Rio+20: duas visões



A Rio+20 é o inimigo (ou: contra a sustentabilidade)



por André Forastieri





A Rio+20 é uma idiotice, desperdício de tempo e dinheiro, e contraproducente. Não vai dar em rigorosamente nada. Nem teria por quê. Não há o que debater. Os parâmetros pré-determinados para o debate garantem o fracasso da conferência.


A imprensa mundial trata o evento com a desimportância que merece. Um giro minutos atrás por BBC, CNN, Guardian, New York Times e El País não mostrou uma linha sobre a Rio+20. Le Monde tem um artigo escondidinho — mas só usa o gancho da conferência para cutucar Dilma, explicando sua moleza com os ruralistas na história do novo Código Florestal.

A razão do fracasso da Rio+20 não é a ausência de Barack Obama, presidente do país mais poluidor e poderoso, ou Angela Merkel, líder do país que dá as cartas na eurolândia. Nem os vagalhões que solapam a economia do mundo em suas premissas fundamentais.

A Rio+20 não vai dar em nada porque é planejada cuidadosamente para não dar em nada. No que deu a Eco 92? O protocolo de Kyoto? As metas do milênio? Nada. São só relações públicas, propaganda para enganar os trouxas.

Os chefes de Estado vêm, posam para as fotos e tchau. Os diplomatas debatem colchetes, como se discutissem quantos anjos cabem na ponta de uma agulha, para justificar os salários. Estudantes e ongueiros fazem manifestações e eventos paralelos. Deve ser bom para arrumar namorada/o, ou pelo menos alguém para passar a noite, como aqueles antigos encontros da UNE.

A Rio+20 começa estúpida pelo nome: Conferência pelo Desenvolvimento Sustentável. Como disse o amigo André Barcinski, a próxima vez que alguém proferir a palavra "sustentabilidade" perto de mim, enforco o infeliz com uma sacola plástica. É um conceito impreciso, inútil e ofensivo.

Pergunte para a pessoa ao seu lado o que significa. Ninguém sabe. "Sustentabilidade" é um saladão de boas intenções, premeditadamente vago o suficiente para que todos possam assinar embaixo sem se comprometer de fato com nada, políticos, empresas, instituições, indivíduos.

A melhor alocação de nossos recursos naturais já é fato. Tudo que há na Terra, inclusive nós, somos alocados da maneira mais eficiente que conseguimos, para a geração dos maiores lucros possíveis. O nome disso é capitalismo. Deu certo para muitas coisas, errado para tantas outras. Permitiu o crescimento e enriquecimento explosivos da população do planeta, o que não foi nada mal. Há consequências e, palavra importante, externalidades.

O capitalismo financeiro do século 21 se alimenta dos recursos naturais - incluindo nós — a la Matrix, viu o filme? Como no clássico de ficção-científica que fechou com chave de ouro o século passado, o sistema (olha ele aí!) sua a energia dos nossos corpos, e nossos cérebros se distraem com um mundo virtual, aparentemente lógico, em que as decisões parecem tomadas livremente por seres humanos, baseados em premissas racionais.

É tudo mentira. A máquina devora o planeta e defeca lucro. Ponto.

Desliga essa TV, fecha esse jornal, e esquece essa babaquice de Rio+20. O que você precisa saber é urgente e é o seguinte: nos próximos quarenta anos a população do planeta Terra vai aumentar cinquenta por cento. A maioria esmagadora de escurinhos, em países pobres, dos quais muitos vão querer migrar para países mais abastados, naturalmente.

Se você acha que tua cidade está engarrafada, fedorenta, poluída e perigosa, vai se preparando. Se em 2012 o capitalismo não dá conta nem de garantir a subsistência dos aposentados na pacata Eurolândia, que dirá arrumar emprego, comida, água, casa e remédios para mais três bilhões de pessoas...



Que venha a Rio+40!

por Marco Antonio Araujo

Começou a Rio+20. Mas também podia estar acabando, tanto faz. Esse evento é a maior prova de que a humanidade não tem salvação. O ser humano, quando não é malévolo, é ingênuo. No fim, o resultado é sempre o mesmo.

Todos os supostos avanços ecológicos foram frutos da necessidade e do interesse das grandes corporações. O gás CFC, aquele dos aerossóis e refrigedores, não foi eliminado das linhas de produção por ser nefasto à natureza, mas simplesmente para que a indústria pudesse faturar bilhões substituindo aparelhos inofensivos.

