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Israel e o sequestro da denúncia de genocídio em Gaza




Imagens das câmeras de segurança no momento do sequestro

Por trás de cada gesto de ajuda humanitária impedido, opera-se a engrenagem de um poder que já não se constrange em ser lido pelo que de fato é: um projeto de extermínio travestido de democracia.

O que se passou com o Madleen não é um desvio episódico num cenário de conflito. É a epifania brutal de uma política sistemática de aniquilação. Um navio civil, carregado com alimentos, medicamentos e água, a ajuda humanitária mínima para a sobrevivência de um povo sitiado num gueto, foi sequestrado em pleno mar aberto por um exército que atua com a arrogância dos que se sabem impunes, acima da lei, da ética e da compaixão. O ato, consumado em águas internacionais, não foi um acidente nem uma precaução estratégica: foi pirataria de Estado, executada com o usual cinismo diplomático israelense. Foi, sobretudo, o sequestro da denúncia, a tentativa deliberada de silenciar um grupo de jovens militantes pela “humanidade”.

Chamar de interceptação o que ocorreu com o Madleen é adotar, conscientemente a gramática do algoz. Israel sequestrou o navio, seus tripulantes e sua carga e, com isso, sequestrou também a última ilusão de que ainda restaria algum verniz de legitimidade em sua presença na arena internacional. Não se trata de impedir armas; trata-se de impedir a vida. O cerco a Gaza não é uma estratégia militar. É um instrumento de engenharia demográfica, de limpeza étnica. E, nesse projeto, a fome é método, a sede é sentença, a ausência de medicamentos é tática, e a morte é planejamento. Tudo é cálculo. Tudo é intencional.

Dizer isso não é retórica. É descrição factual.

O ministro Israel Katz, em sua verborreia automatizada e em tom jocoso, afirmou que o bloqueio visava impedir a entrada de armamentos. Mas o que havia a bordo eram barris d’água, pacotes de arroz, seringas e ativistas civis: Greta Thunberg, Rima Hassan, Thiago Ávila. O que ele teme, no fundo, não são armas, mas testemunhos. Não foguetes, mas câmeras. Não explosivos, mas consciência.

Ao mentir compulsivamente, Katz não busca convencer, busca apenas escarnecer, que é a manifestação do puro instinto de um carniceiro. Conhecido como Himmler de Netanyahu, Katz herdou do nazista (aqui me refiro a Himmler, o nazista alemão, e não ao nazista israelense Netanyahu) o frio tecnocratismo da destruição. Administra o colapso humanitário com a eficiência perversa dos genocidas e faz da mentira, não um instrumento, mas uma doutrina. A frase “Without lies, Israel dies” não é um slogan; é a verdade condensada em quatro palavras.

O chanceler israelense Israel Katz e o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer. Foto: Ahmad Gharabli/AFP

Mas Israel Katz é apenas o rosto risível de uma engrenagem séria. É o executor menor de uma política maior, cujo verdadeiro arquiteto atende pelo nome de Benjamin Netanyahu. Um primeiro-ministro atolado em denúncias de corrupção, que utiliza a guerra como biombo para sua ruína política e como motor de coesão interna. Netanyahu acusa os ativistas de “encenar provocações midiáticas”, como se a imagem de um comboio de arroz fosse uma arma de propaganda — e não um grito de desespero. A encenação, neste teatro de horrores, é a dele. Cada coletiva de imprensa, cada fotografia cuidadosamente coreografada de soldados “distribuindo ajuda” é um espetáculo obsceno destinado a domesticar o olhar do Ocidente.

Enquanto isso, caminhões com alimentos são bombardeados, centros de distribuição são atacados, hospitais funcionam à luz de lanternas e crianças morrem de infecção por ferimentos simples. Gaza tornou-se uma gaiola, e o mundo inteiro segura a chave.

A resposta internacional é um monumento à pusilanimidade. A França exige, educadamente, o retorno de seus cidadãos. A Turquia protesta com a veemência de quem já sabe que será ignorado. O Irã vocifera. E o Brasil, que deveria estar à altura de sua história diplomática e de seu compromisso com os direitos humanos, mal balbucia. A presença de Thiago Ávila a bordo do Madleen deveria ser um clamor pela ação do Estado brasileiro. Um cidadão nacional foi raptado em alto-mar por uma potência estrangeira. E o que se ouve de Brasília é o sussurro hesitante de uma diplomacia acovardada, temerosa de desagradar parceiros comerciais.

Já não se pode manter relações diplomáticas com um Estado que opera segundo a lógica do extermínio. O Brasil deve romper. Deve sancionar. Deve levar Netanyahu, Katz e seus generais nazissionistas ao Tribunal Penal Internacional. Não há mais margem para ambiguidade moral. Ou se compartilha a culpa, ou se escolhe o lado da história que ainda carrega alguma dignidade.

