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Os Estados Unidos estão se tornando um estado policial autoritário?

 




Os Estados Unidos estão se tornando um estado policial autoritário? 

Neste vídeo, reagimos e analisamos a investigação explosiva da CBC News do Canadá que expõe as operações brutais da ICE (Imigração e Alfândega dos EUA) sob Donald Trump

A reportagem mostra agentes federais jogando gás lacrimogêneo em crianças fantasiadas no Halloween, quebrando costelas de veteranos de guerra americanos, e sequestrando cidadãos dos EUA por engano. 

REVELAÇÕES CHOCANTES: Nas últimas 48 horas, novas informações devastadoras vieram à tona. A juíza federal Sara Ellis ordenou que o comandante Greg Bovino compareça ao tribunal TODOS OS DIAS após ele jogar gás em crianças vestidas para o Halloween em Chicago. 

A congressista Pramila Jayapal anunciou a 22ª morte sob custódia da ICE em apenas 10 meses de Trump, comparado com 24 mortes em 4 anos inteiros do governo Biden. 

O Washington Post expôs que o Departamento de Segurança Interna está fabricando vídeos de propaganda falsos, usando imagens antigas de 2019 e de estados errados para enganar o público americano. 

Mais de 170 cidadãos americanos foram detidos ilegalmente pela ICE em 2025, segundo investigação da ProPublica. 

A administração Trump demitiu pelo menos 12 diretores regionais da ICE por não atingirem a cota absurda de Stephen Miller de 3000 prisões por dia. Agora, oficiais mais agressivos da Patrulha de Fronteira estão assumindo o controle em operações que jornalistas chamaram de massacre da meia noite. 

Neste vídeo você vai ver análise crítica sobre como Trump está construindo uma força policial paramilitar nacional não responsável perante ninguém, operando com máscaras, sem identificação, ignorando ordens judiciais e atacando cidadãos pela cor da pele ou idioma que falam.

A reportagem da CBC entrevista vítimas reais: veteranos espancados, enfermeiras sequestradas por fotografar veículos da ICE, e refugiados legais arrancados de seus carros violentamente. 

Também exploramos a Operação Midway Blitz em Chicago que usou helicópteros Black Hawk, granadas de efeito moral e mais de 2800 prisões, tratando bairros residenciais como zonas de guerra.

A Suprema Corte de Trump derrubou decisão que proibia detenções baseadas em cor de pele ou idioma falado. 

Greg Bovino lançou vídeos de propaganda com música de rock e tema de Star Wars, transformando direitos humanos em entretenimento macabro. 

Comparamos com análises de especialistas da UCLA, relatórios da ACLU sobre abuso de poder presidencial, e dados confirmados por NPR, El Pais, The Independent, Reuters e outras fontes internacionais confiáveis.

Este conteúdo traz informações que a mídia brasileira não está cobrindo, com contexto completo, fontes verificadas e análise profunda sobre como os EUA estão caminhando rapidamente para o autoritarismo

Se você se preocupa com democracia, direitos humanos e o futuro da América, este vídeo é essencial. Compartilhe para mais pessoas entenderem a gravidade da situação. Inscreva-se no canal para mais análises críticas e bem fundamentadas sobre política internacional. 

FONTES VERIFICADAS MÚLTIPLAS: CBC News (Canadá), Washington Post, El Pais, NPR, ProPublica, The Independent, Reuters, NBC News, ABC News, MSNBC, PBS NewsHour, ACLU, documentos judiciais federais e relatórios oficiais do Congresso Americano.






Enquanto 7 milhões de americanos marchavam contra o autoritarismo de Trump, ele respondeu com um vídeo de inteligência artificial onde aparece com coroa defecando sobre manifestantes. Não foi montagem de opositores. Foi ele mesmo quem postou. 

Neste vídeo reagimos à análise devastadora do psiquiatra britânico Dr. Russell Razzaque sobre o apelo psicológico de Trump à base MAGA e conectamos com as últimas notícias que comprovam sua tese.

O psiquiatra explica que o contrato entre Trump e seus seguidores não tem nada a ver com melhorar suas vidas. Tem a ver com algo muito mais sombrio e perigoso: validação emocional dos instintos mais obscuros

Trump não governa para o povo, ele emociona pelo povo. Ele canaliza o ódio que seus apoiadores precisam esconder na sociedade. 

Analisamos o vídeo AI polêmico que Trump postou após a Marcha dos Sem Reis (No Kings March), onde aparecem 7 milhões de pessoas em todos os 50 estados protestando contra suas políticas autoritárias.

A resposta presidencial foi um vídeo gerado por inteligência artificial mostrando Trump com coroa pilotando jato KING TRUMP e despejando fezes sobre manifestantes. 

Conectamos a análise psiquiátrica com a condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado no Brasil. O Supremo Tribunal Federal brasileiro funcionou enquanto nos Estados Unidos as instituições colapsaram diante do culto à personalidade.

Explicamos por que a base MAGA mantém devoção inabalável mesmo com aprovação presidencial em queda e governo federal paralisado há 21 dias. A conexão não é racional, é visceral. É sobre validação dos impulsos mais sombrios, não sobre políticas que funcionem.

Mostramos como tanto Trump quanto Bolsonaro usaram as mesmas táticas: contestaram resultados eleitorais sem provas, incitaram insurreições violentas contra o Congresso, construíram cultos de personalidade baseados em validação emocional dos piores instintos. 

Incluímos depoimentos de apoiadores trumpistas e análise crítica sobre o fenômeno psicológico que transforma política em catarse emocional coletiva dos piores impulsos humanos. 

Trump e Bolsonaro não são aberrações, são espelhos que refletem o que parte da população sempre quis fazer: desumanizar o diferente, destruir instituições, celebrar crueldade como virtude

Análise profunda sobre autoritarismo, psicologia política, culto à personalidade, fascismo moderno, populismo de extrema direita e manipulação emocional de massas.

