Como é bom ser odiado – manifesto



Juremir Machado da Silva

Escrever é muito divertido. As reações dos leitores são incríveis. Alguns leem exatamente o que desejam num texto mesmo se o texto não contém uma só linha do que desejam ler. É uma leitura automática, condicionada, seletiva.

Este meu blogue é sensacional. Atrai pessoas que me detestam e que se encarnam em mim como carrapatos grudados num animal de sangue nutritivo. Alguns dão pena por serem casos nitidamente psiquiátricos.

Tem os lacerdinhas, que odeiam o PT, a esquerda, políticas compensatórias e tudo o que não for conservadorismo puro. Sentem saudades da ditadura, sobre a qual sabem pouco, contentando-se com as lendas. São fiéis. Todo santo dia, mentem, deturpam, vociferam, tentam intimidar, repetem seus mantras.

São intelectualmente pobres, praticam insultos primitivos, quanto menos sabem sobre um assunto mais disparam frases do tipo “não fale de assunto que não conhece”, etc. Revoltam-se sempre que há desconstrução dos seus clichês. Vivem do falso como verdade definitiva e tranquilizadora.

Há os que, embora eu os desconheça, simulam uma intimidade total, dando-me conselhos, puxando-me a orelha, avisando-me para “não pisar na bola” ou, escondidos atrás dos seus fakes”, alertam-me de que “pisei na bola”.

A regra não escrita manda que um cronista seja altivo, fleumático, distante, impassível e pratique a filosofia da frase repetida por Roberto Jefferson: “não se queixe, não justifique, não se explique”, não comente, não dê trela, não discuta, ignore, deixe os cães ladrarem, não se rebaixe, seja imortal.

Eu gosto de quebrar regras.

Quanto mais mesquinha a pessoa, mais seu comentário ataca a mesquinharia.

Sempre que um comentário fala em inveja, o autor é invejoso.

Quanto mais condena atitudes ideológica, mas pinga ideologia.

Há insultos recorrentes: medíocre, comunista, reacionário, chato.

Tudo e o contrário.

Eu rio.

Sou tudo isso e um pouco mais.

Sou o medíocre mais medíocre do reino da mediocridade.

Há fãs que, em nome dos seus ídolos, fingem um conhecimento do passado que não possuem e ficam furiosos pelo fato de que eu sei sobre o passado o que eles nunca saberão. Quanto mais sei, mais sou chamado de ignorante.

Escrevi ontem sobre Luis Fernando Verissimo.

Desejo sinceramente que se recupere e escreva muitos textos detonando a direita nojenta que defende a ditadura e outras coisinhas do gênero.

Alguns trataram de ver nisso um pedido desculpas ou um reconhecimento da qualidade literária da obra de LFV de minha parte. Procedimento infantil, primário, hilariante, típico de quem tem cérebro de ervilha.

Outros, ou os mesmos, viram oportunismo, covardia, vontade de aparecer, esses lugares-comuns que povoam o imaginário dos pobres de espírito.

É muito mais do que isso. E muito menos.

Um reconhecimento do acerto de Verissimo quanto à sua leitura política dos fatos em 1995. Ele estava certo em ser pragmaticamente de esquerda. É engraçado ver gente de extrema direita fingindo indignação por causa disso, como se defendessem os mesmos pontos de vista. Tudo encenação.

Por favor, chamem-me de medíocre, de invejoso e de mesquinho até cansar. Eu não me importo, estou acostumado, tenho o couro duro: os insultos da direita me fortalecem. Os insultos dos ignorantes me divertem.

Eu sou o que sou com muito orgulho.

Continuarei defendendo cadeia para terroristas fardados, a anulação da Lei da Anistia, cotas, bolsa-família, ProUni e qualquer política, por mais limitada que seja, capaz de reformar a hegemonia branca e conservadora no Brasil.

Somos um país racista, hipócrita e profundamente desigual.

Temos uma mídia ignorante e conservadora, que, por não ler o que se produz na universidade, continua vomitando idiotices ultrapassadas e defendendo práticas anacrônicas em educação, segurança, drogas, sexualidade.

Eis o meu manifesto.