Porque o que se vive hoje na Palestina não é uma guerra. É a normalização de um crime. Não se trata de excessos, de desvios, de danos colaterais. Trata-se de uma ideologia organizada para a supressão de um povo. O sionismo, em sua vertente hegemônica e militarizada, tornou-se a negação sistemática da alteridade. E esse “outro” — o povo palestino — tem rosto, nome, infância, avós, e cada vez menos tempo.

A ativista Greta Thunberg a bordo do navio Madleen antes de zarpar para Gaza com ativistas da Freedom Flotilla Coalition, em 1º de junho de 2025.

O Madleen transportava mais que mantimentos. Transportava testemunhas. E foi por isso que foi detido.

A cada ativista silenciado, a cada barco impedido, o mundo se afunda mais na lama de sua própria covardia. A ONU organiza encontros.

A União Europeia redige notas. A OTAN silencia. Enquanto isso, corpos de civis são lançados à terra sem nome, sem luto, sem registro.

A indiferença tornou-se um protocolo. A barbárie, uma rotina diplomática.

A história já conheceu bloqueios. Já testemunhou guetos. Já viu populações inteiras tratadas como resíduos humanos. Mas nunca os viu tão exibidos, tão justificados, tão defendidos com tamanha audácia. E talvez esse seja o sinal mais alarmante: não estamos apenas repetindo os erros do passado. Estamos reciclando-os com novas tecnologias, novas narrativas e um novo verniz de impunidade.

Gaza não é uma tragédia. Gaza é um crime. E cada dia de silêncio é mais um parágrafo de cumplicidade.

É preciso denunciar, ainda que com a fragilidade e a aparente irrelevância da voz de um cidadão comum, porque o que está em jogo não é apenas o destino da Palestina, mas o próprio futuro da ideia de humanidade. E, quando a humanidade é sequestrada, o silêncio não é cautela. É capitulação.



Para ler mais sobre este sequestro clique nos links abaixo :








Sem Chão esbanja eloquência ao condensar décadas de luta palestina em 1h30



Vencedor do Oscar de Melhor Documentário, produção se revela emblemática do tema


“Eu comecei a filmar quando começamos a desaparecer”, diz a narração em off de Basel Adra logo nos primeiros minutos de Sem Chão. O documentário, que venceu a estatueta da categoria no Oscar 2025, estabelece já nesse início a sua relação fluída com o tempo cronológico - codirigido por Adra com Hamden Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor (todos, com exceção de Szor, também aparecem diante das câmeras), o longa começa por volta de 2009, com filmagens rudimentares de demolições coordenadas pelo exército israelense na comunidade de Masafer Yatta, no Sul da Cisjordânia, um conjunto de pequenas aldeias palestinas que sofrem pressão violenta das forças ocupadoras para deixar o local, onde muitas das famílias dos moradores vivem há mais de século.

2009, no entanto, é mais um marcador imagético do que uma baliza narrativa para Sem Chão. É quando Adra começou a filmar as demolições e expulsões em massa, e portanto quando o filme consegue personalizar os relatos que inclui, mas isso não impede o quarteto de cineastas de incluir gravações anteriores, feitas pelo pai ativista de Adra ou por equipes de TV estrangeiras, que estendem a luta por Masafer Yatta por pelo menos algumas décadas a mais, até meados dos anos 1990 (palco de uma sequência bem oportuna envolvendo o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair). 30 anos de tentativa de apagamento étnico, 30 anos de resistência, 30 anos de apelo à opinião pública, 30 anos de lutar contra uma maré de superioridade militar intransponível, 30 anos de câmeras e solidariedade encolhendo diante de tanques e crueldade.

E é assim que Sem Chão se impõe como mais do que um relato pessoal: ele é o condensamento simbólico de um processo histórico que tem acontecido durante boa parte do século XX (mais até do que as três décadas abraçadas pelo filme), e que ganha aqui - através, sim, da história íntima de Adra, sua família e sua comunidade - uma dimensão pessoal que só o cinema pode proporcionar. Melhor ainda do que isso é perceber que, como cineastas, ele e seus colegas de Sem Chão entendem brilhantemente como transformar os relatos e registros fragmentados que definem o esforço documental em uma zona de conflito em um filme que nunca aliena pela sua crueza ou se aproxima do amadorismo.

