Tava aqui pensando





Lelê Teles


Os caras têm o presidente da república; mesmo que empurrado goela abaixo, feito um foie gras.

Têm maioria na câmara e no senado.

Têm maioria no stf.

Contam com a omissa conivência do MPF e da PGR.

Ofendem a constituição, burlam as leis, subvertem a ordem.

Tudo para o seu bel prazer.

Governam os estados mais importantes, economicamente falando.

Se servem da bajulação da grande mídia que, de brinde, ainda comete assassinato de reputação de seus adversários.

Comandam uma malta de midiotas que cagam ódio nas redes sociais, intoxicando corações e mentes.

Debocham, escarnecem, tripudiam.

São - estes que aí estão - frutos do espírito de um novo tempo.

E, como sabemos, são tempos trevosos.

Estes intransigentes brucutus demofóbicos - os tais homens de bens - são também carolas de fachada, dizimistas desalmados, papa hóstias fingidos...

Cristãos de tabernáculo, em suma.

Do cristo, seguem apenas o exemplo da cruz, onde o mestre perdoa o "bom" ladrão.

São discípulos deste e não daquele.

São corruptores, corruptos, machistas, sexistas, sexólatras, misóginos, racistas, classistas, ególatras...

Umas bestas-fera.

E chegam - oh, opróbrio! - com uma fome de anteontem.

São vorazes.

Devoram tudo que veem pela frente; como cupins.

E o diabo é que eles estão em quase todas as partes.

Ontem mesmo descobrimos, durante o churrasco da família, alguns deles entre nós.

Agora, como pokémons, eles surgem em nossa frente na faculdade, nas redes sociais, nos púlpitos, nas cortes, nas praias, nos programas de tv, na balada...

E o pior, aqui e nas estranjas.

Esse pandemônio já é uma pandemia.

São as sementes do desamor esparramadas mundo afora e que agora frutificam também por estas paragens.

Espalham-se, contagiam...

Emergiram do limbo quais criaturas sombrias, soturnas, enigmáticas.

Estão sempre com um sorriso cheio de ódio a rasgar-lhes os lábios.

Amam odiar.

Sentem ódio todos os dias, como quem sente sede e fome.

E estão sempre sedentos e insaciáveis.

Estupram, espancam, humilham.

A antítese da mulher sujeito é o homem abjeto.

E é este que agora volta ao poder, o macho branco e machista.

Welcome to the trump land.

Negam qualquer alteridade. São contra o outro, o outro é sempre um inimigo a ser destruído.

Detestam o estrangeiro de pele escura, querem extinguir o índio nu e prender o homem de pé descalço ou que pede esmola.

Estes, eles matam e esfolam.

No campo, como na cidade, mandam e desmandam, matam e desmatam.

Truculentos, dão carteirada, mentem, omitem, chutam a porta, arrancam pelos cabelos, se apropriam das cadeiras e das canetas, tomam de conta do pedaço.

Nunca imaginávamos que eram tantos.

E em pouco tempo - se o grande meteoro não vier - confirmarão sua ubiquidade.

Um trump aqui, uma le pen ali.

Um temer cá, um macri acolá.

Eles...

Eles...

Quê que eu tava pensando mesmo?

Questões enigmáticas.


Lelê Teles   Lelê Teles  -  Jornalista, publicitário e roteirista



Postado em Brasil247 em 08/02/2017



Afinal, qual é a chave para a felicidade?



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Estudo de Harvard com 75 anos de duração desvenda o segredo da saúde e da felicidade

Redação Hypeness


Pessoas? Dinheiro? Reconhecimento? Amor? Afinal, qual é a chave para a felicidade? Essa parece a mais difícil pergunta de nossas vidas, e foi justo ela que um estudo da Universidade de Harvard se dedicou a responder. O Estudo de Harvard sobre o Desenvolvimento Adulto procurou encontrar os fatores que podem nos levar a desenvolver a melhor saúde física e mental quando atingirmos idades avançadas.

