Bento 16 e a exaustão conservadora


 


As ilustrações provam que alguma coisa está muito errada ! 


Saul Leblon

Dinheiro, poder e sabotagens. Corrupção, espionagem, escândalos sexuais.

A presença ostensiva desses ingredientes de filme B no noticiário do Vaticano ganhou notável regularidade nos últimos tempos.

A frequência e a intensidade anunciavam algo nem sempre inteligível ao mundo exterior: o acirramento da disputa sucessória de Bento XVI nos bastidores da Santa Sé.

Desta vez, mais que nunca, a fumaça que anunciará o 'habemus papam' refletirá o desfecho de uma fritura política de vida ou morte entre grupos radicais de direita na alta burocracia católica. 

Mais que as razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia de seu papado, nesta segunda-feira.

A verdade é que a direita formada pelos grupos 'Opus Dei' (de forte presença em fileiras do tucanato paulista), 'Legionários' e 'Comunhão e Libertação' (este último ligado ao berlusconismo) já havia precipitado fim do seu papado nos bastidores do Vaticano.

Sua desistência oficializa a entrega de um comando de que já não dispunha. 

Devorado pelos grupos que inicialmente tentou vocalizar e controlar, Bento XVI jogou a toalha.

O gesto evidencia a exaustão histórica de uma burocracia planetária, incapaz de escrutinar democraticamente suas divergências. E cada vez mais afunilada pela disputa de poder entre cepas direitistas, cuja real distinção resume-se ao calibre das armas disponíveis na guerra de posições.

Ironicamente, Ratzinger foi a expressão brilhante e implacável dessa engrenagem comprometida.

Quadro ecumênico da teologia, inicialmente um simpatizante das elaborações reformistas de pensadores como Hans Küng (leia seu perfil elaborado por José Luís Fiori), Joseph Ratzinger escolheu o corrimão da direita para galgar os degraus do poder interno no Vaticano. 

Estabeleceu-se entre o intelectual promissor e a beligerância conservadora uma endogamia de propósito específico: exterminar as ideias marxistas dentro do catolicismo.

Em meados dos anos 70/80 ele consolidaria essa comunhão emprestando seu vigor intelectual para se transformar em uma espécie de Joseph McCarty da fé.

Foi assim que exerceu o comando da temível Congregação para a Doutrina da Fé.

À frente desse sucedâneo da Santa Inquisição, Ratzinger foi diretamente responsável pelo desmonte da Teologia da Libertação.

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, um dos intelectuais mais prestigiados desse grupo, dentro e fora da igreja, esteve entre as suas presas.

Advertido, punido e desautorizado, seus textos foram interditados e proscritos. Por ordem direta do futuro papa. 

Antes de assumir o cargo supremo da hierarquia, Ratzinger 'entregou o serviço' cobrado pelo conservadorismo. 

Tornou-se mais uma peça da alavanca movida por gigantescas massas de forças que decretariam a supremacia dos livres mercados nos anos 80; a derrota do Estado do Bem Estar Social; o fim do comunismo e a ascensão dos governos neoliberais em todo o planeta.

Não bastava conquistar Estados, capturar bancos centrais, agências reguladoras e mercados financeiros. 

Era necessário colonizar corações e mentes para a nova era.

Sob a inspiração de Ratzinger, seu antecessor João Paulo II liquidou a rede de dioceses progressistas no Brasil, por exemplo. 

As pastorais católicas de forte presença no movimento de massas foram emasculadas em sua agenda 'profana'. A capilaridade das comunidades eclesiais de base da igreja foi tangida de volta ao catecismo convencional.

Ratzinger recebeu o Anel do Pescador em 2005, no apogeu do ciclo histórico que ajudou a implantar.

Durou pouco.

Três anos depois, em setembro de 2008, o fastígio das finanças e do conservadorismo sofreria um abalo do qual não mais se recuperou.

Avulta desde então a imensa máquina de desumanidade que o Vaticano ajudou a lubrificar neste ciclo (como já havia feito em outros também).

Fome, exclusão social, desolação juvenil não são mais ecos de um mundo distante. Formam a realidade cotidiana no quintal do Vaticano, em uma Europa conflagrada e para a qual a Igreja Católica não tem nada a dizer.

