Maquiagem outono / inverno 2014














A maquiagem para outono/inverno 2014 está super democrática. 

Tem para todos os estilos!

A pele pode ser natural e iluminada ou bem mais produzida. Sobrancelhas marcadas e gloss. O look natural pode ser feito com BB cream ou uma base de textura mais fina. 

No look mais pesado você pode ousar nos tons escuros e uma base de cobertura média/alta.

Os batons tanto podem ser com tons mais naturais, quanto os tons mais fortes ou metalizados.























Precisamos de nossos militares como heróis, não como vilões




Fernando Brito

A República foi proclamada por um militar, Deodoro da Fonseca.

O tenentismo, embora cheio de contradições, que o fez espalhar-se à direita e à esquerda, foi uma das maiores forças de modernização da vida brasileira.

Um general – depois Marechal – deu a este país as maiores lições de pacifismo e humanidade: Cândido Mariano Rondon, abolicionista, republicano e ele próprio mestiço.

Um general, Henrique Teixeira Lott, foi por duas vezes – na posse de Juscelino Kubitschek e na tentativa de golpe de 1961 – elemento central na defesa da ordem democrática.

A carreira militar, por muitas e muitas décadas foi a mais democrática de todas e, frequentes vezes, a única forma de ascensão de pessoas mestiças, negras e de origem modesta na vida social.

Os militares sempre foram amados e respeitados pelo povo brasileiro.

Aliás, algumas vezes literalmente: muitas das colegas e amigas de minha mãe, no trem das professoras, se apaixonaram por militares com quem dividiam os vagões.

Os anos do regime militar foram mudando isso.

Passamos a temê-los.

Hoje, 50 anos depois do início daquela noite, os militares brasileiros deram seu maior passo para se desvencilharem daquela sombra.

Eu não temo “patrulhas” ao dizer que o Brasil precisa – e muito – de suas Forças Armadas.

Não porque tenhamos ou possamos ter ilusões de que elas pudessem ser capazes de enfrentar uma guerra, nos níveis absurdamente covardes e desiguais que têm hoje as guerras.

Mas porque elas podem representar um elemento de dissuasão eficaz contra apetites sobre nosso território e nossas riquezas.

Porque elas podem e devem ser um elemento impulsionador do nosso avanço tecnológico.

Porque elas podem e devem ser uma força de reserva do país para enfrentar calamidades de todo tipo.

Porque elas podem representar e representam, muitas vezes, o socorro material, médico, humano e milhares de nossos irmãos que estão onde só elas se aventuram a ir.

Mas elas não podem ser, plenamente, tudo isso, se carregarem consigo o tabu daqueles 25 anos.

Um monstro como este Paulo Malhães, que relata, sem um pingo de dor, ter torturado, mutilado, assassinado e profanado cadáveres não representa os militares brasileiros. E muito menos os representa hoje.

O Ministro Celso Amorim e os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica merecem o aplauso de todos, neste momento, por terem tomado a iniciativa das sindicâncias sobre o uso de instalações militares como câmaras de torturas.

Como elas serão feitas e até que ponto irão é outra questão, que a dinâmica dos fatos, a seu tempo, irá revelar.

As instituições, como as pessoas, só avançam para o futuro quando assumem seu passado, não quando os encobrem, enrustem, negam e falseiam.

Ninguém pense que os que buscamos a verdade e a revelação dos crimes nos animamos com vinganças pessoais, ainda mais contra gente que hoje anda pelos 80 anos.

Mas queremos que nossas instituições judiciais e militares digam; não, isso não pode ser tolerado nem mesmo no passado e não será.

Para que saibamos que não será tolerado no futuro.

Para que possamos, afinal, dizer: nunca mais.

Postado no blog Tijolaço em 02/04/2014

























Viva Jango, o nosso presidente! 1964 foi golpe dos Estados Unidos contra o Brasil


“Estampar a foto de Jango, no dia em que o golpe nefasto completa 50 anos, é um gesto não só de defesa da Democracia, mas de defesa da independência e da soberania nacional.”

Rodrigo Vianna


Quando comecei a frequentar assembleias estudantis, ali pelos anos 80, ainda era comum escutar que havia policiais infiltrados anotando tudo, fazendo a “ficha” de quem se manifestava. A turma mais “pós-moderna” achava que era tudo “paranóia”. Do mesmo jeito, muita gente dizia que atribuir aos EUA participação decisiva no golpe de 64 era pura “invenção”, ou “paranóia” esquerdista. E não era.