O chamado discurso verde já foi incorporado pelo sistema, pelo establishment, tornou-se a grande coqueluche do status quo. Quem se acha um rebelde revolucionário por defender soluções sustentáveis para o planeta não passa de um palerma bem intencionado.

Observem como vão se desdobrar as “negociações” da Rio+20. Será um teatro do começo ao fim. Cada um dos agentes envolvidos sabe seu papel de cor. O planeta não sairá um milímetro de sua órbita inexorável.

O que parece um grande conflito entre nações ricas e pobres, com seus heróis e vilões, é somente uma opereta monótona repleta de bufões. Se Obama estará ausente ou não, convenhamos, não tem a menor influência nos protocolos que continuam inalterados desde a Rio 92. A humanidade não muda, ora pois.

Pois que venha a Rio+40. O planeta não está nem um pouco preocupado. Ele não corre nenhum risco. A Terra sabe se defender de piolhos e parasitas. Quem tem os dias contados, bem sabemos, somos nós, pobres mortais. Não somos recicláveis.

Postado no portal R7 em 13/06/2012

Barbie humana vai transformar pessoas em zumbis!


                               

Psiquiatra diz que a bonequinha só prova que o ser humano quer ser "descartável"

Em abril, quando as primeiras fotos de Valeria Lukyanova começaram a chamar atenção na internet, ninguém imaginou que ia dar no que deu. 
Do nada, a mulher foi alçada ao status de web-celebridade por causa da sua aparência, que lembra a de uma boneca humana.

Lukyanova, que diz ter 21 anos de idade. dividiu opiniões. Houve quem a achasse uma maluca por querer se parecer com uma boneca Barbie e houve, também, quem a achasse linda.

Ninguém, porém, passou batido.

Existem os céticos que acham que a mulher não passa de um triunfo da arte da manipulação digital de imagens. Para outra espécie de céticos, ela também um triunfo, com devidos créditos às cirurgias cosméticas.

O fato é que Lukyanova marcou sua presença de forma irrevogável. Seu canal no Youtube já tem mais de 5 milhões de visualizações e milhares de assinantes. Sua fan-page oficial no Facebook tem centenas de milhares de curtidas e - o que é um fato ainda maior para determinar a popularidade de uma pessoa na internet - existem vários perfis que afirmam ser da ucraniana e, na real, não são.

Nesta semana, o psiquiatra Keith Ablow escreveu um artigo no site da Fox News dizendo que acredita que Valeria Lukyanova é um perigo.

- Agora, ao que parece, assim como Valeria/Barbie, nossa autoimagem pode se tornar inteiramente dispensável, em favor de nos tornarmos uma duplicata viva de um famoso produto, um sósia de uma celebridade, ou (acreditem em mim, isso vai acontecer também) um pretenso tigre, tatuado em laranja, com listras, usando uma cauda de vez em quando.

Para Ablow, Lukyanova é apenas um prenúncio do que virá por aí.

- A barbie humana é um sinal do que virá e prediz uma época em que as pessoas evitarão as emoções reais e dar real capacidade de mudar suas próprias vidas e ter empatia com as outras pessoas. Isso é a previsão de um tempo em que o que é entendido por "felicidade" está sendo anestesiado, quando viver a "vida" requer sua morte psicológica, quando a liberdade de expressão individual exige que uma imitação dos outros, até de objetos inanimados e personagens de ficção.

De acordo com o psiquiatra, esta é a pior tragédia que pode acontecer ao ser humano.

- Estes zumbis não são capazes de sentir empatia com o sofrimento dos outros. Eles são, portanto, capazes de causar grande sofrimento ao mundo, possivelmente, mesmo que inconscientemente, gostando disso. Este é, a propósito, como os tiranos são criados - quando as pessoas deixam de ser autônomos, cedem aos seus seus impulsos diante de uma autoridade central e projetam seu ódio enrustido contra o fato de serem desumanizadas na direção de um grupo de vítimas inocentes. Eu sei. Eu sei. Muita gente vai dizer que eu sou alarmista e estou expandindo irracionalmente meu argumento sobre um boneca de plástico à toda humanidade. Bom... Deixem o alarme tocar. Nós estamos perdendo a nós mesmos. Nós devemos nos reclamar de volta.