Entenda os mecanismos psicológicos por trás da devoção cega a líderes autoritários. 

Vídeo original do Dr. Russell Razzaque analisado: A Psychiatrist Explains What's At The Heart Of Trump's Appeal To The Core MAGA Base (20 de outubro de 2025) 

Fontes: New York Times, Reuters, BBC Brasil, Agência Brasil, USA Today, Euronews, Axios, Los Angeles Times, Silver Bulletin, Morning Consult, Financial Times, CNN Brasil, Al Jazeera, The Hill, Newsweek.






O espetáculo assassino



É a velha fórmula do espetáculo bélico que rende manchetes, mas não resultados.

Oliveiros Marques

O que vimos hoje no Rio de Janeiro não foi política de segurança: foi encenação com sangue. O governador Cláudio Castro mobilizou cerca de 2.500 agentes para uma incursão que terminou do pior modo possível: quatro policiais não voltarão para suas famílias. Em troca dessa tragédia, o que se obteve? Nem um centímetro a menos de território sob domínio criminoso, nenhuma alteração estrutural na economia do crime, nenhuma garantia de que amanhã a rotina de medo não recomece. É a velha fórmula do espetáculo bélico que rende manchetes, mas não resultados.

Não é preciso ser especialista para entender por que essas ações fracassam. A topografia das comunidades, o adensamento urbano e o potencial bélico das facções tornam qualquer operação desse tipo um convite ao desastre: alto risco para moradores e policiais, baixíssima chance de captura qualificada de lideranças, e nula capacidade de desarticular o caixa das organizações. “Enxugar gelo” é pouco: trata-se de triturar vidas numa engrenagem que o próprio Estado alimenta quando escolhe o confronto vistoso em vez da inteligência silenciosa.

Segurança pública que funciona estrangula a economia do crime e quebra suas cadeias de suprimento. Isso significa rastrear armas e munições, sufocar o fluxo de dinheiro ilícito, controlar portos e fronteiras estaduais, perseguir brokers logísticos, integrar inteligência penitenciária, padronizar protocolos e compartilhar dados em tempo real. Nada disso se faz com improviso, cada estado por si, em operações midiáticas. Faz-se com governança federativa, metas, interoperabilidade e financiamento estável. É exatamente isso que propõe a PEC da Segurança Pública defendida pelo governo federal e sabotada pelo Palácio Guanabara.

A PEC estabelece um sistema nacional integrado de segurança: comandos cooperativos entre União, estados e municípios; bancos de dados unificados; padronização de procedimentos operacionais; metas e indicadores auditáveis; financiamento vinculado a desempenho; e prioridade a ações de inteligência e investigação financeira, em parceria com Receita, Coaf, Ministério Público e Judiciário. Prevê ainda diretrizes para pós-ocupação de territórios - porque sem escola, iluminação, urbanismo, saúde e presença permanente do Estado, cada operação vira ocupação efêmera seguida de recuo e retaliação.

Quem teme a PEC teme perder o controle político do espetáculo. Com metas comuns e transparência, acaba o marketing de helicóptero e surge a cobrança por resultados mensuráveis: redução de homicídios, queda de roubos, apreensão rastreável de armas, prisões com lastro probatório, confisco de patrimônio, desmonte de milícias. A sociedade deixa de ser plateia e volta a ser cidadã, com direito a segurança baseada em evidências - não em bravatas.

Hoje, o Rio de Janeiro pagou caro por uma escolha errada. Quatro agentes tombaram; milhares de moradores reviveram o pânico; o crime reorganiza seu turno como quem fecha o caixa no fim do dia. Basta. A saída não está em mais tiros, e sim em mais Estado qualificado. A aprovação da PEC da Segurança é o passo concreto para tirar o país das mãos das organizações criminosas: coordenação, inteligência, tecnologia, rastreabilidade, prevenção e presença social.

Cabe ao Congresso escolher entre perpetuar o ciclo de luto e manchete ou inaugurar um ciclo de tranquilidade com resultados. Aprovar a PEC é dizer aos brasileiros - sobretudo aos do Rio - que a vida de policiais e de moradores vale mais do que qualquer palanque.


Oliveiros Marques Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas.






Brasil cada vez mais longe da civilização e mais perto da barbárie ...



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Marielle, negra, favelada, batalhadora pelos direitos humanos, uma guerreira assassinada !



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Lanceiros Negros : procuram-se os responsáveis pela atrocidade



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Jeferson Miola


A atrocidade da Brigada Militar [BM] na desocupação do movimento Lanceiros Negros é triplamente abominável.

1. O edifício de propriedade do governo do Estado, localizado no centro de Porto Alegre, foi ocupado pelos Lanceiros Negros em novembro de 2015. Antes disso, por 10 anos este imóvel estatal ficou sem uso e abandonado.

Naquele edifício, dos Lanceiros Negros, convertido num lugar-movimento e transformado numa escola de vida e política, mais de 170 jovens constituíram famílias, geraram as crianças que recém nasceram [ali residia inclusive um bebê de 30 dias], montaram uma biblioteca para si e para seus filhos, definiram regras comunitárias e processos democráticos de deliberação, se integraram com dignidade e respeito à vida no bairro, se tornaram personagens do centro da cidade, enfim, se fizeram luzes indicadoras de que a reurbanização do centro histórico da cidade só é possível quando acolhe e integra com humanidade na sua paisagem o povo simples e trabalhador.

O chefe do Executivo gaúcho, José Ivo Sartori, contudo, insensível a isso tudo, rechaçou com uma burrice cega e preconceituosa este bem sucedido experimento popular de organização social baseado na auto-gestão. Como a inteligência gerencial e a sensibilidade humana do Sartori cabem num tubo de gás pimenta, para ele o assunto é resolvido de maneira simples e prática: bastam cassetetes e balas de borracha.

