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Uma história de almas gêmeas no incêndio da Boate Kiss ?

 



 


No sentido espiritual, a alma gêmea é entendida como uma pessoa com quem se tem uma conexão profunda e harmônica, que vai além do físico e emocional, envolvendo afinidade, amor, compreensão e apoio mútuo para a evolução espiritual.
Essa conexão pode existir em qualquer tipo de relação (romântica, amizade, familiar) e se manifesta como um reforço da jornada de cada um, ajudando no aprendizado e crescimento.
É um conceito presente em várias tradições espirituais, que sugere um destino traçado e reencontros de vidas passadas.

Conexão Profunda e Evolução
Vínculo além do físico:
É um laço espiritual que transcende o corpo, o físico e a relação emocional, sendo um reconhecimento mútuo entre as almas.

Apoio e aprendizado:
Almas gêmeas aparecem na vida para ajudar no crescimento, aprendizagem e evolução espiritual, ensinando e apoiando ao longo da vida.

Harmonia e afinidade:
A relação é caracterizada por uma forte afinidade, amor, compreensão e compatibilidade.

Manifestação e Dinâmica
Não apenas romântico:
A conexão de alma gêmea não se limita ao romance, podendo ocorrer com amigos, familiares, mentores ou professores que contribuem para a jornada do indivíduo.

Presença temporária ou permanente:
A alma gêmea pode entrar na vida por um período específico para ensinar algo importante ou pode permanecer por toda a vida.

Diversidade de almas gêmeas:
Não se trata de uma única "metade eterna", mas sim de diferentes almas que surgem em diferentes momentos da vida, conforme o grau evolutivo e a necessidade de aprendizado.

Origens e Significado em Várias Tradições

Cultura e mitologia:
O conceito tem raízes antigas, aparecendo em mitologias e filosofias como a de Platão, que descreve a busca da outra metade da alma.
Práticas espiritualistas:
É amplamente difundido em práticas espiritualistas, que afirmam a existência de um destino traçado entre duas pessoas, com encontros marcados por sincronicidade.

Para ler clique abaixo : 





Você sabe qual é o eletrodoméstico que deve ser desconectado da tomada após o uso para evitar incêndios?



Entre os eletrodomésticos que muito tem em casa, um em particular exige atenção redobrada devido ao seu potencial de causar incêndios: a torradeira. Embora muitas pessoas não tenham o hábito de desconectar os aparelhos da tomada, este cuidado é essencial para evitar riscos sérios.

A torradeira, quando em funcionamento, aquece suas resistências para tostar o pão. Esse aquecimento, combinado com a acumulação de migalhas e resíduos, aumenta o risco de incêndio. Caso ocorra um curto-circuito ou uma falha elétrica, a torradeira ainda conectada à corrente pode facilmente iniciar um incêndio.


Como Minimizar o Risco

Para reduzir o risco de incêndio, adote algumas práticas simples:
  • Desconecte a Torradeira Após o Uso: Sempre retire o aparelho da tomada imediatamente após utilizá-lo. Isso evita o superaquecimento e possíveis falhas elétricas.
  • Mantenha a Limpeza em Dia: Limpe regularmente as migalhas acumuladas na torradeira para evitar que se tornem combustível para um possível incêndio.
  • Economia de Energia e Segurança: Desconectar a torradeira não só reduz o risco de incêndio, como também ajuda a economizar energia e prolonga a vida útil do aparelho.
Tomando essas precauções, você pode usar sua torradeira com mais segurança e evitar acidentes potencialmente graves. Fique atento e proteja sua casa!




Como apagar um incêndio elétrico

Tomar precauções como atualizações do sistema é uma maneira inteligente de reduzir o risco de incêndios elétricos. No entanto, é importante conhecer as melhores práticas, caso você venha a se deparar com uma. Preparar-se para extinguir um incêndio elétrico, mesmo sem um extintor, pode ser a diferença entre um pequeno acidente e uma grande catástrofe.

Coloque sua segurança em primeiro lugar

Se um incêndio elétrico está crescendo rapidamente e você não consegue desligar a eletricidade, você precisa colocar sua segurança em primeiro lugar. Para garantir que você terá backup se não for capaz de apagar o fogo sozinho, ligue para os bombeiros imediatamente e certifique-se de dizer que é um incêndio elétrico. Então, antes de tentar apagar o fogo sozinho, certifique-se de ver dois caminhos claros para a segurança. Assim que uma dessas duas vias ficar bloqueada ou não for segura para abordar, saia imediatamente. Não vale a pena arriscar sua vida.