Postado no portal R7 em 14/06/2012

Está cansada?


Conheça alguns truques para driblar o desânimo e renovar suas energias
Consuma vitaminas e minerais

A carência nutricional mina a energia, pois prejudica o bom funcionamento do organismo. 

Para se certificar de que é esse mesmo o seu problema, e também para descobrir exatamente do que o seu corpo precisa, só fazendo um exame chamado mineralograma, que verifica as taxas de vitaminas e minerais nos três últimos meses a partir de fios de cabelo retirados o mais rente possível do couro cabeludo e próximos da nuca, conforme explica Tamara Mazaracki, nutróloga, do Rio de Janeiro. 

Depois, para confirmar se a suplementação está dando certo, é necessário partir para testes de sangue e urina. Em tempo: “É comum as mulheres terem deficiência de vitaminas C, E e zinco, que são essenciais para fortalecer o sistema imunológico e garantir disposição”, conta Heloísa Rocha, cardiologista e médica ortomolecular, do Rio de Janeiro.

Corra na frente!
Um estudo coordenado pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) descobriu que a produtividade de mulheres que seguem um programa de corrida é muito superior à de sedentárias da mesma faixa etária. 

Na pesquisa, as corredoras ainda se mostraram bem mais dispostas, autoconfiantes e preocupadas com a alimentação. Correr não é a sua praia? Sem problemas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que praticar uma atividade física que te dê prazer por pelo menos meia hora, três vezes por semana, aumenta a energia, as massas muscular e óssea, melhora a postura e previne doenças.

Esfolie-se com sal grosso

ingrediente elimina a carga elétrica excessiva que rouba a sua energia. Mas para não machucar a pele, faça assim: num pote, misture um punhado de sal grosso com ¼ de xícara de chá de óleo de amêndoas e duas gotas de essência de eucalipto. 
“Passe com as mãos, fazendo movimentos circulares e delicados no corpo todo, menos no rosto, durante 10 minutos. Depois, enxague com água morna para fria”, ensina a fisioterapeuta dermatofuncional Fernanda Scovino, do Espaço Solaris, no Rio de Janeiro.


Durma bem


Não adianta comer direitinho e se exercitar regularmente se você não dorme bem. É que durante o sono acontecem processos metabólicos que, se alterados, desequilibram todo o funcionamento do organismo.

“Inúmeras pesquisas mostram que quem dorme mal e levanta mais cansada do que quando foi deitar tem menos vigor, envelhece mais rápido e está sujeito a doenças”, diz Fausto Ito, especialista em sono e membro da Associação Brasileira do Sono (ABS) no Rio de Janeiro. Para ter uma noite reparadora, recomenda-se :
1. Ir para a cama e acordar sempre no mesmo horário.

2. Diminuir a luminosidade da casa à medida que cai a noite, para estimular o organismo a produzir melanina, que é um indutor natural do sono.

3. Comer, no máximo, três horas antes de dormir, de preferência alimentos leves, com pouca gordura.

4. Não tomar bebida alcoólica nem com cafeína, como chás escuros e refrigerantes à base de cola.

5. Usar pijama, travesseiro, lençol e colchão que a deixem confortável.

6. Levantar a cabeceira da cama em 15 centímetros se você tem apneia ou ronca. Dormir de lado também é uma boa pedida.


Pingue óleo essencial no seu hidratante preferido
“Imediatamente após ser inalada, a fragrância atua no sistema límbico, que é a região do cérebro responsável pelas emoções. Assim, se você usa um cheiro energizante, como laranja, alecrim ou limão, sente-se bem disposta e com a energia renovada”, fala Lôua Unger, massoterapeuta. 


Segundo ela, um jeito prático de utilizar o óleo essencial é pingar uma gota no seu hidratante, na água da banheira, na toalha de banho ou no travesseiro.


Aperte o ponto certo

Quando a sonolência estiver roubando a sua vontade de fazer alguma coisa, não pense duas vezes em apertar com força, por 30 segundos, o ponto na palma da mão que fica bem no meio do caminho entre o dedo indicador e o polegar. “O incômodo vai acordá-la no ato”, afirma a reflexologista Alice Keiko, da Clínica Keiko’s, em São Paulo. 