Insultem-me todos os dias ou vão plantar batatas.

Ou vou colher avencas, lírios, rosas, dálias.

E batatas!

Postado no blog Juremir Machado da Silva em 30/11/2012
Imagem inserida no texto por mim

Nota
Juremir Machado da Siva é escritor gaúcho, historiador, tradutor, jornalista e professor universitário.

Argentina goleia o Brasil em justiça


A Argentina começa hoje o seu megajulgamento da ditadura. Os hermanos não têm dado qualquer alívio aos seus torturadores e aos chefes de todos eles.

Deve ser parte da superioridade ética, sustentada por intelectuais anônimos, do tango sobre o samba ou do drama em relação ao fatalismo do trágico.

Enquanto isso, no Brasil, a verdade aparece como uma infiltração. O assassinato, em Porto Alegre, de um militar ligado ao terrorismo fardado do DOI-Codi levou à descoberta de documentos importantes, que a polícia de Porto Alegre, nada republicanamente, vazou para o grupo RBS.

Um dos documentos prova que o deputado petebista Rubens Paiva esteve preso nas instalações cariocas infernais do DOI-Codi.

As nossas forças armadas têm mentido sobre isso há décadas. Assim como se mentiu durante anos sobre o assassinato de Vladimir Herzog, transformado em suicídio, o único enforcamento ajoelhado da história da humanidade.

Um dos terroristas fardados, protagonista do fracassado atentado do Rio-Centro, continua na ativa e, segundo o jornalista Marcos Rolim, é professor na academia do Exército em Brasília. Um escracho.

Três questões não podem calar:

1) Quando nossas Forças Armadas pedirão oficialmente desculpas à nação, começando, por exemplo, pelas famílias de Herzog e Rubens Paiva?

2) Quando nossas Forças Armadas admitirão as suas culpas e ajudaram a tornar públicos todos os documentos que permanecem escondidos?

3) Quando serão liberados os documentos sob a guarda do III Exército, hoje Comando do Sul, existentes em Porto Alegre. Ou também serão misteriosamente vazados para a RBS?

A Argentina está goleando o Brasil em matéria de acerto de contas com o passado. Por aqui, o revanchismo dos defensores da ditadura está cada vez mais forte e impudente. Há ódio contra a democracia que se instalou permitindo a eleição de muitos dos torturados do regime militar.

O jeitinho brasileiro é apenas uma forma de tapar o sol com a peneira.

O Brasil precisa rever a sua Lei da Anistia para não continuar a manter uma duplicidade vergonhosa: os ativistas políticos que se opuseram ao regime militar foram processados, julgados, condenados, torturados, exilados ou mortos. Os torturadores a serviço do regime jamais foram molestados.

Há algo fora de compasso.

Até quando temeremos as chantagens dos revanchistas?

Até quando conviveremos com torturadores de Estado em liberdade?

Até quando aceitaremos de braços cruzados as provocações dos que cometeram crimes contra a humanidade?

O atentado do Rio Centro aconteceu depois da Lei da Anistia. A documentação agora descoberta mostra como se tentou transformar um golpe hediondo de militares em uma ação da esquerda. Ficará por isso mesmo?

O ritmo do momento, porém, é outro.

Que tal trocar o funk pelo tango eletrônico?


Postado no blog Juremir Machado da Silva em 28/11/2012

Vladimir Herzog, jornalista assassinado em uma cela do DOI-Codi, completaria 75 anos em junho de 2012.

Vladimir Herzog (foto), jornalista assassinado em uma cela do DOI-Codi, completaria 75 anos em junho de 2012


No dia 21 de janeiro de 1971, o empresário e engenheiro civil Rubens Beyrodt Paiva, 41 anos, casado, pai de cinco filhos, ex-deputado federal pelo PTB de São Paulo, cassado pelo regime militar em 1964, foi levado de sua residência no Rio de Janeiro por agentes secretos do governo para "prestar depoimento".

Depois desse dia, Rubens Paiva nunca mais foi visto. Investigações realizadas por amigos e familiares apontam que ele foi brutalmente torturado nas dependências de um quartel militar, vindo a morrer menos de 24 horas depois do sequestro. Seu corpo nunca foi encontrado.


