Está tudo invertido no mundo



Cristina Rodrigues

Já tinha até desistido de escrever um post específico sobre a privatização de espaços públicos em Porto Alegre, já que abordei um pouco do tema aqui e aqui. Mas os acontecimentos de ontem à noite, que somam a política privatista da Prefeitura com a truculência da Brigada Militar (do governo do estado), me deram comichão, e aqui vão alguns comentários…

Pra começar, essa história está errada desde o princípio. A agressão de ontem aos manifestantes que derrubaram o boneco da Coca-Cola foi só o cúmulo do negócio. Um absurdo total, mas que é consequência da escolha anterior.

Ao leitor que não é daqui, explico… Porto Alegre tem, na frente do Mercado PÚBLICO, um largo (que leva o nome de um jornalista das antigas, Glênio Peres) com características históricas da nossa colonização açoriana, como o piso de paralelepípedos. Várias coisas aconteciam ali, de característica popular. Era um espaço de manifestações do povo, de comícios de partidos e de atividades que incentivam a economia solidária e a agricultura familiar, como feira de produtos. Sempre aconteceu ali uma tradicional feira de peixe às vésperas da Páscoa, por exemplo.

Recentemente, parte desse espaço público foi entregue à iniciativa privada, com a justificativa de que embelezaria a cidade. A Coca-Cola/Vonpar construiu um chafariz que tem 19 pontos de saída de água ao longo do largo e instalou um boneco inflável gigante com o tatu-bola que é símbolo da Copa do Mundo (outro negócio em que circula uma grana violenta que a gente não vê, mas isso fica pra outro dia). Algumas das manifestações que antes aconteciam continuam acontecendo normalmente, mas outras foram prejudicadas, sem falar no cartaz da Prefeitura, na entrada do prédio (ao lado do Mercado Público e do Glênio Peres), que leva o símbolo da Coca-Cola.

Aí chegamos a ontem. Nesta quinta-feira, dia 4 de outubro de 2012, um pessoal saiu ta frente da Prefeitura, em uma manifestação pacífica. O mote era a alegria e a defesa era a dos espaços públicos, como o Largo Glênio Peres e o também privatizado auditório Araújo Vianna (espaço de shows pertencente a Porto Alegre que foi concedido à Opus e agora cobra ingressos do nível de iniciativa privada, elitizando a cultura). Protegendo o boneco tinha, segundo reportagem do Sul21, mais de 20 guardas municipais, 19 policiais militares, quatro viaturas e três motos. Ainda assim, derrubaram o tatu. Como resposta, foram reprimidos violentamente. As fotos com o pessoal sujo de sangue impressionam.


E aí vem a triste constatação de que está tudo errado no mundo. A Prefeitura compra o discurso privatista e cede parte do patrimônio PÚBLICO à inciativa privada, prejudicando atos populares. A Brigada Militar, do governo estadual, reprime os manifestantes. Mas o problema vai muito além, está na sociedade. Critiquei a repressão aos manifestantes e vieram com o discurso classe-mediano me perguntar se eu gostaria que destruíssem meu carro. Discurso vazio de defesa da propriedade privada frente à vida. Não, se eu tivesse carro, não gostaria que o destruíssem. Mas esse carro não seria um patrimônio público que me tivesse sido entregue. E nunca, em hipótese alguma, eu defenderia que batessem na pessoa que destruiu um bem material.

Não concorda que destruam o boneco? Ok, aceito o argumento. Mas nada disso justificativa a agressão.

Acontece que as coisas estão na frente das pessoas, e isso não tem o menor sentido. Daqui a pouco vamos viver em um mundo só de coisas, sem pessoas. Ou com pessoas se odiando em nome de coisas. Um mundo de ódio, de extremos. Que mundo é esse, deus do céu? Eu sou contra a privatização porque defendo que o mundo é das pessoas, não das coisas. E que entregar o patrimônio que é de todos para muito poucos ajuda muito a colocar as coisas em primeiro lugar.

Um mundo que incentiva a intolerância é um mundo triste.

Contra esse mundo aí, porém, temos armas poderosas. Podemos usar o amor e a tolerância, em vez do ódio. Ainda acredito que vai funcionar.

Fotos: Ramiro Furquim (as duas primeiras) e André Ávila. Mais fotos aqui.

