4 lições que “ Procurando Dory ” pode ensinar : olhar psicológico



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Josie Conti


A temática da aceitação do diferente e da inclusão do deficiente sempre é uma constante entre educadores e psicólogos, entretanto, a realidade mostra que a teoria só tem resultados efetivos quando é aplicada de forma multifatorial.

Não basta estimular, é preciso amar. Não basta amar, é preciso acreditar. Não basta acreditar, é preciso realmente aceitar e, só então, os progressos virão no tempo possível.

Assim aconteceu com a peixinha Dory que na animação “Procurando Dory”- (Finding Dory, 2016-Disney•Pixar), dirigida por Andrew Stanton e Angus MacLane, mostra um percurso de reencontro com sua família, consigo mesma, e com o seu valor e potencialidades.


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Treze anos após o estrondoso sucesso de “Procurando Nemo” e um ano depois de Marlin encontrar Nemo na lógica da animação anterior, Dory começa a ter pequenos “flashbacks” sobre sua família de origem. A vivência dessas memórias a impede de continuar como está e uma busca por eles é inevitável: ela sente saudades, muitas saudades.

Desta vez, Nemo e Marlin entram como coadjuvantes da história, mas nunca como figuras menos importantes uma vez que eles, apesar das dificuldades, amam e acreditam em Dory.

Então surgem as perguntas, contidas na sinopse original do filme, e que serão respondidas pela nova história: O que ela consegue se lembrar? Quem são seus pais? E onde ela aprendeu a falar Baleiês?

Mas, para além disso, ficam as lições que Dory nos deixa através de suas jornada:

1- Se a limitação é real é preciso entendê-la e falar sobre ela para que as outras pessoas também entendam e possam ajudar

Dory entende que não consegue guardar informações por muito tempo e que, poucos segundos após ouvir algo, já se esquece. A memória recente é responsável pela capacidade de reter, por alguns segundos, um número limitado de informações. São aquelas informações que nós guardamos por alguns segundos apenas para fazer escolhas ou tomar decisões. Para Dory, não conseguir guardar essas informações fazia com que ela se perdesse em caminhos e no fluxo de seus pensamentos o tempo todo.

2- A aceitação é necessária para que se possam encontrar alternativas e se adaptar ao meio

Uma vez que Dory, sua família e amigos, sabem exatamente quais são suas dificuldades, é possível elaborar estratégias para que ela possa ser “ajudada” a se lembrar. A animação deixa claro o quanto o emocional está envolvido na retenção de memórias que não se perdem (memórias de longo prazo) e como alguns estímulos podem desencadear as lembranças.

“Minha mãe gosta de conchas roxas” 

“Siga as conchas e chegará em casa”

Em ambas as frases há associação emocional: a figura amada da mãe é associada às conchas assim como conchas são associadas a “voltar para casa”, caso tenha se perdido.


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3 - Valorizar as habilidades que são mais desenvolvidas em quem sofre de alguma deficiência

Assim como cegos possuem o tato e a audição mais apurado, a animação mostra que Dory desenvolveu uma capacidade de se adaptar às situações de dificuldade. Ela é simpática, ela fala com todos, ela procura ajuda, e, em um momento em que Marlin (pai de Nemo) reflete, depois de ter sido injusto com ela, percebe que ela é ousada e valente, pois ela é capaz de achar formas criativas e loucas de continuar.

Dentro de Dory existe a estrutura de ter sido amada e estimulada em seus potenciais quando pequena. Ela sabe que deve continuar e não desistir nunca.

“Tenho certeza de que você vai se lembrar”

“Você nunca vai se esquecer de nós”


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4 - Saber que nossa família é quem amamos

Dory está com Marlin e Nemo, mas descobre que falta algo e que precisa encontrar sua família. Quando encontra sua família, percebe que não pode viver sem Marlin e Nemo e imediatamente se lembra deles. A família está onde nosso coração está e Dory sabe bem disso. Família é quem amamos e quem nos ama, é quem cuida de nós e com quem nos preocupamos e cuidamos. Família são aqueles que nos ajudam a superar nossas dificuldades e enfrentar o mundo e, com um olhar diferente, seguir.


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Nota importantes para quem ainda vai assistir:

Prestem muita atenção no curta de alguns minutos que passa antes do filme começar. Ele também fala de superação de dificuldades de um filhote chamado Piper que inicia sua jornada de independência: é belíssimo.


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E não saiam do cinema antes de ver os créditos… tem um extra no final com o “Geraldo”! 

