Racista é a PQP, não PHA!



Leandro Fortes 
Paulo Henrique Amorim, assim como eu e muitos blogueiros e jornalistas brasileiros, nos empenhamos há muito tempo numa guerra sem trégua a combater o racismo, a homofobia e a injustiça social no Brasil. Fazemos isso com as poderosas armas que nos couberam, a internet, a blogosfera, as redes sociais.


Foi por meio de pessoas como PHA, lá no início desse processo de abertura da internet, que o brasileiro descobriu que poderia, finalmente, quebrar o monopólio da informação mantido, por décadas a fio, pelos poderosos grupos de comunicação que ainda tanto fazem políticos e autoridades do governo se urinar nas calças. PHA consolidou o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista) e muitos outros com humor, inteligência e sarcasmo, características cada vez mais raras entre os jornalistas brasileiros. Tem sido ele que, diuturnamente, denuncia essa farsa que é a democracia racial no Brasil, farsa burlesca exposta em obras como o livro “Não somos racistas”, do jornalista Ali Kamel, da TV Globo.
Por isso, classificar Paulo Henrique Amorim de racista vai além de qualquer piada de mau gosto. É, por assim dizer, a inversão absoluta de valores e opiniões que tem como base a interpretação rasa de um acordo judicial, e não uma condenação. Como se fosse possível condenar PHA por racismo a partir de outra acusação, esta, feita por ele, e coberta de fel: a de que Heraldo Pereira, repórter da TV Globo, é um “negro de alma branca”.
O termo é pejorativo, disso não há dúvida. Mas nada tem a ver com racismo. A expressão “negro de alma branca”, por mais cruel que possa ser, é a expressão, justamente, do anti-racismo, é a expressão angustiada de muitos que militam nos movimentos negros contra aqueles pares que, ao longo dos séculos, têm abaixado a cabeça aos desmandos das elites brancas que os espancaram, violentaram e humilharam. O “negro de alma branca” é o negro que renega sua cor, sua raça, em nome dessa falsa democracia racial tão cara a quem dela usufrui. É o negro que se finge de branco para branco ser, mas que nunca será, não neste Brasil de agora, não nesta nação ainda dominada por essa elite abominável, iletrada e predatória – e branca. O “negro de alma branca” é o negro que foge de si mesmo na esperança de ser aceito onde jamais será. Quem finge não saber disso, finge também que não há racismo no Brasil.
Recentemente, fui chamado de racista por um idiota do PCdoB, partido do qual sou, eventualmente, eleitor, e onde tenho muitos amigos. Meu crime foi lembrar ao mundo que o vereador Netinho de Paula, pagodeiro recentemente convertido ao marxismo, havia espancado a esposa, em tempos recentes. E que havia dado um soco na cara do repórter Vesgo, do Pânico na TV. Assim como PHA agora, fui vítima de uma tentativa primária de psicologia reversa cujo objetivo era o de anular a questão essencial da discussão: a de que Netinho de Paula era um espancador, não um negro, informação esta que sequer citei no meu texto, por absolutamente irrelevante. Da mesma forma, Paulo Henrique Amorim se referiu a Heraldo Pereira como negro não para desmerecer-lhe a cor e a raça, mas para opinar sobre aquilo que lhe pareceu um defeito: o de que o repórter da TV Globo tinha “a alma branca”, ou seja, vivia alheio às necessidades e lutas dos demais negros do país, como se da elite branca fosse.
Não concordo com a expressão usada por PHA. Mas não posso deixar de me posicionar nesse momento em que um jornalista militante contra o racismo é acusado, levianamente, de ser racista, apenas porque se viu na obrigação de fazer um acordo judicial ruim. Não houve crime, sequer insinuação, de racismo nessa pendenga. Porque se pode falar muita coisa sobre Paulo Henrique Amorim, menos, definitivamente, que ele é racista. Qualquer outra interpretação é falsa ou movida por ma fé e vingança pessoal de quem passou a ser obrigado, desde o surgimento do blog “Conversa Afiada”, a conviver com a crítica e os textos adoravelmente sacanas desse grande jornalista brasileiro.

Empresas requintadas com sistemas medievais de exploração




Escravos da modernidade
Na semana passada, a imprensa veiculou a notícia de que uma construtora servia-se de trabalho escravo.

A obra não era uma hidrelétrica na região Norte ou em algum lugar de difícil acesso, onde sempre é mais complicado descobrir o que se passa. Na verdade, a obra encontrava-se quase na esquina com a avenida Paulista.

Trata-se da reforma de um dos mais conhecidos hospitais da capital paulista, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ironicamente, a empresa responsável pela obra chama-se "Racional" Engenharia.