Tome um suco power

Quem dá a receita é a nutricionista Gabriela Marcelino, da Congelados da Sônia, no Rio de Janeiro: bata no liquidificador meio litro de água filtrada com 2 colheres de sopa de mel e 40 uvas niágara. Achou ‘fraquinho’?
“Não é, mesmo! O valor energético da bebida se dá pela grande quantidade de carboidrato simples encontrado na fruta e no mel. E como esse nutriente é digerido rapidamente, é tomar para sentir um up em cerca de meia hora”, garante a expert. Por tudo isso é que a bebida, segundo ela, também é excelente pedida naqueles dias em que você está sem coragem até para levantar da cama. 


Ouça músicas animadas que você goste
Se fizer isso durante a atividade física, seu desempenho aumenta em até 20%. O dado é do pesquisador Costas Karageorghis, consultor de psicologia do esporte da Universidade Brunel, na Inglaterra. Segundo ele, ouvir um som animado e que você goste não só é muito estimulante, como ajuda a regular o humor, reduzir medos, melhorar a concentração e diminuir o cansaço.



Alongue-se
A atividade relaxa a musculatura, libera os movimentos, que ficam bloqueados pelo stress, melhora a circulação sanguínea e aumenta a temperatura corporal. “O horário ideal para se esticar é pela manhã, ainda na cama, para despertar o corpo e prepará-lo para encarar o dia com disposição”, avisa Marcella Alves, professora de educação física da Academia da Praia, no Rio de Janeiro. Quer tirar a prova? Faça assim: 

1. Dê uma boa espreguiçada, esticando bem as pernas, os braços e a coluna.

2. Movimente suavemente a cabeça para os lados.

3. Levante-se e se espreguice mais uma vez, entrelaçando os dedos das mãos acima da cabeça e
ficando na ponta dos pés para se esticar um pouco mais.

4. Apoie as mãos na nuca e aproxime o queixo do colo.

5. Flexione o tronco à frente, tentando encostar as mãos no chão.

6. Para terminar, equilibre-se em um pé e puxe o outro para trás e em direção ao bumbum. Depois, repita para o outro lado.

Coma couve, espinafre, arroz integral ou aveia todo dia
O quarteto fantástico é riquíssimo em magnésio, cuja falta causa irritação, cansaço, ansiedade e intensifica os sintomas da TPM. “Para evitar tudo isso, a recomendação é ingerir diariamente 400 miligramas do mineral, que é encontrado em duas porções de folhas verde-escuras ou de grãos integrais”, calcula a nutricionista Camila Duran, de São Paulo.


