Documentário impressionante sobre Hugo Chávez : " Não permitam que os envenenem com tantas mentiras"





Ao ver o vídeo, troque a palavra Venezuela por Brasil e a história do discurso, não dos fatos, será a mesma. Para a grande mídia brasileira, Hugo Chávez é o primeiro ditador eleito democraticamente e carregado pelo povo ao poder. Da mesma forma, Lula é o ex-presidente que precisa de impeachment.



Postado no blog Educação Política em 06/03/2013

Chávez vai ter sua verdadeira história escrita na memória de seu povo



bandeira chavez povo Chávez vai ter sua verdadeira história escrita na memória de seu povo

Marco Antonio Araujo

Morreu Hugo Chávez. Agora, podem elogiá-lo à vontade. Para começar, admitir que foi o único "ditador" na história da humanidade eleito quatro vezes pelo voto popular, democraticamente, em pleitos nunca questionadas pela comunidade internacional.

Esta acusação sempre foi a maior canalhice que seus inimigos propagaram, para ser reverberado por gente ideologicamente preguiçosa e mal informada.

A má vontade da mídia com Chávez é de uma desfaçatez assustadora. Por aqui, sua difamação agregou-se a uma vingança pura e simples: foi uma forma indireta de achincalhar Lula, num processo de transferência típica de gente amargurada.

A primeira eleição do líder venezuelano, em 1998, é um daqueles fatos históricos espetaculares tratados com omissões e cinismo propositados. Ameaçado de morte pela CIA e adversários internos, desencadeou uma então inimaginável reação de massa: o povo literalmente desceu o morro e foi para as ruas garantir a posse (e a vida) do novo presidente. Eleito.

O resto só será contado em enciclopédias cubanas ou em monografias da USP condenadas a círculos restritos. Preparem-se para toneladas de editoriais massacrantes, para a próxima capa indecente da Veja, para comentários entredentes de nossos articulistas muito bem pagos — os mesmos que defenderam o Consenso de Washington, o imperialismo americano, a globalização que levou a Europa e o mundo para uma crise de proporções sistêmicas.

Esperar o mínimo de respeito com a figura de Hugo Chávez é ingenuidade. Mas será possível ouvir grunhidos de alívio. O cara incomodava. E desencadeou uma mudança ainda a ser estudada em toda a América Latina. O que está acontecendo em nosso continente, a ascensão de um discurso de oposição ao neoliberalismo, tem em Chávez seu principal articulador. Um revolucionário. O último?

A Venezuela se tornou protagonista no mapa mundial. Pode ser combatida, mas jamais ignorada. A grandeza de Chávez pode ser medida pelo poder gigantesco de seus inimigos. Aos quais dobrou um por um. E deu, sim, alguma dignidade ao seu país, arrancando-o da miséria em que os humildes se encontravam. Os ricos soltam rojões e comemoram em seus condomínios fechados.

Não preciso falar dos erros de Hugo Chávez. Esses estarão espalhados por aí, em letras garrafais. Mas suas qualidades, sua capacidade de liderança, sua aposta em um discurso socialista, sua coragem, essas ficarão escritas de outra forma, a melhor: na memória de seu povo.

Postado no blog O Provocador em 05/03/2013


Venezuela não é mais quintal dos EUA





Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:


A América Latina foi infestada, a partir dos anos 1950, por militares patrocinados pelos Estados Unidos.

Eles transformaram a região num monumento abjeto da desigualdade social, e impuseram com a força das armas sua tirania selvagem e covarde.

Pinochet foi o maior símbolo desses militares, aos quais os brasileiros não escaparam: Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo foram capítulos lastimáveis da história moderna nacional.

Hugo Chávez rompeu, espetacularmente, com a maldição dos homens de farda a serviço dos americanos e de uma pequena elite predadora e gananciosa.

Paraquedista de formação, coronel na patente, Chávez escolheu o lado dos excluídos, dos miseráveis – e por isso fez história na sua Venezuela, na América Latina e no mundo contemporâneo.

Chávez foi filho do Caracaço – a espetacular revolta, em 1989, dos pobres venezuelanos diante da situação desesperadora a que foram levados na gestão do presidente Carlos Andrés Perez.

Carne de cachorro passou a ser consumida em larga escala por famintos que decidiram dar um basta à iniquidade. A revolta foi esmagada pelo exército venezuelano, e as mortes segundo alguns chegaram a 3.000.