Sua tentativa de dar uma dimensão terrena ao credo conservador perdeu aderência em todos os sentidos com o agigantamento de uma crise social esmagadora. 

O intelectual da ortodoxia termina seu ciclo deixando como legado um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas  a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras, mas legitimadas em seu pragmatismo pela eutanásia da espiritualidade social irradiada do Vaticano.


Postado no site Carta Maior em 11/02/2013
Ilustrações inseridas por mim

O homem que plantava árvores






Marco Aurélio Weissheimer

“As pessoas não utilizam estas árvores no Gasômetro”. A frase saiu da boca do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), no dia 6 de fevereiro, ao defender o corte de árvores em uma praça situada ao lado da Usina do Gasômetro, um ponto tradicional da capital gaúcha.

O corte promovido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente provocou um protesto quase imediato. Na tarde do próprio dia 6, algumas das árvores ainda não cortadas foram “ocupadas” por jovens que subiram em seus galhos para evitar a destruição. Conseguiram temporariamente. Diante dos protestos e da repercussão provocada pela frase de Fortunati sobre a “utilização das árvores”, a Prefeitura foi obrigada a recuar e suspender a operação. O próprio prefeito admitiu no dia seguinte que houve um “problema de comunicação”.

Trata-se, aparentemente, de um problema de comunicação antigo, a julgar pela facilidade com que árvores são derrubadas pelos mais variados motivos. 

No caso em questão, a justificativa é a duplicação de uma avenida de Porto Alegre, que integra o pacote das chamadas “obras da Copa”. 

A desastrada tentativa de recorrer ao argumento do “uso” das árvores serve ao menos para atualizar uma questão tão óbvia quanto desprezada por uma parcela significativa dos administradores das nossas cidades: para que é mesmo que “serve” uma árvore?

A pergunta em si mesma já é atravessada, podendo se questionar em que medida as árvores precisam “servir” para alguma coisa ou para alguém como condição de sobrevivência. Apesar desse questionamento, as árvores servem mesmo para muitas coisas, provavelmente bem distintas daquelas que o prefeito de Porto Alegre estava pensando ao proferir a curiosa frase.



A história de Elzéard Bouffier

Há várias possibilidades de respostas à pergunta: para que serve uma árvore? 

Uma delas pode ser encontrada no desenho animado “L’homme qui plantait des arbres” (O homem que plantava árvores, de 1987), vencedor do Oscar de Melhor Animação de 1988. 

Baseado em um conto do romancista francês Jean Giono, de 1953 (há tradução em português disponível), e dirigido por Fréderic Back, o desenho conta a história de Elzéard Bouffier, um pastor de ovelhas silencioso e persistente, que dedicou sua vida ao plantio de milhões de árvores, durante mais de 30 anos, em uma grande área dos Alpes franceses, na região de Provença (não por acaso terra natal do autor). 

O trabalho silencioso de Bouffier não só deu origem a matas e florestas onde havia um deserto, como modificou toda a paisagem humana da região, trazendo paz e alegria onde antes havia dor, rancor e sofrimento.

                   

A história de Elzéard Bouffier é narrada por um jovem viajante (na voz de Philippe Noiret) e atravessa as duas grandes guerras que devastaram a Europa sem conseguir perturbar, porém, o trabalho diário do pastor. 

Escrito na década de 50, o conto guarda extraordinária atualidade neste momento onde a crise ambiental assumiu proporções planetárias. E um de seus elementos mais atuais consiste justamente em mostrar os efeitos multiplicadores em uma comunidade humana de um gesto tão simples como plantar uma árvore. 

Não há nenhuma retórica, nenhum discurso ambientalista explícito no filme que, aliás, é repleto de silêncio. Bouffier trabalha e vive em silêncio. Sabe o que tem que fazer e faz, sem aguardar recompensa, sem nenhuma publicidade. O seu público é unicamente o testemunho do viajante narrador que, mesmo assim, troca apenas umas poucas palavras com ele durante suas visitas.

10 mil carvalhos: uma gota no oceano

O viajante compartilha conosco as poucas informações que obteve sobre a vida do pastor: Tinha 55 anos e se chamava Elzéard Bouffier. 