Postado no blog Uma Mulher


A maturidade do corpo e do amor, por Urariano Mota

Crônica para a namorada madura

Por Urariano Mota
“Fernanda Lima é a capa da edição deste mês da revista ‘Boa Forma’. ‘O corpo piora com o passar dos anos e não tem outro jeito a não ser redobrar os cuidados’” (Dos jornais)
Pois assim como a noite vinda depois do dia, que não mais pode ser da natureza do dia, mas no seu escuro, nas suas estrelas, tem um encanto, que por ser diverso daquele do dia não deixa de ser um encanto. 
Assim como nas sucessões físicas, temporais, de toda a natureza, da flor que fenece e cai e se ergue em outra a partir dos grãos derramados, até a onda do mar que se espraia e se desfaz e se refaz dos seus restos em nova onda, assim também o amor dos primeiros anos, que resistiu à inconstância da paixão, se faz sentimento curtido, de marcas e rugas que entranham o sol, organizando-se em nova pele. 
Ainda que sem a elasticidade e frescor dos primeiros anos, vem o sabor íntimo do vinho de que se aprendeu a gostar, uma cumplicidade de lições apreendidas no toque sem palavras, que o rebento dos primeiros fogos não alcançava.
Pois não é próprio do fogo o consumo e o autoconsumo, voraz no incêndio e lento depois até as brasas que por fim esfriam? Pois sendo natural do fogo a destruição inexorável, linear e de sentido único, do começo para o fim, do começo para o fim, e sempre, é no entanto mais próprio da coisa humana o guardar semelhança com os fenômenos naturais, mas sem se deixar reduzir ao que não tem o salto e a qualidade da natureza da gente. 
Se os primeiros anos de amor são um fogo sem medida, e ao dizer isso guardamos apenas uma cômoda aproximação, pois não são exatamente um fogo a loucura e a impulsividade e o não ter limites os atos e ações daqueles anos, menos própria será a comparação do amor que amadurece ao fogo que lentamente se apaga. 
Pois se esse amor guarda correspondência com o próprio amadurecimento da gente, e portanto faz sua casa nas rugas do nosso rosto, e por rugas lembramos sempre os efeitos do sol ao longo do tempo na matéria couro de nosso semblante, isto não quer dizer, a continuar nesse processo, que o amor que amadurece, por lembrar sol e destruição do frescor, venha a ser um inventário de perdas.
Pois ainda que assim fosse, a esta altura já aprendemos que as perdas na vida não são um número frio, acabado e fechado, afetado de um sinal negativo.
Diríamos, num primeiro impulso, que elas se reservam em experiência. Dizendo menos mal, diríamos que as perdas na vida organizam um novo ser, aquele ser que sabe porque aprendeu que a vitória não é bem um metódico e unidirecional fazer a coisa certa. Que a vitória é um fazer inúmeras coisas erradas, que ao receberem uma reflexão e um julgamento iluminam o fazer a coisa menos errada. Que a vitória sobre as trevas é como um labirinto que oculta um caminho secreto e inteligível até a maravilhosa saída. 
Mas ainda aí, nessa tradução de perdas, o amor amadurecido ainda não é alcançado. Pois para ele, para esse amor que sofreu mudanças ao longo dos anos, o que há e o que houve não são nem foram exatamente perdas. Por exemplo, é exatamente uma perda o não levar a amada para a cama com a mesma frequência dos primeiros tempos? 
Um cínico, míope, como todos os cínicos, diria que sim. Que uma coisa é fazer sexo, e aqui mais se mostra a miopia ao fazer equivalentes o amor e o sexo, pois uma coisa seria fazer sexo três vezes por dia nos 30 dias de um mês, todos os meses, e outra bem diferente é fazer sexo quando Deus, a conveniência, a oportunidade e as forças forem servidas. Já nessa resposta o cínico não vê a etapa superior que é o prazer que conhece sobre a fome onívora. Enquanto o primeiro evita caminhos precários, já trilhados, a segunda vai às cegas até atingir uma provisória satisfação sempre insatisfeita.
É claro que o amor que amadurece não nos deixa menos carnais, mais virtuosos ou santos. Ele, de um ponto de vista mais pragmático, nos deixa mais perceptivos da bagagem que ao longo da jornada acumulamos. 
De um ponto de vista menos prático, menos visivelmente prático, queremos dizer, esse amor é a transformação daquele sentimento juvenil que só desejava a própria satisfação. Que em vez de abrigar buscava urgente abrigo.
Em lugar da busca de formas perfeitas, e sabe-se lá o que a carência idealizava como perfeitas, coxas, busto, ventre, rosto, perfume e fetiches ativos e exuberantes, esse amor maduro põe a compreensão de que a estação das formas fôrmas não se guarda nua em mármore. Que aquela pedra é forma oca de experiência. Mas que nem por isso esse amor transformado é um sentimento outonal, do ocaso. 
Ele não é como o sentimento de alguém que vê a chuva batendo na janela, e aconchegado no calor da sala se diz, “para a rua não poderei mais sair”. Ele é apenas, talvez, uma doce intimidade conquistada. Sujeito a trovoadas, tempestades, pois a vida não é de paz, dentro e fora do sentimento. Mas sem aquelas soluções terminativas, definitivas, dos arroubos sectários dos primeiros anos, “ou isto ou aquilo”.
Esse amor maduro diz melhor, fala melhor às sístoles e diástoles do coração amadurecido. Dele fala melhor o que não é conceito, ao que é essencial encarnado no destino mesmo da gente. E o essencial é que as rugas, as gorduras, os ossos frágeis do objeto que se ama se revelam uma fortaleza.
O amor que amadurece ama a pessoa exatamente nesse tempo de decadência física, e por essas, e por causa mesmo dessas formas. As fragilidades físicas se tornam uma qualidade, pois remetem a uma história comum. Esse amor apenas deseja dizer, “saiba que aprendi  muito a amar as suas rugas”.  O que quer dizer, ele, esse novo amor, não quer vê-la sozinha, ele a quer a seu lado nos próximos, nos poucos e infelizmente poucos anos que lhes restam. Como flores na praia açoitadas pelo vento, até que venham as ondas e tudo cubram.
***
Urariano Mota é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os corações futuristas (Recife, Bagaço, 1997). Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.