Postado no blog Somos Andando em 05/10/2012
Trecho grifado por mim


Um tribunal que condena por achar que existe crime onde faltam provas





J. Carlos de Assis*

Fui um dos últimos, talvez o último jornalista a ser processado por crime de opinião nos termos da infame Lei de Segurança Nacional da ditadura, em 1983. Havia feito uma série de reportagens na “Folha de S. Paulo” vinculando uma trama financeira fraudulenta na cúpula da Capemi a personagens proeminentes do antigo SNI, Serviço Nacional de Informações. A acusação contra mim não era que houvesse mentido mas sim que, ao divulgar informações que podiam até mesmo ser verdadeiras, tinha, em hipótese, a intenção de desestabilizar o regime. 

Assim era a Justiça da ditadura: julgava pela intenção imputada subjetivamente, não pelo fato. Contudo, meu processo caiu em mãos de um destemido juiz militar, Helmo Sussekind, que me deu o direito da “exceção da verdade”. A exceção da verdade é a figura jurídica que possibilita ao processado fazer a prova de que o que escreveu ou disse era a verdade, independentemente de intenção. Esse, aliás, é o fundamento que torna a liberdade de imprensa efetivamente justa. Do contrário, seria uma cobertura para a calúnia, a injúria e a difamação.

Recordo-me dessa experiência pessoal porque vejo o Supremo Tribunal Federal caminhar para um tipo de jurisprudência, no caso do chamado mensalão, em que se substitui a criteriosa apuração do fato por uma odiosa e subjetiva suposição sobre as intenções. Supõe-se, sem prova convincente, que recursos financeiros mobilizados pelo PT foram usados para comprar votos. Supõe-se, sem prova convincente, que esse esquema de compra de votos foi comandado pelo ex-chefe da Casa de Civil José Dirceu. 

Até as pedras sabem que o sistema de coligações partidárias no Brasil, dada a existência de mais de 30 partidos, implica transações financeiras através de caixas um ou de caixas dois, sobretudo no que diz respeito a compra de tempo de televisão nas campanhas eleitorais. Não há nenhuma ideologia nesse processo, e os que gostariam que houvesse não conhecem a democracia real nem aqui nem em nenhuma parte do mundo. Portanto, no rescaldo das eleições, sempre há acertos financeiros a fazer por conta dos acordos anteriores independentemente do comportamento corrente das bancadas no Congresso.

O contorcionismo feito pelos procuradores e pelo relator do mensalão para demonstrar uma vinculação entre pagamentos pelo esquema de Valério e votações no Congresso é simplesmente ridículo. Não tiveram o cuidado sequer de convocar um estatístico para examinar as correlações. Se chamassem, veriam que não existem correlações significativas do ponto de vista científico. Num processo que tem mais de 60 mil páginas, era de se esperar um pouco mais de escrúpulo para quem cuida de julgar destinos humanos e de suas liberdades.

No caso de Dirceu é ainda mais fantástico. Ouvi estarrecido de uma ministra do Supremo que não achava razoável supor que o ex-ministro não soubesse do esquema de pagamentos, presumindo-se, desde logo, que os pagamentos teriam sido feitos para comprar votos (crime de corrupção ativa e passiva) e não para pagar dívidas de campanha (irregularidade eleitoral). Ela não disse que os autos demonstram inequivocamente que Dirceu soubesse do esquema. Ela disse o que teria dito um magistrado da ditadura: que Dirceu teve a intenção de montar o esquema!

Ainda há seis votos antes da decisão final. São seis votos que separam o Supremo da vergonha de ter sacrificado inocentes sob pressão da uma campanha de mídia infamante, cujo argumento mais sólido, em toda essa tragicomédia, é de que é preciso pegar os peixes grandes para saciar a sede de vingança da opinião pública em relação aos políticos. Sim, os dirigentes do PT denunciados pelo chamado mensalão são aparentemente peixes grandes. Contudo, chegaram aonde chegaram pelo voto popular no exercício da democracia. O número de votos que os pôs lá é grande demais para ter sido comprado.

Naturalmente que a manipulação da opinião pública pela mídia influi em ministros de caráter fraco. Daí o risco para a Justiça e para a democracia. Mas sempre existe uma saída. O ministro Levendowsky provou a todos nós, que acreditam na independência do Judiciário, que nem tudo está perdido. A própria transparência dos debates no STF ajudam aos mais atentos a formar essa opinião: se por um lado ela favorece o estrelismo do relator, por outro deixa clara a insuficiência da denúncia. Por exemplo, ficou mais do que demonstrado que um mensalão, tal como inicialmente “denunciado” na forma de pagamentos mensais regulares, jamais existiu, tendo-se apenas conservado o nome por vício mídiatico.