Pelo contrário, aliás. Quando Sem Chão recorre à câmera caótica do jornalista que foge da repressão militar, ou perde o fio da meada de uma de suas histórias, conforme pessoas e família são derrotadas pela crueldade da ocupação, ele o faz com a intenção calculada de nos revelar o extremo da história que está contando. Até porque o filme também esbanja clareza quando quer e pode, especialmente em como desenha cuidadosa e carinhosamente a amizade inesperada que nasce entre Adra e Abraham, um jornalista israelense famoso por defender a causa palestina que se envolveu profundamente com a luta de Masafer Yatta durante os anos retratados no longa.

A relação entre os dois brilha no filme, servindo para colorir o lado humano desses ativistas (com idades semelhantes, Adra e Abraham não demoram para achar motivos para rir e sair juntos), mas também como faísca para os diálogos mais complicados sobre solidariedade e união de povos que surgem a partir da causa palestina. Que Abraham possa voltar para casa todas as noites após testemunhar a demolição de uma comunidade, uma casa de cada vez, ou a repressão violenta de um protesto perfeitamente legal, é uma fonte de conflito entre eles, mesmo que o israelense não trate a coisa toda como uma aventura - ele pode estar abundantemente comprometido com aquela luta, mas a luta ainda não é dele, e não é ele que sofre as consequências de lutá-la.

Esse é o tipo de eloquência que o documentário vai tirando, incansavelmente, de uma estrutura que parece rudimentar (justificadamente) à primeira vista. Impossível negar que a urgência do tema pesou muito para que Sem Chão se tornasse o favorito ao Oscar, mas a fluência e inteligência com a qual ele se aproxima desse tema é o que o transforma em um grande exemplar de cinema documental.









Obs : O documentário Sem Chão está disponível no Prime Vídeo.


Tilda Swinton detona plano de Trump para Gaza e denuncia genocídios no Festival de Berlim

 



Tilda Swinton detona plano de Trump para Gaza e denuncia genocídios no Festival de Berlim

'O desumano está sendo perpetrado sob nossa supervisão', afirmou a atriz ao denunciar assassinatos em massa.

 A atriz Tilda Swinton fez um forte discurso contra o plano de Donald Trump de invadir a Faixa de Gaza, expulsar palestinos e transformar a região em uma "Riviera do Oriente Médio", durante premiação no Festival de Berlim nesta quinta-feira (13). A atriz, que concorreu com Fernanda Torres ao Globo de Ouro pelo filme "O Quarto ao Lado", utilizou seu discurso para denunciar genocídios e extremismos políticos.

"Podemos seguir para o grande estado independente de cinema e descansar lá, um reino ilimitado, inatamente inclusivo, imune aos esforços de ocupação, colonização, posse ou o desenvolvimento da 'propriedade Riviera'. Um reino sem fronteiras e sem política de exclusão, perseguição ou deportação", afirmou a atriz, também fazendo alusão à política extremista de deportação em massa adotada por Trump.

A atriz ainda continuou seu discurso denunciando a ocorrência de assassinatos em massa "perpetrados pelo Estado e facilitados internacionalmente" e condenados por organizações que têm o objetivo de "monitorar coisas inaceitáveis para a sociedade humana". "Esses são fatos que precisam ser enfrentados", declarou.


"O desumano está sendo perpetrado sob nossa supervisão. Estou aqui para nomeá-lo, sem hesitação ou dúvida em minha mente, e para emprestar minha solidariedade inabalável a todos aqueles que reconhecem a inaceitável complacência de nossos governos viciados em ganâncias que que se tornam amigos de destruidores de planetas e criminosos de guerra, de onde quer que venham", completou Tilda. 

Além da atriz, o presidente do festival, Todd Haynes, e o membro do júri deste ano Rodrigo Moreno, também fizeram críticas a Donald Trump e ao presidente argentino Javier Milei. “Estamos assistindo a essa avalanche de ações nas primeiras semanas de gestão. Preocupa muito”, disse Haynes sobre Trump.

"Acho que faz parte da estratégia criar uma sensação de instabilidade, choque, pois as pessoas têm muito receio da situação econômica. Temos que procurar formas de resistência dentro do nosso setor", defendeu o presidente.

Já Moreno, que é argentino, chamou Milei de fascista e maluco, e comentou sobre a dificuldade de fazer filmes diante do governo do presidente da Argentina. "É um pesadelo. Até o ano passado, tivemos uma lei forte, que nos permitia fazer muitos filmes, semelhante ao sistema francês. Foi isso que nos permitiu fazer este cinema argentino bonito e renovado nas últimas décadas. Agora, tudo foi cortado. No ano passado, nenhum filme foi produzido pelo Instituto Nacional de Cinema, uma tragédia", afirmou.



O sonho americano : Faixa de Gaza, a Riviera do Oriente Médio. Por Kakay



Ao lado de Netanyahu, Trump diz que quer tirar 'todos' os moradores de Gaza permanentemente


Por Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, em Poder360

“Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”. 