Já se sabe, há alguns anos, que os Estados Unidos - com John Kennedy e depois Lyndon Johnson – conspiraram contra o Brasil em 1964. A Operação “Brother Sam” garantia o envio de aviões, de navios de guerra e até a entrada de tropas dos Estados Unidos para dar apoio aos golpistas - se assim fosse necessário.

Reportagem de Luiz Carlos Azenha, no Jornal da Record, trouxe mais detalhes sobre o apoio dos Estados Unidos ao golpe (clique aqui para ver). Assim como apresentou novas evidências de que o comandante do II Exército (São Paulo), Amaury Kruel, recebeu malas de dólares para trair Jango e aderir ao golpe.

O que isso tudo tem a ver com a foto do presidente deposto João Goulart, que permanecerá na capa deste blog durante todo o dia de hoje? Ora, Jango durante muito tempo foi criticado pela esquerda e a direita. Os conservadores diziam que ele era um “comunista” propenso a transformar o Brasil “numa nova Cuba”. Besteira grossa, sem fundamento. Jango era um líder trabalhista, queria reformas – mas dentro da ordem democrática.

Já a esquerda acusava Jango de fraqueza, por não ter resistido ao golpe. Hoje se sabe que ele tinha conhecimento das movimentações das tropas dos EUA. Jango temia que, se resistisse de armas na mão, daria aos gringos a desculpa para entrarem no Brasil – dividindo nosso território. Aliás, preocupação semelhante à de Getúlio Vargas – que em 1954 também chegou a falar que temia ver o Brasil dividido (como acontecera com a Coréia).

Para os Estados Unidos, seria ótimo dividir o Brasil – literalmente. Apesar de todos nossos problemas, somos um incômodo – um país grande, bem relacionado com nossos vizinhos, pronto a desafiar (ainda que de forma discreta e pontual) o domínio dos EUA na América do Sul.
A queda de Jango foi (também) um capítulo dessa disputa, dessa longa batalha da América Latina por independência e autonomia.

De forma brilhante, o professor Moniz Bandeira mostra como se deu esse longo embate: os detalhes estão em seu “De Marti a Fidel” – livro sobre a Revolução Cubana. Vargas cercado pela direita (e levado ao suicídio) em 1954, Arbenz derrubado na Guatemala no mesmo ano, tentativa norte-americana de invadir Cuba (Baía dos Porcos) e derrubar Fidel. São todos capítulos da mesma guerra. Em 1964, Jango e a Democracia brasileira foram golpeados em meio a essa conjuntura. Que depois vitimaria Argentina, Uruguai e o Chile de Allende.

Estampar a foto de Jango, no dia em que o golpe nefasto completa 50 anos, é um gesto não só de defesa da Democracia, mas de defesa da independência e da soberania nacional.

Jango – assim como Vargas dos anos 50 – simboliza a defesa do interesse nacional. Estou entre aqueles que não aceitam o termo “populismo” como forma de definir a linha política que unia Vargas-Jango-Brizola, e que de alguma forma chegou até Lula-Dilma. Não. Nada de “populismo”. Trata-se do trabalhismo brasileiro. Com seus defeitos e imperfeições.

Não aceito também a tese do “colapso do populismo” – expressão utilizada em certos circuitos universitários paulistas, para definir o que houve em 1964. Prédios entram em colapso. Falar em “colapso do populismo” é desconhecer (ou minimizar) o golpismo que uniu conservadores brasileiros a interesses dos Estados Unidos, em meio à Guerra Fria.

Jango foi derrubado. O golpismo derrubou um governo legítimo e popular. Foi necessário um golpe para derrubar um presidente que – se pudesse ser candidato em 1965 – seria reeleito (como indicavam pesquisas do IBOPE feitas na época, e só agora divulgadas).

Nesse primeiro de abril de 2014, não aceitemos a mentira dos revisionistas, nem o cinismo de editoriais/artigos da imprensa velhaca, que falam do golpe como algo “inevitável”ou como uma “porrada necessária” (na expressão infeliz de um ex-cineasta que aderiu ao revisionismo da Globo). Não!

Precisamos esculhambar revisionistas e escrachar torturadores – como a rapaziada fez com Brilhante Ustra em Brasília. Precisamos, sim, homenagear os mortos na luta contra a ditadura (muitos deles, sob tortura) e cobrar informações sobre os desaparecidos!

Mas devemos lembrar também o que veio antes, lembrar o ato fundador da barbárie: em primeiro de abril de 1964, Jango foi derrubado pela direita lacerdista, com apoio de amplos setores da Igreja Católica e da mídia velhaca (Marinhos, Mesquitas, Frias, entre outros), e sob ameaça concreta de invasão de nosso território pelas tropas dos Estados Unidos.