Aproveitem !


Postado em Conti Outra em 02/07/2016










3 dicas para uma vida com mais sonhos e realizações



Juliana Goes


Já reparou como era fácil ter sonhos quando éramos crianças? Como adulto você continua tendo sonhos, anda dando atenção para isso? Deixar de sonhar é algo que acontece com muita gente e, confesso que, aconteceu comigo há algum tempo.

Nesse post te dou alguns insights sobre isso e quem sabe você possa voltar a sonhar e, acima de tudo, realizar tudo o que deseja para sua vida!

Recentemente completei mais um aniversário, a cada novo ano, faço um balanço do que realizei, daquilo que sou grata e penso em como gostaria que fosse o próximo ano.

Há mais ou menos dois anos tive extrema dificuldade em traçar meus sonhos, objetivos e metas. Comecei a questionar o por quê. Por que será que sonhar se torna mais difícil? Seria medo? Excesso de preocupação? 

Sim, pode ser isso e muito mais então vou te dar algumas dicas de como manter equilíbrio na sua fábrica de sonhos, para que ela continue funcionando tão bem quanto você era criança.

Afinal qual é a importância de sonhar? Pode soar tão vago, mas no fundo, os sonhos são um dos maiores combustíveis de vida. Eles despertam vontade de realizar, dão movimento, nos fazem sai da zona de conforto. Não é sonhar por sonhar, é sonhar para realizar, é onde quero chegar e quero que você chegue também! Se faltam sonhos, capaz que falte vontade de viver, aquela vontade de fazer acontecer.

Isso pode ser uma porta aberta para alguns distúrbios comportamentais, falta de motivação, depressão. Eu vejo dessa forma, pois já me senti assim. Por isso quando você enxergar o significado que os sonhos tem na nossa vida, enxergará a importância de ser um sonhador. Alguém que está sempre em busca de mais realização, o que leva diretamente a felicidade e a plenitude. Vem que eu te mostro alguns caminhos!

1. Resgatar a Criança Interior

Por algum tempo eu deixei minhas responsabilidades e preocupações me consumirem demais. Onde foi parar a diversão, a espontaneidade, o jeito simples de ver a vida? Quando criança a gente não tem trabalho, não tem tantas responsabilidades, nem conta pra pagar, né?! Sobra tempo e energia para usar nossa capacidade, seja emocional, seja cerebral, para pensar em coisas boas e, consequentemente, sonhar. Pois é, comportamentos de uma criança que são muito construtivos, mesmo a um adulto.

Quando você tem feito o que gosta? Quanto tem se permitido brincar, dar risada ou não fazer nada? Já reparou que até nas horas vagas a nossa cabeça tá pensando em trabalho, em compromissos. E o quanto isso nos sobrecarrega?

Então trate de cuidar da sua criança interior, lembrar de dar valor às coisas simples, aos momentos, às coisas boas que te acontecem. Assim você vai equilibrando tudo, a você mesmo, ao seu dia a dia e às suas emoções. É preciso se divertir, descontrair, abrir espaço para sonhar.

Tendo algumas atitudes simples como as crianças a gente resgata outros comportamentos junto, como a capacidade de sonhar e se sentir mais leve, menos afogado na loucura do dia a dia. É uma escolha, te garanto que é possível ser um excelente profissional, excelente aluno, filho, mãe e pai… e ao mesmo tempo ter um criança livre e feliz vivendo dentro de você.

Faça mais aquilo que você ama, que seja, leva, simples, divertido. Acredite! Será uma grande transformação.

2. Administrar a Pressão

Me tornei uma adulta focada em produzir, me suprir, ser independente, meu dia a dia passou a ser muito mecânico. Não temos como jogar as contas pro alto, nem fazer sumir aquelas pessoas que nos consomem - tipo seu chefe, seu professor, às vezes até seus pais - não vamos eliminar essas questões, já que é impossível. Mas podemos mudar nosso olhar e nosso perspectiva sobre o que nos cerca.

Perceba quanto de atenção você dá aos problemas, perceba o quanto de atenção você dá às soluções. Sempre que surgir um problema - no meu vocabulário, defino como desafio - pergunte pra você "Como posso lidar e resolver isso?’’.

Use sua lógica, porque nessas horas podemos acabar consumidos pela emoção negativa do estresse, desespero, falta de confiança, entre outras reações. Reagir é palavra de poder. Como você quer reagir a o que acontece com você? Sempre é possível reagir de forma mais leve. Tenha em mente que cada um tem um modo de pensar, de agir, não podemos mudar as pessoas, mas temos plena capacidade de mudar a maneira como reagimos a elas e ao que acontece conosco.

