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Leonardo DiCaprio contra Bolsonaro

 

Leonardo DiCaprio responde sobre ser o ”responsável” por incêndios na  floresta amazônica – Geeks In Action- Sua fonte de recomendações e  entretenimento!




Leonardo DiCaprio contra Bolsonaro

 

Leonardo DiCaprio responde sobre ser o ”responsável” por incêndios na  floresta amazônica – Geeks In Action- Sua fonte de recomendações e  entretenimento!




O coronavírus : um ataque da Terra contra nós


Dia da TerraO Sal da TerraBeto Guedes – Na Canção

Ou mudamos nossa relação para com a Terra viva e a para com a natureza ou poderemos contar com novos e mais potentes vírus que poderão dizimar milhões de vidas humanas. Nunca o nosso amor à vida, a sabedoria humana dos povos e a necessidade do cuidado foram tão urgentes.

Leonardo Boff


Até a presente data toda a preocupação face ao Covid-19 está centrada na medicina, na técnica e em todos os insumos que impedem a contaminação dos operadores da saúde. Principalmente se busca de forma urgente uma vacina eficaz. Na sociedade, o isolamento social e evitar a conglomeração de pessoas.Tudo isso é fundamental. No entanto, não podemos considerar o coronavírus como um dado isolado. Ele deve ser visto dentro do contexto que permitiu sua irrupção.

Ele veio da natureza. Ora, como bem disse o Papa Francisco em sua encíclica “sobre o cuidado da Casa Comum: ”Nunca maltratamos e ferimos nossa Casa Comum como nos dois últimos séculos”(n.53). Quem a feriu foi o processo industrialista: o socialismo real (enquanto existia) e principalmente o sistema capitalista hoje globalizado. Este é o Satã da Terra que a devasta e à leva a todo tipo de desequilíbrios.

Ele é o principal (não o único) responsável pelas várias ameaças que pairam sobre o sistema-vida e o sistema-Terra: desde o possível holocausto nuclear, o aquecimento global, a escassez de água potável até a erosão da biodiversidade. Faço minhas as palavras do conhecido geógrafo norte-americano David Harley: “O COVID-19 é a vingança da natureza por mais de quarenta anos de maus-tratos e abuso nas mãos de um extrativismo neoliberal violento e não regulamentado”.

Isabelle Stengers, química e filósofa da ciência que muito trabalhou em parceria com o Nobel Ilya Prigogine, sustenta a mesma tese que eu também sustento: ”o coronavírus seria uma intrusão da Terra-Gaia nas nossas sociedades, uma resposta ao antropoceno”.

Conhecíamos outras intrusões: a peste negra (peste bubônica) que vinda da Eurásia dizimou, ao todo, segundo estimativas, entre 75-200 milhões de pessoas. Na Europa entre 1346-1353 desfalcou a metade de sua população de 475 para 350 milhões. Ela precisou de 200 anos para se recompor. Foi a mais devastadora já conhecida na história. Notória também foi a gripe espanhola. Oriunda possivelmente dos USA entre 1918-1920, infectou 500 milhões de pessoas e levando 50 milhões à morte, inclusive o presidente eleito Rodrigues Alves em 1919.

Agora, pela primeira vez um vírus atacou o planeta inteiro, levando milhares à morte sem podermos detê-la por sua rápida propagação já que vivemos numa cultura globalizada com alto deslocamento de pessoas que viajam por todos os continentes e podem ser portadores da epidemia.

A Terra já perdeu o seu equilíbrio e está buscando um novo. E esse novo poderá significar a devastação de importantes porções da biosfera e de parte significativa da espécie humana.

Isso vai ocorrer, apenas não sabemos quando nem como, afirmam notáveis biólogos. Se vier a temida NBO (The Next Big One), o próximo grande e devastador vírus, poderá, segundo o pesquisador da USP Prof. Eduardo Massad, levar à morte cerca de 2 bilhões de pessoas, diminuindo a expectativa geral de vida de 72para 58 anos. Outros temem até o fim da espécie humana.

O fato é que já estamos dentro da sexta extinção em massa. Inauguramos segundo alguns cientistas, uma nova era geológica, a do antropoceno e sua expressão mais danosa, a do necroceno. A atividade humana (antropoceno) se revela a responsável pela produção em massa da morte (necroceno) de seres vivos.

Os diferentes centros científicos que sistematicamente acompanham o estado da Terra atestam que, de ano para ano, os principais itens que perpetuam a vida (água, solos, ar puro, sementes,fertilidade, climas e outros) estão se deteriorando dia a dia. Quando isso vai parar?

O dia da Sobrecarga da Terra (the Earth Overshoot Day) foi atingido no dia 29 de julho de 2019. Isto significa: até esta data foram consumidos todos os recursos naturais disponíveis e renováveis. Agora a Terra entrou no vermelho e no cheque especial.

Como frear esta exaustão? Se teimarmos em manter o consumo atual, especialmente o suntuoso, temos que aplicar mais violência contra a Terra forçando-a a nos dar o que já não tem ou não pode mais repor. Sua reação se expressa pelos eventos extremos, como o vendaval-bomba em Santa Catarina em fins de junho e pelos ataques dos vários tipos de vírus conhecidos: zika, chicungunya, ebola, Sars, o atual coronavírus e outros. Devemos incluir o crescimento da violência social já que Terra e Humanidade constituem uma única entidade relacional.

Ou mudamos nossa relação para com a Terra viva e a para com a natureza ou poderemos contar com novos e mais potentes vírus que poderão dizimar milhões de vidas humanas. Nunca o nosso amor à vida, a sabedoria humana dos povos e a necessidade do cuidado foram tão urgentes.











O coronavírus : um ataque da Terra contra nós


Dia da TerraO Sal da TerraBeto Guedes – Na Canção

Ou mudamos nossa relação para com a Terra viva e a para com a natureza ou poderemos contar com novos e mais potentes vírus que poderão dizimar milhões de vidas humanas. Nunca o nosso amor à vida, a sabedoria humana dos povos e a necessidade do cuidado foram tão urgentes.

Leonardo Boff


Até a presente data toda a preocupação face ao Covid-19 está centrada na medicina, na técnica e em todos os insumos que impedem a contaminação dos operadores da saúde. Principalmente se busca de forma urgente uma vacina eficaz. Na sociedade, o isolamento social e evitar a conglomeração de pessoas.Tudo isso é fundamental. No entanto, não podemos considerar o coronavírus como um dado isolado. Ele deve ser visto dentro do contexto que permitiu sua irrupção.

Ele veio da natureza. Ora, como bem disse o Papa Francisco em sua encíclica “sobre o cuidado da Casa Comum: ”Nunca maltratamos e ferimos nossa Casa Comum como nos dois últimos séculos”(n.53). Quem a feriu foi o processo industrialista: o socialismo real (enquanto existia) e principalmente o sistema capitalista hoje globalizado. Este é o Satã da Terra que a devasta e à leva a todo tipo de desequilíbrios.

Ele é o principal (não o único) responsável pelas várias ameaças que pairam sobre o sistema-vida e o sistema-Terra: desde o possível holocausto nuclear, o aquecimento global, a escassez de água potável até a erosão da biodiversidade. Faço minhas as palavras do conhecido geógrafo norte-americano David Harley: “O COVID-19 é a vingança da natureza por mais de quarenta anos de maus-tratos e abuso nas mãos de um extrativismo neoliberal violento e não regulamentado”.