  Darcy Ribeiro


Existe uma guerra que estamos perdendo no mundo inteiro. E eu tenho dúvidas se gostaria de ganhá-la, tal como posta. Há um jogo muito claro na desumanização e em certa idiotização como método. As propostas de extrema-direita, mundo afora, jogam suas cartas em uma bizarrice calculada e planejada. Quem não se lembra do Trump fazendo imitações humilhantes de imigrantes, ainda no 1º mandato, e, aqui no Brasil, do Bolsonaroimitando uma pessoa com falta de ar, em plena crise de oxigênio na pandemia? E isso é acompanhado com alegria, até certa euforia, por seguidores fanáticos.


A agressividade vulgar dos 2 não é por acaso. Nada, por sinal, é por acaso. Há uma orquestração dirigida a um público específico. E como disse Nelson Rodrigues: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”.

O que espanta é que perdemos a discussão nas ruas. Hoje em dia, pelos tais valores da família, e em nome dela, toda sorte de sacrilégios são praticados pela extrema-direita. E vão dominando, com alguma docilidade, o mundo. Não existem mais limites que possam chocar. A posse de Trump no seu 2º mandato é uma sinalização de que os absurdos serão banalizados e há uma possibilidade real de termos um país extremamente poderoso, com ímpeto de dominar o mundo e subjugar os países livres.

Não satisfeito em baixar decretos racistas e fascistas no seu 1º dia como presidente, Trump dá agora sinais de insanidade com sua mania de grandeza. A primeira autoridade recebida no Salão Oval foi o genocida Netanyahu que, na realidade, consegue competir com Trump nos seus delírios fascistas. E a proposta norte-americana, logo depois do encontro, foi a de transformar a Faixa de Gaza numa “Riviera do Oriente Médio”, para ser um lugar de recreação e lazer, retirando todos os palestinos da região.

Não é uma brincadeira idiota de um menino mimado e desinformado; é uma promessa de um presidente dos EUA. O mundo tem que começar a impor limites nessas sandices. E ainda fez observações injuriantes, dizendo que os habitantes de Gaza já sofreram muito e que podem ser recebidos por países que tenham “sentimento humanitário” e “que gostem de imigrantes”. Um deboche cruel e desumano.

O plano macabro pode ser entendido agora em toda sua dimensão. Benjamin Netanyahu se prestou a fazer o trabalho sujo: cometeu genocídio contra os palestinos e destruiu toda a Faixa de Gaza. E então, vem Trump e declara que os palestinos não devem voltar para Gaza, pois os EUA vão retirar todos os moradores de maneira permanente. Faz uma chacota grave e propõe uma limpeza étnica, afirmando que a região “trouxe muito azar para as pessoas e que só experimentaram morte e destruição”. Morte e destruição financiadas por eles. Por isso, propõe tirar todas as pessoas de lá.

É isso mesmo que está sendo proposto. Israel ataca Gaza, destrói tudo de maneira cruel e bárbara. Mata mais de 45.000 pessoas, entre crianças, mulheres e civis. Agora, com o massacre consumado, o poderoso Exército dos EUA toma o território palestino e expulsa todos os habitantes para transformar o lugar em um paraíso americanoide de ostentação e hipocrisia.

Aquele pequeno território, na fronteira entre Egito e Israel, debruçado sobre o mar Mediterrâneo, vira uma Riviera no Oriente Médio para os ricos norte-americanos e para os supremacistas brancos do mundo todo. São 41 km de comprimento e 10 km de largura que podem se tornar um grande balneário de luxo. É assustador.

Enquanto acompanhava as notícias, atônito e estupefato, li que a senadora Damares foi confirmada como presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado. Dá uma saudade do personagem do Jô Soares, que dizia, ao acordar intubado de um longo coma e ver as novidades do mundo: “Tira o tubo”.

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”  Rui Barbosa








O genocídio é um rosto que nos olha

 


Cerca de 320 dias de genocídio e limpeza étnica já transcorreram na Faixa de Gaza, com um saldo pavoroso de mais de 40 mil mortos, em sua maioria mulheres e crianças, 92 mil feridos, milhões de deslocados forçados e mais de 85% do território palestino destruído. A máquina de guerra e destruição israelense segue levando a cabo seu projeto de aniquilação, com a conivência das principais potências ocidentais, principalmente os EUA, que completaram seu 500.º carregamento de bombas e equipamentos militares para a IDF, desde 07 de outubro de 2023. Para falar sobre essa e outras questões relacionadas ao genocídio, o Fora da Ordem recebe o filósofo e professor Geraldo Adriano Campos.



