Em defesa das cotas “raciais” e contra os lacerdinhas



Por Juremir Machado da Silva
Não se pode fugir do passado. Assim como não é correto tapar o sol com a peneira em relação aos crimes da ditadura de 1964, não haveria como negar para sempre a dívida com os negros produzida pelos séculos de escravidão. Toda fortuna de mais de quatro gerações deve aos escravos. Num país capitalista democrático a educação é o caminho para acertar contas com o que ficou para trás. Ou se tem educação gratuita para todo mundo (França e outros países europeus) ou se tem educação gratuita para os mais carentes. O sistema universitário público brasileiro fez o contrário durante muito tempo: garantiu educação superior gratuita para os mais ricos. Especialmente nos cursos mais procurados como medicina.
É simples assim: costuma chegar primeiro quem sai primeiro.
O modelo do mérito, os melhores entram e não pagam, é um sistema de hierarquia social, um modo de reprodução da desigualdade, uma maneira de manter privilégios. Quando não há igualdade de preparação no ponto de partida, não há condições equivalentes de competição no ponto de ingresso, o vestibular. Sou totalmente favorável às cotas. Sempre há exceções: o menino pobre que supera todas as barreiras e conquista uma vaga improvável. O que é interessa é a média. A universidade pública gratuita para os mais ricos, por serem os “melhores”, é uma perversão, um efeito perverso da meritocracia.
Só tem uma maneira legítima de não precisar de cotas: bancar vagas gratuitas para todos os que atingirem determinada média. O resto é enrolação. Só que útil para alguns.
Até a controvérsia entre cotas sociais e cotas raciais é conversa fiada, coisa de quem quer tergiversar. Os negros, entre os pobres, são mais prejudicados que os brancos.
A elite branca, acostumada a ficar com as mais cobiçadas vagas das universidades públicas, com base nesse sistema de reprodução da desigualdades pelas diferenças sociais, econômicas e históricas de preparação, continua esperneando. Não é absurdo se propor um aumento das vagas destinadas às cotas. Enquanto o passivo persistir, será preciso enfrentá-lo com medidas fortes. Sem cotas, o acesso de certos grupos às universidades públicas brasileiras permaneceria o mesmo pelos próximos 500 anos.
É claro que os lacerdinhas, ideólogos da meritocracia com método pretensamente neutro e universal, vão continuar berrando. A meritocracia é um dispositivo de dominação baseado numa mentira: a igualdade de oportunidades. Vou repetir: não é porque todos respondem questão iguais, na mesma sala e na mesma hora, que há paridade no jogo. Essa é a ilusão da banca, o engano calculado para vender uma neutralidade falsa.
As cotas são um contraveneno contra o veneno da meritocracia estimulada como esporte de combate. A meritocracia transforma os derrotados em incompetentes ou preguiçosos. Grande parte simplesmente não pode treinar. Ainda existem aqueles que defendem a formação de elites, um ensino de elite, e lamentam a massificação do ensino superior. São ganidos de lacerdinhas inconformados com os novos tempos, uivos em defesa de uma época em decomposição, réquiens por um sistema de hierarquia social a caminho de tornar-se defunto. Os donos do poder, contudo, não morrem de boca fechada. Abrem o berreiro. Soltam o verbo, clamam por objetividade. Ai, ai, ai…
Raças não existem, o que existe é preconceito de cor.
Esse preconceito ganhou, ao longo do tempo, uma legitimação “racial”.
Aos se falar em cotas “raciais” se está, na verdade, defendendo uma compensação aos que, pela cor, foram prejudicados em nome de um preconceito dito racial.
A questão não é só de escola pública ou de pobreza, é de cor mesmo.
Há um lastro de pobreza intensa e falta de oportunidades derivado da cor.
Basta espiar os dados do IBGE para se ter certeza disso.
Tem muita gente querendo confundir as coisas.
É pura estratégia, jogada, malandragem.
Mérito é ganhar um jogo em que os competidores têm equivalência de preparação.
Meritocracia é ganhar um jogo em que só um dos competidores, favorecido no ponto de partida, pôde realmente se preparar. É, como se diz, jogo jogado.
Salvo quando dá zebra.
O mundo não é simples.
Tem sido simplificado.
Complexificar demais pode ser uma maneira de complicar e esconder as simplificações.
As cotas acarretam distorções.
O sistema, sem elas, é pura distorção.
A universidade pública branca gaúcha ainda não é suficientemente colorida.
O argumento em favor das cotas sociais, não raciais, é falacioso: por que os pobres poderiam receber uma compensação pelos prejuízos sofridos na competição e os negros ou índios, por terem sido prejudicados como negros ou índios, não?
A compensação pode se dar em relação a qualquer elemento historicamente comprovado como fato de discriminação, preconceito e prejuízo nas condições de disputa.
A cor, no Brasil, tem sido fator histórico de agravamento da pobreza e de prejuízo na competição pela ascensão social e por acesso a espaço de disputa.
Há um efeito inercial nos obstáculos impostos à cor.
A escravidão gerou um passivo que se disseminou, sob novas formas, ao longo do tempo, assumindo a característica de pobreza, embora sendo uma pobreza plus.
É puro sofisma dizer que negros pobres querem privilégios.
As cotas enfrentam privilégios dissimulados, ardilosos, permanentes.
A defesa das cotas unicamente sociais é uma artimanha predominantemente branca para não assumir o racismo ainda existente e não admitir a dívida histórica com negros e índios.
É uma negação parcial de culpa.
A universidade pública gaúcha pode mais.
Vai dar.
Para desespero dos lacerdinhas.

