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Covardia contra missão humanitária : Israel ataca Flotilha da Liberdade



Ativistas de 44 países seguem firmes rumo à Palestina mesmo após ataques com drones em águas internacionais


A violência do Estado de Israel voltou a se impor sobre quem ousa desafiar seu bloqueio criminoso contra Gaza. Nesta terça-feira (23), a Flotilha Global Sumud, composta por cerca de 80 barcos de 44 países e com mais de 700 ativistas a bordo, foi atacada covardemente em águas internacionais próximas à Grécia.

De acordo com João Aguiar, coordenador da delegação brasileira, drones israelenses lançaram granadas de luz e cápsulas com líquidos irritantes contra sete embarcações, ferindo um tripulante. A ação incluiu ainda interferência nas comunicações, numa clara tentativa de silenciar a denúncia contra o genocídio em curso na Faixa de Gaza.

Entre os 15 brasileiros que participam da missão estão a vereadora de Campinas, Mariana Conti (PSOL), a presidenta do PSOL do RS, Gabi Tolotti, o militante da Rede Emancipa de Educação Popular e do PSOL-RJ, Nicolas Calabrese, e o ativista Thiago Ávila, já detido em ação semelhante meses atrás. A presença da delegação nacional simboliza a solidariedade ativa de setores progressistas do Brasil com a resistência palestina e reforça que a luta por justiça não tem fronteiras.

Israel, em sua propaganda, tentou justificar o ataque, chamando a flotilha de “do Hamas” e acusando-a de servir ao movimento palestino, ignorando que a missão é essencialmente humanitária, com objetivo declarado de levar alimentos, medicamentos e denunciar o bloqueio marítimo que asfixia 2,3 milhões de palestinos em Gaza.

O contraste é brutal: de um lado, civis de diferentes nacionalidades arriscando a própria vida para romper o cerco e levar ajuda. Do outro, um Estado que responde a barcos de solidariedade com bombas, drones e intimidação. Como lembrou Aguiar, “não seremos calados”.

A missão já havia sofrido ataques semelhantes em setembro, na Tunísia, quando duas embarcações foram danificadas. Agora, mesmo sob agressão, a expectativa é que a flotilha chegue à Faixa de Gaza em até uma semana.

Na semana passada, o Itamaraty havia cobrado de Israel o respeito às normas do direito internacional e a garantia de segurança das embarcações. Até o momento, o governo Netanyahu ignora os apelos da comunidade internacional e segue aprofundando a escalada de violência contra quem ousa denunciar o genocídio.

A Flotilha da Liberdade é mais do que uma ação de solidariedade: é uma denúncia viva contra o regime de apartheid israelense e um ato de resistência frente ao silêncio cúmplice de potências ocidentais. Cada granada lançada contra os barcos não apaga, mas reforça a urgência de romper o cerco e defender o povo palestino.

Reforços

O governo da Itália anunciou nesta quarta-feira (24) o envio de uma fragata para garantir a segurança de seus cidadãos a bordo da Flotilha. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, também anunciou que enviará um navio totalmente equipado “caso seja necessário auxiliar a flotilha” ou “realizar eventuais resgates”.

“O governo espanhol exige que o direito internacional seja cumprido e que o direito dos nossos cidadãos de navegar no Mediterrâneo em condições seguras seja respeitado”, afirmou Sánchez.




Clique no link abaixo para ver :


Presidente Lula na Conferência Internacional de Alto Nível para discutir a situação da Palestina

 


Presidente Lula na ONU em 22/09/2025



👇Além das crianças feridas e assassinadas, há as crianças abandonadas pela perda dos pais e familiares. 


Neste emocionante experimento social, conhecemos um bebê sem-teto em Gaza — sozinho, faminto e desidratado. 

Como muitas crianças inocentes afetadas pelo conflito e pela pobreza, ele foi abandonado à própria sorte sem necessidades básicas como comida, água ou abrigo. 

Este vídeo documenta sua angústia de partir o coração... e a gentileza que mudou tudo.

Por meio desta jornada de transformação, pretendemos conscientizar sobre o sofrimento invisível de crianças em regiões devastadas pelas guerras e mostrar como pequenos atos de compaixão podem fazer a diferença em vidas.

🙏 Assista, compartilhe e apoie. Sua voz pode ajudar a espalhar esperança.

💔 Nenhuma criança deve ser esquecida.