Gentileza gera gentileza



As câmeras de segurança captam, também, coisas boas


Criatividade para o Natal














Sininho de garrafa pet












Quem manda no Brasil



Há uma enorme diferença entre governar e deter o poder.
O PT governa o país desde 2003, depois de vencer três eleições presidenciais em seguida.
Apesar disso, não detém o poder.
Ele continua a ser exercido pela mesmas forças que o partido derrotou nas urnas - grandes empresários, latifundiários, banqueiros, militares etc etc.
São esses os personagens que, paradoxalmente, se beneficiam do governo do PT, que criou um verdadeiro mercado de consumo no país, mas fazem de tudo para defenestrá-lo do Palácio do Planalto.
São eles que movem essa guerra sem trégua, sem limites, com batalhas às vezes à luz do dia, mas quase sempre travadas nos subterrâneos da República.
Essas forças nunca permitirão que um governo trabalhista, social-democrata, se consolide no Brasil, tome o poder no Brasil.
Essas forças preferem arruinar o país a vê-lo sob o controle de outras pessoas fora de seu círculo, de sua classe.
Nunca capitularão, nunca permitirão que o Brasil se transforme numa verdadeira República, numa democracia, num país moderno e justo.
Nunca permitirão que as terríveis desigualdades sociais que destróem o futuro do país terminem.
Nunca permitirão que haja Justiça para todos, sem distinção - e não apenas para alguns, os seus inimigos.
Essas forças podem até permitir que o PT, ou outro partido assemelhado, ganhe mais uma eleição presidencial.
Desde que tudo o que importa mesmo continue nas mãos de quem realmente manda.
O resto é perfumaria.

Postado no blog Crônicas do Motta em 28/11/2012


Exercícios aumentam a expectativa de vida!



Sabia que atividade física de lazer aumenta a expectativa de vida em até sete anos? 

Estudo feito em Harvard, mostrou que caminhar no parque, passear de bicicleta e praticar algum esporte amador contribuem com a longevidade independentemente do peso de uma pessoa.

Então minha gente, não é possível que agora vocês ainda irão permanecer inertes! Vejam que notícia espetacular! E para aumentar a animação de vocês, incluí diversas imagens de como praticar exercício é prazeroso e relaxante! Tem tantos lugares lindos para fazer: Basta querer! Vamos começar? 

Caminhadas e corridas em parques aumentam a expectativa de vida e a vontade de ser feliz!

Praticar alguma atividade física nos momentos de lazer, como caminhar ou pedalar no parque, aumenta a expectativa de vida independentemente da intensidade do exercício ou do peso do indivíduo, concluíram pesquisadores da Universidade de Harvard e do Instituto Nacional de Saúde (NIH, sigla em inglês) dos Estados Unidos. Em uma nova pesquisa, eles mostraram que unir momentos de folga a exercícios físicos pode acrescentar até sete anos na longevidade de uma pessoa. 

Onde foi divulgada: revista PLoS Medicine
Quem fez: Steven Moore, I-Min Lee e outros
Instituição: Universidade de Harvard e Instituto Nacional de Saúde (NIH), Estados Unidos
Dados de amostragem: 654.827 de 21 a 90 anos

Resultado: Atividades de lazer como caminhada rápida aumenta a longevidade em 1,8 ano (75 minutos por semana), 3,4 anos (150 minutos por semana) ou 4,5 anos (450 minutos por semana). Ter peso normal e praticar 150 minutos do exercício, em comparação com ter IMC maior do que 35 e ser sedentário, aumenta em 7,2 anos a expectativa de vida.

Embora uma grande quantidade de pesquisas científicas já tenham comprovado os vários de benefícios da prática de atividade física, inclusive em relação à redução do risco de mortes prematuras, nenhum estudo havia estabelecido quantos anos cada tipo de exercício feito nos momentos de lazer pode acrescentar à vida de uma pessoa, tanto em relação aos indivíduos de peso normal quanto aos obesos. Foi o que fizeram os pesquisadores americanos. Os resultados desse trabalho foram divulgados no dia 06 de novembro de 2012, na revista PLoS Medicine.

