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Alexandra Loras, ex-consulesa da França em São Paulo : o Brasil tem um apartheid naturalizado




A jornalista Alexandra Loras, que vive no Brasil há oito anos, disse à TV 247 que o Brasil, um dos países mais ricos do mundo, pratica uma escravidão moderna e extremamente violenta, mas travestida de democracia racial.
 Assista.


247 - O programa “Um Tom de resistência” desta semana recebeu a jornalista, apresentadora e ex-consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras, para debater a questão racial no país. Natural de Paris e morando no Brasil há oito anos, a francesa percebeu que o racismo no país é naturalizado e pauta as relações sociais entre brancos e negros. “A visão que temos do Brasil no exterior é através do campo criativo, do carnaval, da diversão através do futebol. Uma visão de um país bem miscigenado, bem diverso e democrático racialmente. No entanto, ao chegar aqui percebi que existe um apartheid, uma segregação muito maior do que na África do Sul e nos Estados Unidos na época da segregação. E esse apartheid é tão naturalizado e cordial, que as pessoas não conseguem perceber o quão ele é violento”, avaliou.

Alexandra criticou o mito da democracia racial no país, as consequências sistêmicas desta segregação e os seus reflexos no processo de desenvolvimento da população negra no Brasil. “Assistimos debaixo dos nossos olhos ao genocídio da juventude negra e uma escravidão moderna institucionalizada dentro de um dos países mais ricos do mundo, onde 56% da população é negra. Um país que integra o G20, que é a nona economia mundial e, que em termos de concentração de renda, só fica atrás do Catar, não pode continuar mantendo essa escassez estrutural de país de terceiro mundo, deixando boa parte da população vivendo na miséria”, analisou.

Formada em ciências políticas numa das mais prestigiadas instituições de ensino de Paris, Loras citou as “barreiras” e os obstáculos que precisou ultrapassar para se colocar como negra e mulher num ambiente branco e machista que é o da ciência política. “Eu, como mulher negra, já achava que não poderia fazer parte daquele ambiente. Quando fui fazer a entrevista para ingressar no curso, eu saí de lá chorando porque os entrevistadores, todos eles pessoas brancas, me atacaram verbalmente na intenção de me cutucar, fazer provocações insinuando que ali não era o meu lugar e que eu não tinha nada a ver com aquela instituição”

Autora e diretora do documentário “Inconscientes revelados”, em que apresenta um panorama atual da questão racial no Brasil, Loras explicou como o projeto foi concebido e como foi a escolha do elenco. “A ideia nasceu quando comecei a ser convidada para dar palestras em escolas públicas e instituições, como a Fundação Casa, que abriga menores infratores, onde tive a oportunidade de conversar com uma pluralidade de pessoas e entender melhor os motivos que as levaram a estarem naquela condição. A partir desta experiência enxerguei a necessidade de produzir um conteúdo e espalhar essa mensagem para mais pessoas, dando voz a intelectuais e acadêmicos negros que não são ouvidos e apresentando uma narrativa sobre a questão racial no Brasil abordando vários aspectos, como a eugenia, as cotas raciais e as micro agressões sofridas pelos negros através do racismo estrutural”.

Alexandra Loras, ex-consulesa da França em São Paulo : o Brasil tem um apartheid naturalizado




A jornalista Alexandra Loras, que vive no Brasil há oito anos, disse à TV 247 que o Brasil, um dos países mais ricos do mundo, pratica uma escravidão moderna e extremamente violenta, mas travestida de democracia racial.
 Assista.


247 - O programa “Um Tom de resistência” desta semana recebeu a jornalista, apresentadora e ex-consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras, para debater a questão racial no país. Natural de Paris e morando no Brasil há oito anos, a francesa percebeu que o racismo no país é naturalizado e pauta as relações sociais entre brancos e negros. “A visão que temos do Brasil no exterior é através do campo criativo, do carnaval, da diversão através do futebol. Uma visão de um país bem miscigenado, bem diverso e democrático racialmente. No entanto, ao chegar aqui percebi que existe um apartheid, uma segregação muito maior do que na África do Sul e nos Estados Unidos na época da segregação. E esse apartheid é tão naturalizado e cordial, que as pessoas não conseguem perceber o quão ele é violento”, avaliou.