📌 Este é um projeto de conscientização social. Todas as cenas são filmadas com respeito, com a intenção de educar e inspirar mudanças positivas.

30 de julho de 2025

#EsperançaParaGaza #ExperimentoSocial #CriançasDeGaza


O testamento de Anas Al Sharif, jornalista da Al Jazeera assassinado por Israel em Gaza

 

O correspondente da Al Jazeera, Anas Al Sharif, deixou uma mensagem poderosa antes de ser assassinado pelas forças israelenses, na noite de domingo, 10 de agosto de 2025.

Ele foi morto com mais quatro colegas num ataque aéreo israelense. Israel o acusou, sem provas, de ser membro da ala militar do Hamas.

O testamento, escrito em abril ano e publicado nas redes sociais de sua equipe, revela a coragem, o compromisso e a paixão do jornalista com sua causa, e sua missão de dar voz ao sofrimento do povo palestino. Al Sharif sabia que sua vida estava em risco, mas manteve-se firme no propósito de ser a voz inabalável de seu povo.

A seguir, a íntegra do testamento, como publicado em sua conta no X:
"Esta é a minha vontade e a minha mensagem final. Se estas palavras chegarem até vocês, saibam que Israel conseguiu me matar e silenciar minha voz.

Primeiramente, que a paz esteja com vocês e a misericórdia e as bênçãos de Alá. Alá sabe que me esforcei ao máximo e dediquei toda a minha força para ser um apoio e uma voz para o meu povo, desde que abri meus olhos para a vida nos becos e ruas do campo de refugiados de Jabalia. 

Minha esperança era que Alá prolongasse minha vida para que eu pudesse retornar com minha família e entes queridos à nossa cidade original, Asqalan (Al-Majdal), ocupada. Mas a vontade de Alá veio primeiro, e Seu decreto é final.

Vivi a dor em todos os seus detalhes, experimentei o sofrimento e a perda muitas vezes, mas nunca hesitei em transmitir a verdade como ela é, sem distorção ou falsificação – para que Alá possa testemunhar contra aqueles que permaneceram em silêncio, aqueles que aceitaram nossa matança, aqueles que sufocaram nossa respiração e cujos corações não se comovem com os restos mortais dispersos de nossas crianças e mulheres, sem fazer nada para impedir o massacre que nosso povo enfrenta há mais de um ano e meio.

Confio a vocês a Palestina – a joia da coroa do mundo muçulmano, o coração de cada pessoa livre neste mundo.

Confio a vocês seu povo, suas crianças injustiçadas e inocentes que nunca tiveram tempo para sonhar ou viver em segurança e paz. Seus corpos puros foram esmagados por milhares de toneladas de bombas e mísseis israelenses, dilacerados e espalhados pelos muros.

Peço a vocês que não deixem que as correntes os silenciem, nem que as fronteiras os impeçam. Sejam pontes para a libertação da terra e de seu povo, até que o sol da dignidade e da liberdade nasça sobre nossa pátria roubada.

Confio a vocês o cuidado da minha família. Confio a vocês minha amada filha Sham, a luz dos meus olhos, a quem nunca tive a chance de ver crescer como sonhei.

Confio a vocês meu querido filho Salah, a quem eu desejava apoiar e acompanhar pela vida até que ele se tornasse forte o suficiente para carregar meu fardo e continuar a missão.

Confio-lhes minha amada mãe, cujas orações abençoadas me trouxeram até onde estou, cujas súplicas foram minha fortaleza e cuja luz guiou meu caminho. Rogo a Alá que lhe conceda força e a recompense em meu nome com a melhor das recompensas.

Também confio a vocês minha companheira de longa data, minha amada esposa, Umm Salah (Bayan), de quem a guerra me separou por muitos dias e meses. Mesmo assim, ela permaneceu fiel ao nosso vínculo, firme como o tronco de uma oliveira que não se curva — paciente, confiando em Alá e assumindo a responsabilidade na minha ausência com toda a sua força e fé.

Peço-lhes que estejam ao lado deles, que sejam seu apoio diante de Alá Todo-Poderoso.

Se eu morrer, morrerei firme em meus princípios. Testifico diante de Alá que estou satisfeito com Seu decreto, certo de encontrá-Lo e seguro de que o que está com Alá é melhor e eterno.