Isabelle Stengers, química e filósofa da ciência que muito trabalhou em parceria com o Nobel Ilya Prigogine, sustenta a mesma tese que eu também sustento: ”o coronavírus seria uma intrusão da Terra-Gaia nas nossas sociedades, uma resposta ao antropoceno”.

Conhecíamos outras intrusões: a peste negra (peste bubônica) que vinda da Eurásia dizimou, ao todo, segundo estimativas, entre 75-200 milhões de pessoas. Na Europa entre 1346-1353 desfalcou a metade de sua população de 475 para 350 milhões. Ela precisou de 200 anos para se recompor. Foi a mais devastadora já conhecida na história. Notória também foi a gripe espanhola. Oriunda possivelmente dos USA entre 1918-1920, infectou 500 milhões de pessoas e levando 50 milhões à morte, inclusive o presidente eleito Rodrigues Alves em 1919.

Agora, pela primeira vez um vírus atacou o planeta inteiro, levando milhares à morte sem podermos detê-la por sua rápida propagação já que vivemos numa cultura globalizada com alto deslocamento de pessoas que viajam por todos os continentes e podem ser portadores da epidemia.

A Terra já perdeu o seu equilíbrio e está buscando um novo. E esse novo poderá significar a devastação de importantes porções da biosfera e de parte significativa da espécie humana.

Isso vai ocorrer, apenas não sabemos quando nem como, afirmam notáveis biólogos. Se vier a temida NBO (The Next Big One), o próximo grande e devastador vírus, poderá, segundo o pesquisador da USP Prof. Eduardo Massad, levar à morte cerca de 2 bilhões de pessoas, diminuindo a expectativa geral de vida de 72para 58 anos. Outros temem até o fim da espécie humana.

O fato é que já estamos dentro da sexta extinção em massa. Inauguramos segundo alguns cientistas, uma nova era geológica, a do antropoceno e sua expressão mais danosa, a do necroceno. A atividade humana (antropoceno) se revela a responsável pela produção em massa da morte (necroceno) de seres vivos.

Os diferentes centros científicos que sistematicamente acompanham o estado da Terra atestam que, de ano para ano, os principais itens que perpetuam a vida (água, solos, ar puro, sementes,fertilidade, climas e outros) estão se deteriorando dia a dia. Quando isso vai parar?

O dia da Sobrecarga da Terra (the Earth Overshoot Day) foi atingido no dia 29 de julho de 2019. Isto significa: até esta data foram consumidos todos os recursos naturais disponíveis e renováveis. Agora a Terra entrou no vermelho e no cheque especial.

Como frear esta exaustão? Se teimarmos em manter o consumo atual, especialmente o suntuoso, temos que aplicar mais violência contra a Terra forçando-a a nos dar o que já não tem ou não pode mais repor. Sua reação se expressa pelos eventos extremos, como o vendaval-bomba em Santa Catarina em fins de junho e pelos ataques dos vários tipos de vírus conhecidos: zika, chicungunya, ebola, Sars, o atual coronavírus e outros. Devemos incluir o crescimento da violência social já que Terra e Humanidade constituem uma única entidade relacional.

Ou mudamos nossa relação para com a Terra viva e a para com a natureza ou poderemos contar com novos e mais potentes vírus que poderão dizimar milhões de vidas humanas. Nunca o nosso amor à vida, a sabedoria humana dos povos e a necessidade do cuidado foram tão urgentes.











Empresa mexicana transforma semente de abacate em canudos e outros utensílios


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A situação cada vez mais alarmante da poluição causada pelo lixo plástico levou empresas e empreendedores a criarem produtos que de alguma forma poderiam fazer com com que alguns dos nossos hábitos fossem menos nocivos ao planeta. Mais e mais pessoas estão substituindo produtos plásticos por alternativas mais ecológicas.

Uma dessas alternativas foi desenvolvida por uma empresa mexicana chamada Biofase. A empresa fabrica utensílios biodegradáveis que não afetam o planeta e reduzem a poluição.




Geralmente, as sementes de abacate são consideradas resíduos e acabam no lixão, mas o engenheiro bioquímico mexicano Scott Munguia decidiu dar um segundo uso a esse material, desenvolvendo um método para transformar as sementes em canudos, garfos, colheres e facas.

Atualmente, a Biofase transforma 15 toneladas de sementes de abacate por dia em utensílios ecológicos de uso único.

Segundo a empresa, seu plástico biodegradável é capaz de se decompor em 240 dias em um ambiente adequado.Em comparação, o processo de decomposição do plástico convencional levaria 500 anos e nunca biodegradaria.




Os produtos podem ser comprados no site oficial da empresa e o preço é bastante acessível; em alguns casos, mais barato do que um similar fabricado com plástico.



Iniciativas como a desse jovem inventor mexicano nos faz pensar que, com criatividade, poderíamos reduzir drasticamente os danos ao meio ambiente causados por muitos dos nossos hábitos de consumo. Que tal plantar essa ideia?






Biólogo desenvolve sacola que cai no mar e vira comida para peixes


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O biólogo Kevin Kumala desenvolveu uma sacola feita de mandioca que, se jogada no mar, pode tranquilamente servir de alimento para os peixes. Tem notícia melhor?


Redação Conti Outra

Esta talvez seja a melhor notícia dos últimos tempos para aqueles que ainda se preocupam com a fauna marinha: o biólogo Kevin Kumala desenvolveu uma sacola feita de mandioca que, se jogada no mar, pode tranquilamente servir de alimento para peixes.

Kevin, que nasceu na Indonésia, criou a sacola após retornar dos Estados Unidos para o seu país e notar o impressionante acúmulo de lixo em Bali, ilha onde nasceu.

O produto criado pelo biólogo se assemelha bastante ao plástico, mas têm como matéria-prima o tubérculo, que não prejudica o meio ambiente. Com a sua sacola eco-friendly perfeitamente desenvolvida, Kevin passou a vender o produto.

No ano de 2014 ele criou a empresa Avani Eco. É através dela que Kevin vende sacolas, canudos, talheres, copos e embalagens, todos feitos com materiais sustentáveis, com tempo de decomposição de cem dias.

“ Nossos sacos de mandioca de tamanho médio podem transportar até 8 libras (3,5 kg) se transportar produtos secos ”, diz o perfil da empresa no Instagram.






De acordo com o site da empresa, ela já substituiu três toneladas de produtos não sustentáveis desde 2016.

“ Nós buscamos continuamente nos tornar uma ponte para ajudar e encorajar comunidades e negócios a produzirem iniciativas que gerem um impacto sustentável para o meio ambiente. Encorajando o uso do termo ‘responsável’ como um valor central dos três fatores chave: reduzir, reutilizar, reciclar ”, diz o site da empresa.

Estima-se que, em 2050, o mundo produzirá 33 bilhões de toneladas de plástico. O material demora 400 anos para se decompor.






A moda pela água : Jeans sustentável, marca de varejo consciente, é possível ?


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Tragédias na Amazônia e na Austrália deixam uma certeza : Nossos hábitos estão destruindo o planeta



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Felipe Souza

Há pelo menos três décadas, a comunidade científica vêm tentando alertar o mundo sobre os perigos das mudanças climáticas, mas o assunto só foi virar pauta em todas as rodas de conversa no ano de 2006, quando o diretor de cinema Davis Guggenheim lançou a sua obra mais memorável, o documentário “Uma verdade inconveniente”, que tinha como principal objetivo provocar um “despertar” internacional sobre o aquecimento global. O filme fez barulho e gerou controvérsia. Parte da opinião pública o leu como um “alerta urgente” e outra parte o classificou como fatalista. Mais de treze anos depois, a opinião geral sobre as mudanças climáticas se mistura com as opiniões sobre o documentário de Guggenheim. O aquecimento global é hoje tema caro aos ambientalistas e uma pedra no sapato daqueles que não estão dispostos a mexer no status quo em nome de um bem comum. Mas será que ainda há como ignorar as mudanças climáticas depois das catástrofes ambientais assistidas nos últimos meses?