Outrora, possuía uma fazenda na planície onde vivia com a esposa e um filho. Mas uma tragédia se abate sobre sua vida. Perdeu o filho único e, depois, a esposa. Ele se retira então para as montanhas e para uma vida silenciosa na companhia de seu cão e de um rebanho de ovelhas.

Em um determinado momento, Bouffier constata que a região estava morrendo por falta de árvores. E a morte aparecia não apenas na paisagem desértica e desolada da natureza, mas também no ambiente de brutalidade que passou a marcar as comunidades humanas da área.

Ele começou seu novo trabalho selecionando e plantando sementes de carvalho. Quando o viajante o encontrou pela primeira vez, já havia plantado dez mil carvalhos. Em uma de suas poucas falas, o pastor diz ao viajante que se Deus lhe permitisse viver, dentro de trinta anos “já teria plantado tantas outras que estas dez mil não seria mais do que uma gota de água no oceano”. Além disso, naquele momento, já planejava o início do plantio de faias, bétulas e outras espécies, o que acabou efetivamente fazendo nos anos seguintes.

Dez anos depois do primeiro encontro e após ter sobrevivido à Primeira Guerra Mundial, o narrador volta à região na esperança de reencontrar Bouffier. E fica espantado com o que vê:

“O espetáculo era impressionante. Eu estava literalmente privado de palavras e como ele não falava, passamos todo o dia em silêncio a passear na floresta. Ela tinha, em três seções, onze quilômetros de comprimento e três quilômetros na maior largura. Se tudo tinha saído das mãos deste homem – sem meios técnicos – compreende-se que os homens possam ser tão eficazes quanto Deus em domínios que não a destruição”.

“A criação parecia operar em cadeia”

O viajante constata que o surgimento dessa floresta havia repercutido em outras áreas também. 

“A criação parecia operar em cadeia”, observa. “Vi correr água nos regatos que estavam secos desde que havia memória (…) O vento também dispersava algumas sementes. Ao mesmo tempo em que a água reaparecia, reapareciam os salgueiros, os choupos, os prados, os jardins e as flores e uma certa razão de viver”. E o mais incrível, acrescenta, é que toda essa transformação ocorria “tão lentamente que entrava no hábito, sem provocar espanto”.

A última vez que o viajante viu Bouffier foi em 1945, quando este contava já com 87 anos. Ele relata um novo espanto que teve com a transformação radical da paisagem humana e natural da região:

“Precisei de um nome de uma aldeia para concluir que estava mesmo nesta região outrora tão arruinada e desolada. Em 1913, essa área tinha dez ou doze habitações. Eram selvagens, detestavam-se, viviam da caça com armadilhas. As urtigas cresciam em volta das casas abandonadas. A sua condição era desespero. 

Tudo estava mudado. O próprio ar. Em lugar do vento seco e brutal que me tinha acolhido nesse tempo, soprava uma brisa suave carregada de aromas (…)”.

“Um ruído semelhante ao da água descia das alturas: era o do vento na floresta. Enfim, a coisa mais espantosa, foi ouvir o verdadeiro barulho da água correndo para uma bacia. Tinham feito uma fonte, e ela era abundante e, aquilo que mais me tocou, tinham plantado ao pé dela uma tília que devia ter quatro anos, já crescida, símbolo incontestável de uma ressurreição.

A esperança tinha renascido. Tinham-se limpo as ruínas, deitado abaixo os muros quebrados e reconstruído cinco casas. As casas novas, rebocadas de fresco, eram rodeadas de hortas e jardins, misturados mas alinhados, os legumes e as flores, as couves e as roseiras, as pereiras e as bocas-de-lobo, a salsa e as anêmonas. Era um lugar onde apetecia morar”.

Bem, não é preciso nenhum discurso normativo sobre como as coisas devem ser em relação às arvores.

A história de Elzéard Bouffier é autoexplicativa e mostra que, no caso de Porto Alegre, quem parece que não está “utilizando” as árvores, na verdade, é o prefeito da cidade. 