Ó Alá, aceite-me entre os mártires, perdoe meus pecados passados e futuros e faça do meu sangue uma luz que ilumine o caminho de liberdade para o meu povo e minha família.

Perdoem-me se falhei e orem por mim com misericórdia, pois cumpri minha promessa e nunca a mudei ou a traí.

Não se esqueçam de Gaza… E não se esqueçam de mim em suas sinceras orações por perdão e aceitação.”

Anas Jamal Al-Sharif
06/04/2025







O extermínio do povo palestino . . . O mundo deve parar os Estados Unidos e Israel nesta barbárie !

 



Aviso : Vídeos com imagens fortes.

O mundo deve PARAR Israel !

 


Os dados acima são de 2024. Agora em 2025 os números triplicaram. Este gráfico mostra bem que as mortes de crianças é bem maior que adultos. E nos mostra que um dos objetivos de Israel, matando mais as crianças, é acabar com o futuro palestino.

Israel e o sequestro da denúncia de genocídio em Gaza




Imagens das câmeras de segurança no momento do sequestro

Por trás de cada gesto de ajuda humanitária impedido, opera-se a engrenagem de um poder que já não se constrange em ser lido pelo que de fato é: um projeto de extermínio travestido de democracia.

O que se passou com o Madleen não é um desvio episódico num cenário de conflito. É a epifania brutal de uma política sistemática de aniquilação. Um navio civil, carregado com alimentos, medicamentos e água, a ajuda humanitária mínima para a sobrevivência de um povo sitiado num gueto, foi sequestrado em pleno mar aberto por um exército que atua com a arrogância dos que se sabem impunes, acima da lei, da ética e da compaixão. O ato, consumado em águas internacionais, não foi um acidente nem uma precaução estratégica: foi pirataria de Estado, executada com o usual cinismo diplomático israelense. Foi, sobretudo, o sequestro da denúncia, a tentativa deliberada de silenciar um grupo de jovens militantes pela “humanidade”.

Chamar de interceptação o que ocorreu com o Madleen é adotar, conscientemente a gramática do algoz. Israel sequestrou o navio, seus tripulantes e sua carga e, com isso, sequestrou também a última ilusão de que ainda restaria algum verniz de legitimidade em sua presença na arena internacional. Não se trata de impedir armas; trata-se de impedir a vida. O cerco a Gaza não é uma estratégia militar. É um instrumento de engenharia demográfica, de limpeza étnica. E, nesse projeto, a fome é método, a sede é sentença, a ausência de medicamentos é tática, e a morte é planejamento. Tudo é cálculo. Tudo é intencional.

Dizer isso não é retórica. É descrição factual.

O ministro Israel Katz, em sua verborreia automatizada e em tom jocoso, afirmou que o bloqueio visava impedir a entrada de armamentos. Mas o que havia a bordo eram barris d’água, pacotes de arroz, seringas e ativistas civis: Greta Thunberg, Rima Hassan, Thiago Ávila. O que ele teme, no fundo, não são armas, mas testemunhos. Não foguetes, mas câmeras. Não explosivos, mas consciência.

Ao mentir compulsivamente, Katz não busca convencer, busca apenas escarnecer, que é a manifestação do puro instinto de um carniceiro. Conhecido como Himmler de Netanyahu, Katz herdou do nazista (aqui me refiro a Himmler, o nazista alemão, e não ao nazista israelense Netanyahu) o frio tecnocratismo da destruição. Administra o colapso humanitário com a eficiência perversa dos genocidas e faz da mentira, não um instrumento, mas uma doutrina. A frase “Without lies, Israel dies” não é um slogan; é a verdade condensada em quatro palavras.

O chanceler israelense Israel Katz e o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer. Foto: Ahmad Gharabli/AFP

Mas Israel Katz é apenas o rosto risível de uma engrenagem séria. É o executor menor de uma política maior, cujo verdadeiro arquiteto atende pelo nome de Benjamin Netanyahu. Um primeiro-ministro atolado em denúncias de corrupção, que utiliza a guerra como biombo para sua ruína política e como motor de coesão interna. Netanyahu acusa os ativistas de “encenar provocações midiáticas”, como se a imagem de um comboio de arroz fosse uma arma de propaganda — e não um grito de desespero. A encenação, neste teatro de horrores, é a dele. Cada coletiva de imprensa, cada fotografia cuidadosamente coreografada de soldados “distribuindo ajuda” é um espetáculo obsceno destinado a domesticar o olhar do Ocidente.