(*) Economista e professor de Economia Internacional na UEPB, autor, entre outros livros de Economia Política, do recém-lançado “A Razão de Deus”, pela editora Civilização Brasileira. Esta coluna sai também nos sites Rumos do Brasil e Brasilianas, e, ás terças, no jornal carioca Monitor Mercantil.

Postado no site Carta Maior em 06/10/2012
Imagem inserida por mim
Trecho grifado por mim


Ojuara deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Um tribunal que condena por achar que existe crime....": 

Estou lendo esse teu blog desde o início, enquanto defendia a atitude dos manifestantes no recente incidente no Largo Glênio Peres, criticando o governo local, vá lá, conseguiu dar uma certa aparência de "neutralidade"... Mas agora, ao terminar a leitura do post sobre o caso do Mensalão e seus comentários sobre os Ministros do STF, ficou evidente sua parcialidade petista... Lewandowski, assim como Toffoli, é q são seus exemplos de magistrados, então... Claramente estão lá para defender a legenda do partido que está no Poder Executivo Federal, até as pedras sabem disso... Enquanto que o Ministro Joaquim Barbosa, que está, este sim, exercendo sua independência que se espera de um julgador, assim como outros Ministros que tem merecido o respeito da população brasileira por seus votos neste caso, vc rotula de "escravos da mídia"... Todo mundo está errado, só vc é que está certo e que consegue ver as coisas claramente, não é mesmo, "João sinho do Passo Certo"? Não seja covarde vc, admita sua parcialidade e identificação partidária,ao contrário de emitir opinião aqui com um pseudo viés jornalístico.... 



Prezado Senhor(a):

A criação de um blog tem como finalidade principal expor nossas opiniões e pensamentos. 
Tudo que leio, gosto e concordo com aquilo que o texto diz coloco em meu blog, procurando 
colocar textos de autores e jornalistas reconhecidos, pela sua qualidade literária ou profissional, nacional e internacionalmente.
Como, por exemplo, é o caso do autor do texto citado neste e-mail.
Nunca deixo de colocar o autor do texto ou de onde ele foi copiado, pois acho esta informação
muito importante para os leitores de meu blog. 
Minhas opiniões não têm "pseudo viés jornalístico", pois esclareço em
meu perfil do blog que sou bibliotecária.
A Democracia se fortalece quando há liberdade de opinião e pensamento, e com
a graça de Deus, no Brasil temos Democracia.
Um grande abraço. 


A Prefeitura Coca-Cola




 Prefeitura



A privatização de Porto Alegre e a verdadeira face do vandalismo

Marco Aurélio Weissheimer 

Na reta final da campanha eleitoral, Porto Alegre vive uma situação paradoxal. Se, por um lado, as pesquisas dão amplo favoritismo ao atual prefeito José Fortunati (PDT), nas ruas eclodiu um movimento social formado basicamente de jovens protestando contra a privatização de espaços públicos e culturais da cidade e também contra o crescente cerceamento de espaços e tempos de lazer. 

Na quinta-feira à noite, quando Fortunati passeava tranquilamente pelo debate da RBS, cujo formato permitiu que ele fosse questionado uma única vez pela deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB) e nenhuma vez pelo deputado estadual Adão Villaverde (PT), as duas principais candidaturas da oposição, o protesto que iniciara no final da tarde em frente à prefeitura terminou em choque com a polícia no Largo Glenio Peres, na área agora sob a responsabilidade da Coca-Cola, onde estava instalado um boneco inflável do Tatu-Bola, mascote da Copa de 2014.



Para quem não vive em Porto Alegre, as referências podem ser confusas. 

A prefeitura de Porto Alegre repassou para a Coca-Cola a tarefa de “cuidar” do Largo Glênio Peres, uma das áreas mais tradicionais do centro da capital e espaço histórico de manifestações sociais, culturais e políticos. 

Em troca de algumas “obras” no Largo, como um insólito conjunto de chafarizes, cujo maior feito até agora foi alagar o comício de encerramento do candidato Villaverde, a Coca Cola está explorando publicitariamente o Largo. 

A iniciativa não é isolada. Outros espaços públicos da cidade estão sendo repassados pela gestão Fortunati para a iniciativa privada, como é o caso do Auditório Araújo Viana, agora sob os cuidados da produtora Opus. 

O ufanismo empreendedorista embalado pelas “obras da Copa” justifica a invasão privada de espaços públicos na cidade.

Como bem observou Cristóvão Feil, no Diário Gauche, o grupo RBS perdeu todo o pudor, reivindicando diretamente os interesses da livre especulação imobiliária selvagem em Porto Alegre.