Como não podia deixar de ser, a empresa afirmou que os trabalhadores respondiam a uma empresa terceirizada e que os dirigentes desconheciam realidade tão irracional. Este foi o mesmo argumento que a rede espanhola de roupas Zara utilizou quando foi flagrada servindo-se de mão de obra escrava boliviana empregada em oficinas terceirizadas no Bom Retiro.

É muito interessante como empresas que gastam fortunas em publicidade e propaganda institucional são tão pouco cuidadosas no que diz respeito às condições aviltantes de trabalho das quais se beneficiam por meio do truque tosco da terceirização. Quando se contrata uma empresa terceirizada, não é, de fato, complicado averiguar as reais condições a que trabalhadores estão submetidos, se seus turnos são respeitados e se seus alojamentos são decentes.

Há de se perguntar se tal desenvoltura não é resultado da crença de que ninguém nunca perceberá o curto-circuito entre imagens institucionais modernas, requintadas, "racionais", e sistemas medievais de exploração.

No fundo, essa parece ser mais uma faceta de um velho automatismo brasileiro de repetição: discursos cada vez mais elaborados e modernos, práticas cada vez mais arcaicas. Afinal, tal precariedade foi feita em nome de novas práticas trabalhistas, mais flexíveis e adaptadas aos tempos redentores que, enfim, chegaram.

Não mais a rigidez do emprego e do controle dos sindicatos, mas a leveza do paraíso da terceirização, onde todos serão, em um horizonte próximo, empresas. Cada trabalhador, um empresário de si mesmo.

Que essa flexibilidade tenha aberto as portas para uma vulnerabilidade que remete trabalhadores à pura e simples escravidão, isto não retiraria em nada o brilho da ideia. Pois apenas os que temem o risco e a inovação poderiam querer ainda as velhas práticas trabalhistas. Pena que o novo tenha uma cara tão velha.

Pena também que, como os gregos mostrem a cada dia, quem paga o verdadeiro preço do risco sejam, como dizia o velho Marx, os que já perderam tudo.

Artigo do professor Vladimir Safatle, da Filosofia da USP. Publicado na Folha, no último dia 14/2.

Postado no Blog Diário Gauche em 23/02/2012

O Brasil na TV



Fico a me perguntar o que interessa ao morador de Belém o congestionamento da Marginal do Tietê, exaustivamente mostrado pelas redes nacionais de TV? Não haveria fatos locais muito mais importantes para a vida dos telespectadores do Pará do que as mazelas da capital paulista?

(*) Publicado originalmente na Revista do Brasil, edição de fevereiro de 2012.


O Brasil que se vê na TV está restrito ao Rio e à São Paulo, salvo raras exceções. Exibem-se nas novelas e nos telejornais, lindas paisagens e graves problemas urbanos dessas metrópoles para todo o país. 

Fico a me perguntar o que interessa ao morador de Belém o congestionamento da Marginal do Tietê, exaustivamente mostrado pelas redes nacionais de TV? Não haveria fatos locais muito mais importantes para a vida dos telespectadores do Pará do que as mazelas da capital paulista?

No entanto, o conteúdo que vai ao ar não é determinado pelos interesses ou necessidades do telespectador e sim pela lógica comercial. Para o empresário de TV local é mais barato e mais lucrativo reproduzir o que a rede nacional de televisão transmite, inserindo alguns comerciais da região, do que contratar profissionais para produzir seus próprios programas. 

Para as grandes redes trata-se de uma economia de escala: com um custo fixo de produção, o lucro cresce à medida em que os anúncios são veiculados num número crescente de cidades. 

Isso ocorre porque como qualquer outra atividade comercial a lógica do capital é a da concentração, regra da qual a televisão, movida pela propaganda, não escapa. Só que a TV não é, ou não deveria ser, apenas um negócio como outro qualquer. 

Por transmitir valores, idéias, concepções de mundo e de vida, ela é também um bem cultural e não uma simples mercadoria. Dai a necessidade de ser regulamentada e ter os seus serviços acompanhados de perto pela sociedade.

Como concessões públicas, as emissoras têm obrigação de prestar esses serviços de maneira satisfatória, atendendo às necessidades básicas de informação e entretenimento a que todos tem direito. Caso contrário, caberiam reclamações, processos e punições, como ocorre em quase todas as grandes democracias do mundo.

Aqui, além de não existirem órgãos reguladores capazes receber as demandas do público e dar a elas os devidos encaminhamentos, não temos uma legislação capaz de sustentar esse processo. Por aqui vale tudo.

E quem perde é a sociedade, empobrecida culturalmente por uma televisão que a trata com desprezo. Diretores de emissoras chegam a dizer, preconceituosamente, que “dão ao povo o que o povo quer”.