Uma ala mais progressista das forças armadas ficou consternada com a forma como venezuelanos pobres foram reprimidos e assassinados.

Hugo Chávez, aos 34 anos, pertencia a essa ala.

Algum tempo depois, ele liderou uma conspiração militar que tentou derrubar uma classe política desmoralizada, inepta e cuja obra foi um país simplesmente vergonhoso.

O levante fracassou. Antes de ser preso, Chávez assumiu toda a responsabilidade pela trama e instou a seus liderados que depusessem as armas para evitar que sangue venezuelano fosse vertido copiosamente.

Chávez aprendeu ali que o caminho mais reto para mudar as coisas na Venezuela era não o das armas, mas o das urnas.

Carismático e popular, Chávez se elegeu presidente em 1998. Pela primeira vez na história recente da Venezuela, um presidente não dobrava a espinha para os Estados Unidos.

Isso custou a Chávez a perseguição obstinada de Washington. Mas entre os venezuelanos pobres – a esmagadora maioria da população – ele virou um quase santo.

Chávez comandou projetos sociais - as missiones - que retiraram da miséria milhões de excluídos. Alfabetizou-os, ofereceu-lhes cuidados médicos por conta de médicos cubanos – e acima de tudo lhes deu auto-estima. Os desvalidos tinham enfim um presidente que se interessava por eles.

O tamanho da popularidade de Chávez pode se medir num fato extraordinário: um grupo bancado pelos Estados Unidos tentou derrubá-lo em 2002. Mas em dois dias ele estava de volta ao poder, pela pressão sobretudo, dos mesmos venezuelanos humildes que tinham protagonizado o Caracaço.

Quanto ele mudou a Venezuela se percebe pelo fato de que, nas eleições presidenciais de outubro passado, a oposição colocou em seu programa os projetos sociais chavistas que, antes, eram combatidos e ridicularizados.

Chávez teve tempo de pedir aos venezuelanos que apoiassem Nicolas Maduro, seu auxiliar e amigo mais próximo.

Maduro provavelmente se baterá, em breve, com Henrique Caprilles, principal nome da oposição. As pesquisas indicam, inicialmente, vantagem clara para Maduro.

Se o chavismo sobrevive sem Chávez é uma incógnita.

 O que parece certo é que a Venezuela, pós-Chávez, jamais voltará a ser o que foi antes dele – um quintal dos Estados Unidos administrado por uma minúscula elite que jamais enxergou os pobres.

Postado no Blog do Miro em 05/03/2013
Trecho grifado por mim

Deus está comigo - Fernanda Brum





Hugo Chavez : Admiro nele seu amor pela Venezuela e pela América Latina, sua luta contra o Império Americano e sua opção de governar para os pobres !





Dê espaço para o amor que já está em você!




Rosana Braga  

Algumas afirmações já deveriam ter virado lei, de tanto que já foram repetidas. Todo amor que você busca já está dentro de você! é uma delas... Mas, infelizmente, somos teimosos o suficiente para continuarmos ouvindo – e nunca sentindo! – o que é realmente importante!

Saint Exupèry, autor do bestseller O Pequeno Príncipe, disse: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. 

E eu ousaria continuar: Só se ouve bem com o coração. O essencial é inaudível aos ouvidos.

Ou seja, enquanto continuarmos ouvindo e vendo, nada encontraremos, nada veremos e nada ouviremos de realmente válido. 

É preciso dar espaço ao coração. Ouvir e enxergar são meios maravilhosos de perceber a vida e até o amor, desde que a percepção venha do coração!

No entanto, nossa mente está à espreita, pronta para nos sabotar, para nos desviar do foco verdadeiro. Sempre alerta, rápida, perspicaz, nos movendo para um mundo irreal, poluído de pensamentos equivocados, limitados, que não nos deixa ouvir nem ver o que o coração está nos dizendo ou mostrando.

Então, como sair dessa dinâmica camuflada, que nos arrasta para uma falsa sensação de segurança, de sabedoria e de atenção?!

Difícil tarefa! De tão simples e tão óbvia, torna-se o maior desafio para aqueles que buscam o amor, a verdade e, sobretudo, a si mesmos!

Não precisamos ir a lugar algum. Não precisamos descobrir nada nem nos tornarmos alguém melhor. Já somos. Já estamos. Já possuímos o que quer que seja que realmente necessitamos. 