A RBS que tem um braço no setor imobiliário chamado Maiojama. Nos últimos anos, boa parte dos chamados formadores de opinião dos veículos do Grupo RBS cumpre o papel de defender com denodo os interesses comerciais e econômicos estratégicos de seus patrões, silenciando sobre os atropelos de normas urbanísticas ou ambientais ou defendendo abertamente tais interesses. 

Não foi nada surpreendente, portanto, que surgidas as primeiras notícias sobre o confronto no largo Glênio Peres, jornalistas da RBS já denunciassem os “vândalos” que estavam destruindo o boneco do Tatu Bola. Alguns deles se apressaram a associar ao episódio à destruição do relógio dos 500 Anos, durante o governo Olívio.

A crescente privatização de espaços públicos em Porto Alegre passeia também com relativa tranquilidade pela Câmara de Vereadores, com algumas honrosas exceções no PT e no PSOL, insuficientes porém para gerar um debate público na cidade.

Diante da fragilidade política dos partidos, as ruas começam a canalizar a insatisfação que vem se acumulando há alguns meses. Aí está o paradoxo.

Fortunati poderá ser eleito neste domingo com uma fraca oposição partidária, mas já com uma forte oposição social nas ruas.

Cabe um registro ainda sobre a ação da Brigada Militar no episódio. 

Os vídeos que circularam durante todo o dia pela rede são suficientes para expor a violência desmedida por parte dos brigadianos.

Mesmo diante de eventuais excessos por parte de alguns manifestantes, não há nenhuma justificação para as cenas que se vê, incluindo agressões contra quem estava filmando o episódio (o que, aliás, não é a primeira vez que acontece). 

Erra o governo do Estado ao não proferir nenhuma palavra crítica à ação da Brigada que, infelizmente, parece sempre pronta a demonstrações de força equivocadas, contra quem deveria proteger. 

Nos últimos anos, entre outras coisas, matou um sindicalista e um sem-terra aqui no Rio Grande do Sul em função dessa truculência. As fotos de quinta à noite mostram uma barreira de viaturas e policiais para defender o Tatu-Bola dos “vândalos”.

De fato, Porto Alegre vem sendo alvo de uma onda de vandalismo. Os espaços públicos da cidade estão sendo privatizados. 

A especulação imobiliária avança sobre áreas públicas e de preservação ambiental. A população mais pobre está sendo empurrada cada vez mais para a periferia. A criminalização das áreas frequentadas pela juventude é crescente. 

O maior grupo midiático da cidade defende abertamente a subordinação do interesse público aos interesses comerciais do setor imobiliário. 

E as chamadas forças de segurança estão aí para defender essa agenda e seus agentes públicos e privados. 

Mas as ruas começam a opor resistência aos vândalos e ela pode estar só começando.


Postado no blog RS Urgente em 05/10/2012
Imagens inseridas por mim

Leonardo Boff dá o maior grito profético





A espetacularização e a ideologização do Judiciário



É com muita tristeza que escrevo este artigo no final da tarde desta quarta-feira, após acompanhar as falas dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Para não me aborrecer com e-mails rancorosos vou logo dizendo que não estou defendendo a corrupção de políticos do PT e da base aliada, objeto da Ação Penal 470 sob julgamento no STF. Se malfeitos foram comprovados, eles merecem as penas cominadas pelo Código Penal. O rigor da lei se aplica a todos. 

Outra coisa, entretanto, é a espetacularização do julgamento transmitido pela TV. Ai é ineludível a feira das vaidades e o vezo ideológico que perpassa a maioria dos discursos.

Desde A ideologia Alemã, de Marx/Engels (1846), até o Conhecimento e interesse, de J. Habermas (1968 e 1973), sabemos que por detrás de todo conhecimento e de toda prática humana age uma ideologia latente. 

Resumidamente, podemos dizer que a ideologia é o discurso do interesse. E todo conhecimento, mesmo o que pretende ser o mais objetivo possível, vem impregnado de interesses.

Pois, assim é a condição humana. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. E todo o ponto de vista é a vista de um ponto. Isso é inescapável. 

Cabe analisar política e eticamente o tipo de interesse, a quem beneficia e a que grupos serve e que projeto de Brasil tem em mente. Como entra o povo nisso tudo? Ele continua invisível e até desprezível?

A ideologia pertence ao mundo do escondido e do implícito. Mas há vários métodos que foram desenvolvidos, coisa que exercitei anos a fio com meus alunos de epistemologia em Petrópolis, para desmascarar a ideologia. O mais simples e direto é observar a adjetivação ou a qualificação que se aplica aos conceitos básicos do discurso, especialmente, das condenações.