Para isso, é preciso saber para que, de fato, elas servem. O nosso viajante narrador resume assim a “cura” que presenciou:

Não foram precisos mais de oito anos para que toda a região resplandecesse de saúde. Sobre as ruínas que eu tinha visto em 1913, elevam-se agora limpas fazendas, que denotam uma vida feliz e confortável. As velhas nascentes, alimentadas pela chuva e pela neve que a floresta retinha, puseram-se de novo a correr.

É para isso que servem as árvores. Elas servem à vida.


Postado no blog RS Urgente em 09/02/2013
Trecho do texto grifado por mim


Nota


Para ilustrar e salientar o ridículo e absurdo comentário do Sr. Prefeito coloco algumas ilustrações do Facebook.



  



Protestos dos moradores de Porto Alegre





É com muito orgulho que lembro que meu querido pai, que infelizmente partiu antes do combinado, plantou muitas árvores em todos os lugares por onde passou. 

Posso citar que plantou árvores em Porto Alegre, em Gravataí (RS), em Mostardas (RS), em Barra do Garças (Mato Grosso) e em muitos outros lugares que não estou lembrando.

Seu nome é Moacir Muniz Feijó, homem simples, sem muito estudo e com grande sabedoria, que proporcionou-me a rara felicidade de comer frutas tiradas direto do pé, como se diz aqui no Rio Grande do Sul, e sem agrotóxicos.




Criatividade e humor do povo brasileiro



Pausa!




Oi queridos visitantes!

Estou fazendo uma pausa nas postagens até o dia 08/02/2013, pois vou curtir uma prainha em Capão da Canoa!

Até a volta e tudo de bom para vocês!

Rosa Maria. 


O que a morte não cessa de nos dizer



Marco Aurélio Weissheimer

A dor provocada por tragédias como a ocorrida neste final de semana na cidade de Santa Maria sacode a sociedade como um terremoto, despertando alguns de nossos melhores e piores sentimentos.

Um acontecimento brutal e estúpido que tira a vida de 242 pessoas joga a todos em um espaço estranho, onde a dor indescritível dos familiares e amigos das vítimas se mistura com a perplexidade de todos os demais. Como pode acontecer uma tragédia dessas? A boate estava preparada para receber tanta gente? Tinha equipamentos de segurança e saídas de emergência? Quem são os responsáveis?

Essas são algumas das inevitáveis perguntas que começaram a ser feitas logo após a consumação da tragédia? E, durante todo o domingo, jornalistas e especialistas de diversas áreas ocuparam os meios de comunicação tentando respondê-las. As redes sociais também foram tomadas pelo evento trágico. Os indícios de negligência e falhas básicas de segurança já foram apontados e serão objeto de investigação nos próximos dias. Mas há outra dimensão desse tipo de tragédia que merece atenção.

É uma dimensão marcada, ao mesmo tempo, por silêncio, presença e exaltação da vida.

Quem já perdeu alguém em um acontecimento trágico e brutal sabe bem que o caminho da consolação é longo, tortuoso e, não raro, desesperador. E é justamente aí que emerge uma das melhores qualidades e possibilidades humanas: a solidariedade, o apoio imediato e desinteressado e, principalmente, a celebração do valor da vida e do amor sobre todas as demais coisas.

A vida é mais valiosa que a propriedade, o lucro, os negócios e todas nossas ambições e mesquinharias. Na prática, não é essa escala de valores que predomina no nosso cotidiano.

Vivemos em um mundo onde o direito à vida é, constantemente, sobrepujado por outros direitos. Tragédias como a de Santa Maria nos arrancam desse mundo e nos jogam em uma dimensão onde as melhores possibilidades humanas parecem se manifestar: o Estado e a sociedade, as pessoas, isolada e coletivamente, se congregam numa comunhão terrena para tentar consolar os que estão sofrendo. Não é nenhuma religião, apenas a ideia de humanidade se manifestando.

Uma tragédia como a de Santa Maria não é nenhuma fatalidade: é obra do homem, resultado de escolhas infelizes, decisões criminosas.

Nossa espécie, como se sabe, parece ter algumas dificuldades de aprendizado. Nietzsche escreveu que muito sangue foi derramado até que as primeiras promessas e compromissos fossem cumpridos. É impossível dizer por quantas tragédias dessas ainda teremos que passar. Elas se repetem, com variações mais ou menos macabras, praticamente todos os dias em alguma parte do mundo e contra o próprio planeta.