Postado no blog Juremir Machado da Silva em 21/07/2012 
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Garzón, o intrépido



Garzón recebeu a Medalha do Poncho Verde em 17/07/2012
Por Juremir Machado da Silva
O governador Tarso Genro não é homem de viver com a cabeça escondida na areia. Não tem complexo de avestruz. Tomou uma atitude que engrandece a sua gestão: criou a Comissão Estadual da Verdade. Mais do que justo e necessário. Tem gente que ainda se impressiona com os grunhidos dos defensores da ditadura. Alguns insistem numa estratégia viciada: investigar e punir os dois lados. Acontece que um lado, o daqueles que resistiram ao regime militar pelas armas ou não, foi investigado e punido. O outro, o dos torturadores e dos algozes do sistema, nunca foi incomodado. Tem torturador que anda por aí se refestelando ou dormindo em sofá feito gato gordo. Não dá mais. O Brasil tem muito a aprender com seus vizinhos platinos. Na Argentina, a visão dos que se opuseram à ditadura e por ela foram perseguidos vai entrar nos currículos escolares. Si!

Para coroar o seu gesto corajoso, Tarso Genro trouxe a Porto Alegre o juiz espanhol Baltasar Garzón, o homem que mandou botar Augusto Pinochet na cadeia. Como se diz no popular: esse é galo. Tiro o meu chapéu para ele. Pinochet foi um dos ditadores mais pusilânimes da América Latina. É triste ouvir alguém dizer que, ditador ou não, ele contou muito para a estabilidade econômica do Chile. A economia jamais pode servir de pretexto para a supressão da democracia. É melhor viver na crise econômica e social do que numa economia ditatorial perfeita. No Chile, bem entendido, não houve qualquer perfeição. Nem econômica. Houve um regime nojento. Garzón encarou Pinochet e também o franquismo. Como o leitor sabe, a Espanha conheceu uma chaga ao longo de boa parte do século XX, a ditadura de Francisco Franco, cuja influência ainda se faz sentir sobre os setores e indivíduos mais retrógrados do país. Pestes como Pinochet e Franco deixam marcas devastadoras.

Baltasar Garzón desempenhou um papel tão importante na conservadora Espanha que atraiu a fúria de muita gente. Passou a ser perseguido. Arranjaram pecados incríveis para ele. Foi suspenso da sua função de magistrado. Seu crime: prevaricação. Por quê? Por ter se declarado competente para investigar os crimes da repressão franquista. Sem dúvida, um crime bárbaro. O mesmo pode vir a acontecer no Brasil. Basta algum procurador declarar-se competente para investigar os crimes da ditadura brasileira. Alguns vêm tentando procedimentos semelhantes em relação aos chamados crimes permanentes. Por exemplo, os sequestros, que não prescrevem e não estariam cobertos pela Lei da Anistia. Garzón deveria ser condecorado. É um herói internacional. A Espanha deve ter mais orgulho dele que de Fernando Alonso e dos campeões do mundo e da Europa. Não é todo dia que se tem um sujeito com audácia para enfrentar o pior.