Em alguns discursos, como os do ministro Celso de Mello, o ideológico é gritante, até no tom da voz utilizada.

Cito apenas algumas qualificações ouvidas no plenário: o mensalão seria “um projeto ideológico-partidário de inspiração patrimonialista”, um “assalto criminoso à administração pública”, “uma quadrilha de ladrões de beira de estrada” e um “bando criminoso”. 

Tem-se a impressão de que as lideranças do PT e até ministros não faziam outra coisa que arquitetar roubos e aliciamento de deputados, em vez de se ocuparem com os problemas de um país tão complexo como o Brasil.

Qual o interesse, escondido por detrás de doutas argumentações jurídicas? 

Como já foi apontado por analistas renomados do calibre de Wanderley Guilherme dos Santos, revela-se aí certo preconceito contra políticos vindos do campo popular. 

Mais ainda: visa-se aniquilar toda a possível credibilidade do PT, como partido que vem de fora da tradição elitista de nossa política; procura-se indiretamente atingir seu líder carismático maior, Lula, sobrevivente da grande tribulação do povo brasileiro e o primeiro presidente operário, com uma inteligência assombrosa e habilidade política inegável.

A ideologia que perpassa os principais pronunciamentos dos ministros do STF parece eco da voz de outros, da grande imprensa empresarial que nunca aceitou que Lula chegasse ao Planalto. Seu destino e condenação é a Planície. No Planalto poderia penetrar como faxineiro e limpador dos banheiros. Mas nunca como presidente.

Ouvem-se no plenário ecos vindos da Casa Grande, que gostaria de manter a Senzala sempre submissa e silenciosa. 

Dificilmente, se tolera que através do PT os lascados e invisíveis começaram a discutir política e a sonhar com a reinvenção de um Brasil diferente. 

Tolera-se um pobre ignorante e mantido politicamente na ignorância. Tem-se verdadeiro pavor de um pobre que pensa e que fala. 

Pois, Lula e outros líderes populares ou convertidos à causa popular como João Pedro Stedile, começaram a falar e a implementar políticas sociais que permitiram uma Argentina inteira ser inserida na sociedade dos cidadãos.

Essa causa não pode estar sob juízo. Ela representa o sonho maior dos que foram sempre destituídos.

A Justiça precisa tomar a sério esse anseio a preço de se desmoralizar, consagrando um status quo que nos faz passar internacionalmente vergonha. 

Justiça é sempre a justa medida, o equilíbrio entre o mais e o menos, a virtude que perpassa todas as virtudes (“a luminossísima estrela matutina” de Aristóteles).

Estimo que o STF não conseguiu manter a justa medida. Ele deve honrar essa justiça-mor que encerra todas as virtudes da polis, da sociedade organizada. Então, sim, se fará justiça neste país.


Postado no blog A Justiceira de Esquerda em 05/10/2012


Por que a Globo cancelou o último debate entre os candidatos de SP

             
             


Postado no blog O Esquerdopata em 05/10/2012


McDonald’s ameaça acarajé na Copa


Acarajé completo. Tambem é servido o acarajé aberto; depois de partido ao meio, o recheio é colocado nas duas bandas do acarajé e come-se com garfo e faca.  Muito saboroso!

Por Altamiro Borges

O McDonald’s, poderosa rede estadunidense de fast-food que explora condições degradantes de trabalho e vende produtos nocivos à saúde, quer proibir a comercialização de acarajé durante os jogos da Copa das Confederações e da Copa de Mundo em Salvador. A informação – curiosa e revoltante – foi dada ontem pelo repórter Davi Lemos, do jornal A Tarde:

“A Arena Fonte Nova pode ficar sem acarajé. A venda do tradicional bolinho, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio imaterial, é caracterizada como comércio ambulante. A Fifa recomenda o afastamento dessa modalidade de comércio num perímetro de até dois quilômetros das praças de jogos. O acarajé, em tese, não pode ser concorrente dos hambúrgueres produzidos pela rede McDonald’s, patrocinadora oficial da Fifa”.

Rita Maria Ventura dos Santos, presidenta da Associação das Baianas de Acarajé e Vendedoras de Mingau (Abam), já rodou a baiana. Ela classificou como absurda a hipótese se ser proibida a venda de acarajé na Fonte Nova. “Eram oito baianas lá dentro que tiveram que sair devido à obra. Agora que está tudo novo vão retirar as baianas? Todas tinham carteira... Alegam que há risco para os torcedores. Se for assim, era proibido venda de acarajé no Carnaval. Nunca soube de ninguém queimado com azeite nestas festas”.

A Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 (Secopa) já garantiu que vendedoras da acarajé terão lugar garantido nos jogos das duas copas. “Elas serão contempladas”, garantiu a chefe de gabinete da Secopa, Liliam Pitanga. Ela também informou que estão sendo fornecidos cursos de capacitação para as baianas e outras categorias, como os taxistas. Até o final de setembro, cinco mil pessoas foram inscritas em cursos de inglês, espanhol e língua brasileira de sinais (Libras).

A reportagem entrou em contato, ontem, com o Comitê Organizador Local da Copa (COL), mas não houve posicionamento sobre a venda do acarajé nos estádios até o fechamento da edição, conclui a reportagem do jornal A Tarde. Caso se confirme a proibição, o assunto vai dar muito que falar. O acarajé é uma tradição da culinária baiana, adorada por todos os brasileiros e estrangeiros que visitam o estado.

Já o McDonald’s, um dos maiores símbolos do império ianque, é uma rede que merecia ser processada por explorar de forma desumana os trabalhadores e por ser responsável pela obesidade de inúmeras crianças e adolescentes.


Postado no Blog do Miro em 05/10/2012

Nomes de bebês






Lewandowski contra marionetes do autoritarismo




Ao absolver José Genoino, o ministro Ricardo Lewandowski se valeu de um aforismo jurídico oriundo do Direito Romano. Em latim, “Quod non est in actis non est in mundo”; em português, “O que não está nos autos não está no mundo”. O ministro em questão explicava por que não podia condenar aquele réu, porque a acusação se valera de elementos que não existiam nos autos e, portanto, juridicamente não existiam no mundo.

Lewandowski se valeu, ainda, de outro aforismo muito mais conhecido, ao qual leigos como este que escreve também recorrem eventualmente: “In Dubio Pro Reo”, ou seja, “Em caso de dúvida, aja-se em favor do réu”. Se a prova é incerta por não estar nos autos ou por não ter confiabilidade plena, ainda mais sendo testemunhal, gera dúvida à condenação e, em dúvida havendo, o Direito obriga a que se decida a favor do acusado.

Assim, ao longo do julgamento da Ação Penal 470, vulgo “mensalão”, o que se pensava ser questão pacificada no Direito, até pela experiência jurídica brasileira, inverteu-se de forma casuísta em um julgamento de exceção. E o que é um julgamento de exceção se não aquele em que suas regras fogem à norma, constituindo-se em exceção para aquele julgado, seja em seu favor ou em seu prejuízo, ainda que se tenha convencionado usar essa figura para condenações.

Os tribunais de exceção não nos são estranhos. Há algum tempo, circulou pela mídia a foto de um desses tribunais. Nela, uma jovem de 19 anos, altiva, sentada no banco dos réus, olhava desafiadoramente para juízes militares que, por uma dessas supremas ironias da vida, protegiam as faces com as mãos em uma época de luta armada no país que obrigava a esses juízes dos tribunais de exceção a não se exporem enquanto estupravam o Estado de Direito.

Lewandowski, ao votar por absolver José Genoino e José Dirceu ao tempo em que pedia provas a pares que o interrompiam para já anteciparem votos condenatórios, provou, por A mais B, que a afirmação recente de seu par Celso de Mello de que aquele juízo não estaria produzindo inovação alguma não passa de falácia. Inovação há e está demonstrada em bom português e até em bom latim. E sem contestação objetiva, até aqui.

Um único ministro do Supremo erigiu toda a fundamentação jurídica para gerar ao menos a discussão sobre por que o julgamento da Ação Penal 470 seria um julgamento de exceção, um juízo casuísta, ainda que suas inovações possam ser apoiadas por vertentes outras do Direito internacional, mas que, ainda assim, não encontram no Direito brasileiro histórico digno de nota.

Lewandowski, para ensinar processo penal aos pares, não enfrenta “apenas” a quase todos, mas, também, uma máquina de moer gente que se convencionou chamar de mídia e que vai edificando a teoria de que há ministro do Supremo bom e ministro mau. Insinua a moenda midiática, pois, que o juiz que pede provas para condenar teria sido subornado de alguma forma. Assim, além do juiz, criminaliza-se qualquer um que concorde com ele.

Os pares de Lewandowski, em excessiva maioria, conseguiram montar um tribunal de exceção, casuísta, o qual, de acordo com o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, jamais será visto de novo, ou seja, não formará jurisprudência alguma, pois não se julgará e condenará pelos mesmos critérios acusados de crimes análogos aos citados na AP 470 e que integram apartidos que surfam no mensalão do PT para tentarem conseguir na Justiça o que não conseguiram nas urnas.