Para responder uma pergunta tão difícil, o processo de pesquisa não haveria de ser fácil. O tal estudo durou nada menos que 75 anos, entrevistando e monitorando mais de 600 pessoas divididas em dois grupos: estudantes de Harvard e moradores das cidades vizinhas a Boston, onde fica a universidade. Junto das pessoas selecionadas eram monitoradas também suas famílias, através de entrevistas de dois em dois anos, exames médicos, e monitoração de experiências de interação com outras pessoas.

A pergunta que o Dr. Robert Waldinger, o quarto diretor que o estudo teve ao longo de tantos anos, levantou no Ted Talk abaixo, é o fundamento: Se você hoje fosse investir no seu melhor “eu” futuro, no que você colocaria seu tempo e energia?

E a resposta é simples e direta: o que melhor garante nossa saúde física e mental são as relações pessoais. Quem criou laços fortes com outros seres humanos viveu mais e melhor – para além de dinheiro, status ou emprego.

O sucesso maior de nossa vida está no afeto, trocado, dividido, saboreado e devolvido entre seres humanos. Parece óbvio, e é – mas é ainda bastante difícil. Sucesso e saúde, portanto, é ter amigos, família e amores. O resto é o resto.





Postado em Hypeness



Sinais de que você está vivenciando um despertar espiritual


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11 sinais de que você está vivenciando um despertar espiritual

Eva Maria

Em um entorno dominado pelo consumismo e pelo egocentrismo, pode parecer absurdo falar de ‘despertar espiritual’. Contudo, cada vez mais pessoas estão passando por isso. Muitas delas resistem porque sentem que não se encaixam, mas experimentar um despertar espiritual não o torna diferente, e sim especial. E você não está sozinho.

Muitas coisas estão mudando no mundo. Vivemos um tempo de despertar e de desejo de mudança nunca antes visto. Uma grande quantidade de pessoas se tornam mais conscientes dos problemas e de que certas práticas que perduraram muito tempo precisam mudar.
“ O segredo da liberdade humana é agir bem, sem apego aos resultados.”
- Bhagavad Gita -
Muitos são que desejam tomar suas vidas nas próprias mãos e escapar do modelo imposto pela sociedade com o fim de conhecer realmente a felicidade e viver a vida que realmente querem viver, e não a ditada pela televisão, as revistas, os filmes, as identificações sociais e todos esses clichês sem sentido que nos rodeiam.

A consciência sobre os grandes problemas humanos e sociais que enfrentamos é cada vez maior. Cada vez mais pessoas estão dispostas a ouvir essas verdades e são suficientemente corajosas para levar a mudança a elas mesmas e suas famílias, porque sabem que a mudança de que o mundo precisa passa pela sua própria mudança.

As pessoas que experimentam esse despertar espiritual veem a sua consciência crescer, seus interesses evoluírem, o sentido da vida muda para elas e surgem novas aspirações e inspirações. Tudo isto é acompanhado pelo desejo de mudar a si mesmos como princípio para mudar o mundo.
“ Os grandes homens são aqueles que enxergam que a espiritualidade é mais forte que qualquer força material, que os pensamentos que governam o mundo."   - Ralph Waldo Emerson -
Você se enxerga nisto? Estas palavras despertaram uma pequena chama no seu interior? Se você chegou até aqui, seja corajoso e continue lendo.

Sintomas de um despertar espiritual

Os seguintes sintomas são claros sinais de que você está passando por um despertar espiritual. Se você é consciente de que alguma coisa neste sentido está acontecendo com você ou você se sente de alguma forma identificado com isso, não tenha medo.

1. Você deseja menos coisas e procura mais simplicidade na sua vida. Percebeu que quanto menos coisas possui, mais leve se sente. Procura adquirir menos riqueza material em favor de procurar a sua riqueza interior.