Alexandra criticou o mito da democracia racial no país, as consequências sistêmicas desta segregação e os seus reflexos no processo de desenvolvimento da população negra no Brasil. “Assistimos debaixo dos nossos olhos ao genocídio da juventude negra e uma escravidão moderna institucionalizada dentro de um dos países mais ricos do mundo, onde 56% da população é negra. Um país que integra o G20, que é a nona economia mundial e, que em termos de concentração de renda, só fica atrás do Catar, não pode continuar mantendo essa escassez estrutural de país de terceiro mundo, deixando boa parte da população vivendo na miséria”, analisou.

Gari dá aula sobre história e racismo no Brasil em vídeo e viraliza



Jr Jota teve que ser didático para explicar desigualdade racial


Kauê Vieira

Com o intuito de discutir a disparidade social entre negros e brancos no Brasil, o gari Jr Jota publicou em sua página pessoal do Facebook duas imagens. A primeira fotografia era de uma turma de médicos e o segundo de um grupo de garis do Rio de Janeiro. Como já se imagina, o registro número um com profissionais de medicina não continha um mísero negro, pois estavam todos compondo a foto dos responsáveis pela limpeza das ruas.

Ao analisar a imagem, não é difícil fazer uma associação com o racismo estruturante, certo? Pode até ser, mas não foi o caso de muitas pessoas, em sua maioria brancas, que acusaram Jota de “mimimi”. Determinado em fazer valer seu ponto de vista, o gari resolveu apagar as fotografias e fazer um vídeo explicativo.

Por aproximadamente seis minutos, Jr Jota constrói uma linha do tempo em que procura explicar as diferenças gritantes entre as duas imagens. O ponto de partida são as marcas deixadas pelo período de mais de 400 anos de escravização de negras e negros, fazendo do Brasil um dos últimos países a abolir a prática. Pelo menos oficialmente.

“Quando o negro foi solto da escravatura no Brasil, ele foi simplesmente largado”, comenta.

Durante a abolição da escravidão em 1888, muitos negros se viram impossibilitados de exercer a liberdade, isso pois não sabiam ler, nem escrever, além de continuarem sendo subalternizados pela sociedade, que intensificava o processo de embranquecimento. Naquele tempo aportaram no Brasil um grande número de imigrantes europeus para preencher os postos de trabalho. Assim, as famílias negras se viram obrigadas a migrar para as bordas das cidades, formando periferias e favelas.

Explicação esta que se resume na pergunta de Jota, “por que você acha que a maioria dos moradores de comunidades são negros? É o que sobrou pra gente.”

É com este argumento que ele volta para a fotografia dos médicos brancos e dos garis negros. Ora, em um país onde 26 em cada 100 alunos nas universidades são negros, como seria possível ter uma perspectiva diferente, ainda mais se tratando de um curso tão excludente como o de medicina?

“Então sim, não é igual. O Brasil é sim um país racista. A gente tem sim coisa pra reclamar. Se você branco não sabe, é chato passar na rua e na mesma hora a polícia te parar.”

Parafraseando Jr Jota, este é efeito borboleta do racismo. Não tem jeito, para que haja uma mudança efetiva, o primeiro passo é se reconhecer o problema. Antes de mais nada, é fundamental que os brasileiros como um todo, mas especialmente os detentores de privilégio, admitam a existência do racismo. Não existe desenvolvimento sem equidade, principalmente em um país fundado a partir da mão de obra negra.

“Tenho dito que o negro, longe de ser um problema, é parte importante da solução. O que consolida a democracia brasileira e dá sustentabilidade ao desenvolvimento aqui é a inclusão qualificada do povo negro. O Brasil do futuro depende do destino da família negra”, disse ao site da Fundação Palmares Helio Santos, presidente do Instituto Brasileiro da Diversidade.