Um caso emblemático da falta que faz essa legislação é o da produção e veiculação de programas regionais. Se o mercado concentra a atividade televisiva no eixo Rio-São Paulo, cabe a lei desconcentrá-lo, como determina artigo 221 da Constituição, até hoje não regulamentado. 

Sua tramitação é seguidamente bloqueada no Congresso por parlamentares que representam os interesses dos donos das emissoras de TV.

Em 1991 a então deputada Jandira Feghali apresentou um projeto de lei estabelecendo percentuais de exibição obrigatórios para produção regional de TV no Brasil. Doze anos depois, em 2003, após várias concessões feitas para atender aos interesses dos empresários, o texto foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado, onde dorme um sono esplendido até hoje. 

São mais de vinte anos perdidos não apenas para o telespectador, impossibilitado de ver o que ocorre na sua cidade e região. Perdemos também a oportunidade de abrir novos mercados de trabalho para produtores, jornalistas, diretores, atores e tantos outros profissionais obrigados a deixar suas cidades em busca de oportunidades limitadas nos grandes centros.

Mas se os interesses empresariais das emissoras bloqueiam esse florescimento artístico e cultural, as novas tecnologias estão abrindo brechas nessas barreiras. O barateamento e a diminuição dos equipamentos de captação de imagens impulsionaram o vídeo popular e a internet vem sendo um canal excelente de divulgação desses trabalhos. 

Combina-se a vontade e a capacidade de fazer televisão fora das emissoras tradicionais com a necessidade do público de acompanhar aquilo que acontece perto de sua casa ou de sua cidade. 

O que não descarta a necessidade da existência de programação regional nas grandes emissoras, como forma de tornar o Brasil um pouco mais conhecido pelos próprios brasileiros.

Anonymous e a guerra de informação digital





 


Um católico que, no dia 5 de novembro de 1605, quase conseguiu fazer voar pelos ares o Parlamento inglês com 30 quilos de pólvora, com o rei James I dentro, é o rosto oficial de uma nova revolta ocidental. Sem se encaixar em um rótulo tradicional, Anonymous realiza a sua maneira o desejo não confesso de muitos cidadãos do planeta: colocar uma pedra na engrenagem da perfeição ultraliberal, abrir a cortina de sociedades ultrapoliciais que só protegem os interesses do poder. O artigo é de Eduardo Febbro.

Eduardo Febbro - De Paris
Data: 21/02/2012

Paris - Guy Fawkes nunca pensou que sobreviveria a tantos séculos, e menos ainda que, mais de quatrocentos anos depois de suas andanças, a máscara que o representa se converteria em pleno século XXI no emblema daqueles que – desde os indignados até os guerreiros digitais do Anonymous, passando por toda a galáxia dos grupos antiglobalização – se opõem ferreamente à ordem de um mundo ultraliberal, depredador e indolente. 

Este católico que, no dia 5 de novembro de 1605, quase conseguiu fazer voar pelos ares o Parlamento inglês com 30 quilos de pólvora, com o rei James I dentro, é o rosto oficial da revolta ocidental e, mais precisamente, o distintivo com o qual o grupo de hackers reunido sob a denominação de “Anonymous” se apresenta ao mundo. Suas ações já são parte da resistência permanente contra toda forma de violação de liberdade segundo os critérios com os quais Anonymous a entende.

Presente há vários anos na cena do hacking contestatório, Anonymous ganhou fama quando, em 2010, em plena ofensiva oficial contra o fundador do Wikileaks, Julian Assange, o grupo atacou as empresas multinacionais que tinham se somado ao boicote instrumentalizado pelo governo dos EUA contra todas as fontes de financiamento do Wikileaks: os portais de Amazon, PayPal, Visa, MasterCard e Postfinance, a filial dos serviços financeiros dos correios suíços, foram bloqueados pela operação Payback montada por Anonymous contra essas empresas que, sem ter nenhuma ordem judicial, trataram de impedir que o dinheiro chegasse a Wikileaks. 

Era a primeira vez na história que se realizava uma ofensiva dessa magnitude não mais em nome do ciberanarquismo, mas sim em defesa de certa forma de liberdade.

Quem são e de onde vem esses valentes que ousaram penetrar as portas mais protegidas para ferir o coração do sistema? Frédéric Bardeau e Nicoals Danet, os autores de um destacado ensaio sobre Anonymous (“Anonymous: piratas informáticos ou altermundistas digitais?’), descrevem a influência desta galáxia sem hierarquia nem manual de instruções como “um movimento que modifica a relação de formas no interior da sociedade”. 

De ação em ação, Anonymous instalou-se na paisagem política mundial e excedeu em muito a herança de seus pais culturais, a saber, toda a cultura contestatória norteamericana dos anos 70 perfeitamente representada por Stephen Wozniak, co-fundador da Apple, e Richard Stallman, o iniciador do projeto GNU.

