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Ponto de ônibus com biblioteca, balanço e Wi-Fi






Este ponto de ônibus com biblioteca, balanço e Wi-Fi é simplesmente genial


Redação Hypeness


Um ponto experimental de ônibus de Cingapura está verdadeiramente em um outro nível de genialidade. Projetado pela firma local DP Architects, a estrutura do protótipo foi concebida com a missão de fazer com que a espera seja divertida. Podemos dizer que este objetivo foi alcançado com louvor.


Localizado no centro da cidade de Jurong Lake District, o ponto de ônibus futurista tem Wi-Fi gratuito, painéis solares, estações de carregamento de celular, paineis interativos com horários de chegada, um planejador de viagem, ebooks (que você pode baixar digitando um QR code), livros físicos (que os leitores podem levar para casa), um jardim no terraço, estacionamento de bicicletas, obras de arte do ilustrador local Lee Xin Li e um balanço.




“Espero que a comunidade enxergue como pontos de ônibus podem ser uma extensão de seus ambientes sociais, como opções de diversão e conhecimento“, disse Seah Chee Huang, o diretor de arquitetura da empresa DP em um comunicado.




O ponto de ônibus já está em funcionamento há seis meses. No outono, o governo irá decidir se devem estender as comodidades do local a outros pontos de ônibus da cidade.




“Esperamos também que este projeto encoraje nossos colegas profissionais a avançar e colaborar ativamente na concepção de nossos espaços públicos cotidianos e que inspirem a comunidade a aproveitar melhor esses lugares”, concluiu.

Este espírito de envolvimento da comunidade em melhorar os espaços públicos é o que a departamento urbano de Cingapura tem incentivado através do programa “Nosso Lugar Favorito“.




Postado em Hypeness



Em tempos ásperos há que . . .


Resultado de imagem para carros nas calçadas impedem cadeirantes


Tamar Matsafi

Há que ter paciência para enfrentar a cidade, sua concretude explícita e agressiva no verão de extremos e seus humanos que vão e vêm atordoados, às vezes tão impermeáveis. Há que desviar os olhos dos espigões azulados, disfarçados de céu, e das marcas de empreiteiras sem escrúpulos que descaracterizam o espaço urbano, com o aval de governos e administradores públicos que se corrompem por um punhado de reais.

Há que tomar o ônibus no ponto escaldante, mesmo que pare longe da calçada e seja difícil o acesso e o equilíbrio ao subir. Há que suportar o olhar do motorista que, apesar de piedoso, não percebe que estacionou de forma inadequada e não consegue ver a diferença. Já é muito para ele carregar os cansados passageiros do cotidiano pelas ruas tumultuadas da metrópole.

Há que esticar ao máximo as pernas curtas para acessar os balcões de bancos e outros tantos balcões. Os atendentes, distraídos no cumprimento mecânico de suas tarefas, pouco sabem de acolhimento e inclusão.

Há que encarar os sorrisos e os discursos protocolares que louvam a “superação” e nada fazem pela acessibilidade.

Há que desviar dos carros estacionados irresponsavelmente nas calçadas. O espaço público, sem fiscalização, é mais das máquinas do que das pessoas.

Há que caminhar pelas ruas com o lixo transbordando na volta. Os próprios moradores colocam nos containers, misturando tudo e mostrando total descaso com a cidade, já tão abandonada. Há que ter cuidado para cruzar nas faixas de segurança. São poucos os motoristas que consideram a faixa um sinal de alerta e respeito aos pedestres.

Há que respeitar os sinais de trânsito, criados para disciplinar o movimento urbano. Mas muitos pedestres e motoristas pouco se importam com isso.

Há que enfrentar o medo de sair de casa e a inquietude que acompanha cada passo. É um medo real e é também o medo de gente como a gente que anda por aí.

Há que não se submeter ao que é imposto e ao que humilha, como falou o cidadão Eduardo Marinho, que abriu mão do conforto do mundo burguês, foi viver na rua e descobriu a arte para se manifestar (https://voosubterraneo.wordpress.com/2013/12/06/eduardo-marinho/). Como ele, penso que é preciso simplesmente viver e não cultivar o desejo insólito de vencer na vida.

O que é mesmo vencer na vida? Há que abandonar as “expectativas mercadológicas da excelência” e uma vida “sob estresse e sob uma cobrança que nunca irá ser satisfeita porque todos nós, seres humanos, temos singularidades, com possibilidades e limitações, sendo estas mais evidentes (como é o caso de uma pessoa com deficiência) ou não”, como escreveu Carla Abreu, que tem nanismo, no seu blog (https://www.facebook.com/abreucacau?fref=ts).