Como você pode reagir à pressão? Só você tem a resposta certa. Para cada um de nós funciona de um jeito. Eu costumo pensar que meus desafios (problemas) não os os maiores do mundo, penso em quanto já superei e que a minha frente tenho mais uma oportunidade de aprendizado que, no futuro, será muito importante para meu crescimento pessoal. Tendo isso em mente, torno mais leve a pressão, sei que "vai passar”, sei que vai ficar tudo bem.

Geralmente a gente coloca tanta pressão nas próprias costas, é nossa forma de reagir, no entanto agora sabemos que pode ser diferente, certo? Se sua pressão tá na faculdade, no trabalho, não leve pra casa. Se em casa você anda tendo problemas, arranje algo para fazer fora de lá.

Um dos caminhos é você ocupar parte do seu tempo com atividades que equilibrem suas emoções e recarreguem suas baterias. Resgatar sua criança interior é um dos caminhos, como falamos acima, agora cabe a você ajustar seus comportamentos para reagir cada vez melhor ao que está a sua volta.

Assim você constrói uma atmosfera que te permite ser um adulto mais leve, reduzindo sua resistência em sonhar. Já que acabamos tão consumidos pela pressão e pelas preocupações que não sobra muito tempo para sonhar.

Abra espaço no seu coração, na sua mente, na sua agenda, para que você possa se manter alguém sonhador, consequentemente alguém que realiza, alguém que se faz feliz!

3. Desenvolva seu Bem Estar e Equilíbrio Global

Já faz algum tempo que eu venho dividindo com vocês os poderosos efeitos da meditação e do auto conhecimento na nossa vida. Desde que lancei meu aplicativo Zen, com reflexões, trilhas relaxantes, termômetro de humor e meditações guiadas; tenho recebido inúmeros emails e mensagens com depoimentos de tocar o coração sobre pessoas que já estão [mudando] suas vidas para melhor.

Refletir, relaxar, entender como andam suas emoções, são grandes ferramentas de auto conhecimento, conforme você se conhece melhor, entende o que quer, o que não quer mais, toma decisões mais certeiras e se sente seguro de si e do caminho que trilha.

Cada vez mais estudiosos do comportamento e neurocientistas apontam os efeitos da meditação no desenvolvimento pessoal, você passa a ter emoções mais equilibradas, alivia o estresse de forma muito efetiva, desenvolve regiões do seu cérebro responsáveis pela memória, pelo afeto, pela capacidade de decisão. Muitas pessoas conseguiram tratar depressão, ansiedade, insônia e outras questões por meio da meditação.

No Zen eu te guio em diversas meditações, mesmo para quem nunca meditou, é uma das formas mais fáceis e simples e começar.

Nada de ficar tentando esvaziar a mente, a gente simplesmente vai trabalhar sua capacidade de deixar fluir os pensamentos, abrir espaço para o positivo, para o alívio das suas tensões e a possibilidade de estar mais aberto às respostas que você precisa.

Eu diria que meditar desenvolve até a intuição, pelo menos comigo, é impressionante como me torno mais sensível aos sinais que estão a minha volta, enxergo com mais clareza o que acontece, me sinto mais no controle das minhas emoções e reações. Vale a pena começar, são benefícios que, com a prática regular, se estendem por toda sua vida!

Baixe o meu aplicativo Zen na App Store ou Google Play!

Zen é gratuito e está disponível para Android e iPhone, você pode ter acesso às meditações por plano mensal ou anual, além de várias ferramentas gratuitas que fazem parte do app, para deixar você e sua vida mais Zen!



Postado em Juliana Goes 



Está faltando espelho para tanto narciso




Viviane Basttistella

A internet deu voz aos imbecis e palco aos que sempre sonhavam com a fama.

Diz “a lenda” que quanto maior a exposição, menor a autoestima; o que me leva a concluir que cada K de curtidas recebidas esteja substituindo um ano de terapia.

Não! Não está substituindo, está mascarando; afinal é bem menos doloroso se esconder dentro de um personagem ou de um avatar virtual que se cria a ter que enfrentar a libertadora realidade.

Feliz mesmo é quem consegue viver no anonimato em tempos nos quais parece coisa de outro mundo viajar e não fazer sequer um check in.

