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Uma história de almas gêmeas no incêndio da Boate Kiss ?

 



 


No sentido espiritual, a alma gêmea é entendida como uma pessoa com quem se tem uma conexão profunda e harmônica, que vai além do físico e emocional, envolvendo afinidade, amor, compreensão e apoio mútuo para a evolução espiritual.
Essa conexão pode existir em qualquer tipo de relação (romântica, amizade, familiar) e se manifesta como um reforço da jornada de cada um, ajudando no aprendizado e crescimento.
É um conceito presente em várias tradições espirituais, que sugere um destino traçado e reencontros de vidas passadas.

Conexão Profunda e Evolução
Vínculo além do físico:
É um laço espiritual que transcende o corpo, o físico e a relação emocional, sendo um reconhecimento mútuo entre as almas.

Apoio e aprendizado:
Almas gêmeas aparecem na vida para ajudar no crescimento, aprendizagem e evolução espiritual, ensinando e apoiando ao longo da vida.

Harmonia e afinidade:
A relação é caracterizada por uma forte afinidade, amor, compreensão e compatibilidade.

Manifestação e Dinâmica
Não apenas romântico:
A conexão de alma gêmea não se limita ao romance, podendo ocorrer com amigos, familiares, mentores ou professores que contribuem para a jornada do indivíduo.

Presença temporária ou permanente:
A alma gêmea pode entrar na vida por um período específico para ensinar algo importante ou pode permanecer por toda a vida.

Diversidade de almas gêmeas:
Não se trata de uma única "metade eterna", mas sim de diferentes almas que surgem em diferentes momentos da vida, conforme o grau evolutivo e a necessidade de aprendizado.

Origens e Significado em Várias Tradições

Cultura e mitologia:
O conceito tem raízes antigas, aparecendo em mitologias e filosofias como a de Platão, que descreve a busca da outra metade da alma.
Práticas espiritualistas:
É amplamente difundido em práticas espiritualistas, que afirmam a existência de um destino traçado entre duas pessoas, com encontros marcados por sincronicidade.

Para ler clique abaixo : 





Tragédia da Boate Kiss em 27-01-2013 completa 5 anos de impunidade !








Jéssica perdeu o namorado na tragédia e teve 45% do corpo queimado


Na noite da tragédia da boate Kiss, Jéssica Duarte da Rosa, 20 anos, e seu namorado, Bruno Portella Fricks, não iam sair. Ela já tinha até ligado para pedir a bênção aos pais, mas o casal mudou de ideia e resolveu ir a um barzinho. Sem conseguir entrar, foram para a Kiss. Entraram às 2 horas. Pouco mais de uma hora depois, o fogo tomou conta do local.

Os dois saíam do banheiro quando viram um tumulto e acreditaram ser uma briga. De mãos dadas com a namorada, Bruno foi abrindo espaço. Só então os dois perceberam o fogo e a fumaça, que atrapalhava a respiração. A bagunça fez os dois se separarem. Ela perdeu os sapatos e foi carregada por alguém. Apagou. Acordou do lado de fora, com um bombeiro batendo em seu rosto para ver se ainda estava viva.

Outro apagão. Acordou no hospital. “Só enxergava vultos. Arranquei tudo e comecei a perguntar pelo Bruno. Só me disseram que ele não estava lá”, conta. Nos corredores, médicos e enfermeiros correndo. Com o ce­lular de uma enfermeira, ligou para a sogra, em Santa Maria, para contar o ocorrido. “Não ia ligar para meu pai porque achei que não era muita coisa o que eu estava passando. Quan­do duas meninas passaram por mim e choraram, percebi que era ruim.”

Às 4h35, ligou para o pai, que há três anos mora com sua mãe e seu irmão em Colombo, transferido para uma filial da empre­sa na qual trabalha. A enfermeira tomou o telefone e o alertou que a situação não era boa. Claudio Forgiarini acal­­mou a filha e telefonou para um sobrinho em Porto Alegre. Ele pediu a um médico conhecido de Santa Maria que fosse ver Jéssica.

No corredor, em meio ao caos, Jéssica se levantou da maca e enxergou o médico, que havia visto apenas uma vez em uma festa de família na praia. “Ele tirou meus anéis, brincos, piercing e o vestido. Depois, não lembro de mais nada”, diz. Ele prestou toda assistência e percebeu a dificuldade da menina em respirar. Mandou entubá-la e salvou sua vida.



Emocionante crônica em homenagem às vítimas da tragédia da Boate Kiss em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Incêndio em 27/01/2013 onde morreram 242 pessoas







A cara horrenda da injustiça  

Quando a meia-noite de domingo passar trazendo a segunda-feira eu quero estar acordado. Estarei vestindo uma camisa branca nos primeiros minutos do dia 27 de janeiro. 

Vou acender uma vela, pingando a cera num pires para assentá-la e depositá-la sobre a mesa de modo que a aura luminosa da chama me alcance. Então fecharei os olhos e esperarei o transcorrer da madrugada em minha vigília silenciosa. 

Sei que me ocorrerão sorrisos, abraços, afagos. E amigos bebericando, e namorados enlaçando-se, e desconhecidos jogando olhares uns aos outros no rito ancestral do cortejo mútuo a que os jovens se dedicam para formar novos casais, ainda que no escasso tempo de um verão.

Ouvirei música dançante, murmúrios e cochichos, o zunzum baladeiro da alegria reverberando no salão.