Mesmo quem vê com cinismo as questões ambientais não conseguiu fechar os olhos para os estragos inestimáveis deixados pelas queimadas na Amazônia em 2019. As chamas consumiram um vasto território, destruindo ecossistemas inteiros e colocando diversas espécies em extinção. Alguns cientistas preveem que a Floresta precisará de mais que cem anos para se recuperar; outros apontam que ela pode nunca mais ser a mesma, porque ainda que parte da sua estrutura retorne, a diversidade de espécies das árvores pode não se restabelecer. O que não se imaginava em agosto de 2019 é que, poucos meses depois, outra catástrofe ambiental sem precedentes assolaria o planeta. Na Austrália, os incêndios já atingiram mais de 6,3 milhões de hectares, vitimando fatalmente ao menos 25 pessoas e 480 milhões de animais.


Origens diferentes, mas nem tanto

No Brasil, a tragédia foi causada pela ação do homem e tem raiz em um conflito tão antigo quanto a história da civilização, a disputa por território. Interessados em desmatar e tomar posse de áreas públicas trouxeram destruição à floresta mais biodiversa do mundo. Já na Austrália, os incêndios são um fenômeno natural , ocorrendo todos os anos entre o final da primavera, no mês de novembro, e início do verão, no mês de dezembro. O problema é que, neste ano, a área devastada é indiscutivelmente maior.

O que une as duas catástrofes, para além do impacto ambiental, é uma relação de causa e efeito. Um dos facilitadores para o rápido alastre das chamas no território australiano foi as altas temperaturas, superando os 44 °C. Um recorde para a região. Registros apontam que os quatro dias mais quentes da história do país aconteceram nos últimos 15 anos, três deles só nos últimos seis. Este cenário é reflexo do tão anunciado e alardeado processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra, o famigerado “aquecimento global”, alvo de tantas discussões acaloradas nos últimos anos.


As mudanças climáticas têm origem nas massivas emissões de gases, que intensificam o efeito estufa e são originadas em um sem número de atividades humanas, cuja principal é o desmatamento. Desta forma, o desmate desenfreado na maior floresta tropical do mundo está intimamente ligado às altas temperaturas registradas nos últimos anos, o que por consequência ocasiona tragédias ambientais, como a ocorrida na Austrália.

Destes tristes episódios que ganham as manchetes nos últimos dias, fica um questionamento: Até quando vamos ignorar os perigos trazidos pelo aquecimento global em nome da preservação dos nossos hábitos mais nocivos? É preciso urgentemente repensar a maneira como nos alimentamos deste planeta. Caso contrário, estaremos fadados a continuar chorando inúmeras e inestimáveis perdas.






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Greta Thunberg e Leonardo DiCaprio se unem pelo meio ambiente


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Mari Dutra

A ativista Greta Thunberg e o ator Leonardo DiCaprio se comprometeram a atuar juntos em prol da preservação do meio ambiente. O encontro entre os dois ambientalistas ocorreu durante a jornada de Greta pela greve climática nos Estados Unidos, quando ela não perdeu a oportunidade de conhecer Hollywood.

“Existem poucas vezes na história da humanidade em que as vozes são amplificadas em momentos tão cruciais e de maneiras transformacionais, mas Greta Thunberg se tornou uma líder do nosso tempo. A história nos julgará pelo que fazemos hoje para ajudar a garantir que as gerações futuras possam desfrutar do mesmo planeta habitável que tão seguramente tomamos como garantido”, escreveu DiCaprio em uma publicação no Instagram, onde compartilhou fotos com a ativista.



As fotografias receberam mais de 4 milhões de curtidas, um número bastante acima da média mesmo para o astro de Hollywood. Entretanto, a publicação feita por Leo no dia primeiro de novembro vai além dos likes e trata-se de um verdadeiro compromisso de cooperação em prol do meio ambiente.

“Espero que a mensagem de Greta seja um alerta de que o tempo de inação acabou para os líderes mundiais em todos os lugares. É por causa de Greta e de jovens ativistas do mundo todo que estou otimista sobre o que o futuro reserva. Foi uma honra passar um tempo com Greta. Ela e eu assumimos o compromisso de apoiar um ao outro, na esperança de garantir um futuro melhor para o nosso planeta”, conclui o texto.

Insultada por Bolsonaro, Greta Thunberg, a " pirralha ", é personalidade do ano da Time


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Um dia após ser insultada por Jair Bolsonaro, que a chamou de “pirralha”, a ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, foi eleita personalidade do ano de 2019 pela Time, uma das mais conhecidas revistas de notícias semanais do mundo. Greta tem travado uma batalha mundial em defesa do meio ambiente e cobrado das autoridades medidas concretas para combater as mudanças climáticas.

247 - A ativista sueca Greta Thunberg, de apenas 16 anos, foi eleita personalidade do ano de 2019 pela revista Time, por conta da luta mundial que trava em defesa do meio ambiente. Greta tem gerado a ira de lideranças políticas, inclusive de Jair Bolsonaro, por denunciar o descaso de governos com a implementação de políticas ambientais. 

Além de sofrer ataques de Bolsonaro, Greta também já foi insultada por Donald Trump, que chamou a garota de “histérica”. Lembrando que o presidente dos EUA anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. 

Ativismo precoce

A jovem ganhou destaque mundial ao mobilizar protestos no dia 13 de agosto de 2019, que ficou lembrado pela “greve pelo clima”. A ação atingiu milhares de pessoas, em diversos países. 

Na sequência, Greta discursou na Assembleia Geral da ONU e disparou contra governantes que não cumprem acordos ambientais: “Vocês roubaram os meus sonhos e infância”, disse a jovem. 

Pelo seu ativismo, ela também foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz de 2019, que teve como vencedor o premiê da Etiópia, Abiy Ahmed.









Leia também :




Ladrões de sonhos. Ladrões de vidas.




"A rebelião ambiental dos jovens deverá se constituir no mais importante evento sócio-político da primeira metade do século XXI e se evidenciará como um fato singular na história da humanidade, pois unirá, pela primeira vez, as jovens gerações em torno de uma causa comum planetária, de uma causa comum de toda a humanidade. Greta Thunberg é o símbolo e a encarnação dessa rebelião", constata Aldo Fornazieri

Aldo Fornazieri

O discurso de Greta Thunberg na ONU, no dia 23 de setembro passado, foi o mais importante, o mais contundente e de maior alcance histórico pronunciamento produzido por alguém nestas duas primeiras décadas do século XXI. Ele expressa a síntese de um grito desesperado e de uma rebelião promovidos por milhões de jovens ao redor do planeta que estão perdendo o direito de sonhar, pois este lhes está sendo roubado por todo um sistema predador do mundo, encabeçado pelas elites políticas e econômicas de todos os países. 

