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Verdadeiro desmonte de um alienado de Oxford







Quem ofende os sentimentos de um povo não ama o povo


chavez

Fernando Brito


Nada foi mais agradável que começar o dia lendo o que eu gostaria de ter escrito e não pude, pela falta de tempo e de condições.

Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, porém, lavou-me a alma com o desagravo feito a memória política de Hugo Chavez e aos sentimentos do povo venezuelano depois que Marina Silva apelou para uma referência ao “chavismo” como forma de criticar o PT.

Se ela quer criticar os petistas, tem todo o direito. Vai criticá-los por outras razões, diferentes dos que aquelas que os nacionalistas e trabalhistas como eu o fazem, mas é seu direito.

O “chavismo”, porém, como o “getulismo” foi há mais de 60 anos, não é uma política, mas um sentimento popular e, nos dois casos, provocado na população por ter visto, pela primeira vez e assombrada, um governante se preocupar com ela. 

Ao criticá-los, dessa forma, pelo “ismo” que criaram, Marina critica o que de melhor estes sentimentos produziram, que vai além dos homens e sobrevive à sua morte, como sobreviveu aqui e lá: a ideia de que o povo tem direitos e que o governo do país pode e deve ser ocupado por quem se preocupe com eles.

E aqui me permito falar pessoalmente, por isso.

Meu avô era um trabalhador humilde, pintor de paredes. Sabia assinar seu nome e ler os jornais. O suficiente para ser um homem esclarecido, como muitos que habitavam Realengo, um subúrbio operário, nos anos 40 e 50.

Portanto, sabia perfeitamente quem foi o governante que lhe possibilitou sair de uma “casa de cômodos”, como eram conhecidos os cortiços na época, para uma boa casa ali, num conjunto de IAPI, no tempo em que os conjuntos habitacionais não “enlatavam” seus moradores.

Também sabia quem lhe tinha proporcionado, como trabalhador, ter uma carteira que lhe assegurava horário de trabalho, descanso semanal e férias e a aposentadoria, que ele adiou o quanto pôde, para não deixar de ser o que sempre foi: um trabalhador.

Igual tinha consciência de quem começou a massificar a escola pública e que fez com que seus filhos pudessem estudar. Minha mãe – que dorme aqui ao lado, no hospital, lutando para viver – tornou-se uma professora primária e pôde educar-me, aliás também numa escola de Getúlio, a Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca, hoje Cefet.

Somos, ela e eu, filha e neto da escola pública, do acesso do povo aos direitos sociais, e, em última análise, também do governante que inaugurou a ideia de que o povo era titular do país e não, como na república Velha, “um caso de polícia”.

Nem meu avô, nem minha mãe, nem eu somos ingratos ao ponto de usar o nome de alguém assim como ofensa e, sobretudo, para designar os sentimentos que isto provoca no povo como algo pejorativo. Meu avô pode, na sua simplicidade, ensinar-me muitas coisas: como segurar um martelo pela ponta do cabo, como usar corretamente um serrote e como ser um homem de bem só depende de nossas decisões e de nosso respeito ao próximo.

São coisas que me permitiram respeitar o trabalho e as pessoas.

Aliás, as incompreensões sobre Getúlio acabam sendo esclarecidas por duas palavras: país e povo. Quem os ama, acaba entendendo o que ele representou. Quem despreza o Brasil e os brasileiros, acaba por odiá-lo, como fez Fernando Henrique ao dizer que sepultaria a Era Vargas, sem contar que o espírito barbudo – um daqueles que, mesmo sem saber, virou herdeiro dos direitos sociais que Getúlio promoveu – de um operário viria enterrar sua vanglória.

Se Marina quer usar chavismo no lugar de lulismo, para não ficar evidente sua ingratidão com o movimento político que a tirou das brenhas do Acre para lhe dar os holofotes de que dispõe hoje, que o faça diretamente.

E se sujeite a carregar o estigma de Caim.


Posto, abaixo, o artigo de Paulo Nogueira.


Que Marina quis, exatamente, dizer com “chavismo”?

Paulo Nogueira

Bem, coisa boa não foi. Chávez foi usado por ela mais ou menos como Zé Dirceu por Serra num debate com Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo.