Mas fomos, dia a dia, escondendo a nós mesmos debaixo de grossas e pesadas camadas de medo, de desconfiança e de crenças.

Agora, então, a tarefa é tirar, desapegar, soltar, livrar-se, desprender-se, libertar-se!!! Entregue-se! Aceite! 

Abrace a vida e a si mesmo com o que tem, agora, neste instante. Nada mais é preciso conquistar. Apenas dê espaço...

Somente dando espaço, o amor que já está em você poderá se manifestar. Você não precisa buscá-lo. Ele já está. 

Apenas dê espaço. Tape os ouvidos para a mente, para os pensamentos que, na verdade, ensurdecem você... Tape os olhos para a mente e para os pensamentos que cegam você...

Concentre-se no coração, na sensação... E se não souber como fazer isso, apenas toque você, traga sua atenção para o peito, para o desejo genuíno que grita dentro de você.

Ao tirar o foco da mente, ou seja, ao silenciá-la, você conseguirá ouvir esse grito!

Talvez, num primeiro momento, ele saia desajeitado. Talvez você não consiga entendê-lo. Talvez o seu grito saia em forma de lágrima, de tristeza, de dor, de saudade, de arrependimento... Talvez seja um grande e escuro vazio, daqueles que nos dão a impressão de não ter fim... Mas, enfim, apenas entregue-se!

E uma vez mergulhado no seu grito, completamente envolvido por essa vontade desesperada de encontrar o amor, a vida e todas as respostas, você possa, enfim, simplesmente se ver, se ouvir, absolutamente nu, em silêncio, inteiro, pronto para ser quem você, na verdade, sempre foi!

Essa é a magia do sol. Essa é a magia do amor.

Faça frio, chuva, nuvem, trovão, relâmpago ou faça nada... Eles estão aí, sempre, todos os dias. Porque o frio passa, a chuva pára, a nuvem se desfaz, o trovão e o relâmpago são circunstanciais. Mas o amor permanece... e quando o nada se faz, todo o espaço é deliciosamente preenchido... de amor!

Portanto, a minha sugestão é para que você, confiante e humildemente, dê espaço!


foto
Rosana Braga
é Palestrante, Jornalista, Consultora em Relacionamentos
e Autora dos livros "O PODER DA GENTILEZA" e "FAÇA O AMOR VALER A PENA", entre outros.
www.rosanabraga.com.br


Postado no site Somos Todos Um
Imagem inserida por mim

Poltronas gravidade zero



Fernando Guimarães

Desde sempre, os escritórios trabalham com mesas e cadeiras. Primeiro, eram necessárias horas de trabalho em manuscritos imensos. 

Depois vieram as máquinas de escrever (alguém ainda sabe o que é isso?) e posteriormente terminais de computador gigantes, que logo também foram superados por PC´s e monitores de tubo não tão menores.

Por fim, os monitores de LCD e os notebooks se popularizaram, apesar de já apresentarem sintomas de aposentadoria, com a chegada dos tablets.

Sempre achei esta configuração cadeira+mesa muito dolorosa: geralmente as empresas investem pouco e terminam comprando cadeiras com pouca ou quase nenhuma regulagem, o que, felizmente, parece estar mudando nos últimos anos.

Certa vez, o pessoal da Unisinos projetou uma poltrona/mesa ergonômica que permitisse ficar diversas horas trabalhando em um computador. 

Foram fabricados alguns protótipos e colocados próximos a biblioteca central, em uma sala de acesso para acesso à web. A poltrona se parecia muito com o o conceito de zero gravity chair , as quais reproduzo alguns modelos:



O conceito de zero gravity chair baseia-se em tentar simular – ou chegar perto o máximo possível – da ausência de gravidade. 

O processo consiste em deixar todo o corpo distribuindo o peso ao longo da poltrona e mantendo-se uma posição agradável para o trabalho. Obviamente, quando estamos deitados sobre uma cama, também estamos distribuindo o peso sobre o colchão, mas não se consegue uma posição agradável para se trabalhar ou navegar na web.

Com isto, poderia se quebrar o paradigma de cadeira/mesa que conhecemos hoje. 

Claro que o exagero seria a evolução das poltronas Polishop, o que acarretaria algo próximo aos personagens do filme Wall-E.