Postado no blog Luis Nassif Online em 13/06/2012
Obs.: Imagem inserida por mim.

Franklin Martins: "A blogosfera é o grilo falante do pinóquio da imprensa"




Sem planos...





por Rubia A. Dantés

Estava sonolenta quando senti a presença doce de uma avó... Fiquei ali quieta desfrutando daquela energia tão acolhedora e calma, mas parece que ela queria me dizer algo.
E ela me disse que não era hora de fazer planos.

Ela disse isso, mas... nesse tipo de comunicação, parece que a gente recebe as informações todas de forma clara e entende sem passar pelas palavras de modo linear... como se as informações viessem em um bloco e depois a gente coloca em palavras o que entendeu... Com essa frase, ela me passou que os planos que eu fizer agora podem atrapalhar algo novo que está chegando... mas como á algo novo mesmo, que ainda não tenho registro, qualquer plano agora pode interferir porque os planos são baseados em coisas que já conhecemos, em memórias e experiências do passado e... se nos apegamos a eles, dificultamos a entrada do novo... que não se encaixa em nada do que já é conhecido...

Assim, ela me passou essa mensagem e sua doçura de sempre... e também a tarefa de apagar todos os planos que eu já havia feito para os próximos dias.

Agora, sei que meu momento é não fazer planos porque nenhum plano que eu possa fazer vai servir... pensei comigo, enquanto tentava deixar escorrer por água abaixo tudo que minha fértil imaginação havia criado para os próximos dias... 

É que justamente nos próximos dias vou fazer uma viagem para um lugar que sempre quis ir, desde que soube da sua existência... e como já havia pesquisado muito sobre lá... claro, que junto com as pesquisas, muitos planos iam sendo feitos... 

E pensei que não ia ser fácil me desfazer de tudo que criei para deixar livre esse espaço de tempo que vou viajar... Mas, como diz uma mulher muito sábia "fala quem pode... obedece quem tem juízo"... resolvi optar por obedecer... e deixei ir tudo que planejei... e, por incrível que pareça, o vazio de planos se revelou como um estado muito bom de ser.. Senti-me muito mais confortável e encaixada no presente...

Fiquei pensando como em nossas vidas, cada ciclo... cada tempo, tem um tipo de energia e, se a gente obedece os sinais e as mensagens que nos são passados de muitas formas, fica mais fácil deixar fluir em sintonia com as energias do ciclo em andamento.

Há um tempo que é de fazer planos, há um tempo que é de não planejar nada e receber o novo, há um tempo de espera, quando qualquer movimento pode atrapalhar o que está encaminhado, há um tempo de ação... e assim vai.... e a chave é a gente estar aberta para perceber o ciclo em andamento e para fluir em sintonia com esse ciclo.

Sei que, às vezes, não é tão fácil soltar nossos planos e desejos porque acreditamos que temos que controlar as coisas para que elas dêem certo... e nem sempre confiamos que as coisas possam dar até mais certo sem o nosso controle...

Confiar que existem outros planos melhores que os nossos pode aliviar tanto nossa mente e nos dar uma sensação tão boa de leveza para o presente, que vale a pena tentar... se esse for o seu momento também, relaxe e deixe que o Grande Mistério manifeste os planos que tem para você... Confie que nesses planos, muito além de tudo que você conhece, pode estar incluído um novo e maravilhoso caminho...


Postado no blog Vou-de-Blog


CHIA,o grão do momento!



Meninas vocês já ouviram falar da CHIA?? Se não... Prestem bem atenção, pois esse simples grão pode fazer maravilhas por vocês!! Eu também não conhecia, até que a minha nutricionista Laíse Pinho, me informou sobre os benefícios que estas sementinhas podem trazer para uma alimentação saudável.


Entenda um pouco


A chia é uma semente encontrada no sul do México, riquíssima em uma série de nutrientes como: ômega-3, proteínas, fibras, antioxidantes e minerais, como fósforo, cálcio, ferro e magnésio. Ela promete ser uma forte aliada da dieta! Maaas, entendam: não basta comer chia para emagrecer, ela tem que fazer parte de uma alimentação saudável! Não adianta acrescentá-la na alimentação e achar que vai fazer milagre!






Ela está disponível no mercado na forma de óleo, farinha e grão inteiro, podendo ser usada como temperos de saladas ou adicionada a iogurtes, vitaminas, sucos, entre outros.