1964 foi (também) um golpe dos Estados Unidos contra o Brasil. Lembrar Jango é dizer não à ditadura, não à intervenção estrangeira. Sim à Democracia, sim à luta pela independência nacional.

Viva Jango, nosso presidente!


Postado no blog  Escrevinhador em 01/04/2014


Ditadura nunca mais !









Viver com inteligência



Elisabeth Cavalcante 

A inteligência sempre foi vista como uma qualidade intelectual, que se relacionava com a capacidade de cognição, a facilidade de adquirir conhecimento e habilidades.

Nos últimos anos, descobriu-se um novo conceito, o da Inteligência Emocional, que consiste na capacidade de manter o controle das emoções e relacionar-se de modo harmonioso com os demais, lidando com os desafios da vida sem perder o equilíbrio.

No plano da consciência, a inteligência se refere a algo muito mais abrangente. Tem a ver com a capacidade de ser fiel ao seu verdadeiro ser, à natureza essencial com que você foi dotado pelo Todo, a Fonte, Deus, a Presença, o Criador, ou como você preferir nomeá-lo.

Viver em total sintonia com seus talentos e habilidades naturais, respeitando suas necessidades interiores, nisto consiste a verdadeira inteligência. Mas, para tanto, é preciso desenvolver a capacidade de observar permanentemente a si mesmo, de modo a perceber, a cada momento, quais os sentimentos que estão predominando em você.

Se eles forem positivos, tais como, alegria, entusiasmo, paz, vivacidade, motivação, você está no caminho certo. 

Se, ao contrário, vivencia na maior parte do tempo angústia, ansiedade, insatisfação, tristeza e frustração, algo precisa ser mudado.

Aprender a respeitar suas necessidades e evitar seguir apenas o que a maioria faz, é a única forma de você transformar sua vida em algo que valha a pena.

O essencial neste caso, é uma grande dose de coragem, que lhe permita dizer não a tudo o que o torna infeliz e evitar a apatia e a acomodação, geradas pelo medo de ser fiel ao seu coração...

"Se você está fazendo algo apenas como um dever - você não o ama e você está fazendo apenas como um dever - mais cedo ou mais tarde você será apanhado. E você estará em uma dificuldade sobre como se livrar disso. 

Apenas observe nas 24 horas do dia: quantas coisas você está fazendo das quais não deriva nenhum prazer? Que você não cresce a partir delas, e de fato, você quer livrar-se delas? Se você está fazendo muitas coisas na sua vida das quais você realmente quer se livrar, você está vivendo de modo não inteligente.

Uma pessoa inteligente fará a vida dela de tal modo que terá uma poesia de espontaneidade, de amor, de alegria. É a sua vida, e se você não for agradável o suficiente para si mesmo, quem irá ser agradável para você? 

Se você está perdendo isto, a responsabilidade não é de ninguém mais. Eu ensino você a ser responsável em relação a si mesmo - esta é a sua primeira responsabilidade. 

Tudo mais vem a seguir. Tudo mais, inclusive Deus vem a seguir. Porque ele pode vir somente quando você é. Você é o verdadeiro centro do seu mundo, da sua existência.

Então, seja inteligente. Traga a qualidade da inteligência. E quanto mais inteligente você se tornar, mais capaz você será de trazer mais inteligência para a sua vida.

Cada único momento pode se tornar tão luminoso com inteligência... então, não há necessidade de uma religião, não necessita meditar, não necessita ir a igreja, não necessita ir para algum templo, não necessita nada extra. 

A vida é intrinsicamente inteligente. Apenas viva totalmente, harmoniosamente, em consciência, e tudo seguirá belamente. Uma vida de celebração segue a luminosidade da inteligência". Osho - A visão do Tantra.


Postado no site Somos Todos Um 







A humanidade está carente de gentileza... até nas redes sociais !












No trânsito, quem não reagiu está vivo


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Marco Antonio Araujo

Muito antes da moda de amarrar gente em poste, o brasileiro já praticava um esporte urbano extremamente violento: briga de trânsito. É uma verdadeira paixão nacional. 

O caso da jovem que teve traumatismo facial e o maxilar quebrado em Alphaville é só mais um exemplo da guerra civil que nos faz tocaia em cada semáforo. Parcela significativa da população age como hooligans sobre quatro rodas.