Sartori simboliza o despotismo; ele representa o método de governar que condena o Estado e o povo gaúcho ao atraso, que faz com que o Rio Grande seja cada vez mais confundido com o arcaísmo e menos com o futuro.

2. Outro poder de Estado, o Judiciário, na pessoa da juíza Aline Santos Guaranha, da 7ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, aparentemente também portadora da tendência obtusa de perceber a realidade como o governador Sartori, concedeu ao governo estadual uma muito singular ordem de reintegração de posse.

Ela colocou o bem material acima da garantia da vida humana; fato coerente com a hermenêutica da juíza. Afinal, para ela, as coisas, o trânsito e os prédios valem muito mais que a maioria destas pessoas miseráveis e sem-teto que ela manda desalojar a qualquer hora do dia e da noite com frio e chuva e que recebem, em todo o ano, menos do que a classe da juíza ganha por mês só através de um obsceno auxílio-moradia.

A juíza determinou “o cumprimento da ordem aos feriados e finais de semana e fora do horário de expediente, se necessário, evitando o máximo possível o transtorno ao trânsito de veículos e funcionamento habitual da cidade”, e também autorizou o emprego de violência policial.

Se o Tribunal de Justiça do RS validar “o cumprimento da ordem aos feriados e finais de semana e fora do horário de expediente” e de violência para o desfecho de conflitos sociais, estará validando o arbítrio como resposta aos conflitos existentes no interior da sociedade, o que é típico de regimes de Exceção.

3. A atrocidade da Brigada Militar é raramente vista. A corporação da polícia militar tem uma cadeia de comando que começa no [1] Comandante-Geral da BM, passa pelo [2] secretário de segurança Cézar Schirmer, e termina no [3] governador do Estado, comandante supremo da BM, de acordo com a Constituição Estadual de 1989.

A Brigada foi atroz com os integrantes e com as organizações apoiadoras dos Lanceiros Negros, numa demonstração inequívoca de que a repressão e a truculência substituíram o cérebro.

A BM também foi atroz com a Assembléia Legislativa do RS, que teve um dos seus deputados, o Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Jefferson Fernandes, agredido, arrastado, algemado, seqüestrado e enfiado num camburão da BM que circulou pela cidade para finalmente “desová-lo” em frente ao Theatro São Pedro, ao lado da Assembléia Legislativa.

O deputado foi alvejado com bala de borracha na perna, torturado, espancado e xingado enquanto mantido no camburão com outras duas mulheres também presas ilegalmente. Aliás, outra flagrante ilegalidade da BM, de conduzir homens e mulheres no mesmo veículo usado para detenção.

O presidente da Assembléia do RS, deputado Edgar Pretto, PT/RS, traduziu com equilíbrio e precisão a gravidade do ocorrido: “a Assembléia foi violentamente afrontada com prisão do deputado Jefferson Fernandes”.

Passaram-se mais de 24 horas desde que esta atrocidade foi perpetrada e nem o secretário de segurança, Cézar Schirmer, como tampouco o governador do estado, José Ivo Sartori, se pronunciou sobre o atentado à democracia que fica evidenciado na prisão inconstitucional do deputado Jefferson Fernandes.

Esta atrocidade obedeceu uma cadeia de comando, do Judiciário ao Executivo, num ataque frontal e duplo à soberania popular: reprimindo o povo diretamente na desocupação, e atacando a soberania popular representada no mandato parlamentar.

Estivéssemos vivendo um Estado de Direito, as demissões do comandante-geral da BM e do secretário de segurança seriam os dois últimos atos assinados pelo governador Sartori antes da assinatura da renúncia ao cargo que ele tanto envergonha.


Postado em Luis Nassif Online em 16/06/2017





















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A boa vontade que falta no Brasil de hoje



latuff/brasil247


Leonardo Boff


Na sociedade brasileira atual grassa uma onda de ódio, raiva e dilaceração que raramente tivemos em nossa história. Chegamos a um ponto em que a má vontade generalizada impede qualquer convergência em função de uma saída da avassaladora crise que afeta toda a sociedade.

Immanuel Kant (1724-1804), o mais rigoroso pensador da ética no Ocidente moderno, fez uma afirmação de grandes consequências, em sua Fundamentação para uma metafísica dos costumes(1785): "Não é possível se pensar algo que, em qualquer lugar no mundo e mesmo fora dele, possa ser tido irrestritamente como bom senão a boa vontade (der gute Wille)". Kant reconhece que qualquer projeto ético possui defeitos. Entretanto, todos os projetos possuem algo comum que é sem defeito: a boa vontade. Traduzindo seu difícil linguajar: a boa vontade é o único bem que é somente bom e ao qual não cabe nenhuma restrição. A boa vontade ou é só boa ou não é boa vontade.

Há aqui uma verdade com graves consequências: se a boa vontade não for a atitude prévia a tudo que pensarmos e fizermos, será impossível criar-se uma base comum que a todos envolva. Se malicio tudo, se tudo coloco sob suspeita e se não confio mais em ninguém, então, será impossível construir algo que congregue a todos. Dito positivamente: só contando com a boa vontade de todos posso construir algo bom para todos. Em momento de crise como o nosso, é a boa vontade o fator principal de união de todos para uma resposta viável que supere a crise.

Estas reflexões valem tanto para o mundo globalizado quanto para o Brasil atual. Se não houver boa vontade da grande maioria da humanidade, não vamos encontrar uma saída para a desesperadora crise social que dilacera as sociedades periféricas, nem uma solução para o alarme ecológico que põe em risco o sistema-Terra. Somente na COP 21 de Paris em dezembro de 2015 se chegou a um consenso mínimo no sentido de conter o aquecimento global. Ainda assim as decisões não eram vinculantes. Dependiam da boa vontade dos governos, o que não ocorreu, por exemplo, com o parlamento norte-americano que somente apoiou algumas medidas do Presidente Obama.