Anonymous se plasmou em quatro operações muito ousadas. A primeira: os ataques contra a igreja da Cientologia, em 2008. A segunda: a ciberofensiva contra o escritório de advocacia Baylout, defensores dos direitos autorais da indústria do disco e do cinema nos Estados Unidos, e contra o portal da Motion Picture Association of America (MPAA), associação que o Anonymous persegue por suas “políticas excessivas” na proteção dos direitos autorais. Terceira: a intervenção a favor de Assange no que ficou conhecido como o primeiro episódio de uma autêntica guerra da rede. Coldblood, um dos porta-vozes do Anonymous, explicou então que a operação em defesa de Assange estava se convertendo em uma guerra, mas não uma guerra convencional. “É uma guerra de informação digital. Queremos que a internet siga sendo livre e aberta para todo mundo, como sempre foi”. O quarto episódio remonta ao dia 19 de janeiro, logo após o fechamento do site Megaupload e a prisão de seu criador, o multimilionário Kim Schmitz. Lançados dos quatro pontos cardeais do planeta, os ataques orquestrados por Anonymous bloquearam os portais do Ministério da Justiça dos EUA, da Casa Branca, da Warner, da Universal, do FBI, do organismo que supervisiona a internet na França, Hadopi, e a estrutura que administra os direitos de autor, a Sacem. Anonymous conseguiu inclusive penetrar no portal da presidência francesa e modificar as mensagens de boas vindas.

A quinta e última ação ocorreu há apenas alguns dias. Um grupo que se identificou como Anonymous divulgou a gravação de uma “reunião” telefônica entre o FBI e a polícia britânica, na qual se falava de ações contra os ciberativistas. Onde estão para conseguirem se meter nestas conversas tão íntimas? “Em todas as partes”, respondem Frédéric Bardeau e Nicolas Danet, os autores do ensaio sobre Anonymous. Estes dois especialistas observam que os Anonymous não são piratas propriamente, pois não roubam nada. Tampouco são “terroristas”, mas “um fenômeno muito mais vago cujo único fio condutor é a defesa da liberdade de expressão”. Bardeau e Nadet contam que, em certo momento, “a CIA tentou realizar um perfil dos simpatizantes de Anonymous: era tão indefinido que terminava apontando para a metade do planeta”.

Seu lema tornou-se realidade: “somos legião”. Neste sentido, Frédéric Bardeau destaca que os Anonymous não se enquadram em nenhum rótulo. “Não são nem anarquistas, nem sindicalistas revolucionários, nem marxistas. É um movimento pós-moderno, anônimo, planetário, descentralizado. Entre os Anonymous do Brasil, muito fortes e mobilizados contra a corrupção, e os da Áustria e Alemanha, todos antifascistas, não há unidade, mas sim denominadores comuns como a liberdade e a neutralidade da rede”. Diferentemente dos indignados ou de outros movimentos antiglobalização, Anonymous atua a partir do anonimato: não há partido político, nem fórum, nem cúpula, nem manifestação. Sua identidade física é a máscara de um militante católico britânico do século XVI e seus territórios são estes: irc.anonops.li, twitter@AnonOps, @AnonymousIRC, Facebook Anonymous, AnonOps.blogspot.com.

A origem do nome provém dos fóruns anárquicos 4chan (*). Neste portal norteamericano é fácil inscrever-se e cada participante recebe o pseudônimo de “Anonymous”. Estão em muitos lugares ao mesmo tempo, alguns são hackers aficionados, outros não, universitários, empregados, militantes de uma ou de muitas causas. Anonymous realiza a sua maneira o desejo não confesso de muitos cidadãos do planeta: colocar uma pedra na engrenagem da perfeição ultraliberal, abrir a cortina de sociedades ultrapoliciais que só protegem os interesses do poder. Nicolas Danet comenta que “Anonymous é um pouco como o voo dos pássaros migrantes. Formam uma massa que conhece o objetivo, mas um pássaro pode deixar o grupo a qualquer momento”. Os vídeos de Anonymous já são famosos, tanto pelo conteúdo como pela voz metálica que anuncia: “Somos legião. Não perdoaremos, não esqueceremos. Tenham medo de nós”.

(*) 4chan é um imageboard em inglês. Lançado em 1° de Outubro de 2003, seus sub-fóruns eram originalmente usados para postagem de imagens e discussão sobre mangás e animes. Os usuários geralmente postam anonimamente e o site já foi relacionado com subculturas da Internet e ativismo (Wikipédia)

Tradução: Katarina Peixoto

Postado no Blog Carta Maior em 23/02/2012

Policiais expulsam TV Globo !