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Black Friday : Um momento de reflexão . . .


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Samba " Meu Deus, Meu Deu, acabou a escravidão ? " da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti









Algumas expressões populares com origens ligadas à escravidão






Vitor Paiva

Certas expressões populares se tornam de tal forma parte de nosso vocabulário e repertório que é como se sempre tivessem existido. Dor de cotovelo, chorar as pitangas, dar com os burros n’água, engolir um sapo ou salvo pelo gongo, tudo é dito como se fosse a coisa mais natural e normal do mundo.

Mas se mesmo as palavras mais corriqueiras possuem uma história e sua própria árvore etimológica, naturalmente que toda e qualquer expressão popular, das mais sábias e profundas às mais bestas e sem sentido, possuem uma origem, ora curiosa e interessante, ora sombria e simbólica de um passado sinistro.

Pois muitas das expressões que usamos no dia a dia, e que hoje comunicam somente seu sentido funcional – aquilo que atualmente a frase “quer dizer” – são originarias de um vergonhoso e longo período da história do Brasil: a escravidão.

Ainda que os sentidos originais tenham se diluído em algo trivial, essa origem permanece, como em toda palavra ou frase comum, feito um DNA marcando nossa própria história.

O Brasil foi o país que mais recebeu escravos no mundo, e o último país independente do continente americano a abolir a escravidão. Conhecer o sentido original e a história de uma expressão é saber, afinal, o que é que estamos falando. Por isso, essa seleção de nove expressões populares criadas durante o período da escravidão no Brasil – uma época que faz parte de nosso passado, mas que possui ainda forte influência sobre nossa realidade atual.

Fazenda Retiro, 1881, óleo sobre tela

1. Tem caroço nesse angu

A expressão, que significa que alguém estaria escondendo algo, tem sua origem em um truque realizado pelos escravos para melhor se alimentarem. Se muitas vezes o prato servido era composto exclusivamente de uma porção de angu de fubá, a escrava que lhes servia por vezes conseguia dar um jeito de esconder um pedaço de carne ou alguns torresmos embaixo do angu. A expressão nasceu do comentário de um ou outro escravo a respeito de certo prato que lhe parecesse suspeito.

2. A dar com pau

“Pau” é um substantivo utilizado em algumas expressões brasileiras, e tem sua origem nos navios negreiros. Muitos negros capturados preferiam morrer a serem escravizados e, durante a travessia da África para o Brasil, faziam greve de fome. Para resolver a situação, foi criado então o “pau de comer”, uma espécie de colher que era enfiada na boca dessas pessoas aprisionadas por onde se jogava a comida [normalmente angu e sopa] até alimenta-los enfim. A população incorporou a expressão.

A única foto que se tem notícia de um navio negreiro brasileiro, tirada
por Marc Ferrez

3. Disputar a nega

Essa expressão, que significa disputar mais uma partida de qualquer jogo para desempatá-lo, possui sua origem não só na escravidão, como também na misoginia e no estupro (o que espanta que até hoje seja utilizada com tanta naturalidade). Sua história é simples e intuitiva: quase sempre, quando os senhores do passado jogavam algum esporte ou jogo, o prêmio era uma escrava negra.


Escrava trabalhando mesmo que com o filho a tiracolo

4. Nas coxas

A origem da expressão, que quer dizer algo mal feito, realizado sem capricho, é imprecisa, e não há consenso sobre se ela viria de fato do período da escravidão. De todo modo, a vertente mais popular afirma que a expressão viria do hábito dos escravos moldarem as telhas em suas coxas que, por possuírem tamanhos e formatos diferentes, acabavam irregulares e mal encaixadas.