Pois é, teremos uma Comissão Estadual da Verdade sob a tutela simbólica de Garzón, o intrépido. Em Palomas, a palavra intrépido não existia. Ou ninguém a conhecia. Lá, o povo, na sua simplicidade, com o perdão do termo, dizia “que colhudo”. Ninguém tomava isso, nessa acepção, por palavrão. Intuía-se que a pessoa estivesse querendo dizer apenas isso: “intrépido”. Na pressa, falavam, na verdade: “Mas que cuiudo!”

Postado no blog Juremir Machado da Silva em 19/07/2012
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20 de Julho Dia Internacional do Amigo


Amigo

"Um verdadeiro amigo é alguém que te conhece tal como és, compreende onde tens estado, acompanha-te em teus lucros e teus fracassos, celebra tuas alegrias, compartilha tua dor e jamais te julga por teus erros, eu tenho amigos verdadeiros e rendo minha homenagem por todos os dias que vivemos e pelos dias que ainda comemoraremos."



Dia do Amigo, dia internacional da amizade





A mídia e a greve nas universidades




Manifestações dos servidores federais em Brasília Julho/2012


Por Joana Tavares, no sítio Minas Livre:

Perseu Abramo já dizia, no seu clássico “Padrões de manipulação da grande imprensa”, que a mídia comercial lança mão de diversos artifícios para divulgar uma versão distorcida da realidade. Ele adverte que “não é todo o material que toda a imprensa manipula sempre”, mas que há padrões observáveis no conjunto da produção jornalística que demonstram que a maioria incorre em algum grau de manipulação. E nem é preciso dizer que toda manipulação tem objetivos e interesses.

O primeiro dos padrões levantados pelo jornalista é o da ocultação. Não se trata de falta de conhecimento, mas de um “deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade”. Não nos faltam exemplos desse simples artefato de seleção de temas. Privatizações, terceirizações, acidentes de trabalho são comumente relegados a espaços mínimos – isso quando merecem – nos jornais. Denúncias envolvendo colegas da própria mídia patronal então, não entram nem entre míseras aspas. Esse pacto de silêncio cúmplice mostrou toda sua força com o caso Veja-Carlinhos Cachoeira.

Mas esse Filha da Pauta trata de outro aspecto da realidade que não costuma merecer o status de pauta: as greves. Um direito legítimo dos trabalhadores e previsto constitucionalmente, com um amplo leque de abordagens possíveis, não costuma receber relevância nas coberturas. Recentemente, ganhou destaque nas redes sociais a crítica ao silêncio da mídia frente à paralisação dos docentes e funcionários das universidades e institutos federais. 

O rico debate possível de ser aberto com esse fato – a situação da universidade pública, o modelo de educação para o país, a visão dos estudantes, funcionários e a opinião dos especialistas no tema, os próprios professores, o impacto da proliferação das faculdades privadas e tantos outros aspectos – foi negado aos leitores. Cinquenta e sete dias depois, vira manchete.

O foco não está nos trabalhadores, mas na proposta do patrão, nesse caso, o governo. No sábado, dia 14, repercutindo a proposta oficial os jornais finalmente trataram do tema. “União propõe aumento de 45% aos professores”, coloca o Estado de Minas em chamada de capa, sem destaque. “Governo propõe salário de R$ 17 mil”, estampa O Tempo, no pé da página, sob o chapéu “Professores”. O Hoje em Dia não dá destaque de capa, nem os populares Extra e Aqui. A Folha de São Paulo dá manchete: “Governo propõe reajuste de até 40% a docentes” e o Estado de S. Paulo dá chamada de capa: “Governo cede e dá reajuste a professores”.