Há que estimular o afeto, a dignidade, a delicadeza, o encontro, a diversidade, a tolerância.

Há que se brincar com as crianças e se cercar dos amigos e de gente do bem. Em nome de tempos menos ásperos, acessíveis e inclusivos!



Postado em Sul 21 em 16/01/2017



Uma Tipuana e 40 anos de história


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Carlos DayrellMarcos Saraçol e Teresa Jardim. Porto alegre em 26/02/1975

O método foi tão simples quanto eficiente: ao subir na árvore, estudantes a salvaram do corte, enfrentaram a ditadura e marcaram luta ambientalista no Brasil


Elenita Malta Pereira

Há 40 anos, em meio à ditadura militar, jovens subiram numa árvore em Porto Alegre para impedir seu corte pela Prefeitura Municipal. O episódio, protagonizado pelos estudantes universitários Carlos Dayrell, Marcos Saraçol e Teresa Jardim transformou-se em ato de protesto, sendo atualmente lembrado como um dos marcos nas lutas do movimento ambientalista brasileiro, nos anos 1970.

Tudo começou por volta das 10:30 da manhã, no dia 25 de fevereiro de 1975. O mineiro Carlos Alberto Dayrell, de 21 anos, estudante de Engenharia Elétrica na UFRGS e sócio da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), estava a caminho para realizar sua matrícula, quando, ao passar pela Faculdade de Direito, na Avenida João Pessoa, viu funcionários da Secretaria Municipal de Obras e Viação de Porto Alegre cortando árvores que estariam atrapalhando a construção do Viaduto Imperatriz Leopoldina.

A reação de Dayrell foi aproveitar um descuido dos trabalhadores para protestar contra os cortes. Subiu na próxima árvore a ser abatida, uma Tipuana (Tipuana tipa), para impedir o trabalho das motosserras. O estudante se instalou no alto, no meio dos galhos, e lá ficou, enquanto um grupo de pessoas começou a se formar em torno da árvore, dando apoio moral. Solidários, mais dois estudantes, Marcos Saraçol, de 19 anos, acadêmico de Matemática, e Teresa Jardim, de 27 anos, que cursava Biblioteconomia, subiram na Tipuana.

Dayrell seguia a orientação do presidente da Agapan à época, José Lutzenberger. Em uma das reuniões da associação, questionado pelo público sobre o que fazer contra a derrubada de árvores que acontecia na cidade, Lutz teria dito: “Nós já fizemos bastante coisa, mas não fomos ouvidos, façam vocês, subam nas árvores!”.

Ao tomar conhecimento do ato dos estudantes, o secretário da Agapan, Augusto Carneiro, pôs-se a convocar os sócios da entidade a apoiar o protesto. Por volta das duas da tarde, havia cerca de quinhentas pessoas no local. Elas alçavam alimentos e água aos estudantes, que não aceitavam descer enquanto não houvesse garantias de que a árvore não seria derrubada.

A imprensa esteve presente: as rádios locais mobilizavam a cidade, descrevendo passo a passo o surpreendente protesto. Houve cobertura de jornais porto-alegrenses, mas também o Estado de São Paulo, a revista Veja e até o The New York Times noticiaram o episódio, tornando-o conhecido além das fronteiras do estado. A Brigada Militar, comandada pelo capitão Joaquim Luís dos Santos Monks, apenas observava a manifestação, de forma pacífica.

Por volta das 15h30, o diretor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, Adamastor Uriartti, pediu que os estudantes descessem para conversar. Teresa o convidou a subir e ele aceitou, sob aplausos do público. O professor levava uma proposta para resolver o conflito: Teresa e Saraçol continuariam na árvore enquanto Dayrell desceria para negociar com as autoridades.

Em seguida, Dayrell aceitou descer e ir com Uriartti, Lutzenberger e Carneiro ao gabinete do Secretário de Obras. Marcos e Teresa resistiram no local até as 17 horas, quando chegou a notícia de que a árvore seria preservada. Ambos desceram da Tipuana, mas foram imediatamente presos e levados de camburão para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). O comandante da brigada fora substituído, e o novo policial decidiu acabar com o protesto, de forma violenta. Houve tumulto, agressões a ambientalistas e repórteres que acompanhavam o protesto.