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A saga de Jesus : o palestino perseguido por Israel


Cristo palestino na Igreja Luterana de Belém


Devido à sua origem palestina, Jesus também foi acusado de “terrorismo”, mesmo sem nunca ter utilizado qualquer tipo de arma. Era “persona non grata” em Israel.



Jesus nasceu em Belém, cidade localizada em um território palestino ilegalmente ocupado por Israel. Como a região não era amistosa para recém-nascidos, haja vista o crescente número de ataques israelenses que matavam, principalmente, crianças; os pais de Jesus – Maria e José – consideraram melhor migrar para o Egito. Na época, uma ministra de Israel, inclusive, chegou a afirmar estar orgulhosa com as “ruínas na Palestina” provocadas pelo exército israelense.

Aos 30 e poucos anos, depois de viver em diferentes campos de refugiados, Jesus voltou à região. Como muitos migrantes, foi tentar a sorte em Israel, mais precisamente em Jerusalém, outra área ilegalmente ocupada. A ele se juntaram doze indivíduos, depois chamados “discípulos”, também pertencentes à classe baixa. Por causa da origem humilde, eram constantemente importunados pela polícia. Além disso, por serem palestinos, tinham o status de cidadãos de segunda classe, assim como todos aqueles que não fossem brancos e israelenses. Com frequência eram acusados de formar uma “organização terrorista”.

Inconformado com a ordem vigente, Jesus, acompanhado de seus amigos, começou a pregar, pacificamente, em favor da justiça social, tanto em Israel quanto na Palestina. A princípio, as autoridades israelenses não levaram a sério os discursos de Jesus, consideravam só mais um “comunista”, “cabeludo utópico” e “subversivo”.

No entanto, à medida que cresceu a popularidade de Jesus entre os pobres, ele passou a incomodar os poderosos e os autointitulados “cidadãos de bem”. Seus discursos pacifistas contrastavam com as ideias de um conhecido líder que defendia o armamento da população, mais conhecido por seus fanáticos seguidores como “mito”.

Em duas ocasiões, como Israel proibiu a entrada de ajuda humanitária para os palestinos, Jesus promoveu a multiplicação de pães e peixes para alimentar as multidões que o acompanhavam. Os cidadãos de bem viram aquilo com desconfiança, pois, para eles, é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe.

Certa vez, ao impedir que uma mulher acusada de adultério fosse apedrejada, Jesus foi rotulado como “defensor de bandido”. Um dos homens que ameaçou iniciar o apedrejamento chegou a dizer à mulher, supostamente adúltera, que só não a estuprava porque ela não merecia.

Ao visitar o templo de Jerusalém, Jesus observou a verdadeira face do uso comercial da religião. Um dos sacerdotes vendia águas ungidas, segundo ele, com propriedades que curavam doenças. Outro, comercializava toalhas supostamente milagrosas. Já um líder religioso, mais ousado, vendia terrenos no céu. Tal como na música de Zé Geraldo, naquele templo, Deus também não podia entrar. Em contrapartida, seu maior “rival”, Lúcifer, era sempre bem-vindo. Furioso, Jesus se esforçou para expulsar os vendilhões do templo.

Por lá também havia um estranho ritual de idolatria a uma espécie de roda primitiva (muitos séculos depois, com os avanços tecnológicos, os adeptos dessa seita passaram a ter outro objeto de culto: um pneu de caminhão).

Pelo histórico de Jesus em defesa da justiça social, denúncias do massacre de seu povo, gestos de caridade e falas constantes contra os ricos; parlamentares conservadores, integrantes do Movimento Israel Livre (MIL), propuseram a criação de uma CPI contra o palestino. Os “cidadãos de bem” não suportavam os atos de um “cidadão do bem”. Tornava-se inadmissível que um sujeito que não discriminava a “escória da sociedade” permanecesse impune.

No entanto, era preciso ir além! Desse modo, com o auxílio de Roma (a potência imperialista de então), para melhor perseguir Jesus, surgiu a “Operação Lava-pés” (em alusão ao rito praticado entre Jesus e seus discípulos). À frente da operação estava um juiz treinado pelos romanos, exclusivamente para forjar provas para condenar Jesus, por “tentativa de subverter a ordem” (mais tarde, pelos “bons serviços prestados”, ele seria alçado ao posto de ministro da Justiça de Israel).

Devido à sua origem palestina, Jesus também foi acusado de “terrorismo”, mesmo sem nunca ter utilizado qualquer tipo de arma.

Posteriormente, um dos discípulos – chamado Judas – acertou um acordo de delação premiada com a Operação Lava-pés, traindo Jesus. Para esse papel, ele recebeu trinta moedas (não por acaso, por tal atitude, Judas passou para a história como “o primeiro capitalista”).