Talvez nunca aprendamos com elas e sigamos convivendo com uma sucessão patética de eventos desta natureza, aguardando a nossa vez de sermos atingidos.

Mas talvez tenhamos uma chance de aprendizado. Uma pequena, mas luminosa, chance. E ela aparece, paradoxalmente, em meio a uma sucessão de más escolhas, sob a forma de uma imensa onda de compaixão e solidariedade que mostra que podemos ser bem melhores do que somos, que temos valores e sentimentos que podem construir um mundo onde a vida seja definida não pela busca de lucro, de ambições mesquinhas e bens materiais tolos, mas sim pela caminhada na estrada do bom, do verdadeiro e do belo.

A morte nos deixa sem palavras. Mas ela nos diz, insistentemente: é preciso, sempre, cuidar dos vivos e da vida.


Postado no blog RS Urgente em 27/01/2013


Tragédia de Santa Maria vira alvo de politicagem e deboche


Jornalista Reinaldo Azevedo colunista da Revista Veja


Eduardo Guimarães 

Confesso que adiei a composição deste texto o quanto pude. Passado o choque inicial com a tragédia épica que se abateu sobre Santa Maria, ainda que pouco confiante em que não acontecesse não quis considerar a hipótese de que sobreviesse o espetáculo de selvageria que se seguiu neste país.

Lembro-me de que, no domingo, minutos após saber que serei avô pela segunda vez, então ainda na mesa do almoço com os pais da criança (meu filho e minha nora), ouço a emissora FM em que escutávamos música falar sobre a tragédia, interrompendo o almoço em família e nos obrigando a ir à internet em busca de maiores informações.

Naquele instante, senti vergonha do pensamento que me tomou. Um horror humanitário como aquele e eu fui logo pensar em que arrumariam um jeito de criticar Lula ou Dilma ou até o PT pelo que ocorrera. Senti-me fanático e insensível.

Não tive que esperar muito para me redimir, ainda que preferisse ter me sentido mal comigo mesmo a ter que encarar a dura realidade de que há uma infestação de desumanidade no país.

Jornalistas conhecidos, órgãos de imprensa e internautas anônimos das redes sociais protagonizaram um show dos horrores. Frases e até imagens repugnantes foram construídas a toque da mais absoluta insensibilidade e falta de limites éticos.

Tudo em que o blogueiro e colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo conseguiu pensar, poucas horas após a tragédia vir a público, foi em criticar o ex-presidente Lula por ter sido postado em seu perfil no Facebook uma mensagem de solidariedade às famílias das vítimas de Santa Maria (?!!).

No jornal O Globo e no site “Blog do Noblat”, hospedado no portal da Globo na internet, uma charge de Chico Caruso espantou multidões pelo mau-gosto, pelo oportunismo, pela insensibilidade e até pela burrice.

O que tem Dilma Rousseff a ver com a falta de fiscalização de uma casa noturna em um dos mais de cinco mil municípios brasileiros? Nada? Pois o cartunista que serve à família Marinho achou relevante colocá-la à frente de uma jaula flamejante exclamando “Santa Maria!”.

Que mensagem o cartunista mandou? O que ele quis dizer? Por que Dilma tinha que ser associada à tragédia? Não seria mais inteligente uma charge crítica à falta de fiscalização das autoridades de Santa Maria ou ao descaso do empresário inescrupuloso que dirigia aquela arapuca?

Por que não fazer uma charge poética sobre o sofrimento de toda uma nação? Não havia idéia melhor para aquele cretino usar em uma charge, já que, por alguma razão, julgou que tinha que fazer uma?

O envolvimento de Dilma no episódio via essa cretinice da charge se conectava com os comentáristas dos blogs de Noblat e Azevedo, que se uniam para acusá-la pela tragédia sob razões malucas, ininteligíveis, que nem seus formuladores souberam explicar.

Mas, tragicamente, não foi só. O jornal O Estado de São Paulo começou a espalhar, acriticamente, matéria insultuosa ao Brasil divulgada por um dos dois jornais ingleses que abriu guerra contra o governo Dilma. O subtítulo da matéria fez troça do lema de nossa bandeira.

