Vítima ou agente de seu destino !




A vitimização é sem dúvida o maior empecilho ao progresso da humanidade

Andréa Zuppini 

Se você não está satisfeito com algo, pense o que poderia ter feito diferente. 

A grande maioria das pessoas atribui à sorte, ao azar, ao acaso ou a um poder superior a causa e o comando de tudo que acontece na vida. 

Elas preferem optar por uma atitude conformista ou comodista, alimentando postura interna de vítimas, o que as faz sentirem-se como “coitadas”.

Você também pensa dessa maneira? Acredita que sorte, azar, acidentes, catástrofes, dramas, alegrias, enfim, as coisas que acontecem em sua vida são independentes de sua vontade? 

Considera que o acaso provoca as situações ruins? Imagina que existe algo movimentando sua vida e que você mesmo não tem participação alguma? 

Pensa que seus problemas são causados pela inveja dos outros ou pelo destino e não por sua condição interna?

Pensar dessa maneira causa-lhe complicações e sofrimentos que reprimem a expressão de vida. 

Aquele que se julga vítima acredita que está no mundo para sofrer. Assim, não se permitirá usar seu poder de transformar os acontecimentos desagradáveis e edificar uma vida melhor. 

Entretanto, quem segue sua intuição e busca outra visão dos acontecimentos, rompendo com a concepção do acaso e da injustiça, acaba encontrando as respostas às situações desagradáveis.

Você é a causa de tudo! É o centro de sua vida e senhor de seu próprio destino. 

Se você não está contente com a sua vida – repleta de impedimentos, relacionamentos difíceis, escassez de recursos econômicos, doenças, etc. – é sinal de que você não está fazendo uso adequado de seus poderes naturais, os quais comandam seu destino.

Empenhar-se na reformulação interior é um importante passo para o sucesso e a realização pessoal. Essa conduta opera significativas mudanças em sua forma de pensar e agir. 

Renovado interiormente, você se tornará mais perspicaz para compreender o motivo de sua vida, seguir um caminho e não outro, e o significado de tantas adversidades.

A vitimização

Trata-se do comportamento de uma pessoa que coloca-se como vítima ou alvo de perseguição, como forma de minimizar [situações] difíceis e complexas para as quais não encontra argumentos plausíveis.

A vitimização é um tipo de manipulação emocional que entra em cena, principalmente, quando não mais existem justificativas e o debate precisa ser suspenso seja por incompetência, seja por falta de lógica nos posicionamentos que o criticado em tese deveria defender.

Via de regra, a “vítima” é desprovida de modéstia para reconhecer o próprio erro. 

Em suma, a vitimização é uma desonestidade intelectual, pois aquele que defende suas ideias é o próprio vilão, sem contar que consegue atrair para a sua plateia pessoas com perfis semelhantes, “vítimas” de um sofrimento virtual que só encontra abrigo em sua teimosa imaginação.

Assuma a responsabilidade da sua vida

Com essa vertente você passa a ter a capacidade de transformar as situações desagradáveis que estão à sua volta, alterando para melhor o curso da própria vida. Você está disposto a encarar a vida por uma nova ótica.

Isso exige não se vitimizar e se dar uma chance de estudar os acontecimentos por outro ângulo. Essa tarefa que requer tempo, observação e dedicação, produz resultados promissores.

É melhor ser positivo

Ser responsável é reconhecer e respeitar os próprios sentimentos, usar de bom senso e assumir o direito de escolha, podendo dar ou tirar a importância do que acontece ao redor. 

Você pode optar entre o positivo e o negativo de uma situação. Encarar os fatos com otimismo é considerar as perspectivas favoráveis, e com pessimismo é aceitar a derrota por antecedência. Só depende de você!


Andréa Zuppini é fisioterapeuta especialista em Microfisioterapia com formação internacional pela CFM – Centre de Formation en Microkinésithérapie e diplomada pela Escola de Terapia Manual e Postural do Paraná.


Postado no site Ucho.Info em 25/07/2014


Promessas de grande transformação



Leonardo Boff

Para pormos em curso outro tipo de Grande Transformação que nos devolva a sociedade com mercado e elimine a deletéria sociedade unicamente de mercado, precisamos fazer algumas travessias impostergáveis. A maioria delas está em curso mas elas precisam ser reforçadas. 