Desligue a eletricidade

Primeiro, desconecte a eletricidade da fonte do fogo. Se a fonte for um eletrodoméstico, desconecte-o imediatamente. Desconectá-lo reduzirá o risco de as chamas se espalharem, e você pode concentrar seus esforços nessa única fonte de fogo. Se você não conseguir desconectar a fonte, precisará desconectar a eletricidade de sua casa. Se você puder chegar com segurança ao seu painel elétrico, vá até lá imediatamente e desligue-o.

Use bicarbonato de sódio para pequenos incêndios elétricos

Se o fogo começou em um eletrodoméstico ou em um cabo sobrecarregado, depois de desconectar a fonte de alimentação, jogue o bicarbonato de sódio nas chamas. O bicarbonato de sódio contém o composto químico bicarbonato de sódio, que também está nos extintores de incêndio da Classe C. Manter uma caixa aberta de bicarbonato de sódio facilmente acessível pode se tornar um salva-vidas se um pequeno eletrodoméstico como uma torradeira ou uma panela elétrica explodir em chamas.

Nunca use água enquanto a energia estiver ligada

Embora possa ser seu primeiro impulso, nunca use água em qualquer tamanho de incêndio elétrico se a energia ainda estiver ligada. A água conduz eletricidade, portanto, se você jogar água nas chamas, corre o risco de levar um choque grave.

Como apagar um incêndio elétrico após desligar a energia

Depois de desligar a eletricidade em sua casa, você tem mais opções para combater as chamas. Um cobertor anti-incêndio é uma ótima opção se você não tiver um extintor de incêndio. Cobertores de fogo sufocam o oxigênio que um fogo precisa para queimar, apagando-o inteiramente se for pequeno o suficiente. Se você não tiver um cobertor anti-fogo à mão e tiver certeza de que a energia está desligada, a água agora é uma opção. Usando um balde grande ou mesmo o bico de spray da pia, apague o fogo com o máximo de água possível até que esteja completamente apagado.

Evite incêndios elétricos antes que eles comecem. Para evitar o início de incêndios elétricos, considere uma inspeção de segurança elétrica se tiver alguma dúvida sobre o seu sistema elétrico!




As cinzas de um país




Fernando Brito

A consciência de um povo, como as matas de um país, estão sujeitas a incêndios, naturais ou provocados.

O tempo seco da crise iniciada em 2015, claro, criou-lhes as condições adequadas às chamas, mas elas não aconteceriam sem as ateassem gente instalada em lugares propícios e sem precaução contra a propagação além dos limites daquilo que queriam queimar.

Sim, porque pretendiam, a fogo, dar fim a esta praga da democracia, que tantos anos fazia que não conseguiam extirpar, mesmo com a mídia pulverizando ardentes acusações sobre ela.

O resultado é que perderam o controle do processo e as ditas instituições – que, pensaram, funcionariam como aceiros de uma queima controlada – não detiveram e até espalharam o incêndio, generalizando a destruição.

Tudo ardeu: a educação, a saúde, a moeda nacional, a economia mas, sobretudo, a compreensão de que não somos um paiseco, medíocre e estagnado, servil e sem remédio.

Como nos restos fumegantes do Pantanal, restou por toda a parte um chão calcinado, onde vagueiam políticos atrofiados, disformes, famintos e vorazes, que fazem ou se dispõem a fazer a predação dos cofres públicos, das riquezas da terra e os direitos da população.

Um terço dos viventes deste país viraram zumbis, adoradores fanáticos de um besta-fera que exala labaredas, que fedem a morte e a destruição.

De nada adianta dizer ou mostrar que estamos a caminho de virarmos um deserto, não só de matas e cerrados, mas de ideias e amores.

Aceita-se e aplaude-se, que “em nome de Deus” estejamos no que chamam de “caminho certo”, ainda que este seja aquele em que sobem os números do desemprego, da fome, do ódio grassando nas ruas, do fogo devorando o país.