Acusado de tentar subverter a ordem, Jesus foi levado a julgamento e, como esperavam os cidadãos de bem, foi condenado à pena máxima: crucificação. Mesmo sem provas, mas com convicções.

Antes de ser crucificado, por pressão dos anteriormente citados seguidores do mito, Jesus passou por várias sessões de tortura. Soube-se que, anos depois, no parlamento israelense, o mito se referiu ao militar que comandou aquelas sessões de tortura como “o pavor de Jesus”.

Ao finalizar a leitura da sentença, o juiz afirmou categoricamente que Jesus era “persona non grata” em Israel.

Já durante a Via-Crúcis, Jesus foi bastante hostilizado por pessoas que vestiam as cores nacionais de Israel (azul e branco) e tinham como hábito um estranho culto de dançar em torno de um pato dourado.

Do mesmo modo, aqueles indivíduos que tentavam atenuar o sofrimento do palestino injustamente condenado, ouviam xingamentos típicos do cidadão de bem: “passando pano para bandido”, “tá com pena leva pra casa”, “mimimi” e “defensor dos direitos dos manos”.

No Calvário, outros dois homens foram crucificados ao lado de Jesus: Dimas e Gestas (o “bom” e o “mau” ladrão, respectivamente). O primeiro era um palestino condenado por roubar alimentos em um comércio israelenses para dar o que comer à sua família. Gestas, um rico agiota, só foi condenado por ter se indisposto com alguns poderosos de Israel (seus antigos comparsas).

Por fim, às 15 horas de uma sexta-feira, Jesus faleceu na cruz. Os cidadãos de bem, em êxtase, comemoram durante dias. Afinal de contas, para eles, “bandido bom é bandido morto”.









Lula acertou de novo / Coletivo de judeus publica nota em apoio às falas de Lula sobre massacre em Gaza


Lula e Benjamin Netanyahu (Foto: Ricardo Stuckert

Lula acerta ao dizer que não há na História nada semelhante ao que está acontecendo na Faixa de Gaza, a não ser “quando Hitler resolveu matar judeus”

Aline Alves

A declaração do presidente Lula sobre a investida de Israel sobre o povo palestino, realizada ontem na Etiópia, não deveria ser convertida em polêmica tantas décadas depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial, se houvesse alguma honestidade intelectual por parte dos críticos. Hollywood explorou à exaustão o tema do nazismo, e isso poderia ter servido à conscientização geral sobre o assunto, mas o resultado foi a mercantilização da barbárie, a banalização da violência, e um desconhecimento sobre o nazismo e o Terceiro Heich, que foram reduzidos a inimigos derrotados da América.

Não pretendo aqui dar conta de descrever o que foi o nazismo, em razão da sua densa complexidade, apenas lembrar de elementos científicos – para que não restem dúvidas, ainda mais em um tempo em que é preciso resgatar a ciência para que ela volte a ter significado para o desenvolvimento humano – que demonstram que Lula acerta em sua declaração sobre a situação da Palestina, ao dizer que não há na História nada semelhante ao que está acontecendo na Faixa de Gaza, a não ser “quando Hitler resolveu matar judeus”. A mídia hegemônica, assim como Hollywood, em seu empenho em deseducar mais do que promover um real debate, prontamente rejeitou a comparação entre Israel e a Alemanha nazista, no entanto a História mostra que não há aqui nenhum equívoco. Em Reactionary modernism: technology, culture and politics in Weimer and the Third Reich, o historiador Jeffrey Herf apresenta sua análise sobre o nazismo e observa que ele é construído sobre dois pilares, grosso modo: a regressão e a modernidade, posta à disposição da primeira. A Alemanha nazista contava com alta tecnologia para desenvolver o que precisava para realizar o projeto do Terceiro Reich: resgatar os tempos do império alemão e cumprir sua utopia racial. Leitor de Adorno e Hoeckheimer, Jeffrey Herf identifica no nazismo a “dialética da modernidade” quando aponta que o avanço da ciência, em vez de promover o desenvolvimento humano, muitas vezes promoveu regressão. Isso está nítido nas malhas ferroviárias alemãs sendo usadas para transportar judeus, ciganos, gays, comunistas, deficientes físicos para os campos de extermínio, na tecnologia aplicada ao cinema em serviço da propaganda nazista e no potencial bélico utilizado para atacar os inimigos do Reich.