Acusada de cobertura tendenciosa contra a greve no Rio, TV Globo é obrigada a deixar manifestação sob vaias e xingamentos. Veja o vídeo:




Uma equipe da Rede Globo foi expulsa por policiais de uma manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (12).
A equipe iria fazer a cobertura do evento de policiais militares e bombeiros, que reivindicam por melhores salários e a liberação dos líderes do movimento grevistas que foram presos. 
Repórteres e cinegrafistas saíram de Copacabana sob vaias, gritos de “Fora Globo” e acusados de fazer cobertura tendenciosa, a favor do governo, sobre a greve que acontece no Rio.

Se você não consegue visualizar o vídeo pelo navegador Internet Explorer, entre neste blog pelo navegador Google Chrome.

Centenas gritam "vergonha" em Puerta del Sol a maioria da Espanha apoia Garzón





61% da sociedade espanhola acredita que o juiz Baltasar Garzón é vítima de perseguição.

Por Redação de El País [10.02.2012 15h02]


Tradução de Idelber Avelar

Várias centenas de pessoas se convocaram de forma improvisada na Puerta del Sol para protestar contra a expulsão de Baltasar Garzón da carreira judicial. Entre acusações bem duras contra os juízes da Suprema Corte, o grito mais repetido pelos manifestantes foi o de “vergonha”. No protesto, estavam representadas várias associações de vítimas do franquismo. Na verdade, ao estilo das mães da Praça de Maio que davam várias voltas em torno a um monólito todas as quintas-feiras durante a ditadura argentina, vários grupos de pessoas, com cartazes reclamando justiça e fotos de algumas vítimas da repressão franquista, davam voltas à estátua de Carlos III no centro da Puerta del Sol.

A indignação contra os juízes do Supremo foi crescendo na medida em que mais gente ia se concentrando na praça. Os oradores vincularam, a todo momento, o caso das escutas de Gurtel com a investigação da repressão franquista. “Provoca indignação que um juiz que destapa o caso seja, pelo menos até agora, o único condenado por Gurtel. Parece que neste Judiciário os juízes independentes que queiram acabar com a corrupção incomodam”, apontava um dos oradores, membro da Plataforma contra a impunidade.

“Chega de máfia judicial”, gritava o público. “Depuração dos juízes franquistas” ou “fora franquistas do Tribunal Supremo”. “Temos memória, queremos justiça”. Os cartazes levados por muitos dos manifestantes também iam na mesma linha: “Espanha ao revés, corruptos e fascistas julgam o juiz”. “Escondem seus crimes botando Garzón pra fora”.

 61% afirma que Garzón é vítima de perseguição

A condenação a 11 anos de inabilitação ao juiz Baltasar Garzón por parte do Tribunal Supremo não é compartilhada nem compreendida por parte de uma ampla maioria da sociedade espanhola. A decisão do Supremo, que implica a expulsão do magistrado da carreira judicial, não foi recebida como um veredito justo, e sim como a culminação de uma perseguição contra ele. Uma pesquisa de urgência da Metroscopia, realizada nesta quinta-feira para El País, constata que só 36% considera que havia motivos suficientes para julgá-lo, enquanto que 61% afirma que Garzón “está sendo objeto de uma perseguição”.

Ante a sentença que o considera prevaricador por autorizar gravações das conversas na prisão dos indiciados da trama Gurtel com seus advogados, 65% dos pesquisados opina que um juiz deve poder interceptar estas conversas se considera que o que dizem extrapola o estrito direito à defesa. A tese contrária é compartilhada por 30%.

A decisão tomada pelo Supremo é só a primeira das três que recairão sobre o ex-magistrado, processado também porinvestigar os crimes do franquismo e por supostos pagamentos irregulares recebidos por cursos em Nova York. Uma enorme maioria (77%) afirma que não pode ser considerado um delito interrogar judicialmente os crimes cometidos pelo lado franquista na Guerra Civil. Só 18% dos consultados aponta que Garzón deve ser condenado.

Os processos abertos contra o juiz pelas escutas de Gurtel, os crimes franquistas e as supostas cobranças irregulares danificaram muito a opinião dos cidadãos sobre a justiça espanhola em geral – para 65%, ela piorou – e sobre o Supremo em particular – 62% tem agora uma opinião pior sobre ele.

Postado no Blog Revista Fórum em 10/02/2012

Entenda porque é tão importante ingerir fibras regularmente






No passado, as fibras chegaram a ser “jogadas para escanteio” na hora de formular dietas saudáveis. Justificativa usada na época: elas nem são digeríveis pelas secreções gastrointestinais e o valor nutricional é pouco relevante. Atualmente, a situação é exatamente oposta. As fibras são altamente recomendadas por médicos para a perfeita operação das funções digestivas. 



As fibras presentes nos alimentos vegetais podem existir de duas formas: insolúvel ou solúvel. Embora essas duas frações atuem no nosso organismo de maneira diferente, ambas trazem benefícios à nossa saúde.