Quer conhecer os benefícios deste grão? Então vamos lá...

As sementes de Chia promovem saciedade, ajudando assim a controlar a sua fome. - Ajudam a regular o intestino;



Controla a glicemia;
Ajuda a diminuir os níveis de colesterol e triglicerídios;
Melhora a imunidade do organismo;
Previne o envelhecimento precoce;
Combate a inflamação.

OBS: Qualquer pessoa pode ingerir a semente, porém, ela possui alto teor calórico, e consequentemente seu consumo em excesso pode levar ao ganho de peso. Logo, para emagrecer, coma apenas a quantidade indicada pela nutricionista.





Postado no blog Antenadas em 12/06/2012

Sou cotista, mas meu irmão não vai ser



Sou cotista na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e gostaria de falar rapidamente sobre a minha história. Na verdade, sobre a história da minha família depois que eu ingressei no ensino superior. Estudei a vida toda na Escola Estadual Barão de Lucena, em Viamão, onde me formei no final de 2007. Meus pais não podiam pagar um curso pré-vestibular para eu me preparar para o próximo ano. Por isso, conversei com amigos, com primos, com ex-professores, tomei alguns livros emprestados e decidi estudar em casa. Graças às cotas, eu passei. Passei no vestibular para Jornalismo em 2009, na minha segunda tentativa.



Depois que entrei na faculdade, minha cabeça abriu, meu português melhorou e as pessoas ao meu redor são outras. Muitas pessoas que se dizem contra as cotas discutem se eu vou ser um bom profissional, se eu fui jogado para dentro da Universidade para resolver um problema sem solução hoje. Se eu sou a estopa que está tentando tapar um buraco negro. Muitos dizem que eu ter saído da Vila São Tomé, em Viamão, e agora ter acesso a bibliotecas, ter conhecido pessoas que mudaram minha vida, ser voluntário na Central Única das Favelas, estar vivendo em uma realidade jamais pensada pela maioria dos meus vizinhos… vou além: eu ter conhecido a Casa de Cultura Mario Quintana, poder ir ao cinema toda a semana, vivenciar experiências vistas como coisa de burguês onde moro e até conseguir juntar dinheiro para visitar meus amigos na Europa. Tudo isso por causa das cotas, de eu estar dentro da faculdade. Muitos dizem que isso não resolve o problema da nossa sociedade, da educação brasileira, de anos de descaso. Pois bem.



Muitos dos meus amigos não sabem, mas, até eu prestar vestibular, não tinha computador. Por estar no SPC, minha mãe pediu para nossa vizinha retirar no crediário um micro Compaq. Parcelado em doze vezes. Hoje, três anos e meio depois, escrevo todos os dias e trabalho com redes sociais – realidade que nem passava pela minha cabeça naquele momento.

Se eu seguisse o rumo dos meus amigos de infância – parceiros do esconde-esconde, do futebol no asfalto – seria cobrador, motoboy, profissões comuns onde moro. Muito dignas, diga-se. Minha mãe sentiria orgulho de mim da mesma forma. Mas, hoje, sinto um brilho diferente. Minha mãe não pensaria duas vezes em se endividar para bancar um cursinho pré-vestibular para o meu primo. Não pensaria duas vezes em abrir mão de um dinheiro juntado com esforço, há muito tempo, para investir em um novo computador para a minha irmã. Não pensaria duas vezes em apostar em mim se eu dissesse que eu cresceria. Ela acredita agora que podemos crescer. Eu pude. Meu primo pode. Minha irmã pode. Por que não?

Juliano Marchant, aluno cotista da UFRGS, durante #PosTV Cotas nas Universidades Brasileiras, em 29/04/2012

Meu primo de sete anos está na segunda série do ensino fundamental na mesma Escola Estadual Barão de Lucena. Hoje, olho para ele – ou ele me olha – e sinto, vejo, noto com toda a sinceridade que ele não precisará de cotas para ingressar no ensino superior. Meu primo vê uma nova realidade em sua volta. O “primo grande” dele está na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O primo dele faz Jornalismo. O primo dele vai ter diploma. Tudo isso, por causa das cotas.

Não é só a minha realidade, portanto. O meu ingresso na faculdade mudou a realidade de no mínimo três pessoas em volta. A medida paliativa, que não é a definitiva, com certeza, através de mim, vai resolver a vida do meu primo, da minha irmã.