E quando a fenda do caos se abrir, sulcando o chão e engolindo sonhos e aspirações, tragando projetos de vida, fazendo levantar a poeira da saudade no espaço vazio, eu já quero estar de olhos bem abertos.

Eis o momento em que pegarei o pires com a minha vela para alumiar a escuridão da noite e enxergar todas as faces da dor. Não adianta esconder as mil caras da dor.

Quero olhar para cada uma delas, ocultas sob a máscara do engano, da omissão, do cinismo, do adiamento, da procrastinação e da indiferença, arrancando-lhes o véu para deixá-las escancaradas e nuas, com todas as suas vergonhas expostas.

Com minha vela erguida, sob o lusco-fusco de minha chama bruxuleante, verei a cara feia da injustiça. Ela me ofenderá com sua feiura, mas, mesmo enojado, mesmo acometido de engulhos, eu não tirarei os olhos dela um segundo sequer. 

Eis o desejo inconfessável dos omissos, dos egoístas e dos indiferentes: que a cara feia da injustiça nos assuste, que sua aparência repugnante nos faça desviar os olhos dela para que siga em sua missão de promover o esquecimento. 

Não lhes desviaremos o olhar antes de desmascará-la. Estarei com minha vela tímida mas insistente, ínfima mas acesa, e haverá ainda muitas outras velas na cidade, um toquinho aqui outro ali, formando um imenso farol de lucidez a fustigar os olhos horrendos da injustiça até que, por trás de sua mortalha opaca, apareça, enfim, a límpida cara da verdade.

Quando a manhã da segunda-feira chegar, com a triste lembrança de um trágico domingo, estaremos todos abraçados, cada pai, cada mãe, cada irmão, irmã, primos, avós, amigos, camaradas, cada conterrâneo, cada um com sua vela, olhando sem piscar para os olhos da injustiça até subjugá-la, até acuá-la, até que ela seja purgada e extinta. 

Aí, então, descansaremos e a cidade encontrará a sua paz.

 Marcelo Canellas

O que a morte não cessa de nos dizer



Marco Aurélio Weissheimer

A dor provocada por tragédias como a ocorrida neste final de semana na cidade de Santa Maria sacode a sociedade como um terremoto, despertando alguns de nossos melhores e piores sentimentos.

Um acontecimento brutal e estúpido que tira a vida de 242 pessoas joga a todos em um espaço estranho, onde a dor indescritível dos familiares e amigos das vítimas se mistura com a perplexidade de todos os demais. Como pode acontecer uma tragédia dessas? A boate estava preparada para receber tanta gente? Tinha equipamentos de segurança e saídas de emergência? Quem são os responsáveis?

Essas são algumas das inevitáveis perguntas que começaram a ser feitas logo após a consumação da tragédia? E, durante todo o domingo, jornalistas e especialistas de diversas áreas ocuparam os meios de comunicação tentando respondê-las. As redes sociais também foram tomadas pelo evento trágico. Os indícios de negligência e falhas básicas de segurança já foram apontados e serão objeto de investigação nos próximos dias. Mas há outra dimensão desse tipo de tragédia que merece atenção.

É uma dimensão marcada, ao mesmo tempo, por silêncio, presença e exaltação da vida.

Quem já perdeu alguém em um acontecimento trágico e brutal sabe bem que o caminho da consolação é longo, tortuoso e, não raro, desesperador. E é justamente aí que emerge uma das melhores qualidades e possibilidades humanas: a solidariedade, o apoio imediato e desinteressado e, principalmente, a celebração do valor da vida e do amor sobre todas as demais coisas.

A vida é mais valiosa que a propriedade, o lucro, os negócios e todas nossas ambições e mesquinharias. Na prática, não é essa escala de valores que predomina no nosso cotidiano.

Vivemos em um mundo onde o direito à vida é, constantemente, sobrepujado por outros direitos. Tragédias como a de Santa Maria nos arrancam desse mundo e nos jogam em uma dimensão onde as melhores possibilidades humanas parecem se manifestar: o Estado e a sociedade, as pessoas, isolada e coletivamente, se congregam numa comunhão terrena para tentar consolar os que estão sofrendo. Não é nenhuma religião, apenas a ideia de humanidade se manifestando.

Uma tragédia como a de Santa Maria não é nenhuma fatalidade: é obra do homem, resultado de escolhas infelizes, decisões criminosas.

Nossa espécie, como se sabe, parece ter algumas dificuldades de aprendizado. Nietzsche escreveu que muito sangue foi derramado até que as primeiras promessas e compromissos fossem cumpridos. É impossível dizer por quantas tragédias dessas ainda teremos que passar. Elas se repetem, com variações mais ou menos macabras, praticamente todos os dias em alguma parte do mundo e contra o próprio planeta.

Talvez nunca aprendamos com elas e sigamos convivendo com uma sucessão patética de eventos desta natureza, aguardando a nossa vez de sermos atingidos.

Mas talvez tenhamos uma chance de aprendizado. Uma pequena, mas luminosa, chance. E ela aparece, paradoxalmente, em meio a uma sucessão de más escolhas, sob a forma de uma imensa onda de compaixão e solidariedade que mostra que podemos ser bem melhores do que somos, que temos valores e sentimentos que podem construir um mundo onde a vida seja definida não pela busca de lucro, de ambições mesquinhas e bens materiais tolos, mas sim pela caminhada na estrada do bom, do verdadeiro e do belo.

A morte nos deixa sem palavras. Mas ela nos diz, insistentemente: é preciso, sempre, cuidar dos vivos e da vida.


Postado no blog RS Urgente em 27/01/2013