Enquanto isso, caminhões com alimentos são bombardeados, centros de distribuição são atacados, hospitais funcionam à luz de lanternas e crianças morrem de infecção por ferimentos simples. Gaza tornou-se uma gaiola, e o mundo inteiro segura a chave.

A resposta internacional é um monumento à pusilanimidade. A França exige, educadamente, o retorno de seus cidadãos. A Turquia protesta com a veemência de quem já sabe que será ignorado. O Irã vocifera. E o Brasil, que deveria estar à altura de sua história diplomática e de seu compromisso com os direitos humanos, mal balbucia. A presença de Thiago Ávila a bordo do Madleen deveria ser um clamor pela ação do Estado brasileiro. Um cidadão nacional foi raptado em alto-mar por uma potência estrangeira. E o que se ouve de Brasília é o sussurro hesitante de uma diplomacia acovardada, temerosa de desagradar parceiros comerciais.

Já não se pode manter relações diplomáticas com um Estado que opera segundo a lógica do extermínio. O Brasil deve romper. Deve sancionar. Deve levar Netanyahu, Katz e seus generais nazissionistas ao Tribunal Penal Internacional. Não há mais margem para ambiguidade moral. Ou se compartilha a culpa, ou se escolhe o lado da história que ainda carrega alguma dignidade.

Porque o que se vive hoje na Palestina não é uma guerra. É a normalização de um crime. Não se trata de excessos, de desvios, de danos colaterais. Trata-se de uma ideologia organizada para a supressão de um povo. O sionismo, em sua vertente hegemônica e militarizada, tornou-se a negação sistemática da alteridade. E esse “outro” — o povo palestino — tem rosto, nome, infância, avós, e cada vez menos tempo.

A ativista Greta Thunberg a bordo do navio Madleen antes de zarpar para Gaza com ativistas da Freedom Flotilla Coalition, em 1º de junho de 2025.

O Madleen transportava mais que mantimentos. Transportava testemunhas. E foi por isso que foi detido.

A cada ativista silenciado, a cada barco impedido, o mundo se afunda mais na lama de sua própria covardia. A ONU organiza encontros.

A União Europeia redige notas. A OTAN silencia. Enquanto isso, corpos de civis são lançados à terra sem nome, sem luto, sem registro.

A indiferença tornou-se um protocolo. A barbárie, uma rotina diplomática.

A história já conheceu bloqueios. Já testemunhou guetos. Já viu populações inteiras tratadas como resíduos humanos. Mas nunca os viu tão exibidos, tão justificados, tão defendidos com tamanha audácia. E talvez esse seja o sinal mais alarmante: não estamos apenas repetindo os erros do passado. Estamos reciclando-os com novas tecnologias, novas narrativas e um novo verniz de impunidade.

Gaza não é uma tragédia. Gaza é um crime. E cada dia de silêncio é mais um parágrafo de cumplicidade.

É preciso denunciar, ainda que com a fragilidade e a aparente irrelevância da voz de um cidadão comum, porque o que está em jogo não é apenas o destino da Palestina, mas o próprio futuro da ideia de humanidade. E, quando a humanidade é sequestrada, o silêncio não é cautela. É capitulação.



Para ler mais sobre este sequestro clique nos links abaixo :








Sem Chão esbanja eloquência ao condensar décadas de luta palestina em 1h30



Vencedor do Oscar de Melhor Documentário, produção se revela emblemática do tema


“Eu comecei a filmar quando começamos a desaparecer”, diz a narração em off de Basel Adra logo nos primeiros minutos de Sem Chão. O documentário, que venceu a estatueta da categoria no Oscar 2025, estabelece já nesse início a sua relação fluída com o tempo cronológico - codirigido por Adra com Hamden Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor (todos, com exceção de Szor, também aparecem diante das câmeras), o longa começa por volta de 2009, com filmagens rudimentares de demolições coordenadas pelo exército israelense na comunidade de Masafer Yatta, no Sul da Cisjordânia, um conjunto de pequenas aldeias palestinas que sofrem pressão violenta das forças ocupadoras para deixar o local, onde muitas das famílias dos moradores vivem há mais de século.

