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31 de Outubro : Dia do Saci



SACI PERERÊ

A Lenda do Saci data do fim do século XVIII.


Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele.

Seu nome no Brasil é de origem Tupi Guarani.

Em muitas regiões do Brasil, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno.

É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser.

Existem 3 tipos de Sacis: O Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos.

Ele também se transforma numa ave chamada Matiaperê cujo assobio melancólico dificilmente se sabe de onde vem.

Ele adora fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc.

Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Ele não atravessa córregos nem riachos.

Alguém perseguido por ele, deve jogar cordas com nós em sem caminho que ele vai parar para desatar os nós, deixando que a pessoa fuja.

Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira, pode capturá-lo, e se conseguir sua carapuça, será recompensado com a realização de um desejo.

Nomes comuns: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá, Matimpererê, Matintaperera, etc.

Origem Provável: Os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando do Século XIX, em Minas e São Paulo, mas em Portugal há relatos de uma entidade semelhante.

Este mito não existia no Brasil Colonial.

Entre os Tupinambás, uma ave chamada Matintaperera, com o tempo, passou a se chamar Saci-pererê, e deixou de ser ave para se tornar um caboclinho preto de uma só perna, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.

Também de acordo com a região, ele sofre algumas modificações:

Por exemplo, dizem que ele tem as mãos furadas no centro, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o alto para que esta atravesse os furos.

Outros dizem que ele faz isso com uma moeda.

Há uma versão que diz que o Caipora, (o Curupira) é seu Pai.

Dizem também que ele, na verdade eles, um bando de Sacis, costumam se reunir à noite para planejarem as travessuras que vão fazer.

Ele tem o poder de se transformar no que quiser. Assim, ora aparece acompanhado de uma horrível megera, ora sozinho, ora como uma ave.

Criação original de nosso folclore, embora aparentado com os gnomos dos bosques germânicos, o diabinho brasileiro dá forma ao espírito polimorfo do nosso povo, cuja veia cômica foi plasmada essencialmente pela ironia concentrada dos índios, o riso infantil dos africanos, a patuscada dos portugueses, a alegria de viver dos italianos.

O Saci-pererê é tudo isso e mais o gênio tutelar das florestas, sempre alerta como o “quero-quero” dos pampas.

Moleque de gorro vermelho na carapinha, perneta de andar saltitante, segurando um pito entre os dentes, travesso e temível, mas nunca perverso como o Curupira, o Saci se diverte trançando rabos e crinas de cavalos, assobiando no escuro, escondendo objetos ou atiçando brigas de namorados.

Mas é só ouvir o crepitar em perseguição dos que, por inconsciência ou ganância, assassinam as árvores e criam desertos, ele logo aparece para defender a floresta.

Assustados pelo pequeno demônio que deita fogo e fumaça, os destruidores da mata fogem ou acabam bracejando desesperados no mar verde de clorofila.

Nos tempos que correm, parece que o buliçoso guarda-florestas anda meio desanimado.

Já não defende as árvores da sanha criminosa do machado.

Impotente, virou fatalista: - “Num diante fazê mais nada”...

Brejeiro, incapaz de concentrar-se no sofrimento, dá-se todo às suas molecagens.

Monta num potro chucro e vai chispando pelo pasto afora, até deixar animal derreado. E então se põe a rir, a rir como doido.

Fonte:  Lendas Gaúchas e Lendas Brasileiras





 


  


 



Saci, Noel e a força de um mito




por Adriano Gosuen

O que Papai Noel e o Saci Pererê têm em comum? Toda criança sabe: o gorro vermelho.

De resto, um é grande, gordo e branco, enquanto o outro é pequeno, magro e negro. Mas há outra coisa que os une: ambos tem um passado curioso.

Por não existir referência à data do nascimento de Jesus, a Igreja a escolheu na mesma época das Saturnálias, festas populares do Império Romano. Estas, por sua vez, remontam às festas ao deus sumério Marduk, há 4 mil anos!

Mas Papai Noel ainda não era uma figura, com o perdão do trocadilho, presente. Sua história começa no século III, com são Nicolau, homem generoso nascido na Turquia. 

Contam que salvou 3 mocinhas da prostituição ao lhes presentear com dotes para o casório. Papai Noel ainda recebeu influência nórdica, que o retrata como um gnomo de gorro vermelho presenteado pelos fazendeiros para que, satisfeito, trouxesse sorte. Da mistura de santo e gnomo, Noel chegou aos Estados Unidos pela mão dos holandeses. Um de seus descendentes, o poeta Livingstone, foi quem formulou o imaginário definitivo sobre Noel, ao publicar um poema em 1823. Mas foi só em 1931 que o publicitário Sundblom fixou a imagem atual de Noel, em anúncio para a Coca-Cola.

Se o Papai Noel é fruto da confluência de várias tradições, o Saci Pererê não deixa por menos. 

Nasceu ambientalista, pelas mãos dos índios guaranis e é parente do Yasi Yateré, que habita as florestas do imaginário argentino e paraguaio. 

A palavra pererê tem a mesma origem de perereca: pererek, em guarani, significa pular. Ser traquina era seu jeito de proteger a floresta daqueles que pretendiam usá-la de modo degradante. 

Os negros africanizaram o Saci, que ganhou um pito e perdeu uma perna na capoeira.

Dizem também que as escravas, ao cuidar dos sinhozinhos, gostavam de contar sobre a valentia do menino negro que não se deixava mandar, tendo reforçado sua imagem rebelde. Dos portugueses, ganhou o gorro vermelho, influência dos romanos, que o davam aos escravos libertos. Finalmente, Monteiro Lobato foi quem fixou a imagem atual do sapeca.

Se, além do gorro, a confluência de várias tradições culturais é o que os aproxima, também há o que os afaste. 

O Saci, embora quase tenha desaparecido do imaginário latino-americano, começa a retomar sua força: dia 31 de outubro é seu dia oficial e já há grupos que criam Sacis, inclusive em Ribeirão Preto.

Enquanto isso, Papai Noel vive um dilema: está cada vez mais famoso, mas cada vez mais vazio. 

Há muito deixou de ser o homem generoso, sensível com pobres e mulheres para se tornar um comprador compulsivo de presentes.

Talvez outro barbudo o explique: Marx já dizia que o capitalismo tem como fim chegar a todos os lugares e transformar tudo em mercadoria.

Parece que Papai Noel entrou nessa, enquanto o Saci, com seu histórico de resistência, renasce como símbolo do homem que deseja ser livre, como um dia foram os guaranis e os negros. 

Como serão, um dia, os latino-americanos. Quiça, com o gorro do Saci.


Postado no Blog Doladodelá em 25/12/2011