No Brasil, se não contarmos com a boa vontade da classe política, em grande parte corrompida e corruptora, nem com a boa vontade dos órgãos jurídicos e policiais jamais superaremos a corrupção que se encontra na estrutura mesma de nossa fraca democracia. Se essa boa vontade não estiver também nos movimentos sociais e na grande maioria dos cidadãos que com razão resistem às mudanças anti-populares, não haverá nada, nem governo, nem alguma liderança carismática, que seja capaz de apontar para alternativas esperançadoras.

A boa vontade é a última tábua de salvação que nos resta. A situação mundial é uma calamidade. Vivemos em permanente estado de guerra civil mundial. Não há ninguém, nem as duas Santidades, o Papa Francisco e o Dalai Lama, nem as elites intelectuais mundiais, nem a tecno-ciência que forneçam uma chave de encaminhamento global. Abstraindo os esotéricos que esperam soluções extra-terrestres, na verdade, dependemos unicamente da boa vontade de nós mesmos.

O Brasil reproduz, em miniatura, a dramaticidade mundial. A chaga social produzida em quinhentos anos de descaso com a coisa do povo significa uma sangria desatada. Nossas elites nunca pensaram uma solução para o Brasil como um todo mas somente para si. Estão mais empenhadas em defender seus privilégios que garantir direitos para todos. Está aqui a razão do golpe parlamentar que foi sustentado pelas elites opulentas que querem continuar com seu nível absurdo de acumulação, especialmente, o sistema financeiro e os bancos cujos lucros são inacreditáveis.

Por isso, os que tiraram a Presidenta Dilma do poder por tramoias político-jurídicas, ousaram modificar a constituição em questões fundamentais para a grande maioria do povo, como a legislação trabalhista e a previdência social, que visam, em último termo, desmontar os benefícios socias de milhões, integrados na sociedade pelos dois governos anteriores e permitir um repasse fabuloso de riqueza às oligarquias endinheiradas, absolutamente descoladas do sofrimento do povo e com seu egoísmo pecaminoso.

Contrariamente ao povo brasileiro que historicamente mostrou imensa boa vontade, estas oligarquias se negam saldar a hipoteca de boa vontade que devem ao país.

Se a boa vontade é assim tão decisiva, então urge suscitá-la em todos. Em momento de risco, no caso do barco-Brasil afundando, todos, até os corruptores se sentem obrigados a ajudar com o que lhes resta de boa vontade. Já não contam as diferenças partidárias, mas o destino comum da nação que não pode cair na categoria de um país falido.

Em todos vigora um capital inestimável de boa vontade que pertence à nossa natureza de seres sociais. Se cada um, de fato, quisesse que o Brasil desse certo, com a boa vontade de todos, ele seguramente daria certo.



Postado em Brasil 247 em 24/05/2017




"Dinheiro foi combinado<BR>com Temer"








Absurdos deste nosso país que se encontra a beira do abismo !



PM-SC dá choque em criança de colo e ameaça quem criticou


Eduardo Guimarães
Na tarde de 22 de janeiro último, em Pomerode, Santa Catarina, ocorreu um dos atos de violência policial mais espantosos que já vi que precisa ser denunciado em benefício da contenção de uma polícia tão violenta que é capaz de expor uma criança a risco.
Um rapaz cujo nome não foi divulgado foi levar o filho à casa da ex-mulher. Lá chegando, constata que ela não está em casa e que há policiais no local.
Assim que chega com a criança no colo, é abordado pelos policiais que afirmam que haviam recebido um chamado da mãe da criança, porém sem saber explicar por que razão.
Detalhe: o pai da criança não estava no local na hora do chamado e a casa da mãe da criança estava fechada e vazia.
Nesse momento, do nada, o rapaz recebe ordem de prisão por embriaguez – os policiais afirmam que sentiram “odor etílico” nele e exigem teste do bafômetro, apesar de o carro estar estacionado e de o motorista ser outra pessoa sem o tal “odor”.
O rapaz, ainda com o filho no colo, fica zangado ao ter o ignorado o argumento de que não estava dirigindo e se recusa a fazer o procedimento do bafômetro.
Os policiais começam a gritar, dão choque no rapaz estando ele com o filho no colo.
Assista ao vídeo, abaixo. Prossigo em seguida.