2. Você se sente atraído pelas leituras que expandem a sua mente. Os livros que simplesmente entretêm cada vez interessam menos, em favor de outros que ajudam você a se transformar na melhor versão de si mesmo.

3. Você possui um profundo desejo de significado. Você compreende que viver uma vida “normal” está vazio de significado e propósito, de modo que você procura criar o seu próprio caminho.

4. Você expõe o seu verdadeiro eu ao mundo. Você tirou a máscara social que carregava por “fazer a coisa certa” e agora está aberto a comunicar seus pensamentos e sentimentos mais íntimos para com os outros sem se sentir culpado ou envergonhado.

5. Cada vez você passa mais tempo a sós e em silêncio. Você sente prazer em passar tempo em silêncio e com passeios solitários na natureza a fim de se conectar e fazer as pazes consigo mesmo. Você cada vez precisa de menos barulho ao seu redor para ficar à vontade. Você não se sente sozinho quando há silêncio e tranquilidade ao seu redor.

6. Você se sente mais conectado com a natureza e os seres vivos. Você reconhece a interconexão e independência de todos os seres e possui uma sensação de unidade com todos e com tudo.

7. Você come de forma mais saudável e cuida melhor do seu corpo e da sua mente. Cada vez se preocupa mais com o que você come, não apenas com alimento em si, mas também com a sua procedência, a forma como é produzido e o impacto ambiental que implica. Além disso, adquiriu hábitos de vida mais saudáveis para o seu corpo, não por uma questão de estética, mas porque você sente que o seu corpo é como um templo para o seu espírito, do qual você também cuida.

8. Você assume a responsabilidade pelo seu destino nas suas mãos e é consciente das suas ações. Você percebeu que não existe razão para ter uma mentalidade de vítima e culpar os outros pelo que anda mal na sua vida, o que faz você agir conscientemente para dar forma ao seu destino. Você descobriu o grande poder que as suas ações têm e age de forma a não afetarem negativamente nem você, nem os outros.

9. O passado e o futuro já não controlam a sua vida. Você entende que o que realmente importa é o presente, que o passado teve o seu momento e que o futuro é uma coisa que ainda não existe. Você vive o momento presente sem deixar que o passado domine as suas ações e constrói o futuro a partir do agora real.

10. Você perdeu o interesse na competição. Você percebeu que a concorrência traz conflitos e sofrimento, e que a única forma de viver em harmonia com os outros é tendo uma atitude amorosa e de compaixão para com eles.

11. Você descobriu que está no mundo para iluminar, não para deslumbrar. Ser luz preenche você muito mais do que impressionar aos outros. Iluminar o caminho dos outros dá significado à sua existência.
“ Para que uma semente alcance a sua máxima expressão, é preciso que se desmanche completamente. A casca se rompe, o seu interior sai e tudo muda. Para alguém que não compreende o crescimento, pareceria uma destruição completa.”   - Cynthia Occelli -





Ame o que você tem, antes que a vida o ensine a amar o que você tinha




Fabíola Simões

Tenho mania de tirar o esmalte das unhas. O esmalte está lá, todo bonito e reluzente, e de repente minhas mãos distraídas riscam a textura cintilante que recobre a ponta dos meus dedos. Absorta em meus pensamentos, só percebo o estrago tempos depois, o que gera arrependimento, constrangimento e alguma tristeza.

Do mesmo modo, muitas vezes estragamos os presentes que a vida nos dá. Distraídos e alheios à alegria de estar onde estamos, rodeados pelas pessoas que amamos, não damos o devido valor ao que deveria ser valorizado. Tempos depois, revendo fotos antigas, ouvindo músicas de um tempo bom ou saboreando delícias que remetem à uma época feliz, murmuramos saudosos que “éramos felizes e não sabíamos…”

É preciso se saber feliz. É preciso se lambuzar de alegria presente e ser grato pelo que se concretizou em nossa vida.