“Você é amigo do Dirceu, não é?”, perguntou Serra, uma, duas vezes. Ele parecia achar que o eleitor de São Paulo é um fundamentalista cujo Corão é a Veja. Deu no que deu a estratégia de Serra para derrubar Haddad à base de uma amizade.

Marina demonizar Hugo Chávez é algo que diminui não a ele, que já entrou na história como um homem que não se conformou em ver seu país ser tratado como quintal pelos Estados Unidos e mudou isso com coragem, abnegação, sacrifícios e colossal integridade.

Diminui a ela, porque mostra – se não oportunismo baixo, como foi o caso de Serra – falta de compreensão histórica.

A Venezuela era boa, até Chávez, para uma minúscula elite que vivia em Miami. O petróleo venezuelano acabava fazendo coisas como asfaltar Nova York e inflar a fortuna de uns poucos nativos — pouquíssimos, é mais apropriado.

Os chamados 99% — no caso venezuelano, 99,99% — eram desprezados e mantidos numa pobreza abjeta comparável à das periferias brasileiras.

Chávez acabou com isso.

Colocou os pobres no topo das prioridades quando chegou ao poder, pelas urnas. Os recursos do petróleo passaram a ser canalizados para os próprios venezuelanos, o que valeu a ele um ódio sem limites – e golpista – da parte dos Estados Unidos.

Chávez chegou a ser vítima de um golpe orquestrado pelos americanos e mais a plutocracia contrariada venezuelana, mas dois dias depois voltou ao poder por pressão popular.

Chávez pôs foco na educação e na saúde pública. Deu petróleo a Cuba, e em troca médicos cubanos não apenas foram atender venezuelanos pobres que jamais tinham visto um consultório como também passaram a lecionar em escolas de Medicina.

As urnas consagraram Chávez repetidas vezes. Foi tamanho o impacto de Chávez na Venezuela que Caprilles, o principal líder da oposição, assegurou que manteria os programas sociais chavistas caso vencesse as eleições presidenciais.

No ano passado, uma pesquisa sobre os países mais felizes do mundo colocou os venezuelanos no topo na América do Sul. Chávez elevou a auto-estima de um povo que era invisível para seus governantes.

Um esplêndido documentário mostra o que foi o chavismo: “A revolução não será televisionada”. Recomendo vivamente que seja visto. Ele está no pé deste artigo.

As cenas de devoção e tristeza do povo pobre da Venezuela em sua morte foram extraordinariamente tocantes. Jornalistas de todo o mundo se perguntavam: onde se veria tal comoção na morte de um líder? Na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos?

Pausa para rir.

No Brasil, Chávez foi submetido a um linchamento criminoso e incessante por uma mídia que temia acima de tudo que Lula combatesse privilégios – a começar pelos dela, mídia – com a intensidade de Chávez.

O chavismo é um marco fundamental na nova atitude dos líderes sul-americanos diante da predação centenária dos Estados Unidos.

Se Marina não sabe disso, é ignorante. Se sabe, é uma oportunista que está em busca dos afagos da mídia como os políticos dos quais ela diz ser diferente. Fora dessas duas hipóteses, existe a possibilidade de que ela seja uma mistura de ambas as coisas.




Postado no blog Tijolaço em 08/10/2013


Documentário impressionante sobre Hugo Chávez : " Não permitam que os envenenem com tantas mentiras"





Ao ver o vídeo, troque a palavra Venezuela por Brasil e a história do discurso, não dos fatos, será a mesma. Para a grande mídia brasileira, Hugo Chávez é o primeiro ditador eleito democraticamente e carregado pelo povo ao poder. Da mesma forma, Lula é o ex-presidente que precisa de impeachment.



Postado no blog Educação Política em 06/03/2013

Chávez vai ter sua verdadeira história escrita na memória de seu povo



bandeira chavez povo Chávez vai ter sua verdadeira história escrita na memória de seu povo

Marco Antonio Araujo

Morreu Hugo Chávez. Agora, podem elogiá-lo à vontade. Para começar, admitir que foi o único "ditador" na história da humanidade eleito quatro vezes pelo voto popular, democraticamente, em pleitos nunca questionadas pela comunidade internacional.