Os policiais ameaçaram a pessoa que gravou o vídeo e tomaram o celular de sua mão. Antes, porém, a pessoa ainda teve tempo de subir o vídeo no Facebook.
O resultado dessa ação é que o rapaz foi conduzido à delegacia e obrigado a se submeter ao teste de bafômetro, o qual não constou alteração, ou seja, o rapaz estava sóbrio e foi liberado. No entanto, apreenderam o carro dele sem nenhuma justificativa, pois os documentos estavam em ordem, o carro é relativamente novo e está em bom estado.
Porém, o mais impressionante é a “explicação” da PM para o caso. Abaixo, a nota da Corporação em Pomerode (SC):
“Circula um vídeo pelas redes sociais que mostra apenas PARTE de toda a ação. Ocorre que, segundo relato dos policiais que atenderam a ocorrência, na tarde de 22 de janeiro de 2017 a guarnição policial militar foi acionada pela Central Regional de Emergência para atender uma ocorrência de violência doméstica e dano, sendo que o ex-marido teria arrombado a porta da residência, com o objetivo de tirar o filho a força da casa da mãe.
No momento em que a guarnição policial chega no local e tenta contato com a solicitante (tocando a campainha onde ninguém atendeu), o ex-marido chega dirigindo o veículo dizendo que queria devolver a criança que tinha pego anteriormente.
O ex-marido se mostrou bastante irritado querendo saber o que a polícia fazia no local e quem que havia chamado, querendo sair com seu veículo a todo instante, oportunidade que logo se constatou o odor etílico sendo exalado pelo ex-marido, além de outros sinais de embriaguez.
Observa-se que os policiais foram PACIENTES, CLAROS e LEGÍTIMOS em suas DETERMINAÇÕES, inclusive quanto à ordem para soltar a criança.
Houve desobediência e resistência por parte do autor (em vários momentos da ocorrência), que infelizmente se utilizava de uma criança (seu próprio filho) como ESCUDO para não acatar as determinações dos policiais e para se livrar das responsabilidades dos atos que até então cometeu.
A preocupação pela segurança e integridade física da criança era constante e o pai continuava a utilizá-la como escudo para não se submeter às ordens legais. Em alguns momentos onde o policial tentava conter o autor e fazer cumprir a LEI, o autor fazia movimentos bruscos e continuava a resistir, apresentando clara conduta de confrontamento.
Em determinado momento em que a posição do autor favoreceu uma ação policial, os policiais agiram para fazer cumprir a LEI e resguardar a INTEGRIDADE FÍSICA de todos os envolvidos, antes que a situação evoluísse ainda mais. Observa-se que a integridade física da criança foi priorizada, vez que foi imediatamente acudida e colocada em local seguro. A força física notória do rapaz, que usava seu próprio filho como escudo, trouxe, ainda mais, complexidade para a ocorrência, exigindo concentração e proporcionalidade na ação dos policiais.
A Polícia Militar é uma instituição séria, confiável, técnica e legalista. Em que pese à princípio não se vislumbrar ilegalidade por parte dos policiais segundo os relatos e imagens, será solicitada a instauração de procedimento investigativo para apuração dos fatos e das responsabilidades, inclusive dos eventuais comentários ofensivos e indecorosos que foram proferidos nas redes sociais de forma injusta e sem conhecimento de causa.”
O texto mal escrito não é o único problema. O problema são as mentiras e o verdadeiro deboche de quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir o vídeo. O rapaz está calmo, com o filho no colo, apenas se recusa a largar a criança porque estava assustada.
Uma parente dele se manifestou nos comentários sob a nota da PM:

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Basta ter olhos de ver. Em primeiro lugar, quando usam um taser em uma pessoa, se ela estiver abraçada com alguém a segunda pessoa também receberá um choque. Eletrocutaram a criança e ainda dizem que “resguardaram” sua integridade física?!!
A voz do rapaz mostra que não estava alterado. Não havia um motivo claro que justificasse tamanha violência. Deveriam ter esperado familiares do rapaz que já se dirigiam ao local – no vídeo é possível ouvir o rapaz pedindo para chamar seu pai.
Não é possível que uma violência desse calibre fique impune. O trauma que essa criança sofreu ao receber um choque e ter visto o pais estrebuchando irá /perdurar para o resto de sua vida.
Mas a cereja do bolo vem agora, para quem não notou. Releia o trecho final do último parágrafo da nota da PM:
“(…) Será solicitada a instauração de procedimento investigativo para apuração dos fatos e das responsabilidades, inclusive dos eventuais comentários ofensivos e indecorosos que foram proferidos nas redes sociais de forma injusta e sem conhecimento de causa
Como é que é? Apurar “comentários ofensivos”? Apurar para que? Vão usar o taser em quem comentou, também? Agora a PM de SC criou crimes de opinião? Eletrocutar crianças não é suficiente?

Postado em Blog da Cidadania em 24/01/2017

O ano em que o capitalismo real mostrou a que veio



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Tudo que nós um dia deveríamos temer sobre o socialismo — desde repressão estatal e vigilância em massa até padrões de vida em queda — aconteceu diante de nossos olhos


Por Jerome Roos, Roarmag | Tradução Gabriel Simões | Ilustração de Mirko Rastić

Nós vivemos em um mundo de ponta-cabeça. Como recentemente colocou um meme amplamente compartilhado, “tudo que nós temíamos acerca do comunismo — que perderíamos nossas casas e economias e seríamos forçados a trabalhar eternamente por salários miseráveis, sem ter voz no sistema — aconteceu sob o capitalismo.” Longe de levar a uma maior liberdade política e econômica, como seus acólitos e a intelligentsia sempre alegaram que seria, o triunfo definitivo do projeto neoliberal se deu de mãos dadas com uma expansão dramática da vigilância e controle estatal. Há mais pessoas no sistema penitenciário dos Estados Unidos do que havia nos Gulags, no auge do terror stalinista. Os servidores da NSA agora podem capturar 1 bilhão de vezes mais dados do que o Stasi jamais pôde. Quando o muro de Berlim veio abaixo em 1989, havia 15 muros dividindo fronteiras ao redor do mundo. Hoje são 70. Em muitos aspectos, o futuro distópico dos romances e do cinema já acontece.

Em sua aposta faustiana de reestruturar sociedades inteiras, alinhada às prerrogativas do lucro privado e crescimento econômico infinito, o neoliberalismo sempre colocou a a mão de ferro do estado firmemente ao lado da mão invisível do mercado. No despertar da crise financeira global, contudo, este conluio entre os interesses privados e o poder público se radicalizou. Giorgio Agamben escreve que estamos testemunhando “a paradoxal convergência, hoje, entre um paradigma absolutamente liberal na economia e um controle estatal e policial sem precedentes, igualmente absoluto.” Ao traçar as origens deste paradigma no surgimento da polícia e a obsessão burguesa em relação à segurança na Paris pré-revolucionária, Agamben observa que “o passo radical foi dado apenas nos nossos dias e ainda está em processo de realização plena.”