As matérias são parecidas, e repercutem a coletiva de imprensa da ministra Miriam Belchior. O aumento será escalonado, mas não se explica como. O principal reajuste será para os doutores, e não se explica como ficam os outros trabalhadores em greve, principalmente os funcionários. A Folha e o Estado de Minas frisam que o impacto desse reajuste na folha de pagamento chegará a R$ 3,9 bilhões “aos cofres públicos” ao fim de três anos. 

Como se não bastasse essa crítica mal disfarçada sobre o impacto da decisão “aos cofres públicos”, Elaine Cantanhêde, que assina retranca do tema na Folha, coloca que o governo não teme que a proposta de aumento - “bem acima do padrão”, nas palavras da jornalista – sirva de estímulo às demais categorias. Os dois jornais omitem o fato de que 56 das 59 universidades federais aderiram à greve, assim como 34 dos 38 institutos de educação federais.

Os sindicalistas até são ouvidos – seguindo o protocolo de “ouvir os dois lados” - mas sem espaço para aprofundarem suas visões. Em suas falas, podemos perceber que estão insatisfeitos com as propostas, aquém das reivindicações da categoria, mas não é possível saber porque.

Assim, a grande mídia opera o segundo padrão de manipulação analisado por Perseu Abramo: a fragmentação dos fatos. Sem fazer ligações claras entre os dados, sem apresentar com profundidade as propostas dos grevistas, descontextualiza a greve como evento social e foca sua cobertura sob um aspecto da realidade. Cai assim em cheio no terceiro padrão de manipulação: a inversão. 

Ao trocar a importância dos atores – colocando o governo no papel de organizar a realidade – inverte a versão pelo fato. Privilegia o anúncio oficial e ajuda a forjar a ideia de que os professores foram privilegiados por um reajuste acima da média, e que essa conquista não deve servir de exemplo pra ninguém, pois foi uma concessão com o objetivo de “valorizar a educação”.

Como já demonstrou a greve de 112 dias dos professores em Minas Gerais, o papel pedagógico das lutas se faz nas ruas, e a luta em si é uma forma de educação. Pena que a imprensa não tem olhos para ver esse “outro lado” do fato, e achincalha a mobilização de uma categoria tão importante para o país, como se fossem apenas interesseiros atrás de reajustes maiores que a média.

Postado no Blog do Miro em 19/07/2012
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Prêmio por serviços prestados



Postado no blog A Justiceira de Esquerda em 18/07/2012


A greve do ensino público e as engenharias




Engenheiros deslocados da realidade de seu país, avessos às lutas dos trabalhadores e preocupados com seu próprio umbigo. Esses são os profissionais que queremos formar nas universidades públicas brasileiras?


Por Felipe Addor*
Afinal, em que mundo vivem os cursos de engenharia das universidades públicas brasileiras?