Este grito desesperado não tem sons apenas humanos, mas tem sons de todas as espécies, tem o som da biodiversidade, tem o som de vários ecossistemas que já estão sendo destruídos para sempre. É um grito que traz o desespero da vida que queima na Amazônia, da vida que se esvai no fundo dos mares, da vida que é roubada nas periferias das grandes cidades do mundo. 

A rebelião ambiental dos jovens deverá se constituir no mais importante evento sócio-político da primeira metade do século XXI e se evidenciará como um fato singular na história da humanidade, pois unirá, pela primeira vez, as jovens gerações em torno de uma causa comum planetária, de uma causa comum de toda a humanidade. 

Greta Thunberg é o símbolo e a encarnação dessa rebelião. As suas atitudes poderão dar-lhe o Prêmio Nobel da Paz na próxima sexta-feira. Tanto as suas atitudes, quanto o discurso que ela pronunciou na ONU exprimem a inaudita coragem desta jovem, a sua desmedida ousadia. É um contraste avassalador com a mediocridade, a hipocrisia e a decadência das gerações de líderes políticos que proliferam hoje em todos os países. 

Greta Thunberg percebeu todo o alcance da grande tragédia em que toda a humanidade está se afundando. As metas ambientais das Conferências Internacionais e da ONU não estão sendo cumpridas. Por isso, na ONU, ela teve a ousadia de dizer aos líderes políticos que eles são hipócritas, que eles são ladrões de sonhos, que eles são ladrões de vidas: “Vocês roubaram os meus sonhos e a minha infância com suas palavras vazias... E como se atrevem vir aqui e dizer que estão fazendo o suficiente?... Se vocês realmente entendem o que está acontecendo e continuam falhando em agir, vocês são um mal”. 

Poucos líderes políticos pelo mundo afora se salvam dessa dura advertência, dessa jeremiada de Greta. Não foram apenas criminosos ambientais como Trump e Bolsonaro que foram afrontados pelas suas duras recriminações. Hipócritas como Macron e outros líderes também foram desmascarados. Agora não será apenas Jerusalém que estará sob a ameaça de destruição pelos pecados de um povo. Agora é todo o planeta que está em risco pelos pecados de toda a humanidade. Todos nós precisamos nos sentir culpados para que isto impulsione mudanças em nossas atitudes cotidianas e para que isto estimule a nossa indignação e o nosso engajamento na rebelião dos jovens.

A humanidade, principalmente as grandes empresas, o grande capital, não têm o direito de continuarem a exercer uma relação predatória contra os recursos naturais. O grande capital não tem o direito de continuar destruindo as condições de vida na Terra pela sua busca criminosa e insana de lucros. 

A crise ambiental, é certo, é uma crise do modo de produção predatório orientado por objetivos de uma exploração econômica desmesurada que não considera a sustentabilidade dos recursos naturais e nem as consequências sociais e ambientais de sua ação. Mas ela é fruto também de uma concepção errada e destrutiva da relação do homem com a natureza e da relação dos seres humanos entre si. Ela é produto também de uma apropriação brutalmente desigual dos recursos naturais, que sacramenta tanto a desigualdade entre países, quanto a desigualdade dentro de cada país. 

Em face desse modo de produção predatório, as maiores vítimas da crise ambiental e dos efeitos que ela já produz hoje, são os mais pobres, aqueles que moram nas periferias das grandes cidades. De forma crescente essas populações sentirão os efeitos dos desastres ambientais, dos eventos extremos, como enchentes, tempestades, furacões, secas, falta de água, falta de comida etc.. Estudos de modelos e projeções científicas indicam que nos próximos anos aumentará exponencialmente o número de refugiados ambientais, em sua maioria, pobres.

Desta forma, o enfrentamento da crise ambiental tem duas grandes dimensões, dois grandes vértices: 1) a mudança da atitude da humanidade em face do aquecimento ambiental, da degradação do meio ambiente e da necessidade de sustentabilidade; 2) a mudança do sistema econômico e social e do modo de produção, colocando sob foco da crítica e do ataque o capitalismo predatório. Não haverá uma solução adequada para a crise ambiental sem enfrentar o capitalismo predador e seu modo de produção. Há laços inextrincáveis entre a crise ambiental e a crise social e eles precisam ser evidenciados, fazendo com que as duas lutas andem juntas. A luta ambiental precisa ser também uma luta por justiça social, por igualdade. 

Neste sentido, é forçoso dizer que a maior parte das esquerdas precisa se reposicionar diante da crise ambiental. Se Greta Thunberg foi violentamente atacada pela extrema-direita, ela foi também criticada por parcelas da esquerda e ignorada pela maior parte desta. Greta está na frente do seu tempo porque a maioria dos líderes políticos e dos partidos estão no passado. Se líderes como Trump e Bolsonaro são francamente criminosos e predadores ambientais, se a maioria dos líderes políticos de direita e de centro são hipócritas diante da crise ambiental, a maioria dos líderes de esquerda são indiferentes. Por isso, há uma urgência na atualização da pauta e dos programas dos partidos e movimentos de esquerda para que a crise ambiental ocupe um lugar central das preocupações e das ações. 

Não basta mudar propostas e atualizar programas. É preciso mudar também o modelo de liderança. Os grandes desafios, os grandes dramas e as grandes tragédias da humanidade e da sociedade precisam de líderes com um novo perfil, líderes mais ousados, líderes que saibam assumir o risco da desmedida de suas ações, pois as desmedidas das tragédias assim o exigem. 

Os jovens que estão ingressando hoje no ativismo político e social devem perceber que o modelo de liderança de camisas de punhos de renda não serve mais. A adocicada cordialidade parlamentar e a política meramente declaratória não são capazes de responder aos graves desafios de hoje. A grotesca agressividade da extrema-direita não pode ser enfrentada com a lacrimosa repulsa ao ódio e os com apelos infantilizados à civilidade. O mundo em que vivemos é brutal para a grande maioria das pessoas. Ele precisa ser enfrentado por líderes ousados, com ações de desmedida coragem.


 Aldo Fornazieri   Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP)






8 plantas que atraem e alimentam as abelhas






Eliane Contreras


Apesar de estarem presentes no mundo há várias civilizações, as abelhas sem ferrão ainda são desconhecidas por grande parte da população. Consequentemente, poucas pessoas sabem da importância desses insetos para a produção agrícola e do risco de extinção que algumas enfrentam. E isso afeta diretamente a quantidade e variedade de comida no nosso prato. Você leu certo: a produção de mel (para quem consome mel) não é o único benefício das abelhas. “Cerca de 30% do alimento que comemos hoje (ou mais, para quem se alimenta só de vegetais) é proveniente da polinização das abelhas. Ou seja, a cada três garfadas, uma delas é possível porque ainda temos abelha”, disse o doutor em genética de abelhas, Thiago Francoy, professor da EACH-USP, em entrevista à Band News. 

Existem abelhas de diferentes formatos, cores e tamanhos. “São estimados entre 20 e 30 mil espécies no mundo, 3 mil delas só no Brasil, sendo que aproximadamente 300 são de abelhas sem ferrão. Elas são sociáveis (incapazes de ferroar) e, ao contrário das abelhas solitárias, formam enxames”, explica Gerson Pinheiros, criador do projeto S.O.S. Abelhas Sem Ferrão.

Mesmo responsáveis pela polinização de 90% das espécies de árvores das florestas tropicais, as abelhas correm risco de ter sua população diminuída e até mesmo extinta por diversos fatores que agridem o meio ambiente. Nessa lista estão: florestas devastadas, baixa variedade de plantas, prática da monocultura (plantio de apenas um tipo de cultura: cana-de-açúcar, por exemplo), uso de agrotóxicos (mesmo em quantidade controlada), água e ar poluídos. O desconhecimento da população sobre o valor inestimável desses insetos para a vida também é preocupante. “Ninguém pode proteger o que não conhece”, alerta Gerson.