Quer aumentar sua autoestima? Vá ao parque e ande descalço na grama. Vai se sentir bem demais!

Os autores levantaram dados de seis estudos diferentes sobre atividades de lazer que, ao todo, envolveram mais de 650.000 participantes de 21 a 90 anos, sendo a maioria acima dos 40 anos de idade. São consideradas atividades físicas de lazer aqueles exercícios cuja prática não é obrigatória e nem tem data e horário certo para acontecer. São atividades como esportes amadores, caminhadas ou corridas ao ar livre e um passeio de bicicleta, por exemplo. 

Caminhadas a dois: uma ótima opção para rir, conversar e se exercitar

Caminhada rápida — De acordo com I-Min Lee, epidemiologista do Hospital Brighan and Women da Universidade de Harvard e coordenadora do estudo, o nível mínimo de atividade física que é necessário para aumentar a longevidade é o acréscimo de 75 minutos de caminhada rápida (ou outra atividade moderada) por semana. 

Essa atividade, em comparação com não praticar nenhuma atividade, acrescenta 1,8 ano na expectativa de vida de uma pessoa acima dos 40 anos de idade, segundo a pesquisa. Os resultados ainda mostraram que esse mesmo exercício, se realizado 150 minutos por semana, que são os níveis recomendados pelas autoridades de saúde, eleva em 3,4 anos a longevidade de uma pessoa. Se praticado durante 450 minutos semanais, esse aumento chega a 4,5 anos.


Caminhadas rápidas : excelente opção para prolongar a vida

“Essa associação foi encontrada entre homens e mulheres e tanto entre indivíduos de peso normal quanto entre aqueles com sobrepeso ou obesidade”, disse Lee. No entanto, quando os pesquisadores compararam indivíduos com obesidade severa (índice de massa corporal maior do que 35) que eram sedentários a pessoas de peso normal que cumpriam 150 minutos de caminhada rápida por semana, o aumento da expectativa de vida foi de 7,2 anos. A obesidade, portanto, foi relacionada a um menor aumento da expectativa de vida — o que não significa que os exercícios físicos não aumentem a longevidade de pessoas acima do peso.

"Nossos resultados destacam a importante contribuição que as atividades de lazer têm, especialmente entre adultos", diz Steven Moore, um dos autores do estudo. "O exercício físico regular prolongou a vida de todas as pessoas que foram examinadas em nosso estudo, independentemente do peso.” 

Viu só pessoal? Não é uma pesquisa fantástica? E acabou de sair do forno!

Vamos caminhar minha gente! Devagar ou depressa, não importa. O que é importante é começar já. Lugares lindos e maravilhosos te esperam. E se não quiser ir sozinho, poderá ter a agradável companhia de sua família ou amigos. Está esperando o quê?


Caminhada no parque com os amigos: alto astral e ótima diversão

Andar de bicicleta também é muito legal! 

Se você preferir essa forma de exercício, ponto para você! Já falei sobre isso aqui no Blog duas vezes. Se ainda não leu, confira em Andar de bicicleta traz inúmeros benefícios e Revigore-se pedalando!

Mas uma boa notícia dessa, precisa ser divulgada aos quatros ventos e apontarei aqui mais alguns benefícios de andar na bike magrelinha! 



Se for andar de bicicleta, procure usar os acessórios que garantam a sua segurança, como capacetes e luvas nas mãos para segurar o guidão da bike  com firmeza.

Veja o que a bicicleta pode fazer por você. Além de relaxar, ajuda a queimar muitas calorias.

Andar de bicicleta "fortalece o corpo e a alma". Este é o resultado final de um relatório elaborado pela Universidade Alemã do Esporte.

Os benefícios não deixam margem para dúvidas. "As pessoas que andam de bicicleta regularmente poupam muitas visitas ao médico", refere o documento.

"Muitas pessoas com problemas como dores de costas, excesso de peso ou doenças cardiovasculares, podem desfrutar de muitos anos de boa saúde se usassem a bicicleta mais vezes", acrescenta ainda o estudo.