Os ataques terroristas de 11/9 e as consequências da Grande Recessão desempenharam um papel importante na catalisação desses desdobramentos, acelerando a “desdemocratização” do Estado em curso e forjando a natureza fundamentalmente coerciva do neoliberalismo em crescente alívio. O resultado, para Agamben, foi o surgimento de uma nova formação política que opera de acordo com sua própria lógica:

O Estado sob o qual vivemos hoje não é mais um Estado disciplinar. Gilles Deleuze propôs chamá-lo de “État de contrôle”, ou Estado de controle, porque o que o Estado deseja não é ordenar e impor disciplina mas sim gerenciar e controlar. A definição de Deleuze está correta, pois gerenciamento e controle não necessariamente coincidem com ordem e disciplina. Ninguém deixou isso tão claro quanto o policial italiano que, após as revoltas de Gênova, em julho de 2001, declarou que o governo não queria que a polícia mantivesse a ordem, mas que gerenciasse a desordem.

O gerenciamento da desordem — este se torna o principal paradigma do governo sob o neoliberalismo. Em vez de confrontar diretamente as causas subjacentes à instabilidade política, à catástrofe ecológica e aos problemas sociais endêmicos, o Estado de controle considera “mais seguro e útil tentar administrar seus efeitos.” Assim, em vez de combater as obscenas desigualdades de riqueza e poder no coração do capitalismo financeiro, o Estado de controle cada vez mais recorre à polícia contra o precariado. Em vez de reverter a exclusão social e a marginalização econômica de minorias historicamente oprimidas, o Estado de controle há muito resolveu hostilizar, assassinar e encarcerar essas pessoas. Em vez de acabar com a pobreza e a guerra, o Estado de controle agora promete agora construir novos muros e cercas para manter afastados os os indesejados migrantes e refugiados. Resumindo, em vez de tentar enfrentar os conflitos e crises multifacetados que a humanidade enfrenta pelas suas causas mais profundas, o Estado de controle se contenta em apenas gerenciá-los.

Se há uma imagem que veio definir este paradigma incipiente de controle, é a falange da polícia de repressão a manifestações — armada com fuzis e apoiada por veículos blindados — preparando-se para o confronto com populações locais quase sempre desarmadas em locais como Rio de Janeiro, Diyarbakir e Standing Rock. Desde a aparência dos policiais até as armas e as táticas empregadas em solo, essas imagens mostram claramente como os espaços internos de segregação do mundo começaram a se assemelhar cada vez mais com uma zona de guerra ocupada. É claro que a semelhança não é mera coincidência: a ação policial não apenas recebe material excedente do complexo militar-industrial, incluindo armas e veículos que teriam sido empregados em verdadeiras zonas de guerra, como também começou a aplicar métodos militares de contra-insurgência no policiamento de protestos e do espaço urbano, de maneira geral. Na verdade, dois dos quatro esquadrões empregados em Ferguson, em 2014, receberam o seu treinamento em controle de multidões da polícia israelense, a qual aprimorou suas habilidades nos territórios ocupados da Palestina. Sob o neoliberalismo, em resumo, os métodos de ocupações militares no exterior e de uso doméstico pelas polícias locais estão cada vez mais misturados.

O mesmo tipo de fusão ocorre no limiar entre os interesses privados e o poder público, ou entre corporações e o poder estatal. Assim como as exigências de Wall Street se condensam nas prioridades políticas do Fed e do Tesouro Americano, e assim como os interesses dos fabricantes de armas continuam a alimentar as decisões políticas tomadas dentro da Casa Branca e do Pentágono, a capacidade de coleta de dados e controle algorítmico do Vale do Silício rapidamente se integra ao aparato de inteligência e segurança dos EUA. Enquanto isso, os exércitos ocidentais cada vez mais se apoiam em serviços militares privados para prestar apoio e até mesmo exercer funções ativas em combate, como as equipes de segurança privada estão assumindo o papel da polícia, com os primeiros agora superando os últimos numa proporção de 2 para 1 em escala global. Em outras palavras, como o Estado neoliberal expande dramaticamente o seu controle sobre populações cada vez mais rebeldes, dentro e fora de seu país, empresas bem relacionadas estão se inserindo com sucesso na atividade de “gerenciar a desordem” em troca de lucro privado.

Tudo isso culminou no desenvolvimento de novas tecnologias poderosas — desde os smartphones em nossos bolsos até os drones pairando sobre nós — que possibilitam uma intrusão sem precedentes da lógica de poder público-privado em todos os cantos do mundo e em todos os aspectos de nossas vidas. Nunca antes uma miríade de empresas privadas e agências estatais tinha tido tal acesso tão amplo às comunicações e ao paradeiro de tantos cidadãos insuspeitos. E nunca antes um presidente dos EUA teve tanto controle sobre uma máquina de matar tão sofisticada e versátil para as suas ações de assassinatos extrajudiciais. Agora, com uma oligarquia autoritária e racista na Casa Branca, além de demagogos de direita igualmente perigosos aguardando a sua chance na Europa e boa parte do resto do mundo, a questão que inevitavelmente surge é como iremos nos defender deste Estado de controle que tudo vê e devora, com o seu ímpeto intrínseco de contínua autoexpansão e seu completo desprezo pelos direitos humanos mais básicos e pelas liberdades políticas.

A quarta edição da ROAR Magazine considera esta questão à luz dos desdobramentos profundamente problemáticos dos últimos anos. Ela examina as várias novas tecnologias de controle estatal e as formas inovadores de resistência que surgem contra elas. Traçar os contornos do neoliberalismo autoritário conforme ele mostra a sua cara feia ao redor do mundo oferece tanto uma avaliação distópica de nosso atual momento político quanto uma visão radical para libertação coletiva e transformação social para além do Estado de controle. Se tudo o que nós um dia tememos sobre o comunismo aconteceu sob o capitalismo, talvez seja o momento certo de começarmos a pensar em alternativas democráticas anticapitalistas.