Na minha primeira greve como professor, tive a oportunidade de ver de outra perspectiva o mundo em que vivemos no ensino de engenharia em uma universidade pública. O que se vê é um retrato da formação que nossos estudantes recebem.
Após alguns dias acompanhando o vigor do movimento, resolvo aderir à greve. A essa altura, mais de 40 universidades públicas já estavam em greve. Reuniões, assembleias, mobilizações, passeatas, movimentação virtual; todos na luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Enquanto isso, no Reino da Tecnologia, a movimentação é quase nula. Ninguém sabe, ninguém fala, ninguém vê. Estacionamentos lotados, salas de aula cheias, restaurantes com as tradicionais filas.
Afinal, em que mundo vivem os cursos de engenharia das universidades públicas brasileiras? (Foto: Guilerme Souza/Flickr)
Resolvi fazer uma última aula de debate sobre a greve. Nas trocas de ideias e argumentos, três questões subjetivas se destacam. Primeiro, a completa alienação sobre a situação. Para eles, que viviam naquela redoma tecnológica, nada estava ocorrendo; ou, pelo menos, nada que lhes dissesse respeito. “Professor, essa greve não vai dar em nada, quase ninguém está participando, só tem meia dúzia de professores”. Independente da posição dos professores das engenharias, é impressionante a capacidade de isolar seus alunos do mundo externo, do mundo real.
Segundo, a aversão às lutas dos trabalhadores. Embora essa palavra não tivesse saído em nenhum momento da boca dos estudantes, a clara impressão é que, na cabeça deles, grevistas são baderneiros, comunistas, preguiçosos; isto é, gente que não está a fim de trabalhar e que busca, por meio da greve, conquistar ainda melhores salários, mordomias; “esses professores querem que não haja avaliação para que subam na carreira e pedem melhores salários” (numa clara interpretação distorcida da proposta de novo formato de avaliação levada ao governo pelo Andes). Ou seja, estamos formando profissionais com a visão do patrão, do capital, em oposição ao trabalhador.
Terceiro, e mais pesado, é o enorme individualismo presente. Na verdade, é um individualismo burro, pois é imediatista. Preocupados com seus estágios, suas promessas de efetivação, suas possíveis oportunidades de concurso, suas viagens de férias, seus intercâmbios para a Europa, os alunos sequer consideram como algo relevante para suas vidas a luta por uma universidade pública decente, estruturada, de qualidade. É recorrente o argumento: os alunos são os únicos prejudicados, são as grandes vítimas das greves. Mentira, pois são os que mais se beneficiarão, no longo prazo, dos seus frutos. Não é preciso destacar que os avanços na estrutura e qualidade do ensino público superior (assim como as principais conquistas de lutas das classes trabalhadoras no mundo) são resultados unicamente das lutas travadas anteriormente (resumo das reivindicações e resultados das greves desde 1980: http://www.sedufsm.org.br/index.php?secao=greve).
O mais triste dessa última constatação é a consciência de que essa percepção individualista e imediatista é apenas o reflexo do raciocínio, da postura, dos ensinamentos da maioria dos professores dos cursos de engenharia em uma universidade pública. A corrente de vitimização dos alunos enquanto maiores prejudicados com a greve rompeu-se quando uma aluna disse: “eu defendo a greve, pois eu quero que, daqui a vinte anos, meu filho possa ter a oportunidade que eu tive de estudar de graça num dos melhores cursos universitários do Brasil”. O silêncio que se seguiu escancarava como aquela reflexão simples, ainda individualista, mas numa perspectiva inteligente, de longo prazo, foi um choque na estrutura de pensamento daqueles jovens e promissores engenheiros.
Engenheiros deslocados da realidade de seu país, avessos às lutas dos trabalhadores e preocupados com seu próprio umbigo. Esses são os profissionais que queremos formar nas universidades públicas brasileiras?
*Felipe Addor é professor do Departamento de Engenharia Industrial da UFRJ (Centro de Tecnologia), onde se formou em Engenharia de Produção. É fundador e pesquisador do Núcleo de Solidariedade Técnica da UFRJ (SOLTEC/UFRJ).
Postado no blog Revista Fórum em 17/07/2012

A astrologia e as profissões





O autoconhecimento facilita na hora de escolher a melhor profissão para cada perfil. E a astrologia pode ajudar nesta difícil decisão ou, ainda, a entender como cada signo se comporta no ambiente de trabalho. “Um dos convites da astrologia é conhecer a si mesmo, a fim de desenvolver os potenciais adormecidos da criação e gerar energia em equilíbrio, transcendendo possíveis limitações registradas no decorrer da vida”, explica a astróloga Ekatala Keller, autora do livro “O Caminho da Intimidade”, publicado pela Editora 21.

Através do signo solar é possível desvendar alguns dons e talentos naturais. “A compreensão do elementar de cada signo nos leva ao essencial, a mais natural e íntima expressão profissional. Para cada signo, um elemento. Para cada elemento, algumas tendências e inúmeras mensagens de sabedoria”, esclarece Keller.

Confira as aptidões naturais e as potencialidades profissionais de cada signo, de acordo com a especialista:

Áries, Leão e Sagitário
 - Os impulsos em fogo “O fogo é o mais dinâmico e criativo dos elementos. O mais importante aprendizado profissional do fogo é buscar o equilíbrio entre ação e repouso. É o desafio em calcular as consequências e medir os riscos, pois a energia vital desse elemento é agir por impulso e brilhar, seja pela autenticidade de Áries, pela celebração de Leão ou pela visão lógica de Sagitário.”