2009, no entanto, é mais um marcador imagético do que uma baliza narrativa para Sem Chão. É quando Adra começou a filmar as demolições e expulsões em massa, e portanto quando o filme consegue personalizar os relatos que inclui, mas isso não impede o quarteto de cineastas de incluir gravações anteriores, feitas pelo pai ativista de Adra ou por equipes de TV estrangeiras, que estendem a luta por Masafer Yatta por pelo menos algumas décadas a mais, até meados dos anos 1990 (palco de uma sequência bem oportuna envolvendo o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair). 30 anos de tentativa de apagamento étnico, 30 anos de resistência, 30 anos de apelo à opinião pública, 30 anos de lutar contra uma maré de superioridade militar intransponível, 30 anos de câmeras e solidariedade encolhendo diante de tanques e crueldade.

E é assim que Sem Chão se impõe como mais do que um relato pessoal: ele é o condensamento simbólico de um processo histórico que tem acontecido durante boa parte do século XX (mais até do que as três décadas abraçadas pelo filme), e que ganha aqui - através, sim, da história íntima de Adra, sua família e sua comunidade - uma dimensão pessoal que só o cinema pode proporcionar. Melhor ainda do que isso é perceber que, como cineastas, ele e seus colegas de Sem Chão entendem brilhantemente como transformar os relatos e registros fragmentados que definem o esforço documental em uma zona de conflito em um filme que nunca aliena pela sua crueza ou se aproxima do amadorismo.

Pelo contrário, aliás. Quando Sem Chão recorre à câmera caótica do jornalista que foge da repressão militar, ou perde o fio da meada de uma de suas histórias, conforme pessoas e família são derrotadas pela crueldade da ocupação, ele o faz com a intenção calculada de nos revelar o extremo da história que está contando. Até porque o filme também esbanja clareza quando quer e pode, especialmente em como desenha cuidadosa e carinhosamente a amizade inesperada que nasce entre Adra e Abraham, um jornalista israelense famoso por defender a causa palestina que se envolveu profundamente com a luta de Masafer Yatta durante os anos retratados no longa.

A relação entre os dois brilha no filme, servindo para colorir o lado humano desses ativistas (com idades semelhantes, Adra e Abraham não demoram para achar motivos para rir e sair juntos), mas também como faísca para os diálogos mais complicados sobre solidariedade e união de povos que surgem a partir da causa palestina. Que Abraham possa voltar para casa todas as noites após testemunhar a demolição de uma comunidade, uma casa de cada vez, ou a repressão violenta de um protesto perfeitamente legal, é uma fonte de conflito entre eles, mesmo que o israelense não trate a coisa toda como uma aventura - ele pode estar abundantemente comprometido com aquela luta, mas a luta ainda não é dele, e não é ele que sofre as consequências de lutá-la.

Esse é o tipo de eloquência que o documentário vai tirando, incansavelmente, de uma estrutura que parece rudimentar (justificadamente) à primeira vista. Impossível negar que a urgência do tema pesou muito para que Sem Chão se tornasse o favorito ao Oscar, mas a fluência e inteligência com a qual ele se aproxima desse tema é o que o transforma em um grande exemplar de cinema documental.









Obs : O documentário Sem Chão está disponível no Prime Vídeo.


Tilda Swinton detona plano de Trump para Gaza e denuncia genocídios no Festival de Berlim

 



Tilda Swinton detona plano de Trump para Gaza e denuncia genocídios no Festival de Berlim

'O desumano está sendo perpetrado sob nossa supervisão', afirmou a atriz ao denunciar assassinatos em massa.

 A atriz Tilda Swinton fez um forte discurso contra o plano de Donald Trump de invadir a Faixa de Gaza, expulsar palestinos e transformar a região em uma "Riviera do Oriente Médio", durante premiação no Festival de Berlim nesta quinta-feira (13). A atriz, que concorreu com Fernanda Torres ao Globo de Ouro pelo filme "O Quarto ao Lado", utilizou seu discurso para denunciar genocídios e extremismos políticos.

"Podemos seguir para o grande estado independente de cinema e descansar lá, um reino ilimitado, inatamente inclusivo, imune aos esforços de ocupação, colonização, posse ou o desenvolvimento da 'propriedade Riviera'. Um reino sem fronteiras e sem política de exclusão, perseguição ou deportação", afirmou a atriz, também fazendo alusão à política extremista de deportação em massa adotada por Trump.