       


Com a chegada do Google Glass, onde as imagens poderão ser projetadas diretamente na retina pelo óculos, os monitores certamente desaparecerão, assim como o mouse e o teclado que conhecemos hoje.

Pode parecer um pouco de futurologia, mas as cadeiras não estarão com os dias contados?


Postado no blog Sul 21 em 03/03/2013
















Refletindo...


















A Bíblia, o humor e o nosso presente histórico





Marco Weissheimer

Flávio Aguiar passou muitos anos lendo e estudando a Bíblia – ou as Bíblias, como prefere dizer – como pesquisador e professor de teoria literária. 

Mais da metade das literaturas e das artes que estudamos, assinala, são incompreensíveis sem um conhecimento mínimo das diversas Bíblias.

A relação de Flávio Aguiar com os textos bíblicos começou, na verdade, desde a infância, quando ele compreendeu que “a verdadeira Bíblia era sexo, ação e violência o tempo inteiro”. “Era melhor que um faroeste”, brinca.

Mais tarde, no Canadá, descobriu com o professor Northrop Frye que as Bíblias também foram escritas com humor. “De repente tudo isso se materializou numa reescritura do que eu lera e me inspirara na minha vida de professor e crítico literário”, conta. 

Foi assim que nasceu A Bíblia segundo Beliel (Boitempo), que trouxe Flávio Aguiar ao Brasil para dois lançamentos, em Porto Alegre (1º) e em São Paulo (12), neste mês de março.

Em uma conversa no restaurante Gambrinus, no Mercado Público de Porto Alegre, Flávio Aguiar fala da origem de seu interesse pelos textos bíblicos, da presença do humor nestes textos, da importância de voltar a rir de coisas sobre as quais não se riem mais e da perspectiva de fim de mundo presente nos dias de hoje. “É um livro cômico para ser levado a sério. Ele trata de coisas sérias”, resume.

O acaso sorriu para essa intenção do autor. A Bíblia segundo Beliel e suas histórias profundamente humanas surgem no momento em que a Igreja Católica está mergulhada em uma profunda crise moral e mesmo programática.


Os pecados que habitam o Vaticano e que agora vem a público embalados sob a forma de escândalos não são inéditos. A história do homem e das igrejas dos homens está repleta deles. Lembrando uma passagem de Isaías, um dos livros bíblicos preferidos de Flávio Aguiar:

“Toda a cabeça está enferma, e todo o coração abatido. Desde a planta do pé até ao alto da cabeça, não há nele nada são; tudo é uma ferida, uma contusão, uma chaga entumecida, que não está ligada, nem se lhe aplicou remédio para sua cura, nem foi suavizada com óleo. Vossa terra está deserta, vossas cidades abrasadas pelo fogo…” (Isaías, 1,5)

Como é que começou esse seu interesse pela Bíblia?

Começou quando eu era criança. Eu lia a Bíblia não só porque estudava em um colégio jesuíta (o Anchieta, o velho Anchieta da rua Duque de Caxias, em Porto Alegre). Mesmo sendo criança e com um lado um pouco carola, devo dizer, eu logo compreendi que a Bíblia – a verdadeira Bíblia, não as adaptações que se faziam – era sexo, ação e violência o tempo inteiro. Era melhor que faroeste, melhor que revista pornográfica, o que não depõe em nada contra a Bíblia. 

Ela é um livro profundamente humano sobre coisas humanas, mas infelizmente a maioria das pessoas se convenceu de que ela é algo intocável, que é uma redoma que não pode ser tocada e que só pessoas iluminadas podem interpretá-la devidamente.

Não. As bíblias – e vou falar dela no plural mesmo – foram escritas para serem lidas por todos. Ela tem uma mensagem aberta para crianças, adolescentes, pessoas maduras, pessoas idosas, para todas as crenças e todas as raças. Eu consegui, por alguma alquimia, me imbuir desse espírito.

Agora, houve um momento chave na vida, que foi quando eu fui aluno de Northrop Frye, um professor extraordinário de teoria literária na Universidade de Toronto, no Canadá. 

Além de ser um professor extraordinário e especialista em temas bíblicos, ele me convenceu que a Bíblia tinha sido escrita com humor também.

Tudo isso se materializou na ideia de escrever uma história baseada nos relatos bíblicos para que nós hoje, no século 21, pudéssemos rir de coisas sobre as quais não se riem mais. E eu penso que isso é algo muito salutar.