A criminalização da política, também citada por Lewandowski, pois, foi uma das bases nas quais se assentou a última experiência ditatorial do Brasil. A ditadura militar baseou-se, antes de mais nada, na premissa de que era preciso tomar o poder à força e impedir o povo de votar porque a classe política era uma grande quadrilha que tinha que ser mantida longe do poder e das urnas. E lá se foram duas décadas de obscurantismo.

Arreganhos ditatoriais que juristas e cientistas políticos ora constatam vão sendo produzidos por juízes escolhidos de olhos fechados pela atual presidente da República e por seu antecessor, que julgavam estar aperfeiçoando a democracia ao aposentarem a prática dos antecessores de nomear aliados políticos para cargos como o de Procurador Geral da República e ministro do STF, mas que, em verdade, estavam dando azo ao autoritarismo.

No âmbito dessa escalada antidemocrática, ontem, por volta das 23 horas, o blogueiro recebe ligação de diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo dando conta de que, naquele exato momento, a Polícia estava invadindo sua sede por ordem da Justiça Eleitoral, que acolheu pedido da candidatura José Serra de apreensão de jornal daquele sindicato contendo declaração de apoio à candidatura Fernando Haddad.

Postado no Blog da Cidadania em 05/10/2012


Nota

Após esta análise lúcida e esclarecedora do jornalista Eduardo Guimarães sobre o  momento que vive a justiça brasileira, cabe este vídeo da maravilhosa Mercedes Sosa e a música Eu só Peço a Deus 



Grão-de-bico brilha como ouro!



Hoje vamos bater um papinho sobre um alimento extremamente saudável, rico em proteínas, mesmo não sendo carne. Constituído de vários minerais e que aumenta em muito a massa muscular e de quebra eleva o bom humor! 

Estamos falando do poderoso e vitaminado grão-de-bico. Este gera felicidade e brilha como o ouro! Sugiro que comece a consumir já! 

Grão-de-bico espanta a depressão. Você sabia que é ótimo para acabar com ela?


A leguminosa está lotada de triptofano, um aminoácido essencial para a produção da serotonina, a substância que traz sensações agradáveis. 

O blog Saúde by ADN informou ser o " triptofano contido no grão de bico muito eficiente contra a depressão. Para potencializar o efeito é necessário acrescentar carboidratos para que esse aminoácido consiga chegar primeiro que outros ao cérebro." 

Pois bem, então fica a dica: consuma o Grão-de-bico juntamente com arroz branco, macarrão, batatas e outros alimentos que contenham carboidratos, pois o efeito é potencializado!

O grão-de-bico não ocupa lugar de destaque no ranking das leguminosas mais populares. Questão de gosto ou questão de preço? 

É difícil dizer, mas a verdade é que essa espécie custa pelo menos cinco vezes mais do que outro membro da família, o feijão, que também já não é tão assíduo na mesa do brasileiro. A relação custo benefício, porém, vale o investimento.

Quem vive meio tristonho, sem motivo aparente, na certa mudaria de humor se botasse esse alimento no prato com freqüência. É provável até que nossos ancestrais soubessem desse efeito. Ou então teriam desistido do cultivo da planta, extremamente sensível às condições de clima e solo e também ao ataque de pragas.

Hoje quem empresta sua chancela à leguminosa é a prestigiada revista científica internacional Journal of Archaeological Science, que divulgou recentemente trabalho de pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém e da Universidade de Haifa, ambas em Israel, exaltando suas propriedades.

Por aqui nossos cientistas também dão seu aval ao grão-de-bico, boa fonte de ferro, carboidratos e proteínas.

Leonardo Boiteux, estudioso do centro nacional de pesquisa de hortaliças da Embrapa, empresa brasileira dedicada ao estudo e ao desenvolvimento agropecuário, atribui o alto teor proteico a uma combinação de aminoácidos.

Entre eles a estrela é o triptofano, que aparece em grandes quantidades. Essa substância é usada pelo organismo para a produção de um neurotransmissor chamado serotonina, responsável pela ativação dos centros cerebrais que dão sensação de bem-estar, satisfação e confiança. Portanto você tem 10 motivos contundentes para começar a consumir já:

1 - O grão-de-bico é um alimento mais rico do que o feijão, em muitos aspectos. Entre 20% e 30% da sua constituição é pura proteína.

2 - Possui muitas fibras, zinco, potássio, ferro, cálcio e magnésio.

3 - Se for consumido todos os dias, faz ganhar massa muscular.