Importa passar:

- do paradigma Império, vigente há seculos para o paradigma Comunidade da Terra;

- de uma sociedade industrialista que depreda os bens naturais e tensiona as relações sociais para uma uma sociedade de sustentação de toda a vida;

- da Terra tida como meio de produção e balcão de recursos sujeitos à venda e à exploração para a Terra como um Ente vivo, chamado Gaia, Pacha Mama ou Mãe Terra;

- da era tecnozoica que devastou grande parte da biosfera para a era ecozoica pela qual todos os saberes e atividades se ecologizam e juntas cooperam na salvaguarda da vida;

- da lógica da competição que se rege pelo ganha-perde e que opõem as pessoas para a lógica da cooperação do ganha-ganha que congrega e fortalece a solidariedade entre todos;

- do capital material sempre limitado e exaurível, para o capital espiritual e humano ilimitado feito de amor, solidariedade, respeito, compaixão e de uma confraternização com todos os seres da comunidade de vida;

- de uma sociedade antropocêntrica, separada da natureza, para uma sociedade biocentrada que se sente parte da natureza e busca ajustar seu comportamento à logica do processo cosmogênico que se caracteriza pela sinergia, pela interdependência de todos com todos e pela cooperação.

Se é perigosa a Grande Transformação da sociedade de mercado, mais promissora ainda é a Grande Transformação da consciência.

Triunfa aquele conjunto de visões, valores e princípios que mais congregam pessoas e melhor projetam um horizonte de esperança para todos. 

Essa seguramente é a Grande Transformação das mentes e dos corações a que se refere à Carta da Terra. Esperamos que se consolide, ganhe mais e mais espaços de consciência com práticas alternativas até assumir a hegemonia da nossa história.

Há um documento acima citado a Carta da Terra por seu alto valor de inspiração e gerador de esperança. Ela é fruto de uma vasta consulta dos mais distintos setores das sociedades mundiais, desde os povos originários, das tradições religiosas e espirituais até de notáveis centros de pesquisa. 

Foi animada especialmente por Michail Gorbachev, Steven Rockfeller, o ex-primeiro ministro da Holanda Lubbers, Maurice Strong, sub-secretário da ONU e Mirian Vilela, brasileira que, desde o início coordena os trabalhos e dirige o Centro na Costa Rica. Eu mesmo faço parte do grupo e tenho colaborado na redação do documento final e de sua difusão por onde passo.

Depois de 8 anos de intensos trabalhos e de encontros frequentes nos vários continentes, surgiu um documento pequeno mas denso que incorpora o melhor da nova visão nascida das ciências da Terra e da vida, especialmente da cosmologia contemporânea. 

Se traçam princípios e se elaboram valores no arco de uma visão holística da ecologia, que podem efetivamente apontar um caminho promissor para a humanidade presente e futura. 

Aprovado em 2001 foi assumido oficialmente em 2003 pela UNESCO como um dos materiais educativos mais inspiradores do novo milênio.

A Hidrelétrica Itaipu-Binacional, a maior do gênero no mundo, tomou a sério as propostas da Carta da Terra e seus dois diretores Jorge Samek e Nelton Friedrich conseguiram envolver 29 municípios que bordeiam o grande lago onde vive cerca de um milhão de pessoas.

Deram início de fato a uma Grande Transformação. Lá se realiza, efetivamente, a sustentabilidade e se aplica o cuidado e a responsabilidade coletiva em todos os municípios e em todos os âmbitos, mostrando que, mesmo dentro da velha ordem, se pode gestar o novo porque as pessoas mesmas vivem já agora o que querem para os outros.

Se concretizarmos o sonho da Terra, esta não será mais condenada a ser para a maioria da humanidade um vale de lágrimas e uma via-sacra de padecimentos.

Ela pode ser transformada numa montanha de bem-aventuranças, possíveis à nossa sofrida existência e uma pequena antecipação da transfiguração do Tabor.

Para que isso ocorra, não basta sonhar, mas importa praticar.


Postado no blog Contraponto em 12/08/2014


Nota

O Tabor é um monte majestoso, alcançando 660 metros de altitude.

 Maravilhoso panorama se descortina do alto, vendo-se o relevo ondulado da Galiléia, o lago de Genezaré, o cimo nevado do monte Hermon, o monte Carmelo e o Mar Mediterrâneo. 