Áries
 - “Com forte espírito empreendedor, os arianos são desbravadores e pioneiros. São bons para solucionar problemas e não gostam de rotinas rígidas. São perfeitos para cargos de liderança. Não lidam bem com obediência, submissão a horários e hierarquia, embora alguns escolham a carreira militar. São excelentes empresários e bons esportistas. Muitos arianos gostam de trabalhar por conta própria. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a respeitar o ritmo de cada um’.”

Leão - “Improviso, autonomia e independência atraem o leonino a se destacar profissionalmente, pois possui um talento criativo nato. Dono de uma grande capacidade de administração, visão de conjunto e centralização, o leonino é um excelente empresário ou administrador, mas se sai bem como funcionário, desde que seja reconhecido e valorizado. Precisa de diversão e criatividade na área de atuação profissional. São ótimos atores com aptidão natural para carreiras artísticas. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender que nem tudo é pessoal’.”

Sagitário
 - “O sagitariano precisa ter liberdade no trabalho e está sempre em busca novos desafios e projetos para se manter motivado. Tem necessidade de sucesso, crescimento e expansão. Qualquer profissão ou atividade que o ligue ao estrangeiro pode ser atraente: turismo, agente de viagens, empresas de importação e exportação, trabalhos de bordo e cursos de línguas. Também se revelam interessados em profissões que o deixem em contato com a lei: juiz, advogado, legislador. As atividades acadêmicas e a própria busca pelo conhecimento também exercem grande fascínio. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender as lições da humildade’.”

Gêmeos, Libra e Aquário - As transmutações em ar “O ar é o mais inteligente e rápido dos elementos. O mais importante aprendizado profissional do ar é buscar o equilíbrio entre o intelecto e a praticidade. É o desafio em buscar o encontro entre os sonhos e a realidade, pois o impulso vital desse elemento é agir por ideologia e padrões de pensamentos específicos, seja pela curiosidade de Gêmeos, pela sedução de Libra ou pela visão coletiva de Aquário.”

Gêmeos - “Naturalmente, tem grande agilidade, versatilidade e curiosidade. Costuma ser um profissional perspicaz, que capta rapidamente as informações. Precisa conviver com diversidade de assuntos e de espaços e tem boa capacidade de realizar e desenvolver várias atividades ao mesmo tempo. O geminiano se favorece em todas as profissões ligadas ao comércio, principalmente na área de vendas. Com enorme facilidade de se expressar, pode se destacar como jornalista, relações públicas, publicitário, entrevistador, tradutor, apresentador ou escritor. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a ouvir com atenção’.”

Libra - “O libriano é facilmente atraído para atividades em parcerias ou profissões jurídicas: advogado, juiz ou promotor. Naturalmente político e sociável, pode se tornar um excelente diplomata ou embaixador. O libriano é a pessoa indicada para atividades profissionais que envolvam conciliações, negociações de paz, fixação de acordos e promoção de alianças. É ligado também à arte e à estética. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a me expressar como sinceridade em qualquer situação’.”

Aquário - “O aquariano normalmente se reconhece em atividades ou projetos de vanguarda ou de algum modo revolucionários. Ciência, computação e tecnologia são áreas nas quais costuma se destacar e em profissões mais ligadas à criação artística, como a música, eventos e movimentações culturais. Pode se revelar um excelente escritor. Também pode ser um ótimo criador, programador ou técnico, pois sente verdadeiro fascínio por tudo que é eletrônico. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a seguir a minha intuição’.”

Touro, Capricórnio e Virgem - Os instintos da terra “A terra é o mais persistente e artístico dos elementos. Profissionalmente, o mais importante aprendizado da terra é buscar o equilíbrio entre leveza e autodisciplina. É o desafio em desenvolver a flexibilidade sem tirar os pés do chão, pois o impulso vital desse elemento é agir com persistência, seja pela arte de Touro, pelo olhar detalhista de Virgem ou pela convenção social em estrutura de Capricórnio.”