São Paulo, em particular, é um looping interminável da cena da corrida de bigas do clássico Ben Hur. O cidadão na diligência ao lado é tratado como um inimigo a ser eliminado, de preferência com chicotadas e requintes de brutalidade. 

Eu considero esse comportamento selvagem apenas mais um exemplo da violência atávica, endêmica e natural do nosso povo. Definitivamente, não somos cordiais. Temos os criminosos mais sádicos do mundo — e os cidadãos mais egoístas e incivilizados do sistema solar. Por que seríamos gentis e educados exatamente quando usamos armaduras em formato de bólidos que pesam toneladas? 

Se fosse possível, os motoristas colocariam a culpa pela violência no trânsito nos políticos (esse álibi imperfeito para todas as nossas mazelas e indecências). Como não dá, o silêncio sobre o assunto é ensurdecedor. Mas a culpa é sempre do outro. 

Experimente dar passagem a um pedestre. O seu inimigo no carro de trás vai buzinar e gritar que você é um banana. Imediatamente, aquele ser altruísta que há segundos habitava sua alma será abduzido por um animal dotado de fúria e ódio mortais. 

Falta de educação? Com certeza, mas não só. Pessoas encasteladas no topo da cadeia alimentar estão sempre protagonizando cenas de faroeste caboclo em nossas ruas e avenidas. No quesito sangue no asfalto somos uma sociedade igualitária. Não por acaso, quando estamos envolvidos em um acidente de trânsito, a recomendação é a mesma que se dá às vítimas de assalto e sequestro: não reaja. 

Como diria um político paulista, quem não reagiu está vivo. 


Postado no blog O Provocador em 25/03/2014 



“Muito Além do Cidadão Kane” é único, ao expor promiscuidade entre a ditadura e TV Globo





Por Kiko Nogueira, no DCM em 29/03/2014


O documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, de 1993, é uma daquelas obras com a rara capacidade de ficar mais atuais à medida que o tempo passa — um, por sua qualidade, dois, pela falta completa de algo parecido.

Conta a história de Roberto Marinho e da Globo. Nos 50 anos do golpe, ajuda a compreender uma relação umbilical e uma, digamos, retroalimentação em que uma das partes teve fim — a ditadura — e a outra seguiu firme e forte.

“Beyond Citizen Kane” foi produzido pelo Canal 4 britânico e dirigido por Simon Hartog, cineasta independente que começou a carreira nos anos 60. Hartog morreu quando o filme estava sendo editado. Não pôde ver seu impacto.

Foi exibido na Inglaterra. A Globo tentou comprar os direitos para se livrar dele, mas Hartog já havia se precavido contra isso numa cláusula. Em seguida, entrou na Justiça para proibir sua exibição no MAM do Rio em março de 1994 — e ganhou, naturalmente. Os pôsteres foram recolhidos pela polícia.

A cópia que passaria no MIS, em São Paulo, foi confiscada a mando do governador Luiz Antonio Fleury. Outras puderam circular legalmente em universidades só nos anos 2000. Hoje, graças à internet, “Muito Além do Cidadão Kane” está no YouTube na íntegra.

O tom não é de libelo, não é histérico, não é conspiratório. Ao contrário, é uma longa reportagem, extremamente sóbria, contando uma história que não tinha sido contada sobre a maior rede de televisão do Brasil e seu dono. Isso é notícia.

Hartog e equipe falaram com mais de 40 pessoas — de Chico Buarque a Armando Falcão, de ACM ao ex-diretor de jornalismo da Globo Armando Nogueira. Acompanham, também, a “família Silva”, moradora da periferia de Salvador. Pai, mãe e filhos num barraco escuro, cujo maior foco de luz vem de uma telinha de tevê na mesa da sala/cozinha, ligada no Fantástico.

Há vozes críticas, evidentemente: Brizola (que compara RM a Stalin, já que ambos mandavam seus desafetos para a Sibéria ou para o “esquecimento”); Chico Buarque, lembrando do poder “assustador” da emissora e dos jabás; Lula, pré-Lulinha Paz e Amor, reclamando do “senhor” que manda em tudo e da cobertura das greves do ABC.

Mas ali estão também empresários, publicitários (como Washington Olivetto), políticos, funcionários e ex-funcionários. Armando Falcão, ministro da Justiça durante a ditadura, lembra com carinho do amigo e diz, candidamente, que ele já era “revolucionário antes da Revolução de 64”. “Doutor Roberto nunca me criou nenhum tipo de dificuldade”, diz ele. Roberto Civita, dono da Abril, explica como sua empresa não conseguiu as concessões que queria em 1980 após a falência da Tupi.