Mas qualquer pessoa pode ajudar na preservação e até mesmo na reprodução das abelhas. Como? Uma atitude simples é plantar flores e ervas capazes de atrair esses insetos que se alimentam do pólen e acabam polinizando outras flores e árvores frutíferas. E isso pode ser feito até mesmo por quem mora num apartamento em uma grande cidade. Para ajudar nesse desafio, consultamos a nutricionista e herborista Silvia Jeha, idealizadora e co-proprietária do viveiro Sabor de Fazenda, para sugerir algumas plantas que atraem abelhas, com algumas opções que se desenvolvem bem até mesmo na varanda de um apartamento.

PLANTAS QUE AS ABELHAS ADORAM

“Praticamente todas as ervas com flores atraem as abelhas”, diz Silvia. Porém, o tipo mais eficiente nessa tarefa é o manjericão, e se desenvolve bem em vasos e jardineiras ensolaradas. As demais gostam de mais espaço e muito sol e, por isso, devem ser plantadas preferencialmente num vaso grande, canteiro ou pequeno jardim.

ERVAS

Manjericão comum (Ocimum basilicum): pode ser cultivado em vasos e canteiros, desde que estejam em um lugar que bata sol durante boa parte do dia. Cultivo por sementes ou estacas. Suas folhas verde-claras são aromáticas e muito usadas em preparo de molhos (pesto), saladas e até mesmo batido na suco verde. Também pode aromatizar azeites e vinagres. As abelhas adoram suas pequenas flores brancas que, aliás, também são comestíveis.

Guaco (Mikania glomerata): trepadeira de grande porte com folhas de cor verde-escura e pequenos buquês de florzinhas brancas adoradas pelas abelhas. Adapta-se a todo tipo de solo, mas prefere solos úmidos, argilosos e ricos em matéria orgânica. Se você optar em plantar o guaco em um vaso, este tem que ser profundo e com um tutor para o crescimento da erva. Pode ser exposto direto no sol ou meia sombra. As folhas são indicadas para o preparo de xarope para tratar tosse, gripe, asma e bronquite.

Coentro (Coriandrum sativum): prefere solo bem nutrido, solto e drenado, com boa exposição ao sol. Pode ser plantado por sementes em vasos, jardineiras e canteiros. As abelhas são atraídas pelas suas flores pequenas e brancas. As folhas verde-escuras e as sementes são bastante usadas na culinária, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste do Brasil.

Incenso (Tetrania riparia ou Iboza riparia): planta de fácil cultivo. Pode ser plantada em solos ruins, mas precisa estar sempre exposta ao sol. Adapta-se melhor em canteiros ou vasos grandes (mais de 30 centímetros de altura). Crescem cachos de flores rósea-creme, de maio a agosto. Funciona como um repelente natural de insetos, mas as abelhas são muito bem-vindas.

Tomilho (Thymus vulgares): é uma planta pouco exigente, sobrevive praticamente em qualquer tipo de solo, sem muitos cuidados. Mas gosta de sol pleno. Tem folhas pequenas e de coloração clara na parte inferior. Folhas, flores e sementes podem ser usadas no preparo de receitas salgadas.

FLORES

Gerânio (Pelargonium domesticum): gosta de terra rica em matéria orgânica, locais ensolarados e clima ameno. É importante que o vaso tenha uma boa drenagem, já que a planta não gosta de umidade. O ideal é replantá-lo anualmente para manter sua exuberância quando florido. 

Lantana (Lantana camara) e minilantana: florescem quase o ano todo, especialmente quando cultivada sob sol pleno. Não costuma ser atacada por pragas e, quanto mais bem tratada com água, matéria orgânica e adubo, mais responde com flores multicoloridas que atraem borboletas e abelhas.

Lavanda (Lavanda dentala): é fácil de ser cultiva, mas exige de uma incidência solar de no mínimo 4 horas por dia e solo drenado – o excesso de umidade faz com que suas raízes apodreçam. As mudas devem ser replantadas a cada dois anos. As folhas têm coloração cinza-esverdeada e as florzinhas lilás. Essas duas partes da planta são aromáticas e costumam ser usadas para acalmar.

COMO SER UM GUARDIÃO DAS ABELHAS

Um guardião é aquele que preserva e protege a abelha em qualquer situação e local. Quem quiser ajudar a polinizar essa ideia também pode entrar em contato com o S.O.S. Abelhas Sem Ferrão. “Somos uma entidade destinada a preservação das abelhas nativas no Brasil, em especial as sem ferrão. Nossas principais áreas de atuação são a educação ambiental, o resgate de enxames em risco e a divulgação de informações necessárias para a proteção desses insetos maravilhosos”, finaliza Gerson.








O (humaníssimo) Direito ao Reparo



Contra a alienação e a obsolescência programada surge uma reivindicação prosaica, mas cheia de sentido. É preciso recobrar o poder de consertar os aparatos que se danificam — ao invés de descartá-los e afundar no consumismo.

Por Valerie Vande Panne | Tradução: Gabriela Leite e Simone Paz


No final de 2018, conectei meu iPhone em meu MacBook usando um cabo genérico, comprado em um mercadinho. Comecei a fazer um backup. Tudo congelou. Meu iPhone não ligava, e ficou travado na tela inicial com o logo da Apple. Horas no chat de suporte da Apple e um dia depois (tirando os detalhes traumáticos), saí da loja mais próxima da empresa com meu celular “restaurado” para as configurações de fábrica.

Perdi todos os meus dados. Nada pode ser salvo.

O técnico da Apple repreendeu-me por usar um cabo não autorizado pela empresa. Tirou sarro de mim por não usar o Cloud, serviço de armazenamento online. Minha pergunta foi: “Por que a Apple não avisou que não se pode usar esses cabos para backups?” Ele riu, e disse que eu deveria saber.

Senti que a Apple estava me punindo por gastar 10 dólares em um cabo no mercado perto de casa, ao invés de pagar os 20 dólares no cabo proprietário.

Comprar um cabo de carregamento de celular é quase um gasto anual. Por que eu não deveria gastar o dobro? Por que a Apple não me avisaria para não fazer backup com ele?

Mais tarde, falei com Danny Varghese, dono de uma loja de reparos técnicos em Nova York. Ele disse que eu provavelmente não tinha perdido nenhum dado, e que ele provavelmente conseguiria recuperar tudo e consertar o problema por um preço razoável.

Por que a Apple me faz perder todos os meus dados quando isso não é necessário? Varghese explicou que eu não era a única. Ele recebe clientes como eu regularmente.

“Uma cliente veio aqui dois dias atrás”, contou. “Ela levou seu iPhone X para a autorizada da Apple. Ele estava reiniciando sozinho. Disseram para limpar o aparelho.” Ela o levou a Varghese. “Mesmo sem o programa de diagnóstico”, ele conta, “descobri que o problema estava na bateria, troquei a peça, e resolvi o problema. O celular funcionou bem — até melhor que antes.” A moça não perdeu seus dados, mas teria que mandar seu celular para fazer uma limpeza.

“Os clientes não têm que perder todos os seus dados só porque a Apple diz”, ponderou Varghese.