No DOPS, Marcos e Teresa foram interrogados, fotografados, identificados e fichados. Não houve agressões físicas, mas muita intimidação. Para sorte dos estudantes, membros da Agapan, jornalistas e pessoas simpatizantes ao protesto deslocaram-se para o DOPS, pressionando para que fossem libertados. Somente por volta das 23 horas ocorreu o desfecho, com a soltura dos estudantes e repórteres.

“Ninguém mexia um dedo pela árvore”

Dias depois, Dayrell explicou porque resolveu iniciar o protesto. Ao passar pela Faculdade de Direito da UFRGS, reparou na derrubada das árvores. Viu também que na esquina em frente uma pequena multidão de curiosos assistia à demolição de um prédio. Em declaração ao jornal Folha da Manhã, disse: 
“O edifício caia e todo mundo olhava. Mas ninguém mexia um dedo pela árvore. Eu fiquei impressionado. Então resolvi subir na próxima que seria cortada. Mas pensei que os operários iam me derrubar lá de cima. Ficaram ameaçando uma meia hora, depois desistiram – pensavam que eu ia cansar e descer sozinho”.
O que nem os funcionários nem as autoridades esperavam é que Dayrell ficasse horas em cima da Tipuana, disposto a permanecer ali o tempo que fosse necessário para garantir sua não derrubada. Só desceu depois de muita negociação e, mesmo assim, Marcos e Teresa continuaram lá em cima.

Os estudantes não sabiam, mas estavam protagonizando um ato político que teria grande repercussão naquele contexto de ditadura. O país vivia ainda sob o Ato Institucional Nº 5, estava proibido qualquer tipo de manifestação pública. Durante o episódio, “espiões” circularam no local e tiraram muitas fotos, talvez 
para pressionar os jovens a desistirem. 

Numa época em que arbítrios como tortura e desaparecimentos eram comuns, os estudantes resistiram bravamente, mesmo temendo possíveis represálias.

Seis dias depois do protesto, Dayrell também prestou depoimento e foi fichado criminalmente no DOPS. Até Lutzenberger foi convocado a depor, porém não foi fichado. Os policiais queriam saber a posição da Agapan diante do protesto dos jovens; mais do que isso, queriam saber o que era e o que fazia a Agapan. Mesmo atuante desde 1971, foi somente com o episódio de 25/02/1975 que o regime notou a existência da entidade ecológica, ou seja, a ecologia não era considerada “subversiva”. 

No entanto, após o ato dos estudantes, mais e mais pessoas começaram a interessar-se pelo tema, que ganhou cores revolucionárias nos anos 1970.


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Marcos Saraçol e Carlos Dayrell 




Árvore na Av. João Pessoa. O protesto foi vitorioso, pois a Tipuana continua no mesmo local até hoje.


Para Dayrell e Saraçol, aquele foi um dia marcante em suas vidas, que tomaram rumos bem diferentes. Marcos se formou e trabalhou como professor de Matemática durante 39 anos, recentemente aposentou-se.

Já Dayrell desistiu da Engenharia Elétrica e passou no vestibular para Agronomia. Voltou para seu estado natal, onde ajudou a fundar o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, fez um Mestrado em Agroecologia na Espanha e atua na área até hoje. Infelizmente, não temos dados sobre Teresa Jardim.

Em 1998, Dayrell recebeu o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, concedido pela Câmara de Vereadores e, na ocasião, foi colocada uma placa de bronze do lado de dentro dos muros da Faculdade de Direito da UFRGS para lembrar o episódio.

Nenhuma outra árvore foi derrubada para construir o viaduto. Atualmente, se por um lado, com a atuação do movimento ambientalista, houve uma ampliação da conscientização ecológica e, por isso, as árvores são mais valorizadas, por outro, seguem ocorrendo cortes urbanos mal planejados, desmatamento das matas ciliares, queimadas de florestas e ocupação equivocada de encostas de morros.

O ato dos estudantes, bastante corajoso para o contexto da época, merece ser sempre lembrado, porque chamou a atenção para o descaso com o ambiente urbano e também para a possibilidade de construir sem destruir: na verdade, as árvores não atrapalhavam a construção do viaduto, o projeto é que devia ser adequado a elas.

Ainda é preciso resistir: os cortes de 2013

O gesto dos estudantes em 1975 segue inspirando as novas gerações. Em fevereiro de 2013, Porto Alegre vivenciou novamente a subida de jovens nas árvores para impedir seu corte. Dessa vez, o palco foi a Praça Júlio Mesquita, em frente à Usina do Gasômetro. Mesmo com a resistência popular, as árvores foram cortadas , sob o pretexto de melhorar a mobilidade urbana para a realização dos jogos da Copa do Mundo na cidade.