O mundo anda fútil, raso, descartável. Tudo é sujeito a filtro, photoshop e á tecla excluir.

Não gostou, apaga.

Apaga-se cada capítulo da vida como se fosse um mero erro de digitação.

Não sou desse tempo.

Sou do tempo do anonimato, das estrelas de TV e da revista, de fotos tiradas com filme Kodak, flash e sem possibilidade alguma de correção. Fotos estas que eram guardadas em um pequeno álbum cuja capa era de papelão e no qual havia páginas plásticas para que se guardassem as fotos que seriam mostradas aos amigos, à família ou um dia encontradas por quem fosse limpar a gaveta anos depois.

Sou do tempo no qual éramos ninguém e que “aparecer” era coisa da coluna social aos domingos na imprensa escrita.

Saudade do tempo no qual a insignificância e o amadorismo eram permitidos.

Saudade do tempo no qual bonita mesmo era Marilyn Monroe que nunca fez sequer um botox.

Saudade de quando essa vitrine virtual não existia e as pessoas eram obrigadas a viver no seu tempo, espaço e nas suas relações reais porque tinham a possibilidade de abrir a caixa de e-mails apenas uma vez por semana.

Saudade de quando Matrix era apenas um filme, visto que hoje existem seres humanos vivendo “várias vidas” e fazendo scripts e enredos que não existem para uma platéia hipnotizada.

Uma postagem com a receita de um xarope natural para seu filho recebe cinco visualizações enquanto os tutoriais sobre maquiagem e unhas decoradas ultrapassam os três dígitos em segundos.

Estou velha e esta minha rabugice é porque vivi em um mundo no qual não se inventava desculpas para os filhos porque se tinha horário no cabeleireiro e na academia. 

No meu tempo apenas na adolescência a gente sonhava com a calça da Zoomp porque depois amadurecíamos, enfrentávamos a vida adulta e aprendíamos que as etiquetas devem ficar do lado de dentro das roupas. Hoje somos cabides, vitrines, mancebos nos quais se penduram as roupas, bolsas e sapatos.

No meu tempo as mulheres de quarenta, cinqüenta e sessenta anos tinham rugas e coisas para contar, hoje elas disputam com menininhas de dez anos qual o melhor selfie e não conseguem sequer cozinhar sem que exibam os pratos.

Perdeu-se o fluxo natural e sagrado do desabrochar, florescer e amadurecer…

Não temos mais sequer para quem rezar. Até a fé se tornou modismo; uma hora apegada ao “refinamento intelectual” budista, noutrora na vibe pop cristã envolta no arquétipo do padre bonitão.

As mães não sentem sequer o cheiro das lancheiras de seus filhos, pois, preferem acompanhá-los pelo aplicativo “câmera escondida” talvez esperando alguma absolvição por suas ausentes presenças.

Às vezes sinto medo, noutras vezes tristeza, e ainda em outras sinto saudade, mas acima de tudo sinto inveja de quando eu também era liberta dos quase quinze Ks que curtem os meus pitacos sobre tudo isso.


Postado em O Segredo


O governo golpista vai entregar nossa maior riqueza o Pré-Sal. Para evitar isto só a Presidente Dilma !






























































Como se tornar o idiota da selfie




Lara Brenner

Enquanto seguro meu garfo cheio de um suculento macarrão, me belisco e olho para o lado, apenas para checar se aquele momento de divindade gastronômica é real. Imediatamente desejo não ter me virado. A cena bizarra se repete novamente: uma moça bonita aciona a câmera frontal do celular e o estica frente a seus seios fartos, realçados por um vestido a vácuo, enquadrando-os junto a um prato de sobremesa. Ao longo da última hora, aquele deveria ser o quinquagésimo autorretrato (sou do tempo em que “fotinha” era retrato).

De repente, começo a me sentir um extraterrestre naquele restaurante descolado e com boa música ao vivo. Quase ninguém olhava para os músicos — que tocavam um samba de gafieira — a não ser para fotografá-los e postá-los em tudo quanto é canto cibernético. Ninguém comia sem antes registrar a comida, ou matava a sede antes de clicar o drink apoiado na mão e com o bar ao fundo. Era um show de Truman voluntário, uma bolha de registros milimetricamente calculados.