Não é só a Apple que nega ao consumidor o direito de consertar produtos que o consumidor compra. É a John Deere, que produz tratores. São os fabricantes de geladeiras. E mais ou menos tudo que é produzido hoje, que contenha partes eletrônicas, ou que se conecte à internet. Pode ser que você precise de uma peça de cinco centavos para consertar sua televisão de tela plana, mas sem os esquemas controlados pelo fabricante você jamais terá ideia de qual parte de cinco centavos você precisa, ou onde instalar. Então, você simplesmente compra outra TV.

Ao negar ao consumidor a estrutura, as ferramentas e a informação necessária para consertar os produtos que o consumidor possui, os fabricantes nos empurram para uma sociedade cada vez mais descartável, a um custo cada vez maior para nossos bolsos e para o planeta.

A consciência pública sobre essa questão cresceu, à medida que novos utensílios são programados para a obsolescência e as pessoas são pressionadas a comprar novas coisas — que talvez nem queiram, ou precisem. Um caso muito famoso é o da John Deere, que basicamente proíbe os agricultores — talvez algumas das pessoas mais hábeis a consertar seus equipamentos sozinhas — de fazer reparos em seus próprios tratores.

Os agricultores não são os únicos consumidores afetados. Quanto mais os eletrodomésticos incorporam tecnologias “inteligentes” de controle remoto, os fabricantes criam mais obstáculos para o reparo funcional. Colam as baterias dentro do produto, de maneira que não possam ser trocadas, e recusam-se a liberar os esquemas para fazer reparos, tanto aos técnicos quanto ao público geral.

Se um grupo de ativistas, pensadores e cidadãos engajados tiverem êxito, no entanto, Nova York vai ser o primeiro estado dos EUA a resolver esse problema crescente.

O movimento é chamado de Direito ao Reparo. A Associação pelo Reparo lidera os esforços para conseguir que a legislação do Direito ao Reparo passe [em mais de doze estados]. 2019 marca o quinto ano em que um projeto de lei com esses parâmetros foi introduzido na Assembleia Legislativa de Nova York. Com projetos semelhantes em duas instâncias, os apoiadores acreditam que o Direito ao Reparo possa passar em breve.

Se isso acontecer, como Nova York tem uma grande influência no país, será criado um precedente que os fabricantes não conseguirão ignorar. “É altamente improvável que empresas como a Apple ou a John Deere digam ‘não vou fazer negócios em Nova York’”, disse Gay Gordon-Byrne, diretor executivo da Associação do Reparo. “Uma vez que passe em Nova York… os fabricantes terão que estabelecer uma versão do direito ao reparo”. Ela frisa: “O primeiro projeto é o que cria o padrão”, disse. Com isso, a oposição dos lobistas da indústria deveráser “insanas”.

Se quebrou, não conserte!

Os argumentos que as corporações utilizam para impedir que o público mexa em seus produtos costumam ser a respeito a softwares proprietários, preocupações com a segurança e perigos da bateria de lítio.

Os fato de os programas serem licenciados e terem copyright não significa que sejam um segredo. Gordon-Byrne explica que os livros também estão protegidos por direitos autorais, mas o texto serve para compartilhar informações, assim como os softwares são feitos para passar por sinais elétricos que representam os dados. “É completa e especificamente legal fazer o reparo de hardwares e fazer cópias de backup legal, e mexer com os softwares, inclusive fazer modificações e customizações”, completa.

Preocupações com a segurança são outras táticas de amedrontamento que os lobistas gostam de empregar, segundo Gordon-Byrne. O único problema é que a vulnerabilidade da segurança cibernética não está ligada aos reparos do dispositivo “a não ser nos filmes”, brinca. “Equipamentos são feitos ou para serem seguros, ou não.”

Um exemplo de equipamento inseguro deve ser um dispositivo que usa um chip que já carrega com um spyware. Mas Gordon Byrne argumenta que “é alarmista e ridículo dizer aos consumidores que levar seus equipamentos ao conserto fará com que fiquem mais expostos a algum novo risco — quando os grandes riscos [tais quais os assistentes pessoais que gravam todas as conversas ou outros relacionados à Internet das Coisas] vêm sendo ignorados.”

Profissionais de segurança uniram-se para apoiar o Direito ao Reparo.

Para além de softwares e segurança, a maior parte das pessoas só quer que os produtos nos quais gastam centenas (quiçá milhares) de reais funcionem. No fim das contas, se a bateria do seu fone de ouvido sem fio está acabando rápido, você deve mesmo comprar novos fones? Não é mais fácil trocar a bateria? Principalmente se você não tem dinheiro pra ficar continuamente investindo em novas tecnologias. Mas infelizmente, a bateria em seus fones de ouvido provavelmente está colada. Quando ela morre, também morrem os fones.

Mas nós não jogamos fora os carros quando sua bateria está com defeito. Nós consertamos a peça que quebrou. Pelo menos foi o que fizemos por centenas de anos.

Outra tática de pânico é realçar o que é conhecido como o “escapamento térmico”: quando uma bateria de lítio-íon morre — a bateria que provavelmente está em seu celular, notebook e até nos carros elétricos — começa a pegar fogo. É assustador ver, ou imaginar crianças expostas a isso. Mas muito raramente acontece na assistência técnica — especialmente quando ferramentas de diagnóstico apropriadas existem, e seu funcionamento está disponível e referenciado.

Felizmente, os legisladores de Nova York ouviram o mesmo disco de lobistas pelos últimos quatro anos. Os mais experientes, segundo Gordon-Byrne, estão “muito bem inoculados” a táticas de pânico. Mas há sempre os novatos, que “ainda não foram vacinados”. Até agora.

“Quando você se senta pela primeira vez com um deputado, eles dizem que isso é muito óbvio”, diz Gordon-Byrne. “Então, ouvem a história dos lobistas e, de repente, ouvem que o jeito americano será destruído. Haverá acontecimentos catastróficos. Exige algum tempo até que eles sejam postos de volta nos eixos.”

Uma longa tradição de reparos

Os projetos de lei de Nova York estão baseadas no projeto de direito ao reparo estabelecido para automóveis e caminhões comerciais que passou em Massachusetts, em 2012. Essa lei diz que fabricantes de carros devem fornecer, a preços justos e razoáveis, diagnósticos, ferramentas, controle e manuais de serviço que sejam os mesmos da concessionária. A lei garante que se você vive em Massachusetts, você deve conseguir que seu carro seja consertado em uma mecânica que tenha o mesmo acesso à informação que a concessionária. A Auto Alliance e a Automotive Service Association — grupos de comércio para as grandes fabricantes de automóveis e de concessionárias de carros, respectivamente — chegaram a um acordo que diz que os fabricantes de carros cumprirão o que se exige em Massachusetts em todo o resto dos EUA.

Gordon-Byrne explica que a proposta de lei de Nova York opera de maneira semelhante. “Se algo tem eletrônicos em si, há variações dos mesmos componentes. Você consegue entender o que há de errado. Depois do diagnóstico, você consegue a nova peça, usa ferramenta, passa de novo pelo software de diagnóstico e… Está restaurado!”

Kyle Wiens é o novo presidente da iFixIt (um site de reparos) e um apoiador do Direito ao Reparo. A possível nova lei de Nova York “vai restaurar nosso direito de consertar nossas próprias coisas. Equipamentos de agricultura, eletrônicos — tudo, menos equipamento médico.” A concessão aos equipamentos médicos foi feita para conseguir com que o projeto consiga passar, mas a questão de hospitais é algo para se pensar adiante. Os hospitais podem querer ter o direito de consertar os equipamentos que possuem, mas os fabricantes de aparelhos médicos estão exigindo que sejam utilizados seus caros contratos de serviço.