Esta acusação sempre foi a maior canalhice que seus inimigos propagaram, para ser reverberado por gente ideologicamente preguiçosa e mal informada.

A má vontade da mídia com Chávez é de uma desfaçatez assustadora. Por aqui, sua difamação agregou-se a uma vingança pura e simples: foi uma forma indireta de achincalhar Lula, num processo de transferência típica de gente amargurada.

A primeira eleição do líder venezuelano, em 1998, é um daqueles fatos históricos espetaculares tratados com omissões e cinismo propositados. Ameaçado de morte pela CIA e adversários internos, desencadeou uma então inimaginável reação de massa: o povo literalmente desceu o morro e foi para as ruas garantir a posse (e a vida) do novo presidente. Eleito.

O resto só será contado em enciclopédias cubanas ou em monografias da USP condenadas a círculos restritos. Preparem-se para toneladas de editoriais massacrantes, para a próxima capa indecente da Veja, para comentários entredentes de nossos articulistas muito bem pagos — os mesmos que defenderam o Consenso de Washington, o imperialismo americano, a globalização que levou a Europa e o mundo para uma crise de proporções sistêmicas.

Esperar o mínimo de respeito com a figura de Hugo Chávez é ingenuidade. Mas será possível ouvir grunhidos de alívio. O cara incomodava. E desencadeou uma mudança ainda a ser estudada em toda a América Latina. O que está acontecendo em nosso continente, a ascensão de um discurso de oposição ao neoliberalismo, tem em Chávez seu principal articulador. Um revolucionário. O último?

A Venezuela se tornou protagonista no mapa mundial. Pode ser combatida, mas jamais ignorada. A grandeza de Chávez pode ser medida pelo poder gigantesco de seus inimigos. Aos quais dobrou um por um. E deu, sim, alguma dignidade ao seu país, arrancando-o da miséria em que os humildes se encontravam. Os ricos soltam rojões e comemoram em seus condomínios fechados.

Não preciso falar dos erros de Hugo Chávez. Esses estarão espalhados por aí, em letras garrafais. Mas suas qualidades, sua capacidade de liderança, sua aposta em um discurso socialista, sua coragem, essas ficarão escritas de outra forma, a melhor: na memória de seu povo.

Postado no blog O Provocador em 05/03/2013


Venezuela não é mais quintal dos EUA





Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:


A América Latina foi infestada, a partir dos anos 1950, por militares patrocinados pelos Estados Unidos.

Eles transformaram a região num monumento abjeto da desigualdade social, e impuseram com a força das armas sua tirania selvagem e covarde.

Pinochet foi o maior símbolo desses militares, aos quais os brasileiros não escaparam: Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo foram capítulos lastimáveis da história moderna nacional.

Hugo Chávez rompeu, espetacularmente, com a maldição dos homens de farda a serviço dos americanos e de uma pequena elite predadora e gananciosa.

Paraquedista de formação, coronel na patente, Chávez escolheu o lado dos excluídos, dos miseráveis – e por isso fez história na sua Venezuela, na América Latina e no mundo contemporâneo.

Chávez foi filho do Caracaço – a espetacular revolta, em 1989, dos pobres venezuelanos diante da situação desesperadora a que foram levados na gestão do presidente Carlos Andrés Perez.

Carne de cachorro passou a ser consumida em larga escala por famintos que decidiram dar um basta à iniquidade. A revolta foi esmagada pelo exército venezuelano, e as mortes segundo alguns chegaram a 3.000.

Uma ala mais progressista das forças armadas ficou consternada com a forma como venezuelanos pobres foram reprimidos e assassinados.

Hugo Chávez, aos 34 anos, pertencia a essa ala.

Algum tempo depois, ele liderou uma conspiração militar que tentou derrubar uma classe política desmoralizada, inepta e cuja obra foi um país simplesmente vergonhoso.

O levante fracassou. Antes de ser preso, Chávez assumiu toda a responsabilidade pela trama e instou a seus liderados que depusessem as armas para evitar que sangue venezuelano fosse vertido copiosamente.

Chávez aprendeu ali que o caminho mais reto para mudar as coisas na Venezuela era não o das armas, mas o das urnas.