Prepare-se para pedalar:

Antes de qualquer exercício físico, convém lembrar-se que não se pode começar de repente. Para pedalar, existem várias recomendações. É necessário fazer alongamentos prévios, trabalhando sobretudo os músculos das pernas, os glúteos, a zona lombar e o pescoço durante alguns minutos. Se preferir pedalar ao ar livre, lembre-se do protetor solar e do capacete.

Mente mais sã:

As pessoas que andam de bicicleta regularmente são mais resistentes à depressão. Pedalar é um dos melhores antidepressivos que existem!

Andar de bike combate a depressão. Adquira esse hábito e seja mais feliz!

O coração agradece:

Pedalar reduz o mau colesterol e o risco de enfarte em cerca de 50%. Melhora as suas costas.  O ciclismo estimula os pequenos músculos das vértebras dorsais.

Um presente para suas pernas:

Com a bicicleta os seus joelhos ficam protegidos, já que mais de 70% do corpo gravita sobre o selim. E, além disso, as coxas e os glúteos endurecem. 

Afasta as infecções:

O exercício físico estimula o sistema imunitário e aumenta o número de glóbulos brancos, ajudando o organismo a defender-se de vírus e bactérias.



Aqui neste vídeo, tem dicas incríveis para você que está começando e também para os veteranos. 




Postado no blog Vivendo a Vida Bem Feliz em 20/11/2012

A foto que está chacoalhando as mulheres árabes




Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo

Uma imagem de mulher jovem está provocando uma formidável controvérsia mundial no Facebook.

É uma foto banal e ao mesmo tempo extremamente provocativa.

Banal porque não há nudez nem completa e nem parcial, a não ser que você considere braços de fora alguma coisa no gênero.

Provocativa porque a foto é de uma síria de 21 anos, Dana Bakdounis. Dana postou há poucas semanas uma foto sem véu num grupo criado no Facebook por mulheres árabes em busca de igualdade de direitos.

Nela, segura sua identidade e um bilhete manuscrito que é um pequeno manifesto, intitulado “A primeira coisa que senti quando tirei meu véu”. Nele afirma: “Estou com o Movimento de Liberação da Mulher Árabe porque, ao longo de 20 anos, não me permitiram sentir o vento em meu cabelo e em meu corpo”.


A foto, ninguém sabe explicar por que, foi uma sensação instantânea. Em pouco tempo, atraiu 1 600 likes, foi compartilhada 600 vezes e foi objeto de 250 comentários.

Com isso, o grupo ganhou uma visibilidade que ainda não tinha. Os debates se acirrariam ainda mais pouco depois, quando o Facebook simplesmente tirou a foto do ar, sem explicações, e também bloqueou a conta pessoal de Dana.

Censura? Um ataque à liberdade de expressão? Os protestos tomaram a página do grupo no Facebook, hoje com 70 000 integrantes e transformado num fórum vivo de debates de jovens mulheres ávidas insatisfeitas com sua situação. Uma delas disse: “Se vocês fazem este tipo de censura então não podem reivindicar os méritos pela Primavera Árabe.”

O Facebook acabaria, depois de idas e vindas, liberando a foto, e também a conta de Dana. “Minha vida mudou depois que tirei o véu”, diz ela. “Recebi muitas manifestações de solidariedade de outras mulheres com véu. Elas diziam ter vontade de fazer a mesma coisa, mas acrescentavam que faltava a audácia que tive.”

Meses atrás, quando o então presidente da França Nicolas Sarkozy iniciou na França uma cínica e eleitoreira caça às burcas sob o argumento de que estava ajudando as mulheres árabes, escrevi que era uma falácia.

Todos os movimentos históricos de conquista de direitos nasceram das próprias vítimas de injustiça, e não de tutores.

Sempre foi assim, das sufragettes, as mulheres inglesas que lutaram pelo direito ao voto no começo do século passado, aos negros americanos que combateram por sua inclusão social, para ficar em apenas dois casos.

A foto de Dana pode ser um sinal de que as mulheres árabes estão efetivamente decididas a batalhar, elas também, por sua própria Primavera. Se for isso, a imagem entrará para a história da humanidade.