Beicinhos, caretas, piscadelas, cabelos jogados, ângulos corretos… Autorretratos em grupo, em casa, na cama, na piscina, em frente ao espelho, na academia, no funeral (!), após o sexo (sim!, tem isso agora), com o cachorro (milhares com o cachorro, meu Deus), com roupa de festa, com roupa íntima, sem roupa alguma (!), virado do avesso… Essa coisa de “selfie” tomou uma proporção tão maluca que, em 2013, foi eleita pelo dicionário Oxford como a palavra do ano, uma vez que sua popularidade havia crescido — pasme! — 17.000% em 365 dias. E cá estou eu, já alguns anos depois, mais perdida que cego em tiroteio, achando tudo meio artificial e esquisito. É o crescimento exponencial do ego.

Confesso que sempre que vejo uma “selfie” bem linda — e são várias em minha timeline — fico imaginando a luta da pessoa até consegui-la. Podem ser horas procurando a iluminação adequada, treinando a cara no espelho, batendo cabelo pra lá e pra cá, enquanto o braço quase gangrena de tanto segurar o celular para cima. Sei disso por experiência própria. Precisava obter algumas para uma divulgação e foi um martírio inesquecível. Segurar um “carão” é arte para poucos.

O problema não é se registrar para a eternidade, a modernidade está aí e não acompanhar faz nenhum sentido. O problema é retratar a vida sem realmente vivenciá-la, estar presente sem estar. É preocupante que as pessoas precisem se autorretratar infinitamente para sentir que estão ali de fato, muitas vezes crendo intimamente a qualidade daquele momento só será convalidada a depender do número de curtidas. Narcisos sofredores, narcisos drogados, embriagados de si mesmos e embevecidos num perigoso “egotrip”.

O crescimento exponencial do ego costuma carregar uma mortalha pesada: o vazio existencial. Nunca se esteve tão frágil e tão exposto ao mesmo tempo. Está aí a depressão — o mal do século — para comprovar. Talvez estejam sobrando registros externos e faltando os internos, num mundo com menos autorretratos e mais autoanálises. É hora de engolir a câmera e deixar que ela registre o que há de mais importante, mas quem tem realmente coragem para fazer essa viagem?

Posso estar ficando velha, chata e ranzinza. Posso estar saindo do otimismo cibernético para a crítica anacrônica, mas, da próxima vez em que você estiver saboreando um delicioso macarrão, pergunte-se sinceramente qual é a necessidade de se autorretratar ao comê-lo.


Postado em Bula


A luta pela democracia humaniza




Jeferson Miola


O golpe é masculino. O golpe é do Cunha, do Temer, do Aécio, do Serra, do FHC, do Bolsonaro, do Maluf, do Pastor Feliciano, da Globo, da FIESP. O golpe é, enfim, da canalha da Casa Grande contra o povo.

A luta democrática é feminina. A democracia reside no mandato legítimo de uma mulher inocente e íntegra, eleita por 54.501.118 brasileiros e brasileiras, que é vítima de uma farsa, de um julgamento de exceção fraudulento.

O impeachment é pela família, é por deus, pela amante, pela hipocrisia; é pela opressão sexual, moral, patronal e política; é pela corrupção, é da elite pela elite.

A resistência democrática é laica, é horizontal, é plural, libertária, é leal, é popular; a defesa da democracia é inclusiva, é proletária, é plebéia.

Aqueles que desferem o golpe se movem por ódio, rancor e intolerância. São homofóbicos, preconceituosos e racistas.

Aqueles que defendem a democracia agem com afeto, tolerância, respeito, solidariedade e alegria. São negros, jovens, homens, mulheres, crianças, LGBTs que constroem o futuro de esperança.

O golpe é fascista. É o gérmen de um fascismo que os fascistas poderiam, mas não querem conter. O golpe é o paroxismo do delírio e da cólera fascista: um bebê é condenado ao abandono da médica pediatra porque cometeu o crime de nascer do útero de uma mulher petista.

O golpe é a postura terrorista, sádica e anti-civilizacional simbolizada na homenagem do torturador assassino que foi “o pavor da Dilma”. O golpe desumaniza.

O golpe até poderá conseguir roubar o poder no curto prazo; é para isso que labutam as “instituições que estão funcionando normalmente” [sic]. Mas o golpe já perdeu o futuro. No 17 de abril, o dia da “assembléia geral de bandidos”, o golpe perdeu o essencial: perdeu o disfarce da legitimidade.

Depois daquela escatológica “assembléia geral de bandidos comandada pelo bandido Eduardo Cunha”, o golpe jamais vai conseguir adquirir o menor traço de legitimidade. O golpe e os golpistas já estão derrotados: eles perderam a guerra histórica.