 

4 - Aumenta o bom humor, reduz o nível de colesterol ruim e regula os intestinos.

5 - Rico em fibras, ele também possui ácido fólico, indispensável na dieta de mulheres grávidas porque previne problemas no feto.

6 - A sua qualidade mais famosa é a de gerar felicidade.

7 - Possui mais triptofano do que o feijão, o mesmo aminoácido essencial que faz do chocolate essa bela fonte de bem-estar e reduz o stress.

"Em seres humanos metabolicamente normais, o aumento do consumo do grão-de-bico tem como consequência uma maior produção da serotonina", destacam Leonardo S. Boiteux e Maria Esther de Noronha Fonseca, do Laboratório de Melhoramento Genético & Análise Genômica do Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças (CNPH) da Embrapa Hortaliças, em Brasília.

8 - Por ter ômega 3 e 6, é indicado para prevenir doenças cardiovasculares. E quem tem diabetes ou está lutando contra a obesidade também pode beneficiar da leguminosa.






"Tem carboidratos complexos, ou seja, possui uma metabolização lenta no organismo. Por também ser rico em fibras, proporciona uma sensação de saciedade e a pessoa só vai sentir fome bem mais tarde", explica a nutricionista baiana Solange Carvalho.

9 - O grão-de-bico contém hormônios vegetais usados na reposição hormonal. Essas substâncias são eficazes na prevenção da osteoporose e no combate a doenças do coração e câncer de cólon. 

Os pesquisadores da Embrapa Hortaliças destacam que as sementes do grão-de-bico também acumulam mais fitoestrogénios do que as do feijão - substâncias que têm ação preventiva na osteoporose e em problemas cardiovasculares. Os fitoestrogénios também são usados na reposição hormonal, após a menopausa.

10 - Para diabéticos e anêmicos esse grão tem carboidratos que são digeridos e absorvidos lentamente. Por isso, ele aumenta a glicose aos poucos e reduz o nível de açúcar no sangue. Além disso, o ferro presente no alimento combate a anemia.

Tenho algumas sugestões aqui, preparadas por chefs famosos que aprovaram. Pelo menos, olhando a imagem da receita , você vai ficar com água na boca! Vamos aprender? É para o seu próprio bem:

Salada de grão-de bico


1 e 1/2 xícaras de grão-de-bico
1 dente de alho
1 colher (sobremesa) de sal
1 pimentão em cubos
1 tomate em cubos

Molho

5 colheres (sopa) de azeite
Suco de 1 limão
1/2 xícara de azeitonas fatiadas
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
10 folhas de hortelã picadas
1 colher (chá) de sal

Preparo

Deixar o grão-de-bico de molho na véspera.
No dia seguinte escorrer a água.
Colocar em uma panela de pressão o grão de bico, 1 dente de alho, sal e água 2 dedos acima dos grãos.
Cozinhar por 8 a 10 minutos após pegar pressão, para ficar al dente.
Escorrer novamente a água.
Colocar em uma saladeira e reservar para esfriar.
Juntar o pimentão e o tomate.
Misturar os ingredientes do molho e colocar sobre o grão-de-bico.
Mexer bem para misturar.
Levar para gelar.


Estrogonofe com grão-de-bico 



500 g de grão-de-bico
· 1 peito de frango
· 1 cebola picada
· 2 colheres (sopa) de óleo
· 2 copos de água
· 2 colheres (sopa) de massa de tomate
· 2 colheres (sopa) de mostarda
· 2 xícaras (chá) de cogumelos picados
· 1 lata de molho de tomate
· 3 colheres (sopa) de salsinha picadinha
· 1 lata de creme de leite
· Sal a gosto

Preparo

Deixe o grão-de-bico de molho na água de véspera.
Cozinhe o frango em água e sal até ficar macio. Reserve duas xícaras (chá) da água do cozimento. Desfie o frango e reserve. 
Escorra o grão-de-bico e ponha em uma panela de pressão. Junte a água reservada e cozinhe por 15 minutos. Escorra e reserve.
Doure a cebola no óleo, junte o frango e os dois copos de água. Tempere com o sal, a massa de tomate, a mostarda e deixe ferver. 
Acrescente os cogumelos, o molho de tomate e cozinhe até que o caldo fique grosso.
Acrescente o creme de leite e deixe cozinhar mais 1 minuto.
Retire do fogo e coloque a salsinha. Sirva quente com arroz branco.


Creme de grão-de-bico : uma delícia e fácil de fazer.




Postado no blog Vivendo a Vida Bem Feliz