Dos mesmos recursos dispõe o Estado de Israel, e da mesma forma os utiliza: tecnologia altamente avançada (tivemos, inclusive, uma ideia desse avanço quando a ABIN paralela usou aparelhos de espionagem israelense) utilizada para a eugenia, que parece dar o tom do que seria a pátria ideal para judeus, concepção essa adotada por parte desse Estado de Israel e de setores do sionismo radical (importantíssimo lembrar aqui que essa não é a concepção geral da comunidade judaica, que tem em grande parte se manifestado criticamente em relação aos ataques de Israel contra os palestinos, sofrendo, inclusive, severas retaliações pelo mundo, como é o exemplo do jornalista Breno Altman). É com essa tecnologia que, aos olhos de todo o mundo, mais de 30 mil palestinos foram assassinados por Israel desde outubro passado, sendo 40% das vítimas crianças. Esse número é importante para compreendermos que não há espaço aqui para tergiversar; a mídia hegemônica tem dito que não cabe a comparação entre a Alemanha nazista e o atual Estado de Israel, uma vez que ele não tem um projeto eugênico. Fica o questionamento: quem consegue matar 30 mil pessoas em 4 meses apenas para se defender? Quem, em legítima defesa, mata algumas dezenas de opositores (no caso, integrantes do Hamas) e cerca de 12 mil crianças? Como um Estado com técnicas tão avançadas erra o alvo 30 mil vezes, isso sem contar com os feridos? Como um Estado que se defende mantém suas cidades de pé, enquanto o território do adversário tem 95% da população desabrigada?

O que estamos testemunhando é a exata utilização de técnica avançada para a realização de limpeza étnica, com o propósito de se construir uma utopia racial que, desta vez, só é possível se o povo palestino não existir mais. É o resgate de um passado mítico que confere a um povo uma suposta superioridade, se coloca como a única forma possível de vida na terra, e que exige o extermínio de tudo e todos que não se incluam nessa raça e seu passado. Como esse tipo de racismo se estabeleceu como princípio do sionismo mais radical é uma questão que pode e deve ser analisada com mais profundidade, até para que sejamos capazes de evitar uma nova onda de ódio aos judeus, e também para que não nos percamos do debate científico e honesto. Mas o ponto a que quero chegar aqui é que Lula acertou ao criticar o ataque do Hamas aos kibutz israelenses, e acerta novamente em condenar o genocídio promovido por Israel contra os palestinos; acerta também ao compará-lo a outro momento histórico, o do nazismo, com o qual compartilha métodos e objetivos. E acerta sobretudo ao fazê-lo diante de todo o mundo, como o líder cujo vulto alcança todos os cantos do planeta. Acredito que poderíamos fazer apenas uma observação sobre um ponto da fala de Lula, se o que está acontecendo no presente já se repetiu em outro momento histórico além do nazismo, e lembraríamos, por exemplo, da devastação colonial pela qual passaram a América Latina, África e Oriente Médio; podemos ir mais atrás e lembrar da Inquisição Católica, das Cruzadas, do Império Romano. Mas sem esquecer que nenhum desses episódios contou com tanta sofisticação técnico-científica quanto a que estamos testemunhando neste exato momento.


 Aline Alves é professora, escritora e artista plástica. Doutora em Teoria Literária pela UFRJ.






Coletivo de judeus publica nota em apoio às falas de Lula sobre massacre em Gaza


O coletivo Vozes Judaicas por Libertação publicou uma carta em apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que virou alvo de críticas por suas falas sobre o ataque de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza.

No último domingo (18), em entrevista coletiva antes de deixar a Etiópia rumo ao Brasil, Lula comparou o massacre promovido pelas forças militares de Israel contra a Faixa de Gaza ao Holocausto promovido pela Alemanha nazista contra os judeus na Segunda Guerra Mundial. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou o presidente.

Após a fala, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, anunciou, nesta segunda-feira (19), que Lula seria considerado "persona non grata" no país. O termo é um instrumento jurídico utilizado nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é bem-vindo.

Para o coletivo Vozes Judaicas por Libertação, é impossível comparar e hierarquizar genocídios, dado que a “a experiência vivenciada por cada povo afetado é inigualável”. Ao mesmo tempo, no entanto, "a contradição de o povo judaico ser ora vítima e agora algoz é palpável, tenebrosa e desalentadora. Lula externou o que está no imaginário de muitos de nós".

O grupo ainda afirma que “enquanto coletivo de judias e judeus, temos antepassados que foram vítimas do Holocausto nazista, e entendemos que nosso imperativo ético é nos posicionarmos contra o genocídio do povo palestino e contra a utilização da nossa defesa como justificativa”.

Confira a carta na íntegra:
Dando um passo além nas contínuas denúncias dos crimes cometidos por Israel contra os palestinos, o presidente Lula causou furor ao fazer uma comparação entre o que ocorre hoje em Gaza e o que Hitler fez com os judeus durante o nazismo.