Quatro anos após o começo da discussão no Supremo Tribunal Federal, as cotas foram mantidas – com o aumento para 50% de vagas, ainda. Os magistrados não olharam somente para mim. Olharam principalmente para o meu primo e para a minha irmã, lá na frente.


Postado no blog Sul21 em 13/06/2012

Namore muito, mas não cometa uma loucura


por Rosana Braga



Evolução e aprendizados à parte, acredito realmente que nascemos para nos relacionar, para estar em constante troca com o outro. Para exercitar afeto e perceber, ao longo de toda a vida, o quanto isso pode ser difícil na maioria das vezes, mas o quanto também é valioso, gratificante e enche nossa vida de significado!


E você há de convir comigo que quando se trata de namorar, é diferente! É mais fácil! É fluido, leve, receptivo. Namoro de verdade, como tão bem poetizou Carlos Drummond de Andrade, tem a ver com fazer pactos com a felicidade, por muitas vias, de várias formas, mas todas tão simples, tão simples, que quase nos esquecemos! Se você ainda não leu o poema de Drummond sobre ter ou não ter namorado, faça isso ainda hoje! 

Quando comecei a pensar sobre esse tema "namorar", me veio uma frase que ouvi essa semana num contexto completamente adverso. Estava assistindo a um documentário sobre a loucura. Loucura mesmo, de doença, internação, medicamento e psiquiatria. E me comovi demais ao ouvir um suposto doente mental dizendo ao repórter que "loucura é quando a gente não vê o outro"! 

"Meu Deus!", eu pensei! "Será que temos confundido tão deliberadamente a diferença entre loucura e sabedoria?"! Loucura é não ver o outro, claro! E foi o suposto louco quem disse isso ao suposto normal! E me veio agora: sabe qual é o momento, talvez o único momento em que realmente vemos o outro? No exato instante em que nos rendemos e o namoramos. 

Repare! Observe e me diga se não tenho razão! Ver o outro não tem exatamente a ver com paixão, porque ela é projeção, é quase uma dor! Não tem tanto a ver com amor, porque costumamos entendê-lo mais como um compromisso, quase sério. Mas namoro, não! Quando você sai para namorar, você vai à busca do que o outro tem de mais belo, e disposto a mostrar o que você tem de melhor. Você olha o outro querendo realizar seus sonhos, fazê-lo feliz, da forma mais genuína e profunda que a felicidade pode ser feita! 

Tem a ver com olhos nos olhos, prestar atenção no que ele diz, estar atento ao que o outro quer. Tem a ver com paciência amorosa, com ceder carinhosamente, só para ter o privilegio de presenciar seu sorriso. Namoro é feito de risada, espontaneidade, humanidade. É feito de tempo sem ponteiros... 

Namorar é ganhar o dia de presente para o outro. É transformar a vida num passeio de balão. É, eu sei, não dá para fazer isso o tempo todo. Mas dá, sim, pode apostar, para fazer isso bem mais vezes do que temos feito! Por isso, hoje não quero te sugerir nada! Quero te desafiar! Isso mesmo! 

Duvido você parar com essa maluquice de não ver o outro! Duvido você "pensar fora da caixa"! Em primeiro lugar, pare de acreditar que você só pode namorar quem você beija na boca. Sim, é obvio que você não só pode, como deve namorar mais quem você dorme, quem você casou, quem divide a vida com você. Mas estou sugerindo que você namore a vida, os amigos, os filhos, o marido, a esposa, o flerte, a paquera. Namore até você mesmo! 

Ignore as defesas alheias com jeitinho. Aproxime-se de mansinho e invada algumas almas. Namore alguns, algumas, com toda a doçura com que for capaz! Olhe bem dentro dos olhos deles. Beije as mãos. Diga algo tão desconcertante quanto são os enamorados! Mas diga inteiro, entregue, vendo o outro de verdade! 

E transforme o seu relacionamento com um dia de dizer "não" a essa loucura cotidiana que temos nos imposto sem perceber. "Não" aos olhos fechados para o outro! E "sim" ao suspiro gostoso de quem abre os olhos e acorda. Acorda de verdade! Acorda e vê que viver sem namorar é a maior loucura que alguém pode cometer. Chega de loucura! Agora, você e eu somos só doçura!

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