Parece que a devastação chegou aos corações e mentes de parte significativa do povo brasileiro e que nossa dignidade carbonizou-se, que nossa capacidade de pensar consumiu-se, que nossos sentimentos de humanidade e solidariedade viraram cinzas frias.

Nosso calor, agora, não é o humano, mas o desumano.

A fumaça que encobre nossos horizontes há de passar, ainda que com muito sofrimento, para que possamos voltar a enxergar o sol. Mas como a flora e a fauna calcinadas, levaremos tempo, muito tempo, até nos recuperarmos da queimada que engoliu um Brasil que, não faz muito, vicejava e crescia.

Tal qual nos versos do Chico Buarque, chegará a hora em que rebrotaremos, “como se o céu vendo as penas/ Morresse de pena/E chovesse o perdão”.

Até lá, nossa bandeira não será vermelha, mas a terra, as matas e os horizontes seguirão rubros, como nossos rostos ficam, de vergonha com o que deixamos fazerem ao Brasil.




As cinzas de um país




Fernando Brito

A consciência de um povo, como as matas de um país, estão sujeitas a incêndios, naturais ou provocados.

O tempo seco da crise iniciada em 2015, claro, criou-lhes as condições adequadas às chamas, mas elas não aconteceriam sem as ateassem gente instalada em lugares propícios e sem precaução contra a propagação além dos limites daquilo que queriam queimar.

Sim, porque pretendiam, a fogo, dar fim a esta praga da democracia, que tantos anos fazia que não conseguiam extirpar, mesmo com a mídia pulverizando ardentes acusações sobre ela.

O resultado é que perderam o controle do processo e as ditas instituições – que, pensaram, funcionariam como aceiros de uma queima controlada – não detiveram e até espalharam o incêndio, generalizando a destruição.

Tudo ardeu: a educação, a saúde, a moeda nacional, a economia mas, sobretudo, a compreensão de que não somos um paiseco, medíocre e estagnado, servil e sem remédio.

Como nos restos fumegantes do Pantanal, restou por toda a parte um chão calcinado, onde vagueiam políticos atrofiados, disformes, famintos e vorazes, que fazem ou se dispõem a fazer a predação dos cofres públicos, das riquezas da terra e os direitos da população.

Um terço dos viventes deste país viraram zumbis, adoradores fanáticos de um besta-fera que exala labaredas, que fedem a morte e a destruição.

De nada adianta dizer ou mostrar que estamos a caminho de virarmos um deserto, não só de matas e cerrados, mas de ideias e amores.

Aceita-se e aplaude-se, que “em nome de Deus” estejamos no que chamam de “caminho certo”, ainda que este seja aquele em que sobem os números do desemprego, da fome, do ódio grassando nas ruas, do fogo devorando o país.

Parece que a devastação chegou aos corações e mentes de parte significativa do povo brasileiro e que nossa dignidade carbonizou-se, que nossa capacidade de pensar consumiu-se, que nossos sentimentos de humanidade e solidariedade viraram cinzas frias.

Nosso calor, agora, não é o humano, mas o desumano.

A fumaça que encobre nossos horizontes há de passar, ainda que com muito sofrimento, para que possamos voltar a enxergar o sol. Mas como a flora e a fauna calcinadas, levaremos tempo, muito tempo, até nos recuperarmos da queimada que engoliu um Brasil que, não faz muito, vicejava e crescia.

Tal qual nos versos do Chico Buarque, chegará a hora em que rebrotaremos, “como se o céu vendo as penas/ Morresse de pena/E chovesse o perdão”.

Até lá, nossa bandeira não será vermelha, mas a terra, as matas e os horizontes seguirão rubros, como nossos rostos ficam, de vergonha com o que deixamos fazerem ao Brasil.




Tragédias na Amazônia e na Austrália deixam uma certeza : Nossos hábitos estão destruindo o planeta



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Felipe Souza

Há pelo menos três décadas, a comunidade científica vêm tentando alertar o mundo sobre os perigos das mudanças climáticas, mas o assunto só foi virar pauta em todas as rodas de conversa no ano de 2006, quando o diretor de cinema Davis Guggenheim lançou a sua obra mais memorável, o documentário “Uma verdade inconveniente”, que tinha como principal objetivo provocar um “despertar” internacional sobre o aquecimento global. O filme fez barulho e gerou controvérsia. Parte da opinião pública o leu como um “alerta urgente” e outra parte o classificou como fatalista. Mais de treze anos depois, a opinião geral sobre as mudanças climáticas se mistura com as opiniões sobre o documentário de Guggenheim. O aquecimento global é hoje tema caro aos ambientalistas e uma pedra no sapato daqueles que não estão dispostos a mexer no status quo em nome de um bem comum. Mas será que ainda há como ignorar as mudanças climáticas depois das catástrofes ambientais assistidas nos últimos meses?