Mas o Tabor é famoso por algo mais transcendente: em seu cume ocorreu  a Transfiguração de Jesus (Jesus ouve a voz de Deus e torna-se envolto em uma luz branca e brilhante).


Monte Tabor







As próximas cenas não são belas, pois refletem, exatamente, o lado feio do ser humano. 

Quero muito crer que ainda há tempo de revertermos tudo isto.

E criarmos o mundo que sonhamos.

 Basta mudarmos as nossas prioridades perante a vida !  


Vamos ajudar Raíssa !



Raíssa Victória tem apenas 4 anos e ainda não sabe o poder que têm um abraço. Ela não pode abraçar, muito menos ser abraçada. 

A pequena, moradora da cidade de São Luiz Gonzaga, aqui no Rio Grande do Sul, é portadora de uma doença rara chamada de Epidermólise Bolhosa.

A doença causa o surgimento de bolhas na pele da menina, quando ela é tocada por outra pessoas. As bolhas evoluem para feridas que inflamam e alteram a pele, causando deformações. A doença causa terríveis dores e, na maior parte do tempo, não deixa a menina sorrir.


Segundo os médicos, pela gravidade da doença, Raíssa não passaria dos dois meses de vida. Mas, de forma inexplicável, ela chegou aos 4 anos e, agora, vê a ciência descobrir uma cura para seu problema. O tratamento é nos Estados Unidos. Os custos são altíssimos.

Para ajudar a pequena lutadora, nasceu o projeto "PARA PODER ABRAÇAR, porque ela ainda não pode"


Através dele, se criou uma rede de voluntários que têm colaborado de diversas formas para ajudar no custeio do tratamento da pequena Raíssa. 

Abrace essa causa, seja um voluntário comprando os livros e camisetas da campanha, emprestando seus talentos, sensibilizando pessoas e, se possível, colaborando financeiramente.


Saiba mais sobre o caso da Raíssa, entenda sobra a doença e informe-se como ajudar através do site www.parapoderabracar.com ou no Facebook oficial da campanha.





Meu filme preferido com Robin Williams : Bom Dia Vietnã


O comediante Robin Williams (Foto: AFP)
1951 - 2014










É tanta mentira que cansa !




Carlos Motta

Não faz muito tempo essa turma que diz que o PT arruinou o Brasil lançou, com estardalhaço, um movimento chamado "Cansei".

De tão idiota, não prosperou. Mas o nome ficou. "Cansei" tem muitos significados. Eu, por exemplo, também cansei.

Cansei de ouvir bobagens do tipo "não aguento tanta corrupção", ou "a inflação está muito alta", ou "a economia vai mal".

Cansei de ver nas redes sociais manifestações explícitas de racismo, preconceito e ódio de classe.

Cansei dessa direita burra, ignorante e selvagem.

Cansei de ler as mentiras mais deslavadas sobre o governo trabalhista ditas como se fossem as verdades mais pétreas.

Cansei de ouvir fofocas, boatos e calúnias sobre Lula e sua família, sobre a presidenta Dilma, sobre José Dirceu e Genoino, sobre o PT e as esquerdas em geral, com a assertiva de incontestáveis provas de que se não fosse por esses personagens o mundo em geral e o Brasil em particular estariam muito melhores.

Cansei da canalhice da imprensa que distorce os fatos, oculta evidências, não ouve o contraditório, nega o direito de resposta, age como se estivesse acima das leis, unicamente em benefício da oligarquia que representa e sustenta panfletariamente.

Cansei de escutar o choro de empresários que nunca lucraram tanto quanto neste anos de governo trabalhista - são hipócritas, para dizer o mínimo.

Cansei dessas lideranças oposicionistas incapazes de apresentar uma ideia original que se contraponha às realizações dos trabalhistas.

Cansei dos tucanos paulistas - dissimulados, mentirosos e cronicamente incompetentes.

Cansei de tanta coisa...

Mas há uma que realmente expressa todo esse imenso cansaço que sinto.

É saber que todas as justificativas que a turma do contra acha para ilustrar o quanto o país está mal são apenas para esconder aquilo que a envergonha inteiramente: esse pessoal simplesmente não quer admitir que todo o seu esforço é contra uma sociedade mais justa e menos desigual. 