Postado no blog O Escrevinhador em 27/11/2012



O modelo da boa sociedade não é a meritocracia




No livro “A sociedade dos iguais”, Pierre Rosanvallon traça a história das políticas em favor da igualdade que marcaram o século XIX e o século XX. Em entrevista à Carta Maior, Rosanvallon analisa a crise contemporânea marcada por uma perigosa dualidade: o avanço da democracia política, dos direitos, e a paulatina desaparição do laço social que cria e alimenta as sociedades democráticas. E critica as teorias da justiça promovidas por autores como John Rawls e suas ideias de igualdade de possibilidades e de meritocracia. A reportagem é de Eduardo Febbro. 

Eduardo Febbro, de Paris 

De todas as reflexões e livros que apareceram nos últimos anos sobre a democracia e a crise, o ensaio do professor Pierre Rosanvallon é o mais vasto e profundo. Com seu livro “A sociedade dos iguais” (Edições Manantial), Rosanvallon traça a história fascinante das políticas em favor da igualdade que marcaram o século XIX e o século XX, ao mesmo em que moderniza o termo com reflexões substanciais. 

Pierre Rosanvallon ocupa desde 2001 a cátedra de História de Política Moderna e Contemporânea no Collége de France e é também diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais. Próximo do Partido Socialista francês, Rosanvallon tem como horizonte intelectual a reflexão sobre a democracia, sua história, o papel do Estado e da justiça social nas sociedades contemporâneas. 

Seus livros traçam um corpo de reflexões que vão muito mais além do já trilhado diagnóstico do mal. “A contrademocracia, a política na era da desconfiança”, “Por uma história conceitual do político”, “A legitimidade democrática” ou “O capitalismo utópico, história da ideia de mercado” aportam um caudal impressionante de reflexões sobre um sistema político do qual, apesar de tudo, desconhecemos seus impulsos. “A sociedade dos iguais” responde perfeitamente à crise contemporânea marcada por uma perigosa dualidade: o avanço da democracia política, dos direitos, e a paulatina desaparição do laço social que cria e alimenta as sociedades democráticas. 

Com grande rigor, Rosanvallon esmiúça as teorias da justiça promovidas por autores como John Rawls e seu conseguinte ideal: a igualdade de possibilidades e sua aliada principal, a meritocracia. Rosanvallon destaca como entre a revolução conservadora encarnada pela ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher e pelo ex-presidente norte-americano Ronald Reagan e a posterior queda do comunismo surgiu um novo capitalismo que mudou a fase da história. Mas esse novo capitalismo destroçou a capacidade de os seres humanos viverem e construírem juntos como iguais e não apenas como consumidores ou forças majoritárias. Rosanvallon moderniza então o termo da igualdade entendida não já como uma questão de distribuição das riquezas mas sim como uma filosofia da relação social. 

Em entrevista à Carta Maior, realizada em Paris, Pierre Rosanvallon aborda os conteúdos essenciais de seu livro. 

Praticamente para qualquer lugar que se olhe, a democracia vive um processo de degradação potente. No caso concreto do Ocidente, a impressão é de que os valores democráticos mudaram de planeta. 

Isso se deve a que, há 30 anos, nos países da Europa, nos Estados Unidos e em praticamente todo o mundo, houve um crescimento extraordinário das desigualdades. Podemos inclusive falar de uma mundialização das desigualdades. Trata-se de um fenômeno espetacular. Há cerca de 20 anos, as diferenças entre os países diminuíram. As rendas medidas na China, Brasil ou Argentina se aproximaram das da Europa.

No entanto, em cada um desses países, as desigualdades aumentaram. Ao mesmo tempo em que a China se desenvolvia, as desigualdades se multiplicaram de forma vertiginosa. Esse problema concerne ao conjunto dos países. A Europa é o caso mais emblemático porque o aumento da desigualdade surge logo depois de um século de redução das desigualdades.

Entre a Primeira Guerra Mundial e a primeira crise do petróleo, nos anos 70, na Europa e nos EUA houve uma redução espetacular das desigualdades. Podemos dizer que, para a Europa, o século 20 foi o século da redução da desigualdade. Agora estamos no século da multiplicação das desigualdades. 