Todos já passamos por sustos que provam que a vida é feita de altos e baixos. Por isso há que ser feliz na varanda dos dias, quando ainda há luz e calor. Não deixar para depois o reconhecimento de nossas dádivas, presentes que querem ser desembrulhados agora, com a euforia de meninos na noite de natal.

Não deixe empoeirar os presentes que você recebe hoje. Não permita que a ferrugem do tempo estrague o brilho de suas realizações ao perceber, tarde demais, que abriu mão de suas maiores riquezas na ânsia de ser “muito” mais feliz.

Tem gente que espera ser feliz no próximo ano, no próximo aniversário, na próxima primavera. Não percebe que a felicidade não obedece calendários nem floresce de acordo com as estações do ano. A felicidade acontece numa fagulha de instantes, e é preciso olhos atentos para não perde-la.

Por isso é primordial fazer pactos com o presente e amar a vida que se tem. Cuidar daqueles que escolheram partilhar a vida conosco e olhar para trás com gratidão, nunca com nostalgia ou arrependimento.

O novo ano nos traz esperança. Porém, mais que pedir, devemos agradecer e cuidar. Agradecer o tempo de descanso ao acordar; agradecer o cheirinho de café nas primeiras horas da manhã; agradecer nosso trabalho; agradecer os amigos com quem dividimos nosso dia (tão próximos ou tão distantes _ a internet nos aproximou tanto…); agradecer nosso lar, nossos filhos, nosso par…

Não adie a oportunidade de ser grato pelo que você tem. Suas possibilidades são dons preciosos, e você precisa saber enxergar e agradecer. Ame o que é seu, e conduza seu barquinho com a fé dos que acreditam navegar em águas mansas e deliciosas.

Não espere fogos de artifício quando a sorte lhe sorrir. A sorte é silenciosa, e você pode deixar passar simplesmente porque não soube enxergar.

Que venha o novo ano, as novas conquistas, cheirinho de roupa nova, esmalte cintilante e perfume borrifado no pescoço. Que haja fé e esperança, alegria e bonança. Mas que, principalmente, não nos falte a gratidão. A capacidade de amar o que temos para que a vida não nos ensine a amar o que tivemos…



Postado em Conti Outra



Lula deve sempre agir pelos modos e costumes da " casa grande " ?



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Lula nunca sabe o seu lugar 


Wilson Gomes no Facebook



Primeiro apareceram os que acusaram Lula de pecado futuro: vai usar a morte da esposa para se fazer de vítima. Acusar alguém de pecados ainda não cometidos é uma tentativa de fechar ao acusado uma alternativa, de desqualificá-la de antemão: "vai doer, mas chorar você não pode; tente, então, ficar quietinho". "Fazer-se de vítima" é uma dessas expressões curiosas da alma brasileira, vez que quem acusa o interlocutor de se fazer de vítima geralmente está fazendo o papel de verdugo. O carrasco está barbarizando, mas, por favor, tenha compostura, "não se faça de vítima".

Depois apareceram as condenações pelo "uso político do velório". Como pode um sindicalista e político enterrar a própria esposa com um coração de político e sindicalista? Tinha que ter havido discrição, silêncio. Como pode um sujeito enterrar a sua companheira de vida, cuja morte foi, no mínimo, acelerada pelo desgosto e por acusações que, segundo ele, são injustas, berrando, esperneando, acusando? Não, o certo era ficar quietinho ou, se fosse mesmo para fazer drama, que se cobrisse de cinzas, batesse no peito, em lágrimas, e gritasse "mea culpa, mea maxima culpa!".

Fosse apenas questão de ser sommelier do luto alheio, até me pareceria razoável. Afinal, o Facebook é principalmente uma comunidade de tias velhas desaprovando as saias curtas e os comportamentos assanhados dos outros. Mas, é mais que isso. Pode haver um aluvião público de insultos, augúrios de morte e dor, e difamação à sua esposa, durante duas semanas, mas Lula não pode mostrar-se ultrajado ou ofendido, não pode desabafar do jeito que pode e sabe, não pode espernear. Em vez do "j'accuse", o certo seria a aceitação bovina do garrote, da dor, da perda. Em vez do sindicalista e político, em um ambiente privado do sindicato, velando entre amigos a mãe dos seus filhos, havia de ser um moço composto e calado. Todo mundo tem direito de velar os seus mortos como pode e sabe, exceto Lula.