O diário Financial Times trocou o lema Ordem e Progresso por “Idiotia e Progresso”. Ou seja: 200 milhões de brasileiros se tornaram “idiotas” por um tipo de tragédia que vem ocorrendo em várias partes do mundo, até nos Estados Unidos (2003).

Pior que tudo isso têm sido perfis nas redes sociais Twitter e Facebook, entre outras. Internautas anônimos estão se fartando de debochar do sofrimento que se abateu sobre o país inteiro usando, sem piedade, o que há de mais estupefaciente e repugnante no “humor negro”.

O que está acontecendo no país? Tenho 53 anos. Já vi muita coisa, mas essas pessoas capazes de não sentir um pingo de comiseração em um momento de tanta comoção não existiam. Ou, se existissem, ao menos tinham um mínimo de pudor.

Explorar politicamente uma tragédia como essa, no entanto, talvez seja o pior. Porque essa conduta asquerosa não veio de algum moleque cretino e mimado ou revoltado com o mundo, mas de homens supostamente esclarecidos e maduros.

Postado no Blog da Cidadania em 28/01/2013

Tragédia em Santa Maria






‎"Hoje o Patrão Velho resolveu deixar o céu um pouco mais gaudério... Levou uma gurizada pra matear com ele e deixou a nossa Querência tapada de tristeza e dor.
Patrão Velho esperamos que esta gurizada tão faceira e cheia de sonhos alegre teus pagos e que eles encontrem no aconchego do teu poncho luz e paz.
Guarde-os contigo para que muito em breve o céu vire um Fandango de Galpão e não te esqueças de amparar aqueles que aqui ficaram sofrendo por ter de matear sozinhos..."

Lidy Kunz


Nota:

Minha casa está à disposição para quem precisar ficar em  Porto Alegre


Sandy e sua vida sexual desinteressante


sandy Divulgação Fabio Heizenreder poster Sandy e sua vida sexual desinteressante



Marco Antonio Araujo




Sandy está querendo se tornar uma musa sexual. Com 15 anos de atraso, é verdade. Mas, na visão dela, nunca é tarde para se expor publicamente em troca de absolutamente nada. 

A desenvoltura que ela demonstra ao falar de suas intimidades físicas com o marido não me excita. E olha que nem sou amigo do Lucas Lima. Portanto, nada me impede de achar sua patroa uma gracinha.

Mas a forma como a jovem balzaquiana fala de sexo anal e de como anda bem sua vida de casada entre lençóis me broxa de forma irreversível. Parece que ela está em busca do tempo perdido. 

Sempre me pergunto o porquê de uma figura pública, bem nascida e bem cuidada pela vida, que não tem nada a reclamar, já suficientemente famosa, se desnuda dessa forma diante de câmeras e microfones. 

Poucos anos atrás, falar abertamente de sexo era um sinal de coragem e caráter. Coisa para poucos e audaciosos. Ajudava milhões de pessoas a enxergarem como natural algo que era trancafiado pela hipocrisia. 

Agora, com tanta superexposição, tornou-se oportunismo barato e uma pobre jogada de marketing. O que assistimos hoje é a um constrangedor striptease da alma. 

Rebeldia é se recusar a responder a perguntas invasivas e banais. Audácia é impor a jornalistas o direito à privacidade. Sem estrelismos, obviamente. 

Os pioneiros das declarações chocantes atingiram seu objetivo revolucionário. Que todos possamos usufruir dessa conquista: o que acontece entre quatro paredes não interessa a ninguém. Que cada um cuide de sua própria vida. 



Postado no blog O Provocador em 24/01/2013

33 gotas de gentileza !



1. 

Faça uma lista com as datas de aniversário de pessoas queridas e não deixe que passem em branco 


2. 

Respire profundamente, leve o ar até o abdome e expire longamente todos os dias. Essa é uma grande gentileza com o corpo 


3.

Ajude um colega atarefado: uma coisinha à toa pode fazer diferença para quem anda sobrecarregado 


4.

Não se esqueça das palavras mágicas: bom dia, por favor, com licença, obrigada. Inclua também o "posso?" Ou ainda: que bom! 