Mesmo quem vê com cinismo as questões ambientais não conseguiu fechar os olhos para os estragos inestimáveis deixados pelas queimadas na Amazônia em 2019. As chamas consumiram um vasto território, destruindo ecossistemas inteiros e colocando diversas espécies em extinção. Alguns cientistas preveem que a Floresta precisará de mais que cem anos para se recuperar; outros apontam que ela pode nunca mais ser a mesma, porque ainda que parte da sua estrutura retorne, a diversidade de espécies das árvores pode não se restabelecer. O que não se imaginava em agosto de 2019 é que, poucos meses depois, outra catástrofe ambiental sem precedentes assolaria o planeta. Na Austrália, os incêndios já atingiram mais de 6,3 milhões de hectares, vitimando fatalmente ao menos 25 pessoas e 480 milhões de animais.


Origens diferentes, mas nem tanto

No Brasil, a tragédia foi causada pela ação do homem e tem raiz em um conflito tão antigo quanto a história da civilização, a disputa por território. Interessados em desmatar e tomar posse de áreas públicas trouxeram destruição à floresta mais biodiversa do mundo. Já na Austrália, os incêndios são um fenômeno natural , ocorrendo todos os anos entre o final da primavera, no mês de novembro, e início do verão, no mês de dezembro. O problema é que, neste ano, a área devastada é indiscutivelmente maior.

O que une as duas catástrofes, para além do impacto ambiental, é uma relação de causa e efeito. Um dos facilitadores para o rápido alastre das chamas no território australiano foi as altas temperaturas, superando os 44 °C. Um recorde para a região. Registros apontam que os quatro dias mais quentes da história do país aconteceram nos últimos 15 anos, três deles só nos últimos seis. Este cenário é reflexo do tão anunciado e alardeado processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra, o famigerado “aquecimento global”, alvo de tantas discussões acaloradas nos últimos anos.


As mudanças climáticas têm origem nas massivas emissões de gases, que intensificam o efeito estufa e são originadas em um sem número de atividades humanas, cuja principal é o desmatamento. Desta forma, o desmate desenfreado na maior floresta tropical do mundo está intimamente ligado às altas temperaturas registradas nos últimos anos, o que por consequência ocasiona tragédias ambientais, como a ocorrida na Austrália.

Destes tristes episódios que ganham as manchetes nos últimos dias, fica um questionamento: Até quando vamos ignorar os perigos trazidos pelo aquecimento global em nome da preservação dos nossos hábitos mais nocivos? É preciso urgentemente repensar a maneira como nos alimentamos deste planeta. Caso contrário, estaremos fadados a continuar chorando inúmeras e inestimáveis perdas.






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Tragédia da Boate Kiss em 27-01-2013 completa 5 anos de impunidade !








Jéssica perdeu o namorado na tragédia e teve 45% do corpo queimado


Na noite da tragédia da boate Kiss, Jéssica Duarte da Rosa, 20 anos, e seu namorado, Bruno Portella Fricks, não iam sair. Ela já tinha até ligado para pedir a bênção aos pais, mas o casal mudou de ideia e resolveu ir a um barzinho. Sem conseguir entrar, foram para a Kiss. Entraram às 2 horas. Pouco mais de uma hora depois, o fogo tomou conta do local.

Os dois saíam do banheiro quando viram um tumulto e acreditaram ser uma briga. De mãos dadas com a namorada, Bruno foi abrindo espaço. Só então os dois perceberam o fogo e a fumaça, que atrapalhava a respiração. A bagunça fez os dois se separarem. Ela perdeu os sapatos e foi carregada por alguém. Apagou. Acordou do lado de fora, com um bombeiro batendo em seu rosto para ver se ainda estava viva.

