Na Palestina ocupada, menina de dez anos é jornalista





Jornal GGN – Com apenas dez anos, a jovem Janna Jihad não é mais criança. Na Palestina ocupada por Israel ela faz questão de se colocar no centro dos acontecimentos e registrar tudo para que o mundo veja.

A mais nova jornalista da Palestina (e provavelmente do mundo) começou a trabalhar quando um amigo seu, outro da família e um tio foram mortos a tiros pelas Forças de Ocupação Israelenses (IOF). Ela tinha apenas sete anos.
“Depois eu abandonei o medo e a timidez e decidi documentar todas as violações das IOF em qualquer lugar que eu visitasse; então fiz vídeos no celular e os comentos em inglês e em árabe, para mostrar as violações por parte dos israelenses que a mídia internacional não mostra e para dar a possibilidade para todo o mundo de saber mais sobre a atividade israelense nos territórios palestinos”, contou em entrevista para o site Sputinik.

A jornalista palestina de 10 anos conta sua história à agência Sputnik.

Janna Jihad, a mais nova jornalista da Palestina, disse à agência Sputnik que as forças de ocupação israelenses (IOF, em inglês) tinham matado o seu amigo e um amigo da sua família e que isso foi um momento decisivo de sua vida. Foi por isso que ela começou trabalhando como jornalista, mostrando as violações e a violência de Israel na Palestina. Ela acrescenta que ela quer se tornar jornalista em uma das agências internacionais que, segundo ela, não transmitem informação verdadeira e não dão uma imagem real da Palestina. É por isso que ela quer mudar isso. 

Sputnik: Como foi que você começou trabalhando como jornalista? O que é que levou você a isso? 

Janna Jihad: Comecei há três anos quando eu tinha 7. Eu participei de manifestações perto da nossa casa em Ramallah, por exemplo na manifestação de Nabi Salih (um profeta da Arábia antiga) na aldeia de Nabi Salih. Isto foi uma manifestação contra o novo assentamento israelense na área. Nossa casa era a primeira na zona de entrada para a aldeia, as IOF sempre chegam a esse ponto. Eu sempre gostei de jornalismo desde a minha infância; comecei a participar das manifestações com o celular da minha mãe e a comentar o que eu estava filmando, mostrando os ataques israelenses contra os participantes de manifestações. Com ajuda da minha mãe eu consegui publicar esses vídeos em redes sociais, o que me inspirou a continuar. 

S: Qual foi o momento decisivo que fez você trabalhar como uma jornalista que está sempre presente no centro dos eventos?

JJ: Foi quando as IOF mataram o meu amigo, outro amigo da minha família e o meu tio (eles foram mortos a tiros) à frente dos meus olhos quando eu tinha 7. É que eles me influenciaram. Depois eu abandonei o medo e a timidez e decidi documentar todas as violações das IOF em qualquer lugar que eu visitasse; então fiz vídeos no celular e os comentos em inglês e em árabe, para mostrar as violações por parte dos israelenses que a mídia internacional não mostra e para dar a possibilidade para todo o mundo de saber mais sobre a atividade israelense nos territórios palestinos. 

S: Como você na sua idade conseguiu estar familiarizada com toda a informação da causa palestina para utiliza-la nas reportagens?

JJ: Eu assisti as manifestações contra as colônias israelenses na aldeia de Nabi Salih desde que eu tinha 3 anos; vivi nessa atmosfera. Dado que a nossa casa é a primeira da entrada para a aldeia, nós recebíamos sempre pessoas feridas pelas IOF, além delas assaltarem constantemente a nossa casa. Tudo isso formou aos meus conhecimentos sobre os acontecimentos. Além disso, eu sempre pergunto a minha mãe e meu tio que trabalha na mídia sobre os assuntos que eu não sei para que eles sejam incluídos nos meus vídeos. 

S: Porque é que você utiliza o inglês nas reportagens? Onde você o estudou? É que ajuda a relatar para um público alargado? 

JJ: Primeiramente eu nasci nos EUA mas eu vivi lá só durante três meses. Depois eu cheguei para a Palestina. Eu estudei na escola americana na cidade de Ramallah e aprendi inglês muito bem e meus pais tentam aumentar o meu nível da língua. Acho que os materiais em inglês vão atrair mais pessoas do que os em árabe. Depois eu me dirijo aos palestinos e árabes que vivem nos países ocidentais para que eles saibam o que está acontecendo na Palestina. É assim que estou aumentando o nível do meu inglês para transmitir a minha mensagem ao mundo. 

S: Quais são seus futuros objetivos e ambições? Será que você continuará trabalhando na cobertura do que se passa aí?

JJ: Quando for grande queria me tornar jornalista e trabalhar para uma das agências internacionais. Tudo isso é porque a mídia não diz a verdade sobre as violações nos territórios da Palestina. Quero corrigir isso e mostrar imagens verdadeiras dos eventos. Eu também quero me tornar jogadora de futebol e representar a Palestina em fóruns internacionais e jogos de futebol.

Postado em Luis Nassif Online em 17/06/2016





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