Touro - “O taurino é muito ligado ao valor material, especialmente daquilo que produz. Muito habilidoso e com olhar refinado, o taurino costuma se destacar no campo da estética visual artística, como escultura, design, artesanato, moda, ornamentação, paisagismo, jardinagem. Excelente investidor, revela-se melhor comprador do que vendedor e se sai muito bem em áreas profissionais que lidam com economia e finanças. Como empregado, pode trabalhar incansavelmente, mas, se perceber que não é valorizado ou bem pago, desiste e parte para outro emprego ou atividade. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender as lições da paciência’.”

Virgem - “O virginiano precisa se manter útil e ocupado e é excelente para atividades que exijam método e atenção. Costuma ser bem-sucedido nas funções de secretariado e cargos de confiança. Sua grande associação com a natureza faz com que se interesse por atividades ligadas à terra, como agronomia e veterinária. Também se destaca em atividades ecológicas e trabalhos com higiene e alimentação, sendo um ótimo nutricionista, médico ou bioquímico. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a lidar com o improviso’.”

Capricórnio - “O capricorniano é um excelente administrador e tem facilidade em atividades que requerem um alto nível de responsabilidade e trabalho sério. Tem forte atração pela engenharia e economia. Algumas vezes possui afinidade com as atividades relacionadas ao campo, como criação de gado e administração de fazendas e empresas agrárias. A geologia e a agricultura, bem como as ciências exatas e trabalhos com pesquisa, são também boas áreas de atuação. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso desenvolver a flexibilidade’.”

Câncer, Escorpião e Peixes - As conexões em água “Água é o mais emotivo e sensível dos elementos. O mais importante aprendizado da água é buscar o equilíbrio entre a sensibilidade e o poder criador. Entre o presente e o passado. É o desafio em buscar o encontro entre a vulnerabilidade e a paz interior, pois o impulso vital desse elemento é agir por motivação emocional, seja pelo acolhimento de Câncer, pela intensidade de Escorpião ou pela devoção de Peixes. “

Câncer 
- “O canceriano possui um forte instinto assistencial: gosta de cuidar das pessoas. Como a sua percepção e intuição são fortes, lidam bem com atividades que tratem diretamente com o público, como recepcionista, comissário de bordo, comerciante, animadores e apresentadores. Também costuma se destacar nas áreas de hotelaria e gastronomia. O canceriano também é muito ligado ao lar e ao acolhimento, podendo ter atração por profissões como arquiteto, decorador e gerentes de hotéis. Como tem forte instinto maternal, destaca-se também em profissões da área de saúde e em atividades com o público jovem e estudantil. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a liberar a necessidade de controle’.”

Escorpião - “O escorpiano é atraído por atividades nas quais a investigação é dominante. Pode se tornar um excelente terapeuta, massagista, psicólogo, psiquiatra ou médico. Também são ótimos roteiristas e atividades ligadas ao cinema. Normalmente, o escorpiano também se revela um ótimo profissional em atividades relacionadas à pesquisa médica ou assuntos ligados à sexualidade. E podem seguir carreira jurídica, principalmente no âmbito criminalista ou de direito de família. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a confiar de novo e sempre’.”

Peixes - “O pisciano geralmente é atraído pelo mundo das artes: música, teatro, dança, pintura. O seu trabalho se liga ao mundo de sonhos do inconsciente coletivo. Também se revela um excelente fotógrafo, pois consegue captar a beleza e a imaginação. Atividades relacionadas ao mar podem atraí-lo e torná-lo oceanógrafo, mergulhador, biólogo marinho ou fazê-lo seguir carreira na marinha. Profissões da noite também podem exercer grande atração, festas, bares, empreendimentos sociais e cerimoniais, bem como tudo que seja ligado ao psiquismo ou ao místico, como interpretação de sonhos, psicanálise e psicologia. Uma dica para o sucesso profissional? Reflita: ‘Eu preciso aprender a estar no mundo e a desfrutá-lo com responsabilidade’.”



Postado no blog Terra Brasilis em 18/07/2012

É dez em criatividade !