A fração insolúvel é encontrada nos cereais (farelos de um modo geral), hortaliças, frutas (especialmente nas cascas) e leguminosas. Este tipo de fibra atua principalmente na parte inferior do nosso intestino (intestino grosso), aumentando o volume fecal e fazendo com que haja a produção de fezes mais macias. Por isso, elas estão relacionadas à prevenção de prisão de ventre e de doenças como diverticulite e câncer de cólon.


Já a fração solúvel é encontrada principalmente em alimentos como a aveia, cevada, frutas cítricas (bagaço), maçã (casca), goiaba e em certas gomas. Este tipo de fibra atua principalmente na parte superior do trato gastrointestinal, mais especificamente no estômago e no intestino delgado, onde ocorre a digestão e absorção dos nutrientes. A ação dessas fibras nesses dois órgãos promove vários efeitos.

Fibra e a prevenção de doenças

Estudos recentes e mais aprofundados chegaram a relacionar a ocorrência de certas enfermidades (doença cardiovascular, câncer de cólon, diabetes...) a dietas pobres em fibras. Além disso, pesquisadores da relação entre os alimentos e a saúde já conhecem bem as propriedades que tornam as fibras fundamentais para normalizar a função gastrointestinal, prevenindo a constipação (intestino preso).

Nas últimas décadas, pesquisadores observaram que regiões onde é comum a dieta baseada em alimentos ricos em fibras (cereais integrais, verduras, frutas e legumes) a incidência de doenças gastrointestinais, como prisão de ventre, diverticulite, diverticulose, hemorroidas e câncer de cólon é bem pequena. Já nos países com intenso avanço tecnológico, onde o consumo de alimentos de origem animal e alimentos refinados supera o consumo daqueles ricos em fibras, o avanço dessas moléstias é cada vez mais frequente.

Especialistas estimam que uma dieta ideal consiste em cerca de 85% de alimentos vegetais e apenas 15% de alimentos de origem animal. Eles acreditam que tal proporção reduziria a incidência de muitas enfermidades comuns em países desenvolvidos. Tal dieta seria inevitavelmente rica em fibra proveniente de grãos integrais e de produtos à base de farelo, frutas, verduras e leguminosas e, obviamente, seria muito mais pobre em gorduras. Este tipo de dieta provocaria uma redução significativa na incidência do câncer e das doenças cardiovasculares que, em conjunto, respondem por cerca de 70 a 80% das mortes prematuras em sociedades desenvolvidas.

Em resumo, os principais benefícios do consumo de fibras são:

Lipídios
- Redução do colesterol total
- Redução do LDL colesterol (mau colesterol)
- Aumento do HDL colesterol (bom colesterol)
- Redução dos triglicerídios

Glicose
- Redução da hiperglicemia (controle do diabetes)
- Aumento da sensibilidade do músculo à insulina

Pressão sanguínea
- Redução da pressão sistólica e diastólica

Controle de peso
- Redução da ingestão de energia e gorduras
- Aumento da sensação de saciedade
- Alguma perda da energia consumida

Problemas intestinais
- Alívio da prisão de ventre
- Prevenção de doenças como diverticulite, câncer de cólon e síndrome do intestino irritado.