6 jovens que estão mudando o mundo pela educação


Educação

Patrícia Gomes
O mundo hoje torce pela recuperação da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, 14, que sofreu neste mês um atentado enquanto ia para a escola por defender o direito do acesso das meninas à educação. O caso de Malala mobilizou autoridades, políticos e gente comum, que tem compartilhado sua foto nas redes sociais. A boa notícia é que a moça não está só. Como Malala, há muitos jovens que estão transformando, cada um a sua forma, o seu entorno pela educação. Alguns, inclusive, estão indo muito além de mudar a realidade local. O Porvir mapeou alguns desses casos de pequenos empreendedores de mentes brilhantes. Confira!

1. Malala Yousafzai 14 anos menina que só queria poder estudar

Malala é uma jovem paquistanesa que, desde muito nova, ficou conhecida por seu ativismo em favor da educação das meninas no distrito de Swat, dominado pelo talebã. Em 2009, então com 11 anos, ela começou a escrever um blog para a BBC em que relatava as dificuldades de viver em uma região onde a violência era algo normal. Na mesma época, o jornal The New York Times produziu o documentário Class Dismissed (Aula Cancelada, em livre tradução), em que mostrava a menina e sua família às vésperas da escola onde estudava ser fechada pelos extremistas. No vídeo, ela e seu pai falam do sonho que a jovem tem de ser médica e de seu medo de ser obrigada a parar de estudar.

Confira o documentário, em inglês (cuidado, cenas fortes de violência).





Em 9 de outubro, Malala sofreu um atentado enquanto ia para a escola. A van em que estava com outras meninas foi interceptada por homens armados e ela foi atingida por tiros no ombro e na cabeça. A menina foi levada às pressas para um hospital local em estado crítico e, tão logo suas condições de saúde permitiram, ela foi removida para a Inglaterra. O Talebã confirmou a autoria do ataque e reafirmou que segue com sua intenção de matar Malala e seu pai. Apesar disso, a parte boa é que, segundo a imprensa britânica, o estado de saúde da garota ainda inspira cuidados, mas ela apresenta melhoras consistentes e já consegue ficar de pé. Uma legião de pessoas tocadas pelo que aconteceu com ela tem compartilhado sua foto e sua história nas redes sociais.

2. Brittany Wenger 17 anos jovem que ajudou a diagnosticar o câncer

A norte-americana Brittany Wenger, 17, criou um programa de computador que ajuda os médicos a detectarem câncer de mama. A jovem levou dois anos para concluir suas pesquisas e, em julho, foi a vencedora do 2o Prêmio Google de Feira de Ciências, que condecora pesquisas de jovens cientistas de todo o mundo. Pelo programa, os médicos podem inserir características das células doentes (como aparência, tamanho e espessura) e o app aponta sua probabilidade de malignidade. “Tive casos de câncer na família, especificamente câncer de mama”, diz a jovem à emissora norte-americana ABC. Brittany quer continuar seus estudos e se tornar médica oncologista pediatra. No mesmo vídeo, sua mãe conta que, desde pequena, a menina é questionadora. “Quando ela tinha 3 ou 4 anos, ela sempre perguntava o porquê das coisas. As pessoas diziam que ia passar. Hoje ela tem 17 e continua perguntando.”



3. William Kamkwamba 25 anos menino que dominou 
o vento aos 14

William Kamkwamba hoje tem 25 anos, mas seus feitos começaram quando ele ainda tinha 14 no Maláui, no sudoeste da África. Em sua TED Talk de 2009, o rapaz conta que seu país sofreu com uma fome muito forte em 2001. Naquele ano, sua família, que vivia de plantar milho, só comia uma vez por dia; ele e seus irmãos desmaiavam com frequência de fraqueza. “Eu olhei para o meu pai e para aqueles campos secos e aquilo era um futuro que eu não podia aceitar”, diz ele. Mal tendo como sobreviver, seus pais não puderam arcar com as despesas da educação de William, que precisou deixar os estudos. “Mas eu estava determinado a fazer o que fosse possível para nunca parar de estudar”, afirmou. Ia à biblioteca local e lia livros, especialmente de ciências. 