O Brasil, para eles, ficou muito pior porque melhorou, porque seus empregados hoje viajam no mesmo avião deles, comem no mesmo restaurante deles, compram os mesmos produtos que antes eram exclusivos deles - e seus filhos cursam uma faculdade, vão se tornar "doutores".

Isso é intolerável.

Mas isso não pode ser dito.

E por isso o que eles pensam se esconde atrás de uma série interminável de mentiras.

E quanto cansaço elas provocam!


Postado no blog Crônicas do Motta em 11/08/2014




Dia dos Pais terá a maior Super Lua do ano !




Assistir à Lua cheia nascer é sempre um espetáculo fabuloso, mas nesse domingo o evento será diferente. A Lua nascerá gigantesca e alaranjada e também parecerá muito brilhante que a de costume. Domingo é Dia dos Pais e para brindar teremos a maior Lua cheia do ano! Batizada popularmente como Super Lua Cheia, o fenômeno acontece devido a uma coincidência que acontece sempre que a Lua entra na fase cheia no mesmo dia em que atinge o perigeu, a menor distância da Terra. Cientificamente o fenômeno é chamado de Lua do Perigeu.

Como acontece a Super Lua



A Lua dá uma volta aparente na Terra a cada 29,5 dias e se tudo fosse perfeito, a super lua nunca existiria. É que a orbita da Lua ao redor do nosso planeta não é um círculo perfeito, mas uma elipse, uma círculo achatado.

Essa irregularidade do shape tem dois pontos principais, chamados perigeu e apogeu lunar. Durante o apogeu, o ponto mais distante da orbita, a distância média da Terra à Lua é de 405,696 km, enquanto no perigeu, o ponto mais próximo, essa distância cai para 363,104 km.

Além disso, as anomalias gravitacionais envolvidas fazem com essas distâncias médias variem um pouco, produzindo perigeus e apogeus diferentes ao longo do ano, alguns deles bastante perceptíveis visualmente.

É exatamente isso o que vai acontecer neste domingo, quando teremos o menor perigeu lunar do ano. Exatamente às 14h44 BRT (Hora de Brasília) a distância Lua-Terra será de apenas 356,896 km.




No entanto, essa aproximação por si só não produz uma Super Lua. Para isso é preciso que ela também esteja começando a fase cheia, que por uma coincidência terá início minutos depois do perigeu, às 15h09 BRT. 

Juntos, farão a Lua parecer 35% mais brilhante e aparentar um diâmetro 14% maior que o de costume. Em outras palavras, teremos uma Super Lua Cheia!

Além do aumento do brilho e do diâmetro aparente do disco lunar, as super luas também causam efeitos físicos aqui na Terra, uma vez que a maior aproximação produz marés mais fortes que as habituais, mas nada que fuja dos padrões já conhecidos. 

Vendo a Super Lua

Apesar de o ápice da Super Lua ocorrer na tarde de domingo, ela não poderá ser vista neste momento já que ainda não estará no céu. 

Em boa parte do Brasil o astro nasce próximo às 17h30, praticamente ao mesmo tempo em que o Sol está se pondo no lado oeste. 

Isso faz com que o nascer da Super Lua ganhe uma coloração especialmente alaranjada, obtida devido à refração dos raios de Sol na atmosfera. 

É isso aí. Nada como uma Super Lua para comemorar um Super Dia dos Pais. Bons céus! 

Nota: O Apolo11 deverá transmitir o evento ao vivo, direto de São Paulo, a partir das 18h30, se o tempo colaborar.




Postado no Blog do Saraiva em 09/08/2014



E por falar em Lua ... músicas lindas !











Para o resto de nossas vidas




Existem coisas pequenas e grandes, coisas que levaremos para o resto de nossas vidas.

Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas, depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou.

Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência em algum instante.

Provavelmente iremos pela a vida a fora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante.

Cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas, cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem.

Marcas, isso... Serão marcas, umas mais profundas, outras superficiais porém com algum significado também.

Guardaremos dentro de nós e que se contarmos para terceiros talvez não tenha a menor importância, pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los.

Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo.

Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu, um cartão de natal, uma palavra amiga num momento preciso.

Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado, uma decepção, a perda de alguém querido, um certo encontro casual, um desencontro proposital.

Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta, um que deixou de existir por puro fracasso.

Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo.

Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós.