Fonte: Saúde Plena


Postado no Blog Vou de Blog

Ato médico aprovado, a vergonha para os médicos éticos



Aprovado na última quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça do Congresso do Senado Federal, o texto do relator Antônio Carlos Valadares estabelece uma hierarquia entre a medicina e as outras profissões da área da saúde, condicionando à autorização do médico o acesso aos serviços de saúde.
Biomédicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, acupunturistas, nutricionistas, fisioterapeutas, odontólogos, fonoaudiólogos, optometristas, terapeutas ocupacionais, biólogos e outros profissionais da saúde não podem mais exercer cargos de chefia e direção em núcleos multidisciplinares de saúde, mas apenas de direção administrativa de serviços. A própria filosofia e prática multidisciplinar, que já vem engatinhando no SUS, em tentativas sempre derrubadas pelas políticas médicas corporativistas, entra num retrocesso sem parâmetros na história.
O Conselho Federal de Medicina, que articula desde 2002 a aprovação do Ato Médico, acredita que a necessidade de regulamentação da profissão é fundamental já que há dois mil anos, quando foi fundada, não existiam outros profissionais de saúde e, assim, todos os diagnósticos e prevenções estavam sob controle dos médicos. Os primeiros textos do Ato Médico reivindicavam que a aplicação de simples injeções fosse exclusividade dos médicos, por exemplo. A regulamentação da profissão é um direito dos médicos, mas as reivindicações estapafúrdias deixam claro que é apenas uma briga de mercado, uma tentativa de bloqueio corporativista contra o crescimento das outras profissões e não a favor da medicina.
O cerco aos profissionais de saúde não-médicos foi longe, e mesmo depois de tantos remendos, ainda apresenta problemas. No artigo 4º da PL aprovada, o diagnóstico nosológico se transforma em exclusividade dos médicos e atrapalha diretamente o exercício de outros profissionais de saúde, como os psicólogos, que agora não podem mais diagnosticar sinais e sintomas das doenças.
Fisioterapeutas que atendem pacientes com problemas respiratórios ficarão literalmente segurando o balcão na mão até a chegada do médico: a “definição da estratégia ventilatória inicial” passa a ser uma exclusividade médica.
As enfermeiras brasileiras continuam de bandeja na mão diante da aprovação do Ato Médico, que propõe um modelo falido de atendimento à saúde, centrado no atendimento clínico, medicamentoso, intervencionista e hospitalocêntrico, ou seja, tudo aquilo que enriquece médicos e corporações privadas de saúde. A prestação de serviços desse modus operandi aos cidadãos é o que temos visto diariamente estampando capas de jornais. Os médicos estão sobrecarregados, há sobra de clientes pobres, a briga é por clientes de alto padrão e os argumentos caem como luva para uma sociedade que foi aculturada à mitomania médica.
Aprovado o Ato Médico e posto em prática, vamos ter falta de médicos no SUS e excesso de médicos em clínicas privadas de fonoaudiologia, fisioterapia, casas de parto, brincando de chefes sabe-se lá com que ideias de poder. A desvalorização dos outros profissionais de saúde, que vieram crescendo na área privada mais rapidamente do que na pública, vai supervalorizar a figura do médico no atendimento público. Um grande golpe em que a classe médica será a única beneficiada.
A competência médica não está em cheque, nunca esteve, os médicos sempre tiveram e sempre terão o seu lugar na sociedade; o choque é entre a visão corporativista, fechada, que não dialoga com a saúde de maneira multidisciplinar e as novas formações, muitas delas nem tão novas, que não vêem a saúde apenas como ausência de doença, mas sob conceitos mais amplos. O que faz falta atualmente nos hospitais públicos é a presença maior de outros profissionais de saúde, eles serviriam para, no mínimo, desafogar as filas, mas obviamente não é invertendo a lógica que se encontrará a solução do caminho do meio.
Os psicólogos e nutricionistas, por exemplo, não estão reivindicando receitar medicamentos, mas defendendo o direito de muitos cidadãos de curarem seus transtornos emocionais sem entupir-se de medicamentos e aumentar as filas das cirurgias desnecessárias. As categorias atingidas não estão reivindicando poder sobre a saúde das pessoas e muito menos sobre suas doenças, seus pesares, mas é exatamente isso que o Ato Médico significa: um maior poder dos médicos, como se já não fosse grande o bastante, sobre nossa saúde e principalmente nossas doenças, quando nos tornamos extremamente vulneráveis.
Tenho conversado com vários amigos médicos e nenhum deles é a favor do Ato Médico, todos eles trabalham em conjunto com outros profissionais de saúde, encaminham pacientes para psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e nenhum deles acha graça da síndrome da sexta-feira à noite, quando os médicos plantonistas recebem nos hospitais pessoas que não têm doença alguma, apenas carência, dor de solidão.
Meus amigos médicos éticos pensam que é preciso melhorar o acesso a outras categorias, ampliar vagas nos hospitais e maternidades para outras categorias e não o contrário. Eles sabem que muitos de seus colegas se chateiam com as carências da sexta-feira à noite e são capazes de receitar remédios para dormir, irresponsavelmente, apenas para não encaminhar a um outro profissional melhor habilitado. De qualquer maneira não há nos hospitais plantonistas de outras áreas e, com a aprovação do Ato Médico, a tendência do quadro não é melhorar.
O momento não é bom para centralizar a saúde ainda mais nas mãos dos médicos. Como temos visto aqui nessa coluna, as parteiras e enfermeiras obstetras têm feito muita falta dentro dos hospitais para diminuir o vergonhoso número de cesarianas no país. O Ato Médico vai contra o desenvolvimento de uma medicina humanizada, que é necessariamente rica em multidisciplinaridade. Por vaidade da corporação e reserva de mercado as mulheres não podem contar com uma assistência digna no trabalho de parto, sendo rotineiramente encaminhadas, com as desculpas mais estapafúrdias e sem base científica, diretamente para a cirurgia de extração de bebês, mais rápida e mais rentável e também mais arriscada para a saúde da dupla mãe-bebê.
Por estudarem demais as tecnologias, os procedimentos, as químicas dos remédios e menos a fisiologia do corpo humano e sua estreita relação com hormônios e sintomas comportamentais, os pediatras são os maiores incentivadores de desmames precoces. A maior parte dos bebês nascidos no Brasil já sai do hospital com uma receita de leite artificial. Não é costume desse profissionais, médicos pediatras, encaminhar as parturientes para os bancos de leite, locais em que elas teriam acesso a informações de qualidade, técnicas de pega, atendimento ou encaminhamento à atenção física e psicológica adequada por outros profissionais de saúde.
O Ato médico é, sem dúvida e em primeiro lugar, uma ação corporativista e de reserva de mercado, mas é também uma dor narcísica, uma impossibilidade emocional da categoria de colocar em prática um relacionamento igualitário com outros pares da saúde e em prol do ser humano, em benefício da vida. O Ato Médico é uma traição ao juramento da profissão, por isso envergonham-se dele todos os médicos éticos.
Cláudia Rodrigues, jornalista, terapeuta reichiana, autora de Bebês de Mamães mais que Perfeitas, 2008. Centauro Editora. Blog: Buenaleche.
Postado no Blog Sul21 em 10/02/2012