Postado em Outras Palavras em 21/12/2016



O vídeo dos estudantes apresentado na OEA


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Jornal GGN - O vídeo abaixo foi apresentado à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da OEA - Organização dos Estados Americanos, no dia 7 de abril passado.

O vídeo retrata a ação da Polícia Militar de Geraldo Alckmin, comandada à época pelo hoje ministro, Alexandre de Moraes. A truculência impera. 

Os jovens descrevem momentos de terror nas mãos desses policiais descontrolados violando seguidamente os direitos humanos e sob as bençãos da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Fonte: Mídia Ninja





Postado em Luis Nassif Online em 04/11/2016

O desabafo de Mirian França : Sou negra ! E sou a prova !



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Mirian França

Hoje acordei com vontade de gritar: Sou negra !

Filha de uma negra solteira, pobre, costureira aposentada, que jogou uma negra doutora na cara da sociedade. Uma negra que estuda e trabalha pra caralho pra garantir o direito de ser livre e viver como quiser.

Essa sou eu, Mirian França, a negra encarcerada no Ceará em Dezembro de 2014 por suspeita de assassinar uma turista italiana.

Graça aos amigos e à população, a policia foi obrigada a me libertar do meu cárcere. Cárcere sim! 

Pois se tratando de uma prisão sem fundamentos, trata-se de uma prisão ilegal. Cometida por uma polícia despreparada e racista, que insiste em enxergar o negro como culpado mesmo quando não existem provas, evidência, motivação ou testemunha. 

Que insiste em dizer que têm “CONVICÇÃO” de que somos culpados mesmo quando não há nenhuma prova da nossa culpa. Se tratando dos negros a polícia se esquece do nosso direito básico de que somos inocentes até que ELES provem o contrário, não somos nós que precisamos provar nossa inocência.

Aos 31 anos descobri o que é ser negra de verdade.

Ser negra é ser chamada de estranha quando você sai de férias e passa o dia na beira da piscina lendo, porque uma negra gostar de ler “é muito contraditório, provavelmente está forjando um álibi”.

Ser negra é ser questionada sobre como teria dinheiro para tirar férias no Ceará (um estado do meu país, onde apenas turistas estrangeiros parecem ser bem vindos).

Ser negra é ter a obrigação de andar com um macho a tira colo; não poder viajar sozinha; não ter o direito de trepar com quem quiser, sem ser chamada de puta (alias, essa é a sina de todas nós mulheres).

Ser negra é ter medo de parir uma criança que já nasce como um alvo para o genocídio. Que precisa ser preparado pra violência policial, pra chacota na escola, no teatro, na vida toda.

O racismo no Brasil é um crime perfeito. É o crime sem corpo, sem prova, sem testemunha. Mas é nítido quando a polícia tem “convicção de que você é culpado”, apenas com base no seu “comportamento suspeito” (Gostar de ler? Gostar de escutar musica? Gostar da introspecção? Gostar de viajar? Ser solteira?).

Não precisa chamar o negro de macaco pra ser racista não. Basta abrir os olhos e ver quem é preso por engano, basta ver quem precisa provar a inocência (quando a lei é clara que se é inocente até que se prove o contrario).

Quem é assassinado nos autos de resistência nunca é um branco. Eu nunca soube de um branco preso em manifesto por portar uma garrafa de desinfetante (Daniel Braga). E nem uma branca ser arrastada por viatura policial (Claudia Ferreira).

Eu sou a prova viva de que a redução da maior idade no Brasil é pretexto pra prender criança negra. Sou prova viva de que pena de morte no Brasil é consentimento jurídico para o Estado assassinar mais negros.

Eu sou a prova de que pra policia brasileira a culpa tem cor.


Saiba mais informações sobre o caso Mírian França nos links indicados:






Postado no Pragmatismo Político em 26/05/2015


Se Aécio fosse o Presidente ... o Paraná seria apenas aperitivo do Brasil !


Beto Richa e Aécio Neves, PSDB

Daniel Quoist


O Paraná tem se mostrado fortaleza inexpugnável de tudo o que há de mais conservador, reacionário e de direita no Brasil. 

É um lugar do Brasil que torce o nariz para as ações afirmativas que buscam melhorar a condição econômica, social e cultural de nossos milhões de afrodescendentes; estimula o preconceito contra pobres que sobrevivem com programas sociais do governo; demonstra pouco apreço por essa metade do país de cima, essa que abriga as regiões norte, nordeste e boa parte do centro-oeste.

A queda-de-braço do governador tucano Beto Richa acumula novos capítulos de intolerância, truculência e completa insensibilidade social contra aquela classe profissional que é, juntamente com os da saúde, os pilares que sustentam toda e qualquer sociedade civilizada, ordeira e que preza a justiça social – os professores.

No dia 29 de abril último os arredores do palácio do governador Beto Richa se transformaram em uma Praça da Paz Celestial tupiniquim – guerra aberta das forças de segurança contra centenas de professores que ousaram expressar sua contrariedade contra os desmandos do governador Richa e foram às ruas de Curitiba protestar contra confisco pecuniário em seus já minguados contracheques.

O resultado do dia não poderia ser outro: 146 manifestantes feridos por mordidas de cachorros, balas de borracha, golpes de cassetetes, spray de pimenta. Segundo a prefeitura, 38 pessoas foram encaminhadas a hospitais. E sete foram presas. Mas não só essas foram as vítimas...

Também ferida de morte ficou a "grande imprensa" que, como de hábito, tratou aquela beligerância sem precedentes como "mero confronto entre a PM e os manifestantes". 