Outro apagão. Acordou no hospital. “Só enxergava vultos. Arranquei tudo e comecei a perguntar pelo Bruno. Só me disseram que ele não estava lá”, conta. Nos corredores, médicos e enfermeiros correndo. Com o ce­lular de uma enfermeira, ligou para a sogra, em Santa Maria, para contar o ocorrido. “Não ia ligar para meu pai porque achei que não era muita coisa o que eu estava passando. Quan­do duas meninas passaram por mim e choraram, percebi que era ruim.”

Às 4h35, ligou para o pai, que há três anos mora com sua mãe e seu irmão em Colombo, transferido para uma filial da empre­sa na qual trabalha. A enfermeira tomou o telefone e o alertou que a situação não era boa. Claudio Forgiarini acal­­mou a filha e telefonou para um sobrinho em Porto Alegre. Ele pediu a um médico conhecido de Santa Maria que fosse ver Jéssica.

No corredor, em meio ao caos, Jéssica se levantou da maca e enxergou o médico, que havia visto apenas uma vez em uma festa de família na praia. “Ele tirou meus anéis, brincos, piercing e o vestido. Depois, não lembro de mais nada”, diz. Ele prestou toda assistência e percebeu a dificuldade da menina em respirar. Mandou entubá-la e salvou sua vida.



Emocionante crônica em homenagem às vítimas da tragédia da Boate Kiss em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Incêndio em 27/01/2013 onde morreram 242 pessoas







A cara horrenda da injustiça  

Quando a meia-noite de domingo passar trazendo a segunda-feira eu quero estar acordado. Estarei vestindo uma camisa branca nos primeiros minutos do dia 27 de janeiro. 

Vou acender uma vela, pingando a cera num pires para assentá-la e depositá-la sobre a mesa de modo que a aura luminosa da chama me alcance. Então fecharei os olhos e esperarei o transcorrer da madrugada em minha vigília silenciosa. 

Sei que me ocorrerão sorrisos, abraços, afagos. E amigos bebericando, e namorados enlaçando-se, e desconhecidos jogando olhares uns aos outros no rito ancestral do cortejo mútuo a que os jovens se dedicam para formar novos casais, ainda que no escasso tempo de um verão.

Ouvirei música dançante, murmúrios e cochichos, o zunzum baladeiro da alegria reverberando no salão.

E quando a fenda do caos se abrir, sulcando o chão e engolindo sonhos e aspirações, tragando projetos de vida, fazendo levantar a poeira da saudade no espaço vazio, eu já quero estar de olhos bem abertos.

Eis o momento em que pegarei o pires com a minha vela para alumiar a escuridão da noite e enxergar todas as faces da dor. Não adianta esconder as mil caras da dor.

Quero olhar para cada uma delas, ocultas sob a máscara do engano, da omissão, do cinismo, do adiamento, da procrastinação e da indiferença, arrancando-lhes o véu para deixá-las escancaradas e nuas, com todas as suas vergonhas expostas.

Com minha vela erguida, sob o lusco-fusco de minha chama bruxuleante, verei a cara feia da injustiça. Ela me ofenderá com sua feiura, mas, mesmo enojado, mesmo acometido de engulhos, eu não tirarei os olhos dela um segundo sequer. 

Eis o desejo inconfessável dos omissos, dos egoístas e dos indiferentes: que a cara feia da injustiça nos assuste, que sua aparência repugnante nos faça desviar os olhos dela para que siga em sua missão de promover o esquecimento. 

Não lhes desviaremos o olhar antes de desmascará-la. Estarei com minha vela tímida mas insistente, ínfima mas acesa, e haverá ainda muitas outras velas na cidade, um toquinho aqui outro ali, formando um imenso farol de lucidez a fustigar os olhos horrendos da injustiça até que, por trás de sua mortalha opaca, apareça, enfim, a límpida cara da verdade.

Quando a manhã da segunda-feira chegar, com a triste lembrança de um trágico domingo, estaremos todos abraçados, cada pai, cada mãe, cada irmão, irmã, primos, avós, amigos, camaradas, cada conterrâneo, cada um com sua vela, olhando sem piscar para os olhos da injustiça até subjugá-la, até acuá-la, até que ela seja purgada e extinta. 

Aí, então, descansaremos e a cidade encontrará a sua paz.