5. Espírito de porco

Ainda que a origem da expressão venha da injusta má fama associada ao animal, por uma ideia de falta de higiene, sujeira e impureza, tal má fama é oriunda de princípios religiosos. Durante o período escravocrata, os escravos se recusavam e eram obrigados a matar o animal, para que servisse de alimento. A recusa vinha porque se acreditava que o espírito do animal abatido permaneceria no corpo de quem o matasse pelo resto de sua vida e, para complementar tal crença, a incrível semelhança que o choro do porco possui com um lamento humano tornava o ritual ainda mais assustador.

6. Para inglês ver

Essa expressão tem sua origem na escravidão, e também no mal hábito ainda atual brasileiro de aprovar leis que não “pegam” (que ninguém cumpre e nem é punido por isso). Em 1830, a Inglaterra exigiu que o Brasil criasse um esforço para acabar com o tráfico de escravos, e impusesse enfim leis que coibissem tal prática. O Brasil acatou a exigência inglesa, mas as autoridades daqui sabiam que tal lei simplesmente não seria cumprida – eram leis existentes somente em um papel, “para inglês ver”.


Pintura retratando o fim do período escravocrata no Brasil

7. Bucho cheio ou Encher o bucho

Expressões mais comuns em Minas, eram usadas tanto pelos escravos quanto por seus exploradores, evidentemente que com outra conotação da que se usa hoje. Atualmente significando estar bem alimentado, de barriga cheia, na época significavam a obrigação que os escravos que trabalhavam nas minas de ouro possuíam de preencher com ouro um buraco na parede, conhecido como “bucho”, para só então receber sua tigela de comida.


Escravos trabalhando em Minas, em rara foto da época

8. Meia tigela

A partir da expressão anterior, a história segue, dando origem a expressão “meia tigela”, que significa algo sem valor, medíocre, desimportante. Quando o escravo não conseguia preencher o “bucho” da mina com ouro, ele só recebia metade de uma tigela de comida. Muitas vezes, o escravo que com frequência não conseguia alcançar essa “meta” ganhava esse apelido. Tais hábitos não eram, porém, restritos às minas, e a punição retirando-se parte da comida era comum na maioria das obrigações dos escravos.

9. Lavei a égua

Por fim, a expressão “lavar a égua”, que quer dizer aproveitar, se dar bem, se redimir em algo, vem também da exploração do ouro, quando os escravos mais corajosos tentavam esconder algumas pepitas debaixo da crina do animal, ou esfregavam ouro em pó em sua pele. Depois pediam para lavar o animal e, com isso, recuperar o ouro escondido para, quem sabe, comprar sua própria liberdade. Os que eram descobertos, porém, poderiam ser açoitados até a morte.






A escravidão moderna que fingimos não ver


escravidão fotos

Projeto fotográfico tocante registra a escravidão moderna que fingimos não ver. (Todas as fotos por Lisa Kristine)


Jaque Barbosa, Hypeness

Facilmente caímos na tentação de pensar que a nossa liberdade e direitos são coisa garantida, esquecendo que há pessoas para quem isso não passa de um sonho. Lisa Kristine pôs o dedo na ferida de forma extraordinária: documentando a escravidão moderna, aquela que fingimos não saber que existe.

A ativista está há 28 anos retratando culturas indígenas ao redor do mundo, mas foi em 2009 que ‘acordou’ para o problema da escravidão dos nossos dias. A estimativa de que existem mais de 27 milhões de pessoas escravizadas e a sua falta de conhecimento sobre o tema a envergonhavam.

Assim começou sua jornada, que acabou em Modern Day Slavery, uma série cativante e ao mesmo tempo dolorosa. Seja um mineiro no Congo ou um trabalhador de olaria no Nepal, a escravidão existe e tem rostos. Lisa foi conhecê-los.




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Brasil uma história inconveniente BBC 2000





Portugal, Brasil e diversas nações africanas foram responsáveis pela maior emigração forçada da história da humanidade.

A escravidão no Brasil em fotos reais inéditas





Escravidão brasileira retratada em fotos inéditas de um período vergonhoso,violento e esquecido de nossa história. Fotos do Instituo Moreira Salles.