Umas porque dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objeto do nosso amor, ainda outras por terem nos magoado profundamente.

Quem sabe haverão algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa.

Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos, a quantidade de marcas que conseguimos carregar conosco e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si.

Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades.

Pensem sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos.


Silvana Duboc


Postado no site Mensagem Espírita


Se seu filho está, realmente, com transtornos, há soluções mais saudáveis !

















A droga legal que ameaça o futuro




Roberto Amado  no  DCM

É uma situação comum. A criança dá trabalho, questiona muito, viaja nas suas fantasias, se desliga da realidade. Os pais se incomodam e levam ao médico, um psiquiatra talvez. Ele não hesita: o diagnóstico é déficit de atenção (ou Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH) e indica ritalina para a criança.

O medicamento é uma bomba. Da família das anfetaminas, a ritalina, ou metilfenidato, tem o mesmo mecanismo de qualquer estimulante, inclusive a cocaína, aumentando a concentração de dopamina nas sinapses.

A criança “sossega”: pára de viajar, de questionar e tem o comportamento zombie like, como a própria medicina define. Ou seja, vira zumbi — um robozinho sem emoções.

É um alívio para os pais, claro, e também para os médicos. Por esse motivo a droga tem sido indicada indiscriminadamente nos consultórios da vida. A ponto de o Brasil ser o segundo país que mais consome ritalina no mundo, só perdendo para os EUA.

A situação é tão grave que inspirou a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, a fazer uma declaração bombástica: “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro”, disse ela em entrevista ao Portal Unicamp. 

“Quem está sendo medicado são as crianças questionadoras, que não se submetem facilmente às regras, e aquelas que sonham, têm fantasias, utopias e que ‘viajam. Com isso, o que está se abortando? São os questionamentos e as utopias. Só vivemos hoje num mundo diferente de mil anos atrás porque muita gente questionou, sonhou e lutou por um mundo diferente e pelas utopias. Estamos dificultando, senão impedindo, a construção de futuros diferentes e mundos diferentes. E isso é terrível”, diz ela.

O fato, no entanto, é que o uso da ritalina reflete muito mais um problema cultural e social do que médico. 

A vida contemporânea, que envolve pais e mães num turbilhão de exigências profissionais, sociais e financeiras, não deixa espaço para a livre manifestação das crianças. Elas viram um problema até que cresçam. É preciso colocá-las na escola logo no primeiro ano de vida, preencher seus horários com “atividades”, diminuir ao máximo o tempo ocioso, e compensar de alguma forma a lacuna provocada pela ausência de espaços sociais e públicos. Já não há mais a rua para a criança conviver e exercer sua criancice.

E se nada disso funcionar, a solução é enfiar ritalina goela abaixo. “Isso não quer dizer que a família seja culpada. É preciso orientá-la a lidar com essa criança.

Fala-se muito que, se a criança não for tratada, vai se tornar uma dependente química ou delinquente. Nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona. 

E o que está acontecendo é que o diagnóstico de TDAH está sendo feito em uma porcentagem muito grande de crianças, de forma indiscriminada”, diz a médica.

Mas os problemas não param por aí. A ritalina foi retirada do mercado recentemente, num movimento de especulação comum, normalmente atribuído ao interesse por aumentar o preço da medicação. E como é uma droga química que provoca dependência, as consequências foram dramáticas.

“As famílias ficaram muito preocupadas e entraram em pânico, com medo de que os filhos ficassem sem esse fornecimento”, diz a médica. “Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência. 

Também pode apresentar surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio. São dados registrados no Food and Drug Administration (FDA)”.

Enquanto isso, a ritalina também entra no mercado dos jovens e das baladas. 

A medicação inibe o apetite e, portanto, promove emagrecimento. Além disso, oferece o efeito “estou podendo” — ou seja, dá a sensação de raciocínio rápido, capacidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo, muito animação e estímulo sexual — ou, pelo menos, a impressão disso. 

“Não há ressaca ou qualquer efeito no dia seguinte e nem é preciso beber para ficar loucaça”, diz uma usuária da droga nas suas incursões noturnas às baladas de São Paulo. “Eu tomo logo umas duas e saio causando, beijando todo mundo, dançando o tempo todo, curtindo mesmo”, diz ela.


Postado no site Outras Palavras em 23/11/2013