A atriz ainda continuou seu discurso denunciando a ocorrência de assassinatos em massa "perpetrados pelo Estado e facilitados internacionalmente" e condenados por organizações que têm o objetivo de "monitorar coisas inaceitáveis para a sociedade humana". "Esses são fatos que precisam ser enfrentados", declarou.


"O desumano está sendo perpetrado sob nossa supervisão. Estou aqui para nomeá-lo, sem hesitação ou dúvida em minha mente, e para emprestar minha solidariedade inabalável a todos aqueles que reconhecem a inaceitável complacência de nossos governos viciados em ganâncias que que se tornam amigos de destruidores de planetas e criminosos de guerra, de onde quer que venham", completou Tilda. 

Além da atriz, o presidente do festival, Todd Haynes, e o membro do júri deste ano Rodrigo Moreno, também fizeram críticas a Donald Trump e ao presidente argentino Javier Milei. “Estamos assistindo a essa avalanche de ações nas primeiras semanas de gestão. Preocupa muito”, disse Haynes sobre Trump.

"Acho que faz parte da estratégia criar uma sensação de instabilidade, choque, pois as pessoas têm muito receio da situação econômica. Temos que procurar formas de resistência dentro do nosso setor", defendeu o presidente.

Já Moreno, que é argentino, chamou Milei de fascista e maluco, e comentou sobre a dificuldade de fazer filmes diante do governo do presidente da Argentina. "É um pesadelo. Até o ano passado, tivemos uma lei forte, que nos permitia fazer muitos filmes, semelhante ao sistema francês. Foi isso que nos permitiu fazer este cinema argentino bonito e renovado nas últimas décadas. Agora, tudo foi cortado. No ano passado, nenhum filme foi produzido pelo Instituto Nacional de Cinema, uma tragédia", afirmou.



O sonho americano : Faixa de Gaza, a Riviera do Oriente Médio. Por Kakay



Ao lado de Netanyahu, Trump diz que quer tirar 'todos' os moradores de Gaza permanentemente


Por Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, em Poder360

“Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”. 

  Darcy Ribeiro


Existe uma guerra que estamos perdendo no mundo inteiro. E eu tenho dúvidas se gostaria de ganhá-la, tal como posta. Há um jogo muito claro na desumanização e em certa idiotização como método. As propostas de extrema-direita, mundo afora, jogam suas cartas em uma bizarrice calculada e planejada. Quem não se lembra do Trump fazendo imitações humilhantes de imigrantes, ainda no 1º mandato, e, aqui no Brasil, do Bolsonaroimitando uma pessoa com falta de ar, em plena crise de oxigênio na pandemia? E isso é acompanhado com alegria, até certa euforia, por seguidores fanáticos.


A agressividade vulgar dos 2 não é por acaso. Nada, por sinal, é por acaso. Há uma orquestração dirigida a um público específico. E como disse Nelson Rodrigues: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”.

O que espanta é que perdemos a discussão nas ruas. Hoje em dia, pelos tais valores da família, e em nome dela, toda sorte de sacrilégios são praticados pela extrema-direita. E vão dominando, com alguma docilidade, o mundo. Não existem mais limites que possam chocar. A posse de Trump no seu 2º mandato é uma sinalização de que os absurdos serão banalizados e há uma possibilidade real de termos um país extremamente poderoso, com ímpeto de dominar o mundo e subjugar os países livres.

Não satisfeito em baixar decretos racistas e fascistas no seu 1º dia como presidente, Trump dá agora sinais de insanidade com sua mania de grandeza. A primeira autoridade recebida no Salão Oval foi o genocida Netanyahu que, na realidade, consegue competir com Trump nos seus delírios fascistas. E a proposta norte-americana, logo depois do encontro, foi a de transformar a Faixa de Gaza numa “Riviera do Oriente Médio”, para ser um lugar de recreação e lazer, retirando todos os palestinos da região.

Não é uma brincadeira idiota de um menino mimado e desinformado; é uma promessa de um presidente dos EUA. O mundo tem que começar a impor limites nessas sandices. E ainda fez observações injuriantes, dizendo que os habitantes de Gaza já sofreram muito e que podem ser recebidos por países que tenham “sentimento humanitário” e “que gostem de imigrantes”. Um deboche cruel e desumano.

