ideal de grande descarte de uma sociedade superficial como a nossa. Feita por imposições ao consumo de produtos da indústria da estética e da moda. Faz com que a obsolescência migre para o terreno pessoal. O que caracteriza a mulher ideal? Perde-se o valor humano, o tornando dispensável.

O consumo exacerbado de coisas equipara-se aos relacionamentos afetivos, na medida de lidarmos com as dificuldades.

Isso causa um choque no modo em que conduzimos a nossa vida. Funcionar até não funcionar mais. É mais fácil lidar com o término do que consertar o que tem de ser consertado.

“Esquecer e tentar outra” típico conselho dado nos fins dos relacionamentos é nivelar-se a política do “substituir”.

Vivemos no tempo onde tudo flui numa sucessão de recomeçar, nada se solidifica, dizia Bauman. É rentável descartar. Oras, há novas versões melhores à espera. Substitua o velho pelo novo.

Existe uma estipulação de valor para relações considerando o seu estado. Aos relacionamentos recém começados trata-se o “novo” como uma inovação. E aos frágeis e precários, tratam a fragilidade e a precariedade como um valor. 

E qual seria o valor daquilo que é sentido e não usado?

O fenômeno capitalista é cruel. Mas o que se pode esperar de um fenômeno desumano?

Que ironicamente, está plantado nos nossos valores, dita comportamentos padrões; tendo como o “novo”, obrigatoriamente algo como “melhor”.


Postado no site Made in Brazil


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