Que coisas, por exemplo?

Vou dar um exemplo da Bíblia clássica. Quando Jesus está no templo e os sacerdotes que se consideravam guardiões das escrituras começam a apertá-lo, ele responde: Vocês estão vendo esse templo? Eu posso destruí-lo e reconstruí-lo em três dias. Os doutos sacerdotes respondem: mas que louco, que idiota, em outras palavras é claro, mas dizem isso. Na verdade, Jesus está tirando sarro da cara deles. Está dizendo: vocês não estão entendendo nada do que está acontecendo. O que está acontecendo aqui é outra coisa.

Há outro momento, belíssimo, em que ele está na casa desses doutores e eles resolvem tratá-lo mal. Neste momento entra casa adentro uma prostituta, que dizem ser Maria Madalena – há controvérsia a respeito -, põe uma bacia com água aos pés de Jesus, derrama lágrimas nesta bacia, lava os pés dele e os enxuga com o próprio cabelo. É uma cena de um erotismo extraordinário, além de deixar aqueles doutores todos com a cara no chão.

Outro exemplo pode ser encontrado em Jeová, o criador do Gênesis, que tem um lado meio neurótico. Ele criou algo sobre o qual está completamente inseguro. Então ele fica tentando refazer tudo: é dilúvio pra cá, é fogo pra lá, e destrói Sodoma e Gomorra, e promete pra Jó e faz o contrário, e chama Lúcifer para tentar Jó…Ou seja, Jeová deveria estar em um divã psicanalítico, de preferência com o doutor Freud, que é da tribo.

Então, o livro, apesar de ter um viés satírico, pretende também falar de coisas sérias, digamos. É um livro sério, na verdade…

É um livro cômico para ser levado a sério. Ele trata de coisas sérias. O último capítulo, por exemplo, é o fim do mundo. Eu não vou falar sobre isso porque como o livro foi recém-lançado ainda existem muitas pessoas que ainda não conhecem o seu final. Eu não vou falar sobre isso, mas é o fim do mundo. Hoje, nós nos deparamos com uma perspectiva de fim de mundo, seja do ponto de vista supersticioso, religioso – como a teoria maia do fim do mundo -, seja do ponto de vista científico – é a crise climática, o fim da atmosfera.

O fim do mundo foi, em primeiro lugar, um tema da minha geração que cresceu sob a ameaça da terceira guerra mundial, da guerra fria, que iria acabar com o mundo.

Hoje, a ameaça da guerra fria está à sombra, mas existe a ameaça de uma guerra nuclear, por exemplo, no Oriente Médio, seja de que ponto de vista se queira encarar.

O fim do mundo se tornou hoje uma visão palpável. Como disse um grande amigo meu, Saul Leblon, que escreve na Carta Maior, nós, mais velhos, não veremos este momento, mas nós já estamos olhando nos olhos daquelas crianças que se defrontarão com o momento em que o mundo tomará um rumo, o rumo da continuidade ou o da destruição e da calamidade, em função das grandes ameaças que pairam sobre nós, pelos problemas ambientais, por questões sociais não resolvidas.

Eu diria, então, que o livro trata de temas bíblicos, mas é um livro realista, que trata de questões sobre o nosso presente histórico e nossa vida cotidiana.

E parece haver também um fim do mundo pairando sobre a própria igreja…

Eu diria que as trombetas do apocalipse soaram para, pelo menos, uma certa igreja, que é herdeira do imenso trabalho conservador e reacionário de João Paulo II para reverter a tendência progressista anterior.

Eu diria que esta igreja está fadada a desaparecer ou a fazer a própria igreja desaparecer.

Esse é o desafio para o próximo conclave: ou continuar mantendo essa cúpula fechada do Vaticano sobre a qual pesam gravíssimas acusações de corrupção em todos os sentidos, inclusive no sentido cristão.

Essas acusações vão desde a pedofilia até a corrupção envolvendo dinheiro. Não vamos esquecer as palavras de Cristo: ai daquele que escandalizar um destes pequenos, melhor que amarrasse uma pedra no pescoço e se jogasse no mar.

Foto: Flávio Aguiar e Paulo Neves no lançamento do livro, sexta (1º) à noite, na Palavraria, em Porto Alegre. (Palavraria Livros & Café)

Postado no blog RS Urgente em 02/03/2013