A luta democrática venceu. Os democratas são, desde já, os grandes vitoriosos morais. A democracia é melhor. Do lado da democracia estão as pessoas que se entregam de corpo e alma à defesa da liberdade, das Leis e da Constituição, porque sabem que a vida só vale a pena ser vivida se for com liberdade e com respeito às regras comuns, às regras de todos; não de minorias circunstanciais que flanam sobre as Leis e a Constituição.

A avalanche democrática e popular está impondo aos fascistas uma derrota moral, e esta é a narrativa que vai perdurar pelas próximas décadas e séculos.

A vitória desta guerra pertence ao povo, aos progressistas, à esquerda; pertence a aqueles que defendem a democracia. A luta pela democracia no Brasil é um divisor de classes, assumiu um caráter de classe; a democracia é um valor proletário. Contra a democracia está a classe dominante, a burguesia, estão os golpistas fascistas.

A luta pela democracia humaniza e enriquece. Seguramente a esquerda sairá desta guerra menos misógina, menos sexista e menos machista. A direita, em compensação, será ainda mais podre e torpe.




Jeferson Miola  Jeferson Miola - Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador - executivo do 5º Fórum Social Mundial


Postado no Brasil 247 em 26/04/2016



Marilena Chauí diz que Sergio Moro foi treinado pelo FBI e serve aos EUA



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247 - A filosofa Marilena Chauí, 74, afirmou em vídeo publicado pelo Nocaute TV que o juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações em primeira instância da Operação Lava Jato, foi treinado pelo FBI —o equivalente à Polícia Federal nos EUA— para conduzir o caso.

"Ele recebeu um treinamento que é característico do que o FBI fez no Macarthismo [política de perseguição anticomunista adotada pelos EUA nos anos 1950] e fez depois do 11 de setembro que é a intimidação e a delação", afirma a professora da USP.

Segundo ela, os Estados Unidos teriam o objetivo de desestabilizar o Brasil para retirar do país sobre o pré-sal. 

"A Operação Lava Jato é, vamos dizer, o prelúdio da grande sinfonia de destruição da soberania brasileira para o século 21 e 22."

Chauí disse ainda que a gestão interina de Michel Temer está "destruindo a economia brasileira".

Assista ao vídeo:





Postado em Brasil 247 em 05/07/2016



Humildade não é se diminuir, é não se vangloriar




Cristina Trilce


Há uma fábula famosa que diz que havia uma vez uma rã muito cheia de si que desprezou com muito desdém um sapo por considerá-lo pouco para ela. Mais tarde, porém, essa mesma rã precisou da ajuda do sapo. A rã então, com muita humildade, se viu obrigada a pedir perdão ao sapo e assumir que ela não era mais do que qualquer outro anfíbio.

O que aconteceu com a famosa rã dessa fábula é o que ocorre com muitas pessoas ou o que pode acontecer com qualquer um de nós em algum momento de nossas vidas.

Algumas pessoas estão tão acostumadas a não serem humildes em suas vidas que nem se preocupam em esconder esta característica, mas uma hora isso pode mudar.

“Onde há orgulho, haverá ignorância; mas onde há humildade, haverá sabedoria” -Salomón-

O que significa ser humilde?

Como sempre ocorre quando tentamos definir algo da forma mais simples possível, vamos de novo recorrer ao dicionário. Nesse caso, o dicionário da língua portuguesa diz que a humildade é ter a virtude de ser consciente das fraquezas e limitações de si mesmo.

Segundo essa definição, ser humilde se opõe ao orgulho vaidoso e tem a ver com o amor próprio e a dignidade individual. No momento em que a rã da fábula decide desprezar o sapo porque o considera feio, empregando ainda uma atitude arrogante de superioridade, está sendo orgulhosa e vaidosa.

Nesse sentido, o comportamento prepotente e a superioridade moral não definem as pessoas como humildes: trata-se de entender quem somos sem a necessidade de lembrarmos aos outros isso o tempo todo, se vangloriando e se exaltando.

Quando estamos praticando a humildade?

A humildade é ao mesmo tempo uma qualidade e um comportamento que nos situa perante os outros, desse modo podemos dizer que a humildade pode ser praticada em qualquer ação que realizarmos. O fazemos, por exemplo, nessas situações:

Descobrindo a nós mesmos e aos outros: compreendendo que todos temos nossas experiências e circunstâncias e aceitando o fato que não podemos julgar o caminho dos outros sem termos andado em seus sapatos.