O plano macabro pode ser entendido agora em toda sua dimensão. Benjamin Netanyahu se prestou a fazer o trabalho sujo: cometeu genocídio contra os palestinos e destruiu toda a Faixa de Gaza. E então, vem Trump e declara que os palestinos não devem voltar para Gaza, pois os EUA vão retirar todos os moradores de maneira permanente. Faz uma chacota grave e propõe uma limpeza étnica, afirmando que a região “trouxe muito azar para as pessoas e que só experimentaram morte e destruição”. Morte e destruição financiadas por eles. Por isso, propõe tirar todas as pessoas de lá.

É isso mesmo que está sendo proposto. Israel ataca Gaza, destrói tudo de maneira cruel e bárbara. Mata mais de 45.000 pessoas, entre crianças, mulheres e civis. Agora, com o massacre consumado, o poderoso Exército dos EUA toma o território palestino e expulsa todos os habitantes para transformar o lugar em um paraíso americanoide de ostentação e hipocrisia.

Aquele pequeno território, na fronteira entre Egito e Israel, debruçado sobre o mar Mediterrâneo, vira uma Riviera no Oriente Médio para os ricos norte-americanos e para os supremacistas brancos do mundo todo. São 41 km de comprimento e 10 km de largura que podem se tornar um grande balneário de luxo. É assustador.

Enquanto acompanhava as notícias, atônito e estupefato, li que a senadora Damares foi confirmada como presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado. Dá uma saudade do personagem do Jô Soares, que dizia, ao acordar intubado de um longo coma e ver as novidades do mundo: “Tira o tubo”.

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”  Rui Barbosa








O genocídio é um rosto que nos olha

 


Cerca de 320 dias de genocídio e limpeza étnica já transcorreram na Faixa de Gaza, com um saldo pavoroso de mais de 40 mil mortos, em sua maioria mulheres e crianças, 92 mil feridos, milhões de deslocados forçados e mais de 85% do território palestino destruído. A máquina de guerra e destruição israelense segue levando a cabo seu projeto de aniquilação, com a conivência das principais potências ocidentais, principalmente os EUA, que completaram seu 500.º carregamento de bombas e equipamentos militares para a IDF, desde 07 de outubro de 2023. Para falar sobre essa e outras questões relacionadas ao genocídio, o Fora da Ordem recebe o filósofo e professor Geraldo Adriano Campos.



Clique no link abaixo para ler:












A saga de Jesus : o palestino perseguido por Israel


Cristo palestino na Igreja Luterana de Belém


Devido à sua origem palestina, Jesus também foi acusado de “terrorismo”, mesmo sem nunca ter utilizado qualquer tipo de arma. Era “persona non grata” em Israel.



Jesus nasceu em Belém, cidade localizada em um território palestino ilegalmente ocupado por Israel. Como a região não era amistosa para recém-nascidos, haja vista o crescente número de ataques israelenses que matavam, principalmente, crianças; os pais de Jesus – Maria e José – consideraram melhor migrar para o Egito. Na época, uma ministra de Israel, inclusive, chegou a afirmar estar orgulhosa com as “ruínas na Palestina” provocadas pelo exército israelense.

Aos 30 e poucos anos, depois de viver em diferentes campos de refugiados, Jesus voltou à região. Como muitos migrantes, foi tentar a sorte em Israel, mais precisamente em Jerusalém, outra área ilegalmente ocupada. A ele se juntaram doze indivíduos, depois chamados “discípulos”, também pertencentes à classe baixa. Por causa da origem humilde, eram constantemente importunados pela polícia. Além disso, por serem palestinos, tinham o status de cidadãos de segunda classe, assim como todos aqueles que não fossem brancos e israelenses. Com frequência eram acusados de formar uma “organização terrorista”.

Inconformado com a ordem vigente, Jesus, acompanhado de seus amigos, começou a pregar, pacificamente, em favor da justiça social, tanto em Israel quanto na Palestina. A princípio, as autoridades israelenses não levaram a sério os discursos de Jesus, consideravam só mais um “comunista”, “cabeludo utópico” e “subversivo”.

No entanto, à medida que cresceu a popularidade de Jesus entre os pobres, ele passou a incomodar os poderosos e os autointitulados “cidadãos de bem”. Seus discursos pacifistas contrastavam com as ideias de um conhecido líder que defendia o armamento da população, mais conhecido por seus fanáticos seguidores como “mito”.