Em um deles, viu o desenho de um moinho de vento e descobriu que aquela estrutura era capaz de bombear água e gerar eletricidade. Ele buscou os materiais de que precisava em um ferro-velho. “Eu consegui construir minha máquina”, disse o rapaz que, com sua engenhoca feita com partes de bicicleta, canos de PVC e um ventilador de caminhão, conseguiu levar luz à casa de seus pais. “As pessoas faziam fila na porta de casa para carregar seus celulares”, contou. A história do menino que dominou o vento foi contada na biografia “The boy who harnessed the wind” e inspirou uma onda de outros projetos pela África que buscam levar energia elétrica a lugarejos afastados a partir de mecanismos simples.

Veja TED Talk de William (2009).





4. Daniel Burd 16 anos menino que descobriu bactérias que comem plástico




O trabalho de escola do canadense Daniel Burd, 16, fez a ciência refazer as contas. Sua descoberta transformou os milhares de anos necessários para decompor plástico em apenas três meses. O jovem fez um experimento em que misturava lixo, água e plástico e deixou o tempo agir. Ele percebeu que o plástico estava, de fato, se decompondo muito mais rapidamente que pelo curso natural. Refez o experimento em outros meios e temperaturas e viu que o processo se repetia. Analisando o material, Daniel identificou que as responsáveis pela ação eram duas bactérias.
5. Isadora Faber, 13 anos e Martha Payne, 9 anos meninas que denunciaram suas escolas


A brasileira Isadora Faber, 13, criou a página Diário de Classe no Facebook e virou um fenômeno na internet. A menina começou a usar a rede para denunciar os problemas de sua escola, em Florianópolis. Ela tirava fotos de fios soltos e desencapados, portas quebradas, ventiladores que não funcionavam. A página virou um sucesso instantâneo e hoje tem quase 350 mil apoiadores. Isadora conta que sua inspiração para criar a página foi a escocesa Martha Payne, 9, que montou o blog NeverSecond para reclamar da qualidade da merenda de sua escola. Com o sucesso da brasileira, muitos outros diários de classes surgiram pelo Brasil e hoje Isadora lidera movimentos em prol da qualidade da educação pública no Brasil.

Veja vídeo feito por Isadora Faber.


Postado no blog Porvir O futuro Se Aprende em 23/10/2012


Nota

É, sem dúvida, muito boa a iniciativa da menina Isadora Faber de criar uma página no Facebook para falar de problemas da sua escola, pois atitudes como esta fazem das redes sociais ferramentas de melhorias e transformações de comportamentos sociais e da sociedade.

Mas acho que, nesta página, as pessoas deveriam aproveitar a grande repercussão para dar visibilidade não só aos problemas para que sejam resolvidos, mas também, às iniciativas e atitudes louváveis, que com certeza existem, dos professores, diretores e funcionários, que, em sua maioria, são pessoas que trabalham com amor e dedicação.

Mostrar só o lado ruim leva-nos a questionar o real propósito de alguma coisa, ao passo que mostrar os dois lados leva ao equilíbrio e ao crescimento.

A crítica pura e simples pode ser destrutiva e o reconhecimento de coisas boas é construtivo e leva à mais e mais atitudes ou comportamentos elogiáveis.

A educação pública tem muitos e sérios problemas que precisam ser resolvidos, como a infraestrutura das escolas, a merenda, a falta de bibliotecas, a pouca valorização dos professores e funcionários, etc. 

A criação desta página deve inspirar outras pessoas a criarem mais espaços para discussão, apresentação dos problemas, sugestões de soluções e exemplos de soluções reais encontradas em outras comunidades e que podem e devem ser copiadas, bem como mostrar o quanto nossos professores são merecedores de respeito e maior valorização.

E, tomara que as páginas criadas por escolas, professores ou outrem, que tenham boas iniciativas a serem compartilhadas e copiadas, sejam tão acessadas e tenham tantos seguidores  quanto a página da menina Isadora.

Parabéns Isadora por tua iniciativa madura e digna de tentar colocar um tijolinho para a construção de uma Educação melhor para que o futuro seja tudo aquilo que as crianças sonham e merecem.

Rosa Maria