Carismático e popular, Chávez se elegeu presidente em 1998. Pela primeira vez na história recente da Venezuela, um presidente não dobrava a espinha para os Estados Unidos.

Isso custou a Chávez a perseguição obstinada de Washington. Mas entre os venezuelanos pobres – a esmagadora maioria da população – ele virou um quase santo.

Chávez comandou projetos sociais - as missiones - que retiraram da miséria milhões de excluídos. Alfabetizou-os, ofereceu-lhes cuidados médicos por conta de médicos cubanos – e acima de tudo lhes deu auto-estima. Os desvalidos tinham enfim um presidente que se interessava por eles.

O tamanho da popularidade de Chávez pode se medir num fato extraordinário: um grupo bancado pelos Estados Unidos tentou derrubá-lo em 2002. Mas em dois dias ele estava de volta ao poder, pela pressão sobretudo, dos mesmos venezuelanos humildes que tinham protagonizado o Caracaço.

Quanto ele mudou a Venezuela se percebe pelo fato de que, nas eleições presidenciais de outubro passado, a oposição colocou em seu programa os projetos sociais chavistas que, antes, eram combatidos e ridicularizados.

Chávez teve tempo de pedir aos venezuelanos que apoiassem Nicolas Maduro, seu auxiliar e amigo mais próximo.

Maduro provavelmente se baterá, em breve, com Henrique Caprilles, principal nome da oposição. As pesquisas indicam, inicialmente, vantagem clara para Maduro.

Se o chavismo sobrevive sem Chávez é uma incógnita.

 O que parece certo é que a Venezuela, pós-Chávez, jamais voltará a ser o que foi antes dele – um quintal dos Estados Unidos administrado por uma minúscula elite que jamais enxergou os pobres.

Postado no Blog do Miro em 05/03/2013
Trecho grifado por mim

Hugo Chavez : Admiro nele seu amor pela Venezuela e pela América Latina, sua luta contra o Império Americano e sua opção de governar para os pobres !





Afinal, por que a Venezuela reelegeu Hugo Chávez?




 Eric Nepomuceno, na Carta Maior

A verdade é que havia uma clara tensão entre as pessoas que rodeavam Hugo Chávez na noite do domingo, dia sete de outubro. Enquanto se aguardava a primeira manifestação do Conselho Nacional Eleitoral, o CNE, corriam rumores de todos os tipos. 

Com as pesquisas de boca de urna proibidas por lei, qualquer rumor era notícia. E foi assim que, por volta das nove da noite, houve um primeiro suspiro de alívio: a vantagem, que naquela altura era de uns cinco pontos de diferença sobre o candidato Henrique Capriles, seria irreversível. Mas, ainda assim, foi um suspiro tenso: a diferença era muito menor que a prevista. Até que veio, afinal, o número oficial: uma vitória de dez pontos – dez contundentes, indiscutíveis pontos. Aliás, dez pontos e meio.

E assim a Venezuela dormiu em festa, para no dia seguinte despertar pensando em como serão os dias daqui em diante. E realmente há muito a ser pensado.

Em primeiro lugar, há um visível – e natural – desgaste do governo, depois de treze anos. Durante a campanha, Hugo Chávez pôde sentir de perto os efeitos do tempo no poder. Há insatisfação com a espiral inflacionária, com o rígido controle sobre preços e a sobrevalorização da moeda, que faz com que exista carência de produtos. Há problemas com o fornecimento de energia elétrica, as falhas administrativas são gritantes, o funcionalismo público foi inchado de maneira escandalosa. Há uma grande irritação com os excessos da burocracia, com a lentidão na atenção de alguns serviços públicos, com o déficit habitacional, com as crescentes dificuldades do dia a dia. E, finalmente, aumenta de forma desembestada o mais agudo flagelo sentido pelos venezuelanos, em especial em Caracas: a violência urbana, que faz da Venezuela um dos países mais violentos do mundo e o segundo da América Latina.