O tamanho da parcialidade da TV Globo, seguida pelos jornalões O Globo, O Estado de São Paulo e a Folha de S.Paulo é de um descaramento sem precedentes - imagine você, leitor, se a cena tivesse ocorrido na Bahia e o governador Rui Costa, do PT, agisse ou deixasse a sua PM agir da forma cruel como agiu o governador e a PM do Paraná? Provavelmente a novela das 21 horas - Babilônia - não seria exibida, de forma a repercutir com ampla diversidade de jornalistas e âncoras globais o massacre que certamente logo seria alcunhado de "O Tiananmen do PT", ou seja, "A brutalidade da PM petista".

O governador rapidamente alcunhado de Beto Hitler partiu para explosão de cinismo explícito e em nota oficial Richa atribuiu a culpa da pancadaria aos "black blocs", essa entidade habitualmente invocada pelos truculentos governos tucanos como os reais mandantes das enchentes, o esvaziamento criminoso das reservas do Cantareira, o avanço de epidemias de dengue e a queda de viaduto em Belo Horizonte durante a última Copa do Mundo. Beto Richa ainda declarou que há vídeos mostrando "mochilas contendo pedras e também imagens de coquetel molotov".

Esqueceu apenas de mencionar vídeos na internet mostrando a crueldade de sua polícia militar, ora partindo para cima dos manifestantes com atos de clara selvageria repressiva, ora incitando seus famintos pit bulls a fazer o trabalho sujo de atingir a integridade física dos manifestantes mais ousados.

E nem precisava ser manifestante: um atento cinegrafista da Band filmou o ataque que sofreu – ele mesmo – de um desses pit bull. E é uma cena deprimente, como deprimente foi todo o espetáculo macabro coreografado por uma PM truculenta, de um Estado truculento, governado por um político truculento. Não tinha como a equação ser resolvida de outra forma.

Também pudera, o estado do Paraná se notabiliza pelo partidarismo exagerado – e sempre a um ponto de entrar em combustão – quando se trata de segurança pública ou de seu judiciário estadual.

Não a toa o secretário de segurança pública, o deputado Fernando Francischini, do Solidariedade, egresso do quadro de delegados da Polícia Federal, é aquele altaneiro cidadão que se sentiu muito à vontade para ser entrevistado na televisão com um revólver na cintura. Com um secretário assim, alguém em sã consciência, sejamos francos!, acreditaria que a cavalaria militar agiu daquela forma extremamente agressiva apenas de moto próprio, sem antes ter recebido respaldo e orientação superior para agir como agiu?

O judiciário do Paraná entra na história brasileira pelas ações um tanto heterodoxas do juiz Sérgio Moro. Conduzindo com mão de ferro a operação Lava Jato em poucas semanas aboliu uma série de direitos comezinhos da cidadania. 

A presunção de inocência foi para o espaço sob o jugo de Moro. A estratégia de extrair delações premiadas de investigados em "sua" operação, mantendo-os encarcerados por meses a fio, dessa forma é uma página tenebrosa desses tempos em que vivemos. O vazamento – sempre altamente seletivo – de trechos de delações e de delatores que acusem o Partido dos Trabalhadores, autoridades ou militantes a este ligados direta ou indiretamente se tornou banal no que se convencionou chamar de o Guantánamo do Juiz Moro.

Mas o Paraná e seu governador, e mais o partido de seu governador não são casos isolados. Fazem parte do ideário do PSDB. Basta recordar as cenas ainda muito vívidas do Pinheirinho do Geraldo Alckmin, em São Paulo. No glorioso estado sulista a PM expulsou famílias inteiras de suas casas em ação que só encontraria paralelo nos piores momentos dos guetos nazistas. 

Nos episódios de ontem, 29/4/2015, podemos ver em vídeos que circulam na internet em que ao tempo em que professores apanham, dentro do palácio, a equipe do governador Richa comemora.

Maior dissenso entre governo e cidadãos parece inimaginável.

O Paraná é hoje um estado, digamos assim, fora da curva. Fora da curva do progresso, da justiça social, dos direitos humanos, da cidadania plena.

Agora, convido os leitores a traçar um rápido paralelo entre líderes petistas como Dilma e Lula e líderes tucanos como Alckmin e Richa.

Percebam os eventos de junho de 2013 com o quebra-quebra promovidos por populares – e, aí sim, com centenas de black blocks infiltrados, mascarados e armados – em várias cidades brasileiras, clamando pelo fim da corrupção e a melhoria dos serviços públicos de saúde, segurança e educação. Tais protestos reuniram centenas de milhares de manifestantes.

Como Dilma reagiu? Com firmeza, serenidade, tato e sinceridade: os manifestantes tinham todo o direito de se manifestar, suas pautas seriam recebidas e analisadas prioritariamente.

Tenham em mente também a atitude digna da presidente Dilma diante da imensa vaia orquestrada pelos ricaços que frequentavam o camarote do Banco Itaú e que foi se espraiando pelo estádio ao longo da partida inaugural da Copa do Mundo em São Paulo.

Ao fim e ao cabo o que temos diante de nós é esse atestado de imensa insensibilidade social que tanto marca a história do PSDB, esse que segue o comando de gente como Aécio Neves, Aloísio Nunes, José Serra, FHC e... Beto Richa.

Agora imaginemos como seria o Brasil se o candidato (mau perdedor) tucano tivesse sido eleito presidente em outubro de 2014: essas cenas seriam banalizadas por todo o país, mudando apenas o cenário - ora na Avenida Paulista, ora na Cinelândia, ora no Pelourinho, ora na Praça dos Três Poderes.

Sim, porque o ajuste fiscal apresentado pelo ministro Joaquim Levy seria apenas um breve aperitivo do "choque de gestão" de um improvável presidente Aécio Neves. 

E como todo choque produzido pela insensibilidade social e o alheamento ao progresso humano das camadas mais vulneráveis da sociedade, certamente este iria gerar uma brutal reação da população.

E seria assim por uma única razão: ninguém deseja perder bem-estar social, emprego, acesso a educação superior, aposentadoria.


Postado no Brasil 247 em 30/04/2015