Campanha de Fernando Haddad 

Leonardo Boff: Nós ocidentais, os principais responsáveis pela atual tragédia humana


O tempo ocidental se esgotou e já passou. Por isso perdeu qualquer legitimidade e força de convencimento

professor leonardo boff
O teólogo e escritor Leonardo Boff. Imagem: Arquivo
O complexo de crises que avassala a humanidade nos obriga a parar e a fazer um balanço. É o momento filosofante de todo observador crítico, caso queira ir além dos discursos convencionais e intrassistêmicos.
Por que chegamos à atual situação, que objetivamente ameaça o futuro da vida humana e de nossa obra civilizatória? Respondemos sem maiores justificativas: principais causadores deste percurso são aqueles que nos últimos séculos detiveram o poder, o saber e o ter. Eles se propuseram dominar a natureza, conquistar o mundo inteiro, subjugar os povos e colocar tudo a serviço de seus interesses.
Para isso foi utilizada uma arma poderosa: a tecnociência. Pela ciência, identificaram como funciona a natureza e, pela técnica, operaram intervenções para benefício humano sem reparar nas consequências.
Esses senhores que realizaram esta saga foram os ocidentais europeus. Nós, latino-americanos, fomos à força agregados a eles como um apêndice: o Extremo Ocidente.
Esses ocidentais, entretanto, estão hoje extremamente perplexos. Perguntam-se aturdidos: como podemos estar no olho da crise, se possuímos o melhor saber, a melhor democracia, a melhor consciência dos direitos, a melhor economia, a melhor técnica, o melhor cinema, a maior força militar e a melhor religião, o Cristianismo?
Ora, essas “conquistas” estão postas em xeque, pois elas, não obstante seu valor, inegavelmente não nos fornecem mais nenhum horizonte de esperança. Sentimos: o tempo ocidental se esgotou e já passou. Por isso perdeu qualquer legitimidade e força de convencimento.
Arnold Toynbee, analisando as grandes civilizações, notou esta constante histórica: sempre que o arsenal de respostas para os desafios não é mais suficiente, as civilizações entram em crise, começam a esfacelar-se até o seu colapso ou assimilação por outra. Esta traz renovado vigor, novos sonhos e novos sentidos de vida pessoais e coletivos. Qual virá? Quem o sabe? Eis a questão cruciante.
O que agrava a crise é a persistente arrogância ocidental. Mesmo em decadência, os ocidentais se imaginam ainda a referência obrigatória para todos.
Para a Bíblia e para os gregos, esse comportamento constituía o supremo desvio, pois as pessoas se colocavam no mesmo pedestal da divindade, tida como a referência suprema e a Última Relidade. Chamavam a essa atitude de hybris, quer dizer: arrogância e excesso do próprio eu.
Foi esta arrogância que levou os EUA a intervir, com razões mentirosas, no Iraque, depois no Afeganistão e, antes, na América Latina, sustentando por muitos anos regimes ditatoriais militares e a vergonhosa Operação Condor, pela qual centenas de lideranças de vários países da América Latina foram sequestradas e assassinadas.
Com o novo Presidente Barak Obama se esperava um novo rumo, mais multipolar, respeitador das diferenças culturais e compassivo para com os vulneráveis. Ledo engano. Está levando avante o projeto imperial na mesma linha do fundamentalista Bush. Não mudou substancialmente nada nesta estratégia de arrogância. Ao contrário, inaugurou algo inaudito e perverso: uma guerra não declarada usando “drones”, aviões não tripulados. Dirigidos eletronicamente a partir de frias salas de bases militares no Texas, atacam, matando lideranças individuais e até grupos inteiros nos quais supõe estarem terroristas.
O próprio cristianismo, em suas várias vertentes, se distanciou do ecumenismo e está assumindo traços fundamentalistas. Há uma disputa no mercado religioso para ver qual das denominações mais aglomera fiéis.
Assistimos na Rio+20 a mesma arrogância dos poderosos, recusando-se a participar e a buscar convergências mínimas que aliviassem a crise da Terra.
E pensar que, no fundo, procuramos a singela utopia bem expressa por Pablo Milanes e Chico Buarque: “A história poderia ser um carro alegre, cheio de um povo contente”.
Postado no blog Pragmatismo Político em 17/07/2012