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" Na hora da intubação vamos de mãos dadas com eles, mas geralmente voltamos sozinhos ", diz fisioterapeuta

 

“Na hora da intubação vamos de mãos dadas com eles, mas geralmente voltamos sozinhos”, diz fisioterapeuta
FOTO: THALES RENATO / REPRODUÇÃO / REDES SOCIAIS PREFEITURA DE SÃO LEOPOLDO

 

Jovem profissional da UTI covid revela detalhes da rotina em um hospital na pandemia


Guilherme Becker / Editor

O texto com maior repercussão da fisioterapeuta Leandra Alainz foi sobre o desprazer da covid-19. Em linhas do Instagram, a profissional de apenas 23 anos, que atua na UTI do Hospital São Leopoldo, contou detalhes de pacientes que perderam a vida para a doença. Um dos personagens principais é um torcedor do Internacional, de aproximadamente 50 anos e que não tinha comorbidades.

O cara que foi intubado e não chorou

“Este cara era colorado, e a gente estava tentando. Ele entrou na internação saturando mal, mas com um prognóstico bom porque ele era um cara novo. A gente conversava, batia papo, sempre aquela coisa de ‘não desiste, estamos aqui, vai dar tudo certo’”, começou a contar a história, Leandra.

Entretanto, a situação do paciente que tinha tudo para sair ileso do hospital complicou. “Quando veio o exame de mau prognóstico e estava tudo muito difícil, com muita falta de ar, eu levei um choque muito grande. Eu falei ‘não, mas estamos lutando, ele está conseguindo’. Aí o médico olhou para mim e disse ‘Se você disser pra mim que não quer intubar ele, nós não vamos intubar, porque eu também não quero intubar’. Mas aí eu olhei para ele, olhamos o exame e não tinha o que fazer, precisávamos intubar”, lembrou Leandra.

O paciente já era amigo da fisioterapeuta, torcedores do Colorado, os dois compartilhavam a expectativa do Inter conquistar o Brasileirão. Mas, antes da partida decisiva, a profissional precisou levar a triste notícia da intubação.

“Quando eu cheguei perto do leito dele, ele olhou pra mim, e como somos colorados ele falou ‘então tá, eu te vejo daqui uma semana e o Inter vai ganhar o campeonato’. Eu respondi confiante que sim, que o Inter ganharia o campeonato e eu estaria ali cuidando dele. Na hora que eu o intubei ele, eu fiz aquilo chorando”, recorda a fisioterapeuta.

Na publicação do Instagram, Leandra transcreveu desta maneira o momento da intubação deste paciente: “É um soco no estômago quando nos 5 minutos antes da intubação, eles falam vão te ver em uma semana. Quando nos últimos segundos conscientes, não choram”.

O paciente não resistiu a luta e faleceu dias depois.

“Não tinha como, estava muito comprometido. E a gente sofre porque acabamos levando para eles uma certeza que não temos, que é a certeza que eles vão sair. A mulher dele foi lá e deram a notícia. Foi um dos piores momentos para mim”, comentou Leandra.

Na mesma publicação, Leandra citou um idoso que se questionava porque Deus fez aquilo com ele, e uma grávida que comoveu um hospital inteiro. Oito dias após dar à luz, a mulher de 37 anos partiu antes mesmo de ver o rostinho do filho. A morte da mulher comoveu todos os profissionais, naquele dia, o choro estava em todos os corredores do Hospital Centenário.

Confira o texto na íntegra:

A COVID é um desprazer;
É um desprazer ter que tentar acalmar um paciente de 30 anos, sem comorbidades que vai ser intubado porque já não consegue respirar sozinho.
É um desprazer ver idosos perguntando porque Deus fez aquilo com eles;

É um desprazer olhar um histórico de uma paciente e ver que ela é mãe a 8 dias, 37 anos e não conhece seu bebê e bem provavelmente não vai conseguir ver seu rostinho, nem uma única vez.

A COVID é um soco no estômago 
Quando a gente tem que conversar com um paciente e ele pergunta se ele vai morrer e a gente não pode dizer que não, porque ele tem mais de 80% do pulmão comprometido. 
É um soco no estômago quando quem percebe que vai ser intubado pede segurando na tua mão para ir pra casa. Para falar com a família, para ficar perto. 
Só que não temos tempo, já é tarde. 
É um soco no estômago quando nos 5 minutos antes da intubação eles falam que vão te ver em uma semana. 
Quando eles nos últimos segundos consciente não choram. 
Eu nem tenho como explicar a sensação de começar a reanimar uma pessoa que a 2 dias estava bem e agora simplesmente parou. 
Eles morrem sozinhos, os familiares não tem nem a chance de segurar as suas mãos. 
Por favor fiquem em casa, não se aglomeram, nos estamos lotados, sem leitos e sem ventilador não é a mídia dizendo, somos nós.
Eu não quero ter que intubar ou reanimar alguém da sua família.

 






" Na hora da intubação vamos de mãos dadas com eles, mas geralmente voltamos sozinhos ", diz fisioterapeuta

 

“Na hora da intubação vamos de mãos dadas com eles, mas geralmente voltamos sozinhos”, diz fisioterapeuta
FOTO: THALES RENATO / REPRODUÇÃO / REDES SOCIAIS PREFEITURA DE SÃO LEOPOLDO

 

Jovem profissional da UTI covid revela detalhes da rotina em um hospital na pandemia


Guilherme Becker / Editor

O texto com maior repercussão da fisioterapeuta Leandra Alainz foi sobre o desprazer da covid-19. Em linhas do Instagram, a profissional de apenas 23 anos, que atua na UTI do Hospital São Leopoldo, contou detalhes de pacientes que perderam a vida para a doença. Um dos personagens principais é um torcedor do Internacional, de aproximadamente 50 anos e que não tinha comorbidades.

O cara que foi intubado e não chorou

“Este cara era colorado, e a gente estava tentando. Ele entrou na internação saturando mal, mas com um prognóstico bom porque ele era um cara novo. A gente conversava, batia papo, sempre aquela coisa de ‘não desiste, estamos aqui, vai dar tudo certo’”, começou a contar a história, Leandra.