5.

Surpreenda uma pessoa do seu convívio dando a ela algo que você adoraria receber. Pode ser um elogio, um abraço ou apenas ouvidos. E isso num dia qualquer, sem motivo especial 


6.

Não tenha medo de ser piegas. Se a chance se apresentar, ajude uma pessoa idosa ou uma criança a atravessar a rua. Ou resgate um gatinho do telhado! 


7.

Em casa, não dê uma de "rainha do controle remoto". Seja justa e alterne o poder. E, se ele estiver em suas mãos, consulte os outros antes de mudar de canal 


8.

Vai se atrasar para um encontro ou uma reunião? Ligue para avisar, justifique-se. O tempo da outra pessoa é tão precioso quanto o seu 


9.

Retorne os telefonemas, responda aos e-mails, agradeça os convites que receber, mesmo que não possa ir. É sinal de consideração e ajuda a manter o tom de cordialidade nas suas relações 


10.

Numa situação em que várias pessoas estão debatendo ideias, escute primeiro e aguarde o seu momento de argumentar. É uma atitude sábia que valoriza a palavra do outro e também a sua 


11.

Elogie (sem economia!) o bom desempenho de um colega ou de um funcionário 


12.

Vai receber amigos para jantar? Faça aquele prato que a turma adora. Eles têm uma criança pequena? Elabore um cardápio só para ela. A anfitriã especial é aquela que faz todo mundo sentir-se especial 


13.

É você o convidado (a)? Descubra o que poderia deixar o dono da casa feliz e chegue com algum mimo, flores, vinho ou sobremesas 


14.

Se você tem filhos, valorize as coisas boas que eles trouxeram para sua vida. Diga isso a eles, mesmo que ainda sejam pequenininhos 


15.

Cuide do jardim, coloque flores na casa. Agradeça a presença de uma árvore no seu caminho. Invente o seu modo de reverenciar a Terra, a nossa grande mãe 


16.

Sorria sempre. É um jeito de receber bem as pessoas e ser bem recebida. Basta ser cordial. Não é o caso de demonstrar alegria ou afeto se você não sente isso. A gentileza é uma delicadeza, nunca uma simulação 


17.

Viu alguém atrapalhado, carregando mil pacotes ou um objeto pesado? Dê uma mãozinha


18.

Cultive apenas pensamentos positivos. Esvaziar-se das toxinas mentais alivia... E, se você estiver bem, a chance de ser atenciosa com os outros aumenta


19.

Doe o seu tempo e faça companhia para quem está de luto ou sofrendo com solidão. A presença de um amigo é tudo nessa hora


20.

Não julgue nada nem ninguém (vale para você também). Diante de uma situação desagradável, não acuse nem se mortifique. Apenas registre suas sensações. Esse exercício aumenta o grau de tolerância às imperfeições 


21.

Mesmo depois de um longo dia de trabalho, passe um tempo com seus familiares. Ouça suas histórias 


22.

Mande um pedaço de bolo ou de pizza para o porteiro quando houver comemorações na sua casa 


23.

Faça um bem. Qualquer um 


24.

Tenha paciência com os chatos. Use o bom humor como antídoto 


25.

Expresse gratidão a quem lhe ensina - seja um professor ou um amigo. Dê flores, um abraço ou, se isso fizer sentido para você, ofereça uma oração 


26.

Empreste o ótimo livro que você terminou de ler 


27.

Compartilhe os e-mails engraçados que recebe - mas não envie correntes. Até hoje ninguém morreu por ter encerrado uma dessas chateações


28.

A vida seria mais difícil sem a ajuda da empregada ou da babá? Agradeça sinceramente o apoio delas 


29.

Pare o carro para deixar uma pessoa atravessar, mesmo que ela não esteja na faixa de pedestres


30.

Procure o lado bom das pessoas e situações na hora de conversar. O papo vai ficar mais interessante 


31.

Perdoe uma mágoa do passado. É muita gentileza dar uma segunda chance a alguém que pisou na bola 


32.

Convide uma pessoa que esteja sozinha na noite de Natal para cear com sua família


33.

Ligue para um parente ou amigo distante para desejar feliz Ano-Novo 


Postado no blog MdeMulher