Admitindo nossos erros e aprendendo a pedir perdão quando devemos: essa talvez seja uma das atitudes mais difíceis de adotar porque nos põe de frente com nós mesmos. Por isso mesmo, saber perdoar e aprender com os erros nos faz humildes.

Compreendendo as limitações e as liberdades que temos: somos livres para decidir, para tomar caminhos para um futuro ou para outro, mas dentro de limitações. Saber quais são os defeitos que nos freiam nos ajudará a superá-los humildemente.

Reconhecendo que vivemos em uma sociedade e que, como tal, há diversas pessoas de diversas formações, mais velho ou mais novo, mais constantes ou mais inteligentes, etc… Com o respeito de um pelos outros, tendo em conta as particularidades, é possível seguir sendo humilde.

Elogiando as virtudes dos outros de uma forma sincera: diz muito do que somos ter a capacidade de reconhecer sinceramente as virtudes dos que nos rodeiam tanto quanto fazemos com nós mesmos. Não é uma forma hipócrita de nos aproximarmos dos outros, e sim de saber que todos temos nosso valor, seja ele já descoberto ou por descobrir.

“Aquele que com perspicácia reconhece a limitação de suas habilidades está muito perto de chegar à perfeição”  -J. W. von Goethe-

A mariposa recordará sempre que foi uma larva

Tendo em conta tudo o que foi dito, a humildade tem tanto valor que aquele que consegue alcançá-la lembrará sempre como mantê-la. Porque terá sido capaz de encontrar harmonia e paz interior. Além disso, terá sido capaz também de se afastar da vaidade e do apego material em relação às coisas.

A mariposa sempre lembrará que foi uma larva porque sabe que pode cair em algum momento de seu voo e, então, entenderá que não é a mesma coisa ser humilde e ter uma baixa autoestima: a humildade que transborda é muito bonita sempre que sabemos quais são os limites que temos, porque do contrário podemos causar danos a nós mesmos.

A humildade consegue que nos aperfeiçoemos, que nos tornemos mais amáveis e fraternais com nós mesmos e com os outros, que encontremos pessoas mais autênticas que gostem de nós de verdade, que valorizemos o esforço para conseguir o que nos faz feliz, que fujamos das armadilhas do ego …

“Um homem deve ser suficientemente grande para admitir seus erros, suficientemente inteligente para tirar proveito deles e suficientemente forte para corrigi-los”.  -Khalil Gibran-



Quando casar sara?





Marcela Alice Bianco

“Quando Casar Sara! Quantos de nós, quando crianças, ouvimos essa frase de nossas mães, tias e avós após nos machucarmos? 

No meu caso, além dessa afirmação, povoavam meu imaginário e ambiente familiar, tantas outras mensagens que remetiam ao casamento e ao papel que ele representaria na minha existência futura. 

Lembro-me, por exemplo, de uma brincadeira que fazia com as amigas em que definíamos através de uma conta com as letras de uma palavra com quantos anos iríamos casar e quantos filhos teríamos. Também me recordo de um baú de bordados da minha avó no qual ela guardava os futuros enxovais de suas netas. Muitas vezes, ela abria o baú para me mostrar o material com entusiamo e dizia: – “Se Deus quiser você casará com um homem bom!”

Além disso, todos os contos de fadas que eu lia falavam de princesas que adormecidas, abandonadas ou enclausaradas em torres eram libertadas por lindos príncipes corajosos que as levavam para castelos onde viveriam felizes para sempre. E tudo isso gerava fantasias de que um dia eu precisaria ser libertada de alguma coisa para ser feliz.

Os anos se passaram e eu não casei com a idade prevista na brincadeira, mas bem depois! 

Também não herdei da minha avó os bordados já então amarelados pelo tempo para enfeitar a minha casa nova, assim como não levei a diante seu modelo de relacionamento conjugal. 

Faço parte de uma geração, que, ao crescer e perceber a possibilidade de independência financeira e emocional, pôde fazer outras escolhas que não a de esperar pelo resgate do príncipe encantado.

Tal liberdade também trouxe novos desafios, pois já que não seria mais necessário ter um príncipe e nem assumir o papel de uma princesa, passou a ser preciso aprender um novo jeito de relacionar.

Mas, parece que, de alguma forma e por vezes, inconscientemente, ainda carregamos conosco uma imagem do relacionamento baseado no amor romântico, e por consequência, do casamento como algo que irá nos salvar ou nos fazer sarar de algo que está ferido. E, portanto, passamos a investir na imagem de um parceiro amoroso a projeção da completude para um vazio existencial.