 Marcelo Canellas

O que a morte não cessa de nos dizer



Marco Aurélio Weissheimer

A dor provocada por tragédias como a ocorrida neste final de semana na cidade de Santa Maria sacode a sociedade como um terremoto, despertando alguns de nossos melhores e piores sentimentos.

Um acontecimento brutal e estúpido que tira a vida de 242 pessoas joga a todos em um espaço estranho, onde a dor indescritível dos familiares e amigos das vítimas se mistura com a perplexidade de todos os demais. Como pode acontecer uma tragédia dessas? A boate estava preparada para receber tanta gente? Tinha equipamentos de segurança e saídas de emergência? Quem são os responsáveis?

Essas são algumas das inevitáveis perguntas que começaram a ser feitas logo após a consumação da tragédia? E, durante todo o domingo, jornalistas e especialistas de diversas áreas ocuparam os meios de comunicação tentando respondê-las. As redes sociais também foram tomadas pelo evento trágico. Os indícios de negligência e falhas básicas de segurança já foram apontados e serão objeto de investigação nos próximos dias. Mas há outra dimensão desse tipo de tragédia que merece atenção.

É uma dimensão marcada, ao mesmo tempo, por silêncio, presença e exaltação da vida.

Quem já perdeu alguém em um acontecimento trágico e brutal sabe bem que o caminho da consolação é longo, tortuoso e, não raro, desesperador. E é justamente aí que emerge uma das melhores qualidades e possibilidades humanas: a solidariedade, o apoio imediato e desinteressado e, principalmente, a celebração do valor da vida e do amor sobre todas as demais coisas.

A vida é mais valiosa que a propriedade, o lucro, os negócios e todas nossas ambições e mesquinharias. Na prática, não é essa escala de valores que predomina no nosso cotidiano.

Vivemos em um mundo onde o direito à vida é, constantemente, sobrepujado por outros direitos. Tragédias como a de Santa Maria nos arrancam desse mundo e nos jogam em uma dimensão onde as melhores possibilidades humanas parecem se manifestar: o Estado e a sociedade, as pessoas, isolada e coletivamente, se congregam numa comunhão terrena para tentar consolar os que estão sofrendo. Não é nenhuma religião, apenas a ideia de humanidade se manifestando.

Uma tragédia como a de Santa Maria não é nenhuma fatalidade: é obra do homem, resultado de escolhas infelizes, decisões criminosas.

Nossa espécie, como se sabe, parece ter algumas dificuldades de aprendizado. Nietzsche escreveu que muito sangue foi derramado até que as primeiras promessas e compromissos fossem cumpridos. É impossível dizer por quantas tragédias dessas ainda teremos que passar. Elas se repetem, com variações mais ou menos macabras, praticamente todos os dias em alguma parte do mundo e contra o próprio planeta.

Talvez nunca aprendamos com elas e sigamos convivendo com uma sucessão patética de eventos desta natureza, aguardando a nossa vez de sermos atingidos.

Mas talvez tenhamos uma chance de aprendizado. Uma pequena, mas luminosa, chance. E ela aparece, paradoxalmente, em meio a uma sucessão de más escolhas, sob a forma de uma imensa onda de compaixão e solidariedade que mostra que podemos ser bem melhores do que somos, que temos valores e sentimentos que podem construir um mundo onde a vida seja definida não pela busca de lucro, de ambições mesquinhas e bens materiais tolos, mas sim pela caminhada na estrada do bom, do verdadeiro e do belo.

A morte nos deixa sem palavras. Mas ela nos diz, insistentemente: é preciso, sempre, cuidar dos vivos e da vida.


Postado no blog RS Urgente em 27/01/2013


Tragédia de Santa Maria vira alvo de politicagem e deboche


Jornalista Reinaldo Azevedo colunista da Revista Veja


Eduardo Guimarães 

Confesso que adiei a composição deste texto o quanto pude. Passado o choque inicial com a tragédia épica que se abateu sobre Santa Maria, ainda que pouco confiante em que não acontecesse não quis considerar a hipótese de que sobreviesse o espetáculo de selvageria que se seguiu neste país.

Lembro-me de que, no domingo, minutos após saber que serei avô pela segunda vez, então ainda na mesa do almoço com os pais da criança (meu filho e minha nora), ouço a emissora FM em que escutávamos música falar sobre a tragédia, interrompendo o almoço em família e nos obrigando a ir à internet em busca de maiores informações.