Todo o resto, porém, está coberto pelo projeto de Nova York, diz Wiens. Considere, por exemplo, o novo Mac Pro básico de US$ 6 mil [preço nos EUA, cerca de R$ 22,8 mil reais. No Brasil, o modelo atual custa entre R$ 31 mil e R$ 55 mil], que foi anunciado recentemente pela Apple. “Você consegue consertá-lo?” pergunta-se Wiens. “Essa é uma questão aberta.”

Obviamente, a questão é mais séria do que as piadas inspiradas pelo recente anúncio da Apple, que soou como algo que apareceria em uma série de comédia, mais do que um produto real que os humanos realmente queiram.

“Antigamente, havia oficinas técnicas para aspirador de pó e TV, e agora há apenas caminhões de lixo levando embora nossas coisas”, diz Wiens. Mesmo o direito de manter os produtos que você tem está sendo, há muito tempo, retirado — simplesmente porque os fabricantes promovem a sociedade descartável, em busca de mais lucros para seus acionistas.

O que aconteceu com os consertos manuais?

Quando Henry Ford criou os automóveis que marcaram o século XX, ele o fez remexendo peças — e queria que outras pessoas tivessem o direito de fazer o mesmo. Na verdade, Ford valorizava tanto o espírito do “faça você mesmo” que sua empresa produziu múltiplos “kits de conversão” pós-venda para o Modelo T. Quem o possuísse poderia convertê-lo no que quer que precisasse, incluindo um trator, uma moto de neve e uma caminhonete. O modelo de negócio da Ford, naqueles dias, encorajava o consumidor a remexer e fazer reparos, com autossuficiência.

Benjamin Franklin era um remexedor de peças. Tomas Edison e Nikola Tesla também. Essa é a raiz da inovação — a liberdade de aprender como as coisas funcionam, e experimentar com a construção de coisas novas e melhores. O crescente controle corporativo parece estar esmagando o espírito inovador. 

Cultura do desperdício e a explosão do lixo eletrônico

Para além da inovação e do direito de simplesmente manter os produtos que funcionam (que empregam todos esses técnicos de bairro que ainda existem, e com quem você pode contar), Wiens vê o direito ao reparo como uma necessidade absoluta em contexto urbano.

“Remover uma geladeira antiga de um apartamento não é uma coisa fácil”, diz. Refrigeradores costumavam ter uma vida útil de 20 anos ou mais, e havia técnicos em sua comunidade que poderiam consertá-los rápida e facilmente. “Hoje em dia, se você compra uma geladeira, a vida útil esperada é de sete anos. É o menor tempo que se tem notícia. E as cidades acabam tendo que se responsabilizar por esse problema.”

Isso porque as cidades lidam com o fluxo de resíduos. Refrigeradores pesados e volumosos não entram em um caminhão de lixo comum. “Têm de ser manejados de maneira especial, pois há um motor refrigerador dentro”, lembra Wien. “Há instalações especializadas que lidam com o fim da vida útil dos refrigeradores.”

O mesmo acontece com televisões mais novas. “Não há nenhum bom motivo para trocar qualquer TV que você tenha comprado nos últimos cinco a dez anos”, declara Wien. Alguma peça barata e simples poderia ser trocada, mas ao invés disso, o aparelho inteiro vai para o lixo, e aí aparece mais um problema para a cidade.

Fabricantes que produzem geladeiras e TVs de vida útil curta, que não podem ser facilmente reparadas, criam um ônus para as cidades, que precisam lidar com um número crescente desses produtos que entram no fluxo de resíduos. Em grandes cidades, alguém pode fazer o atendimento do produto, mas as pessoas que moram em comunidades rurais e mais pobres não têm o mesmo acesso. Sem acesso fácil ao funcionamento e às partes, seu Direito ao Reparo — sua autossuficiência — é forçadamente diminuída.

Não são só as geladeiras e TVs que causam problemas para o fluxo de resíduos urbano. Ao fabricar produtos e treinar o consumidor a vê-los como descartáveis, como os telefones celulares, um perigo real pode acontecer. Baterias de lítio-íon são agora parte do fluxo de lixo, e quando esses componentes são esmagados em caminhões de lixo, podem criar o fogo de escapamento. Então, o próprio caminhão de lixo — ou a instalação de gerenciamento de resíduos — pega fogo.

O que está acontecendo agora, de acordo com Peter Mui, fundador da Fixit Clinic, na Baía de São Francisco, Califórnia, é que as seguradoras estão se recusando a cobrir centros de reciclagem por causa do risco de alguém ter jogado um equipamento eletrônico com uma bateria. “Nós projetamos esses dispositivos em um buraco negro”, segundo Mui.

De acordo com o site do iFixIt, para cada mil toneladas de eletrônicos, o aterro cria zero empregos, a reciclagem gera 15 e o conserto cria 200.

Empregos de reparo técnico são ótimos. O costureiro, o sapateiro, as oficinas de TV e celulares “são as lojas que queremos em nossos bairros”, diz Wiens. “Antigamente, havia lojas de câmeras em toda cidade, nos EUA. Agora não há nenhuma. Esse é um resultado direto da decisão da Nikon e da Canon de não vender peças de reposição para lojas independentes. Essas empresas simplesmente decidiram ‘não haverá mais peças para você’, e foi assim o fim das lojas de câmera, por volta de 2012. Como resultado dessas políticas de fabricantes, afirma Wiens, perdemos parte importante da resiliência econômica de nossas cidades.

Dentro da oficina de conserto

Mas isso não faz com que parem de surgir pequenas lojas de conserto nas cidades. Na oficina da Fixit, pessoas de todas as idades e todos os níveis de experiência se encontram em oficinas de reparo comunitário, que acontecem principalmente em bibliotecas públicas. Mui descreve as oficinas como uma “desmontagem guiada”, e diz que é “como uma reunião do AA para coisas quebradas.”

As pessoas chegam, e alguém diz “‘Olá, sou Paulo e esse é meu aparelho de DVD. Ele faz esse barulho quando eu insiro um disco’. Nós dizemos ‘OK, vamos abrir e ver o que pode estar errado’”, conta Mui, mostrando que eles ajudam as pessoas a consertar seus próprios aparelhos. “Não estamos consertando isso para o cliente. Estamos guiando-o para o conserto. Estamos espalhando o ethos de que consertar é possível.”

Mui ensina reparos técnicos desde 2009, quando começou a Fixit na Universidade da Califórnia. “Antes, tratava-se de uma oportunidade humilde de disponibilizar ferramentas, apenas para ver o que poderíamos fazer”, conta. “Mas ao longo do tempo, eu me aproximei mais da política e da defesa de direitos. Há algumas escolhas civilizatórias que enviam as coisas para o aterro prematuramente. Quanto mais eu trabalho com isso, fica mais politicamente claro que estamos operando o planeta em um nível de consumo. Nosso consumo está matando o planeta. É insustentável continuar dessa maneira. É nosso interesse, como civilização, manter as coisas a seu nível mais alto de utilidade pelo mais longo tempo possível.”

Mui acredita que as pessoas se cansam de seus produtos, ou pensam “isso está velho, preciso de um novo.” Outro problema, no entanto, é que o produto tem uma coisa muito simples que poderia ter sido consertada, e as pessoas não pensam que poderia ser reparável — a mentalidade hipercapitalista e descartável penetrando em nossos modos de vida.