Muitos têm fracassado na tarefa, seja porque não conseguem encontrar a pessoa “ideal” ou porque não conseguem trilhar um caminho saudável no casamento que leve a realização. 

Entre os que se casam, os relatos de desentendimentos, conflitos, frustrações, cobranças e desajustes são inúmeros.

Em muito casos, a separação é a saída encontrada por um ou por ambos os lados da dupla. 

A questão é que as pessoas já não estão mais dispostas a manter um casamento infeliz e que não as satisfaçam. E, uma boa parte das que permanecem em relações desgastadas e sem mudanças estão presas em questões materialistas, em seus próprios ideais ou em algum ciclo vicioso doentio.

Independente da opção escolhida: casar-se ou não casar; separar-se ou tentar reconstruir uma relação desgastada, a questão que fica é que precisamos repensar o que esperamos de um casamento e qual sua função em nossas vidas.

Para além da consolidação dos modelos de sociedade e de família vigentes na nossa cultura atual, é fundamental que encontremos razões individuais para desejarmos ou não o enlace com outrem, já que compartilharemos com ele nossa existência e caminho de desenvolvimento.

Voltando a ideia do casamento como algo que nos curará das nossas feridas, imaginamos que ele nos levará a um estado de bem-estar contínuo e satisfatório para o nosso modo de vida.

Bem-estar significa ausência de desprazer, de tensão, de desgastes. Liga-se a ideia de plenitude, prazer e conforto. E também à necessidade de pertencimento e de se sentir protegido e seguro. Seria o tal do “felizes para sempre”.

Porém, a vida não se faz num contínuo de bem-estar e satisfação. Para amadurecermos, seja individualmente ou como casal, precisamos enfrentar os opostos, ou seja, as diferenças de criação, de jeitos de ser, de expectativas e por aí vai. Processos que geram conflitos, inseguranças, dúvidas e ansiedade. Mas, que também trazem a possibilidade do surgimento de uma nova personalidade mais madura, integrada e consciente.

Neste sentido, o casamento pode ser sim uma forma de salvamento, mas não àquela salvação que nos levará a uma espécie de paraíso onde tudo é perfeito e maravilhoso. O que ele pode oferecer é uma via para o processo de individuação. Ou seja, um caminho para que cada um dos pares possa seguir em seu desenvolvimento, tornando-se o mais próximo possível do próprio potencial de realização.

A intimidade e a entrega impõem desafios. O ajuste das expectativas projetadas no outro e a capacidade de compreendermos o que ele é realmente capaz de nos oferecer exige que o enxerguemos como alguém diferente de nós e não como uma extensão dos nossos desejos. O controle das reações agressivas diante das frustrações e do ciúme demandam força, habilidade e amadurecimento pessoal. Desde a negociação de qual será o sabonete para o banho até como se dará a educação dos filhos, todas as tarefas que envolverão o casal durante sua jornada os ajudarão a amadurecer sua forma de ser relacionar com o parceiro e consigo mesmo.

Então se formos responder à pergunta: Quando casar sara? A única resposta que podemos encontrar é: Depende !

Depende das feridas que você carregou ao logo do caminho até chegar no altar e do que será preciso para curá-las.

Depende do parceiro escolhido para a jornada de individuação que a vida te propõe. 

Depende se o casal não deixará a relação estagnar e cair na rotina e no automatismo. Ou se ficarão apenas no desejo sensual ou presos aos deveres.

A questão é que todo mundo leva para dentro do novo lar toda sua bagagem de vida e nela podem ser encontrados todos os tipos de feridas psíquicas imagináveis. 

E, nesse caminho podemos passar a vida repetindo os mesmos comportamentos que nos levam a nos machucar irremediavelmente ou podemos, através do aprendizado e da mudança alcançar um novo nível de consciência que nos ajude a se relacionar com o outro de maneira criativa e amorosa. Neste último caso, o casamento pode ser sim uma via saudável para o crescimento e para a busca da felicidade onde, duas pessoas inteiras, compartilham uma jornada de desafios e conquistas que as levará a um profundo conhecimento de si próprias e do outro.



Marcela Alice Bianco – CRP: 06/77338 Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Junguiana formada pela UFSCar. Especialista em Psicoterapia de Abordagem Junguiana associada à Técnicas de Trabalho Corporal pelo Sedes Sapientiae. E-mail: marcelabianco@yahoo.com.br