Naquele instante, senti vergonha do pensamento que me tomou. Um horror humanitário como aquele e eu fui logo pensar em que arrumariam um jeito de criticar Lula ou Dilma ou até o PT pelo que ocorrera. Senti-me fanático e insensível.

Não tive que esperar muito para me redimir, ainda que preferisse ter me sentido mal comigo mesmo a ter que encarar a dura realidade de que há uma infestação de desumanidade no país.

Jornalistas conhecidos, órgãos de imprensa e internautas anônimos das redes sociais protagonizaram um show dos horrores. Frases e até imagens repugnantes foram construídas a toque da mais absoluta insensibilidade e falta de limites éticos.

Tudo em que o blogueiro e colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo conseguiu pensar, poucas horas após a tragédia vir a público, foi em criticar o ex-presidente Lula por ter sido postado em seu perfil no Facebook uma mensagem de solidariedade às famílias das vítimas de Santa Maria (?!!).

No jornal O Globo e no site “Blog do Noblat”, hospedado no portal da Globo na internet, uma charge de Chico Caruso espantou multidões pelo mau-gosto, pelo oportunismo, pela insensibilidade e até pela burrice.

O que tem Dilma Rousseff a ver com a falta de fiscalização de uma casa noturna em um dos mais de cinco mil municípios brasileiros? Nada? Pois o cartunista que serve à família Marinho achou relevante colocá-la à frente de uma jaula flamejante exclamando “Santa Maria!”.

Que mensagem o cartunista mandou? O que ele quis dizer? Por que Dilma tinha que ser associada à tragédia? Não seria mais inteligente uma charge crítica à falta de fiscalização das autoridades de Santa Maria ou ao descaso do empresário inescrupuloso que dirigia aquela arapuca?

Por que não fazer uma charge poética sobre o sofrimento de toda uma nação? Não havia idéia melhor para aquele cretino usar em uma charge, já que, por alguma razão, julgou que tinha que fazer uma?

O envolvimento de Dilma no episódio via essa cretinice da charge se conectava com os comentáristas dos blogs de Noblat e Azevedo, que se uniam para acusá-la pela tragédia sob razões malucas, ininteligíveis, que nem seus formuladores souberam explicar.

Mas, tragicamente, não foi só. O jornal O Estado de São Paulo começou a espalhar, acriticamente, matéria insultuosa ao Brasil divulgada por um dos dois jornais ingleses que abriu guerra contra o governo Dilma. O subtítulo da matéria fez troça do lema de nossa bandeira.

O diário Financial Times trocou o lema Ordem e Progresso por “Idiotia e Progresso”. Ou seja: 200 milhões de brasileiros se tornaram “idiotas” por um tipo de tragédia que vem ocorrendo em várias partes do mundo, até nos Estados Unidos (2003).

Pior que tudo isso têm sido perfis nas redes sociais Twitter e Facebook, entre outras. Internautas anônimos estão se fartando de debochar do sofrimento que se abateu sobre o país inteiro usando, sem piedade, o que há de mais estupefaciente e repugnante no “humor negro”.

O que está acontecendo no país? Tenho 53 anos. Já vi muita coisa, mas essas pessoas capazes de não sentir um pingo de comiseração em um momento de tanta comoção não existiam. Ou, se existissem, ao menos tinham um mínimo de pudor.

Explorar politicamente uma tragédia como essa, no entanto, talvez seja o pior. Porque essa conduta asquerosa não veio de algum moleque cretino e mimado ou revoltado com o mundo, mas de homens supostamente esclarecidos e maduros.

Postado no Blog da Cidadania em 28/01/2013

Tragédia em Santa Maria






‎"Hoje o Patrão Velho resolveu deixar o céu um pouco mais gaudério... Levou uma gurizada pra matear com ele e deixou a nossa Querência tapada de tristeza e dor.
Patrão Velho esperamos que esta gurizada tão faceira e cheia de sonhos alegre teus pagos e que eles encontrem no aconchego do teu poncho luz e paz.
Guarde-os contigo para que muito em breve o céu vire um Fandango de Galpão e não te esqueças de amparar aqueles que aqui ficaram sofrendo por ter de matear sozinhos..."

Lidy Kunz


Nota:

Minha casa está à disposição para quem precisar ficar em  Porto Alegre