Para Mui, ajudar a consertar dá poder às pessoas para que possam fazer que com que o aparelho fique “melhor do que quando era novo. Não apenas restaurado, mas agora você entende como ele quebrou e pode solucionar os problemas dele e consertá-lo muitas vezes.”

“A taxa de sucesso nos consertos é de 70%, sem acesso à assistência autorizada ou manual do fabricante. Na maior parte do tempo, simplesmente aplicamos as habilidades de pensamento crítico”, explica Mui.

Mui conta que sua inspiração veio de momentos em que viu equipamentos eletrônicos que eram facilmente reparáveis, mas cujos fabricantes “usavam uma cabeça triangular estranha ou uma chave de fenda com chave de boca, e as pessoas comuns não têm essas ferramentas.”

À medida em que o hardware e o software tornam-se mais e mais integrados, na eletrônica de hoje, a questão do direito ao reparo “fala sobre a natureza da propriedade em geral”, para Mui. “A Apple parou de fornecer atualizações para os iPhones 4 e 5. As informações pessoais contidas neles estão vulneráveis, e podem ser roubadas. Mas você tem direito à posse delas. Você gastou 500 ou 600 dólares naquilo. Ele faz tudo que você precisa. Mas a Apple decide que você não vai mais usá-lo. E se se uma terceira parte fornece a atualização, só a Apple pode dar o código para desencriptar o telefone. A Verizon decidiu por conta própria não permitir mais a ativação de telefones 3G. Então, se você quer vender o aparelho para outra pessoa, você vai ter um tijolo de 400 dólares. Não pode usar mais com a Verizon, já que a frequência está bloqueada para a rede da empresa.”

Mui aponta que a indústria de moda chamada de fast-fashion, de descarte rápido, também é parte crítica do movimento pelo reparo. “São roupas, malas, barracas e toldos” que poderiam ser facilmente arrumados, ele diz, e ainda assim essa é a segunda indústria mais poluidora da Terra, ao lado da de petróleo”.

“O conserto desapareceu. Não há mais reparos de terceiros em muitas cidades. Fica mais caro consertar que comprar algo novo”, explica Mui.

Uma das coisas que ele espera que aconteça com a FixIt é inspirar a “como projetar para a durabilidade, facilidade de manutenção e capacidade de manutenção e reparo… desde o início.”

Treinando para abandonar o descarte

Na Ethical Culture Fieldston School, uma escola particular de Nova York, alunos do ensino fundamental e médio aprendem a fazer reparos em seus próprios dispositivos.

“Existe um centro e voluntários, como um centro de reforço de matemática”, conta Jeannie Crowley, diretora de tecnologia da escola. “Nós dizemos: ‘Ok, seu celular quebrou. Vamos orientá-lo para que você mesmo possa consertar’. Falamos sobre os minerais e as ferramentas e a habilidade de fazer manutenção.”

Os estudantes, conta Crowley, passam muito tempo em seus celulares. Mas quando eles os abrem, conseguem ter um modelo mental de como os telefones funcionam, e sua relação com eles muda.

Não só a escola ajuda os alunos (e pais) a estender a vida útil de seus celulares, ela diz, “Queremos que as pessoas saiam da escola e façam projetos pensando em um ajuste para que possam prolongar a vida” dos produtos que desenharem. É assim que esperam levar as crianças para o movimento do reparo.

“As pessoas costumam pensar que crianças não devem se envolver com manutenção”, lembra Crowley. “Sentimos que o reparo é algo que as crianças precisam entender. Um de nossos objetivos é resolver os problemas para que as escolas que não têm recursos como nós possam pegar o que aprendemos e aplicar a seus estudantes.”.

Até os alunos do ensino fundamental têm a oportunidade de abrir seus computadores, fazer a limpeza, aumentar a memória RAM e deixá-los prontos para os estudantes do ano seguinte.

Crowley diz que o direito ao reparo diz respeito a muitas coisas fundamentais, incluindo a ideia de propriedade, e de economia de dinheiro. Para ela e os estudantes, também trata-se de prevenção às mudanças climáticas e sustentabilidade, contenção do lixo eletrônico, e prevenir que produtos vão para o aterro por causa de um software que tem data de validade, ou que a bateria esteja colada por dentro. “Nos tornamos uma sociedade descartável, e isso não é sustentável”, ela diz.

Reparo e sustentabilidade, ambos requerem que “os fabricantes nos deem as ferramentas, instruções e acesso a peças para completar o conserto.”

Crowley ri da ideia de que “‘é perigoso consertar seu próprio telefone, ou que crianças podem fazer algo errado.” Fazer a manutenção de seu próprio carro era uma tradição honrada — e podia ser perigoso também. As pessoas fazem reparos eletrônicos há muito tempo. Ao receber as instruções, podemos aumentar a segurança, mas os fabricantes não querem que isso aconteça, porque significa que vamos manter nossos aparelhos por mais tempo.”

Crowley diz que fabricantes querem “um ciclo de vida útil muito curta e muito lucro.” Reparos — e sustentabilidade — não se alinham a esses objetivos.

Pequenos consertos, enorme diferença

Varghese também é um grande defensor do Direito ao Reparo. “Digamos que o vidro da câmera traseira de seu iPhone quebre. A Apple dirá que você precisa de um telefone novo. É uma mentira. Você pode trocar aquele vidrinho”.

Está claro que Varghese sabe como os fabricantes operam. Ele explica por que não se tornaria um provedor de serviços autorizados pela Apple: “Eles exigem que você nunca conserte outros produtos — nem que faça isso com seus esforços, como no caso do vidro da câmera do telefone. Se você curte usar um produto, não deveria ser obrigado a trocá-lo por um melhor ou mais moderno só porque a Apple ou a Microsoft querem ganhar mais dinheiro”.

Varghese vem consertando telefones e computadores desde o colegial. “Se você lhes disser [à Apple] que caiu um pouco de água em seu computador, isso quer dizer… que sairá US$1.200 o conserto, mas que por US$1.300 você pode comprar um novo”, ele diz, evidentemente frustrado. Ele afirma que consegue fazer consertos de danos por líquido pelo preço de US$350 — mas mesmo assim, às vezes se vê envolvido em problemas. Por exemplo, recentemente, o aparelho de um cliente teve danos por líquido e ele conseguiu consertar tudo, menos a webcam. Se o Direito ao Reparo existisse, as instruções da máquina estariam disponíveis e Varghese poderia compreender como consertá-la.

Mais consumidores precisam saber do Direito ao Reparo, diz Varghese. A Apple pode ter falado que alguns problemas não podem ser consertados, mas com o Direito a Reparo, esses produtos podem se tornar plausíveis de conserto. “Um mercado aberto é bom para os negócios e para os consumidores”, diz Varghese. “É bom para todos”.

E quando o Direito ao Reparo for implementado, diz Wiens, “poderemos trazer de volta uma cultura de engenharia e de ajustes que fazia parte da experiência popular”.

É bom que isso seja feito logo. Eu adoro meu iPhone SE. É do tamanho ideal, e um dos menores iPhones que já inventaram. Sou uma mulher miúda, não quero um celular maior do que um CD Walkman dos anos 80. Se eu conseguir manter este telefone funcionando até que a Apple perceba que não todos seus clientes são homens de um metro e oitenta com mãos gigantes, ficarei muito feliz”.