Hartog mostra, com imagens e depoimentos da época, como a Globo se esforçou para sedimentar a boa reputação do regime militar. Lembra que a fatia do bolo publicitário da propaganda governamental já era grande na época e que, em 1990, a Globo detinha 75% da verba total no país.

Walter Clark, chefe da emissora antes de Boni, conta que Roberto Marinho o demitiu porque Clark “já tinha montado o trem elétrico e agora ele podia brincar à vontade. É uma pessoa bem parecida com o Cidadão Kane, mas acho que ele não tem o Rosebud”.

Marinho, obviamente, não deu entrevistas. Surge ao lado de todos os generais e, em seguida, com Tancredo, Sarney e Collor. “Doutor Roberto é meu amigo há mais de 30 anos. O pessoal tem muita inveja”, afirma Antônio Carlos Magalhães, feito ministro das comunicações por Roberto Marinho no governo Sarney.

A certa altura, menciona-se a minissérie “Anos Rebeldes”, que tratou da inquietação da juventude brasileira no fim dos anos 60. Ficou manca: faltou um papel para a Globo, que não é coadjuvante.

Meio século após o golpe, “Muito Além do Cidadão Kane” reforça esse ponto: um relato honesto e abrangente sobre a ditadura tem, obrigatoriamente, de levar em conta o protagonismo da TV Globo e de Roberto Marinho. Sem o doutor Roberto, provavelmente nada teria sido possível.





Albano e os desvairados ideológicos




Juremir Machado da Silva


Fora de foco.

Albano escreve cartas para o painel dos leitores do jornal Meia-Noite, matutino de Palomas. 

Nos últimos tempos, Albano descobriu o e-mail, o twitter, o facebook e as postagens em blogs. Passa os dias na frente do computador. Carimba tudo. 

Albano faz parte da direita Miami. Outro dia, ele encontrou na rua um blogueiro sujo, o Robertinho, e tratou de disparar as suas cobranças:

– Não vai falar nada de Cuba, da Coreia do Norte e da Venezuela? Para com essas abobrinhas, fala do essencial.

Robertinho estava num dia ruim. Dava para ver que sentia alguma dor. Exibia um ar amarelo. Tentou explicar:

– Minha mulher me deixou. Foi embora com o Mário da leiteria. Confesso que não ando com cabeça para nada.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte fazendo o que estão fazendo e tu preocupado com uma guampa!

O blogueiro ficou perplexo. Mesmo assim, buscou mais argumentos para justificar seus assuntos e posturas:

– Estou com câncer. Fiquei sabendo faz duas semanas. Não sei quanto tempo de vida ainda tenho. Foi um choque.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte apavorando o mundo e tu aí focado no teu probleminha pessoal. Onde fica o teu compromisso com o coletivo?

– Pois é, pois é, mas existem outras coisas na vida além de Cuba, Venezuela e Coreia do Norte. Tenho escrito muito sobre a questão da neutralidade na rede e sobre o marco civil da internet. É algo que afeta a vida de todos nós.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte barbarizando e assustando o planeta e tu vens me falar em neutralidade na rede, essa armação do PT para impedir a liberdade de opinião na internet. Fala sério, vai!

– Não, pelo amor de Deus, neutralidade na rede nada tem a ver com liberdade de opinião. É uma expressão técnica para equivalência de trafegabilidade de dados na rede.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte colocando o mundo em perigo e tu falando em equivalência de trafegabilidade na internet e essas besteiras todas.

O pobre do Robertinho pensou em bater em retirada. Albano não o deixou escapar. Fechou o cerco. Disparou:

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte espalhando a miséria e o atraso e tu aí vomitando ideologia. Vira o disco, tchê! Muda de assunto. Vai. Se fosse no tempo da Redentora, que os comunistas chamam de ditadura, ninguém ia aturar essa tua conversa mole.

– Bem, vou pensar nisso tudo. Tenho que ir ao aniversário da minha netinha. Ela faz três anos hoje. É uma graça.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte pondo a humanidade à beira do abismo e tu aqui preocupado com o aniversário da tua netinha. Para de falar do teu umbigo.

Robertinho teve um sobressalto de dignidade:

– Para de me encher o saco, mala. Vai plantar batatas.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte oprimindo milhões de pessoas e tu preocupado com o teu ego. Para com isso. Foca no essencial. Abre o leque.


Postado no blog Juremir Machado da Silva em 27/03/2014


Nota




Alguns jornalistas e seus Blogs Sujos apelido dado por José Serra