Em duas ocasiões, como Israel proibiu a entrada de ajuda humanitária para os palestinos, Jesus promoveu a multiplicação de pães e peixes para alimentar as multidões que o acompanhavam. Os cidadãos de bem viram aquilo com desconfiança, pois, para eles, é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe.

Certa vez, ao impedir que uma mulher acusada de adultério fosse apedrejada, Jesus foi rotulado como “defensor de bandido”. Um dos homens que ameaçou iniciar o apedrejamento chegou a dizer à mulher, supostamente adúltera, que só não a estuprava porque ela não merecia.

Ao visitar o templo de Jerusalém, Jesus observou a verdadeira face do uso comercial da religião. Um dos sacerdotes vendia águas ungidas, segundo ele, com propriedades que curavam doenças. Outro, comercializava toalhas supostamente milagrosas. Já um líder religioso, mais ousado, vendia terrenos no céu. Tal como na música de Zé Geraldo, naquele templo, Deus também não podia entrar. Em contrapartida, seu maior “rival”, Lúcifer, era sempre bem-vindo. Furioso, Jesus se esforçou para expulsar os vendilhões do templo.

Por lá também havia um estranho ritual de idolatria a uma espécie de roda primitiva (muitos séculos depois, com os avanços tecnológicos, os adeptos dessa seita passaram a ter outro objeto de culto: um pneu de caminhão).

Pelo histórico de Jesus em defesa da justiça social, denúncias do massacre de seu povo, gestos de caridade e falas constantes contra os ricos; parlamentares conservadores, integrantes do Movimento Israel Livre (MIL), propuseram a criação de uma CPI contra o palestino. Os “cidadãos de bem” não suportavam os atos de um “cidadão do bem”. Tornava-se inadmissível que um sujeito que não discriminava a “escória da sociedade” permanecesse impune.

No entanto, era preciso ir além! Desse modo, com o auxílio de Roma (a potência imperialista de então), para melhor perseguir Jesus, surgiu a “Operação Lava-pés” (em alusão ao rito praticado entre Jesus e seus discípulos). À frente da operação estava um juiz treinado pelos romanos, exclusivamente para forjar provas para condenar Jesus, por “tentativa de subverter a ordem” (mais tarde, pelos “bons serviços prestados”, ele seria alçado ao posto de ministro da Justiça de Israel).

Devido à sua origem palestina, Jesus também foi acusado de “terrorismo”, mesmo sem nunca ter utilizado qualquer tipo de arma.

Posteriormente, um dos discípulos – chamado Judas – acertou um acordo de delação premiada com a Operação Lava-pés, traindo Jesus. Para esse papel, ele recebeu trinta moedas (não por acaso, por tal atitude, Judas passou para a história como “o primeiro capitalista”).

Acusado de tentar subverter a ordem, Jesus foi levado a julgamento e, como esperavam os cidadãos de bem, foi condenado à pena máxima: crucificação. Mesmo sem provas, mas com convicções.

Antes de ser crucificado, por pressão dos anteriormente citados seguidores do mito, Jesus passou por várias sessões de tortura. Soube-se que, anos depois, no parlamento israelense, o mito se referiu ao militar que comandou aquelas sessões de tortura como “o pavor de Jesus”.

Ao finalizar a leitura da sentença, o juiz afirmou categoricamente que Jesus era “persona non grata” em Israel.

Já durante a Via-Crúcis, Jesus foi bastante hostilizado por pessoas que vestiam as cores nacionais de Israel (azul e branco) e tinham como hábito um estranho culto de dançar em torno de um pato dourado.

Do mesmo modo, aqueles indivíduos que tentavam atenuar o sofrimento do palestino injustamente condenado, ouviam xingamentos típicos do cidadão de bem: “passando pano para bandido”, “tá com pena leva pra casa”, “mimimi” e “defensor dos direitos dos manos”.

No Calvário, outros dois homens foram crucificados ao lado de Jesus: Dimas e Gestas (o “bom” e o “mau” ladrão, respectivamente). O primeiro era um palestino condenado por roubar alimentos em um comércio israelenses para dar o que comer à sua família. Gestas, um rico agiota, só foi condenado por ter se indisposto com alguns poderosos de Israel (seus antigos comparsas).

Por fim, às 15 horas de uma sexta-feira, Jesus faleceu na cruz. Os cidadãos de bem, em êxtase, comemoram durante dias. Afinal de contas, para eles, “bandido bom é bandido morto”.