No entanto, o argumento se revelou inválido, já que a área ficou fechada no horário dos jogos e as pessoas se deslocaram até o estádio Beira Rio principalmente a pé, utilizando as ruas próximas ao Parque Marinha do Brasil.

A questão central que motivou os jovens de 1975 e os de 2013 permanece sem solução: o conflito entre desenvolvimento e proteção ambiental. Em ambos os contextos, estavam em jogo a ampliação dos espaços para automóveis. Em 1975, as árvores tombaram para dar lugar a um viaduto que facilitaria o trânsito no local; em 2013, os cortes também deram maior espaço para o tráfego e estacionamento de carros.

Certamente, algumas obras são necessárias, no entanto, o que é questionável é a forma como elas são planejadas e construídas, muitas vezes sem possibilitar a participação da sociedade nos processos decisórios. Como já alertava Lutzenberger nos anos 1970, esse tipo de questão requer decisões de cunho político, não apenas técnico. 

A substituição do verde pelo concreto deveria ocorrer somente em casos extremos, quando esgotadas outras possibilidades.


João Marcos Coimbra e Júlia Ludwig. Porto Alegre em 2013




A rua mais bela do mundo

Mas nem tudo está perdido, ainda há esperança para as árvores em Porto Alegre. É na cidade que se encontra “a rua mais bonita do mundo” – a Gonçalo de Carvalho. Emoldurada por um túnel verde de Tipuanas, foi a primeira rua declarada Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Porto Alegre, em 2006. Mas isso foi fruto da luta de seus moradores contra a construção de obras e edifício-estacionamento que exigiriam o corte de árvores e ampliariam o trânsito no local.

Em 2014, o movimento Amigos da rua Gonçalo de Carvalho homenageou Dayrell e Saraçol pelo gesto de 1975, que os inspirou a lutar pela preservação do túnel verde da rua.

Passados 40 anos, o episódio da João Pessoa merece ser sempre lembrado, como inspiração para novas lutas contra o corte indiscriminado das árvores em Porto Alegre e onde quer que seja. 

Aquela vitória garantiu a vida de apenas uma Tipuana, porém, ao longo do tempo, tem incentivado a luta pela permanência de muitas outras. Continua entusiasmando os novos jovens a resistir à devastação de um jeito bem “natural”: como nossos parentes primatas, precisamos subir mais nas árvores.


Postado no site Outras Palavras em 25/02/2015



Nabil Bonduki: um Plano Diretor contra a especulação imobiliária





Plano Diretor de SP: mais ciclovias, transporte pú


Relator da lei que pretende mudar a face de São Paulo, favorecendo transporte coletivo e ciclovia, explica mecanismos que podem tornar tal transformação possível



Entrevista para o Coletivo Candeia

Em que metrópoles viveremos, no futuro? O Plano Diretor Estratégico de São Paulo define as metas para chegarmos a 2029, horizonte de validade do Plano, com uma cidade mais humana e menos desigual. Para isso, definiu como meta aproximar a moradia do emprego: estimulando a substituição do automóvel, incentivando o adensamento populacional próximo aos eixos de transporte coletivo de massa, levando mais emprego às periferias – hoje, quase 70% dos postos de trabalho estão concentrados no Centro Expandido, que reúne apenas cinco das 32 subprefeituras da cidade.

Desenhado a partir do projeto original, do Executivo, em audiências públicas e diálogo com urbanistas, ambientalistas, cicloativistas, ativistas culturais e movimentos de moradia, o novo Plano Diretor da cidade quer compatibilizar desenvolvimento com preservação de áreas culturais, e tem como eixos mobilidade e moradia. Para tanto, precisa de recursos financeiros. Parte deles virá de um mecanismo criativo. A prefeitura já cobra, das construtoras de imóveis que edificam acima do permitido pela Lei de Zoneamento, taxas de “outorga onerosa”. Agora, 60% dos recursos arrecadados serão dirigidos para habitação de interesse social (30%) e mobilidade por meio de transporte coletivo, ciclovias e vias para pedestres (30%).

Para falar sobre o que significam essas mudanças na vida dos cidadãos, o Candeia Blog entrevistou o vereador Nabil Bonduki (PT), relator do Plano Diretor Estratégico. Arquiteto e urbanista, Nabil explica em detalhes, no vídeo abaixo, o que estabelece a lei (sancionada no primeiro semestre); como foi elaborada; quais os seus impactos para a população.





Postado no site Outras Palavras em 16/10/2014