A comparação entre genocídios é sempre delicada pois a experiência vivenciada por cada povo afetado é inigualável. Cada um representa uma narrativa singular e dolorosa na história das comunidades vitimadas. Logo, não há como estabelecer qualquer hierarquia entre genocídios. É impossível estabelecer uma métrica objetiva para determinar o 'pior' genocídio da história. Categorizar historicamente vítimas maiores ou menores é uma perigosa armadilha de reprodução de racismo.

A contradição de o povo judaico ser ora vítima e agora algoz é palpável, tenebrosa e desalentadora. Lula externou o que está no imaginário de muitos de nós. Uma comparação que causa muita dor a judias e judeus de todo mundo, que tiveram as suas vidas cindidas pelo genocídio dos judeus na Europa, e agora veem um crime similar sendo cometido, supostamente em seu nome. Enquanto coletivo de judias e judeus, temos antepassados que foram vítimas do Holocausto nazista, e entendemos que nosso imperativo ético é nos posicionarmos contra o genocídio do povo palestino e contra a utilização da nossa defesa como justificativa.

Se a criação e fundação de um Estado judaico foi uma medida de sobrevivência num mundo sitiado, ela logo se tornou um pesadelo. O Estado de Israel não trouxe emancipação verdadeira aos judeus pois a sua existência é mantida às custas da negação da autodeterminação dos palestinos. As lideranças israelenses seguem promovendo um massacre contra palestinos e ainda ameaçam a vida de judeus e judias em todo o mundo. Israel representa hoje a maior fonte de insegurança para todos os judeus do planeta ao usar nossa identidade como fachada e justificativa para sua campanha de terror.

Por isso, defendemos e acreditamos que as palavras de Lula são de grande importância pois levantam questões relacionadas à urgência da ação, como um chamado definitivo dirigido a todos para agir diante do que ocorre em Gaza neste momento. Frente à incapacidade da ONU e de várias organizações internacionais em conter a violência perpetrada por Israel em Gaza, destaca-se a importância vital da postura demonstrada por líderes internacionais como Lula, que levantam suas vozes contra o que é já considerado por incontáveis especialistas como um genocídio contra o povo palestino.

As palavras têm poder. Se a forma como Lula se expressou na ocasião foi pouco cuidadosa – tropeçando justamente neste ninho de comparações forçadas – sua fala tem o objetivo de atingir a imaginação e provocar uma crise moral sobre Israel. O pedido de impeachment protocolado pelos deputados bolsonaristas é uma medida descabida, assim como as acusações de antissemitismo – cujo real objetivo é deslegitimar o governo e a diplomacia brasileira. Não acreditamos que judeus brasileiros estão em risco por causa de sua declaração.

Apoiamos as colocações do presidente Lula e cobramos que a radicalidade de suas palavras seja colocada em prática. Seria um gesto diplomático de relevância gigantesca romper todas as relações entre o estado brasileiro e Israel, em especial as relações militares que também fortalecem a barbárie em terras brasileiras, com a compra de armas e tecnologias de controle social que são usadas para atingir a vida do povo negro nas favelas. Convocar o embaixador brasileiro em Tel Aviv foi um passo ainda insuficiente nessa direção.

Por fim, convidamos a todas e todos, mas principalmente ao governo brasileiro a atender as demandas do movimento internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado pelas bases da sociedade civil palestina. O povo palestino tem pressa e nossas ações têm poder."

Edição: Lucas Estanislau

 

Postado em Brasil de Fato


 



As mentiras do canalha na ONU




Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay

Logo no início da pandemia, quando comecei a escrever sobre os desmandos deste Presidente desalmado e desumano na condução criminosa da crise sanitária, propus que ele fosse processado não somente pelos crimes contra a saúde pública, mas também por genocídio. Escrevi sobre isso em maio de 2020 e fiz várias lives defendendo a criminalização da conduta desse fascista. Fui muito criticado por vários amigos que tinham o cuidado sobre a exata tipificação da conduta desse criminoso. Uma preocupação técnica que eu respeito, mas que não me comove.

O ar que começava a faltar para milhares de brasileiros tragados pela nuvem tóxica que exalava desse governo me turvava os olhos. Agia por impulso, usando o que a advocacia e a vida me deram de mais precioso: a capacidade de poder falar e escrever. Quis fazer da minha voz a voz daqueles que começavam a sofrer os efeitos de uma política perversa e cruel. Já trazia a indignação para o debate que se avizinhava na certeza de que o irresponsável Presidente estava guiando o país para o abismo, para o precipício.

E, aos poucos, fui colocando mais pimenta para definir esse Presidente desprovido de empatia, de compaixão, de solidariedade e de emoção com a dor do outro. Dentre as várias palavras que eu usei para definir minha repulsa, talvez uma o defina melhor: canalha!