Uma parte da sociedade brasileira nunca se cansa de mostrar a Lula o seu lugar. E de reclamar, histérica, quando ele, impertinente, não faz o que ela quer. Tem sido assim. Lula já foi insultado de analfabeto, nordestino, cachaceiro, ignorante e aleijado, muito antes de ser chamado de corrupto e criminoso. A cada doutorado honoris causa de Lula choviam ofensas e impropérios porque ele não tinha todos os dedos, porque era uma apedeuta, porque era um peão. Qualquer motivo para odiá-lo sempre foi bom o bastante para uma parte da sociedade.

Agora, estamos autorizados a odiá-lo por mais uma razão: o modo como acompanhou a agonia e como velou sua companheira. Que os cultivados me perdoem a analogia, mas isso me lembra a acusação feita em O Estrangeiro, de Albert Camus, ao sujeito que não conseguiu chorar e sofrer, como aos demais parecia conveniente e apropriado, no funeral da própria mãe: "J'accuse cet homme d'avoir enterré sa mère avec un cœur de criminel". "Eu acuso este homem de ter enterrado a sua mãe com um coração de criminoso".

No surrealismo da narrativa política brasileira, a história se repete: Lula deve ser desprezado porque enterrou a esposa com um coração de político e sindicalista e isso não está direito. Voilà. Lula nunca vai aprender o seu lugar. Tsc.







Velório ao vivo e homenagens à Marisa Lula da Silva










Marisa Letícia : Bemvindo Sequeira e Hildegard Angel



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À companheira de vida e de lutas de Lula, Marisa Letícia, dedico esta música



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Homenagem para uma grande Mulher

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Elegia para Marisa Letícia Lula da Silva


A ele te dedicaste por décadas tantas

Como séculos, silente e loquaz,

Olhar sorridente, voz ausente

Regaço do exaurido, elixir do guerreiro

Torturada, nem um lamento te escapou

Da boca ou do olho, da voz ou do alhar

Desafiaste o carrasco, silêncio impávido,

Sereno, negando súplica, capitulação

Aceitaste a recusa dele a capitular,

Tiveste sentido histórico de tua

Importância para que ele

Não sucumbisse à trilha da história

Suportaste o insuportável, enfrentaste

O irrefreável, desdenhaste a impiedade,

Galgaste o inexpugnável, olhaste a deformidade

Da mentira, de tanta, tanta iniquidade

Alcançaste o inverno do tempo

Designado, serena como o

O entardecer, vida dedicada

À tua terra, à tua gente,  ao amor

Sem tu ele sucumbiria, por tu

Ele não sucumbirá, eis que com teu

Ato derradeiro roubaste o

Momentum de outra conspiração


Marisa, Galega, a democracia te

Homenageia, a verdade te exalta,

O futuro te agradece, o passado te

Honra, a história te fará jus



Postado em Blog da Cidadania em 02/02/2017 


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Marisa Letícia Lula da Silva

07/04/1950 - 02/02/2017


Marisa Letícia Lula da Silva: as palavras que precisavam ser ditas


Hildegard Angel


Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de “a Cara” por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À “companheira” número 1 da República, muito osso, afagos poucos. Ah, dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E – pior de tudo – os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família? Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.

Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade. Depois, implicaram com o silêncio dela, a “mudez”, a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que “eles” queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e mestrados. Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia. E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?

Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e as brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar “emergentes” metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo “arrodeado” de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.

Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada. No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita. Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor!

Cobraram de Marisa Letícia um “trabalho social nacional”, um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social. Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.

Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.



Postado em Hildegard Angel em 27/01/2017