O fascismo dos "meninos do Rio"


                        Por Gilson Caroni Filho, no sítio Carta Maior:

O que há em comum entre uma moradora de rua agredida a socos e pontapés no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, por três homens de classe média que a acusam de quebrar o retrovisor do carro e Vítor Suarez da Cunha, jovem estudante brutalmente espancado ao tentar proteger um mendigo que apanhava de cinco delinquentes no bairro Jardim Guanabara, na Ilha do Governador? Ambos foram vítimas de um estrato social que tem como traço ideológico funesto a recusa da cidadania.

Em menos de uma semana, a violência de um segmento incapaz de distinguir o público e o privado, que tem na venalidade uma de suas marcas, que trata a rua como prolongamento da casa e do quintal, desconhece direitos sociais e políticos, menospreza a condição humana dos que não pertencem à sua geografia social, reiterou, em pontos do estado do Rio de Janeiro, o caráter fascista que lhe é inerente.

Para eles, a liberdade se reduz ao ato de escolher entre várias marcas do mesmo produto e a felicidade é o fim de semana em família esvaziando shopping centers, o consumo do Natal e o réveillon em uma boate "superluxo". A protegê-los, vigias, olhos eletrônicos, cães de guarda, grupos de extermínio e a polícia violenta que conhecemos, protetora de “gente de bem”. Quando se lançam em busca das ilusões perdidas, dão início a uma busca feroz, mostrando uma força ideológica assustadora.

Num tempo em que pessoas têm sua condição humana aviltada, morrendo como moscas, fatos como estes não podem, após algum tempo de exposição midiática, provocar, no máximo, bocejos. É preciso deixar de contentarmo-nos em sobreviver, de acreditar que "com a gente não acontece" ou, o que é pior, fazer da vítima o culpado. Recusar a indiferença, persistindo em chamar de acidente uma rotina de mortes e de mutilações, conhecida, anunciada e burocraticamente executada cotidianamente. Nas ruas do Leblon e do Jardim Guanabara, o que aconteceu foi um fato político. E como tal precisa ser combatido.

Como classificar o comportamento dos fascistas de "boa aparência”? Perversão? É pouco. Isto é sordidez, abjeção, cegueira de valores. Mais ainda: é sintoma de uma cultura que faz da sarjeta sua medida moral e que, pouco a pouco, destrói um legado histórico, construído com sacrifício de homens, de povos e de nações. O que está em jogo é a consciência de que a vida é um bem, cuja posse não temos o direito de negar a quem quer que seja. O que estamos esperando? Que a lei da oferta e da procura regule o mercado de massacres e extermínios?

A punição exemplar dos agressores, "gente de boa cepa", é fundamental para que não continuemos a ser uma sociedade moralmente idiotizada. A barbárie não pode continuar satisfazendo o apetite de quem faz do riso cínico a única saída para a impotência e a covardia. Os fascistas têm que saber que já não contam com o "jeitinho brasileiro" de lidar com o direito à vida e a dignidade física e moral de cada um. Do contrário, a certeza da impunidade continuará ampliando a lista de vítimas. Em um país democrático, não se confunde desejo de justiça com direito de vingança.

Vítor Suarez da Cunha, o jovem de 21 anos, que teve 63 pinos implantados no rosto, deu uma magnífica lição de vida, de solidariedade humana. Muitos escreverão sobre sua atitude, mas nenhum texto será capaz de traduzir sua coragem, seu amor ao próximo, sua consciência de cidadania. Ao afirmar que "faria tudo de novo se preciso fosse", torna-se um símbolo de que a luta política não só é possível como conta com bons combatentes.

Postado no Blog do Miro em 10/02/2012