Ao mesmo tempo, são palpáveis os efeitos de um claro boicote de investidores, que ora alegam a instabilidade política, ora a falta de marcos jurídicos que protejam seus interesses a longo prazo, e o tempo todo criticam duramente a intervenção do Estado na economia. Já os analistas e consultores dos chamados mercados financeiros, junto com os organismos internacionais, gritam aos céus quando falam nas contas públicas e, em especial, do chamado déficit fiscal. Reclamam com urgência a necessidade de cortes nos gastos do governo, aumento de impostos, desvalorização, menor dependência do petróleo, com investimentos na indústria e na agricultura.

Em segundo lugar, é preciso pesar com calma o que significou a candidatura de Henrique Capriles, um jovem advogado de 40 anos, que soube dar uma reviravolta em seu discurso exacerbadamente neoliberal para se apresentar como uma espécie de novo Lula, alardeando sua preocupação com o bem-estar social dos venezuelanos. Com isso, mais a insatisfação e o desgaste natural de um governo de treze anos, Capriles conseguiu arrebatar uma votação muito expressiva, de 44% do eleitorado. Percorreu com agilidade de gazela e fôlego de leão o país de ponta a ponta, numa impressionante maratona de comícios, passeatas e visitas. Tornou-se conhecido e popular, pelo menos para os pouco mais de seis milhões de venezuelanos que votaram nele. Caberá a Capriles, agora, uma missão difícil: manter unida a oposição e tentar estabelecer um diálogo aberto e fluído com Chávez.

Finalmente, deve-se observar que com esse resultado se confirma um país claramente dividido. Existe uma maioria consistente que aprova a gestão de Chávez e sua revolução bolivariana, e uma minoria bastante significativa que desaprova.

Essas eleições serviram para deixar visíveis esses dois lados. 

Não por acaso, depois da mais apertada disputa eleitoral enfrentada por Hugo Chávez desde que chegou ao poder pela primeira vez, em 1999, 81% dos eleitores foram votar, num país onde o voto não é obrigatório. Ninguém quis se omitir na hora de escolher um entre dois projetos antagônicos de futuro. Foi a maior participação eleitoral da história do país, o que não faz mais do que legitimar a vitória de Chávez.

A grande pergunta é a seguinte: como, diante de tantos problemas, e tendo à mão um candidato de oposição, a imensa maioria dos venezuelanos preferiu manter Hugo Chávez no poder?

E a resposta é simples, extremamente simples: porque pela primeira vez os venezuelanos têm um presidente que governa para a imensa maioria. 

Que leva adiante, aos trancos e barrancos, uma verdadeira revolução. Que liquidou o analfabetismo, estendeu a atenção pública da saúde a todos, que dissemina escolas de período integral, que criou brigadas – as misiones – para dar atenção social aos desassistidos de sempre. 

Que, apesar do que ainda falta, promove uma reviravolta na questão habitacional. Um presidente que criou mercados públicos onde não há abundância, é verdade, mas há o básico, e a preços populares. 

Que aumentou as vagas universitárias, que criou bolsas de estudo num sistema justo e eficaz. 

Que recuperou a soberania e está sendo fundamental para, através da generosa solidariedade tão abandonada nesse mundo de hoje, promover a integração da América Latina.

Anunciados os resultados oficiais, Chávez e Capriles prometeram manter um diálogo aberto. Enalteceram a democracia e agradeceram seus votos. Passado o tempo da delicadeza, será a hora de ver como se comportará a oposição.

Chávez surpreendeu ao fazer um reconhecimento insólito: disse que são muitas, sim, as falhas de seu governo. E prometeu lutar ao máximo para corrigir todas elas.

Henrique Capriles prometeu colaborar para que a Venezuela tenha dias melhores.

Há uma diferença enorme entre a palavra de Chávez e a da oposição.

A maioria dos venezuelanos – 54,4% deles – demonstrou, nas urnas, em qual dessas palavras vale a pena confiar. 

Afinal, e apesar de tudo, a vida mudou muito, e para muito melhor, ao longo dos últimos treze anos. Foi tanto o conquistado, que a maioria sabe que conquistou também o direito de reclamar. E o primeiro a reconhecer esse direito foi precisamente o homem que mudou o rosto do país: Hugo Chávez.



Postado no blog O Escrevinhador em 11/10/2012
Trechos grifados por mim



Vídeo: “Donos da Globo são cachorros dos EUA”, afirma Hugo Chavez.