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Rubens Casara : No Estado pós-democrático, Justiça vira ferramenta contra os “indesejáveis” e serve de mercadoria para entreter o público



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Luiz Carlos Azenha



Rubens Casara é Doutor em Direito, Mestre em Ciências Penais e Juiz de Direito do TJ/RJ. Ele está lançando o livro Estado Pós-Democrático, neo-obscurantismo e gestão dos indesejáveis. Falou ao Viomundo em sua casa, no Rio de Janeiro.


Trechos:

Esse livro nasce da percepção de uma mutação no Estado. O Estado democrático de Direito, que era marcado pelo existência de limites rígidos para o exercício do poder, esse Estado desaparece e surge uma nova configuração, no qual não existem mais limites rígidos.

Os direitos e garantias fundamentais, dentro da lógica neoliberal, também são tratados como mercadorias e, portanto, negociáveis.

O Estado pós-democrático reúne características que poderiam ser chamadas de pré-modernas.

Há, de novo, uma união entre o poder político e o poder econômico, eles quase se identificam e para que o projeto neoliberal se concretize é necessário um Estado forte.

Um Estado forte na contenção dos indesejáveis.

Os indesejáveis seriam aqueles que não interessam à sociedade de consumo, porque não produzem ou porque não consomem, mas também aqueles inimigos políticos, aqueles que se opõem ao projeto neoliberal.

O que é “processo penal do espetáculo”, tema de seu livro anterior? É aquilo a que estamos assistindo no Brasil hoje?

É uma consequência da razão neoliberal condicionando a atuação dos atores jurídicos. Condicionando a percepção e a exploração do processo como mercadoria.

Se o processo na tradição liberal tinha uma função de garantir o respeito aos direitos e garantias fundamentais, o processo penal do espetáculo aparece com uma dimensão de entretenimento.

É vendido ao grande público como espetáculo e tem como função agradar aos espectadores.

Para saber o que o juiz Casara pensa sobre as ações de seu colega Sérgio Moro, assista à íntegra do vídeo.






Postado em Viomundo em 07/10/2017



Rubens Casara


" O brasileiro foi levado a acreditar no uso da força, da violência, para resolver os mais variados problemas. Você é levado a acreditar que as coisas não podem ser diferentes, a esquecer a ideia de utopia e nesse momento fica paralisado diante de um estado de coisas que não necessariamente tinha que ser assim.

Se o fascismo já foi visto como obstáculo ao capitalismo, hoje é fundamental para a manutenção do modelo, que está em crise permanente – e se é permanente, nem merece ser chamado de crise, é o próprio funcionamento normal do sistema.

Práticas fascistas são fundamentais nesse controle da população e na formatação de um pensamento homogêneo que é interessante para a sociedade de consumo, já que a diferença no contexto do Estado Pós-Democrático, para a razão neoliberal, só é admitida se puder ser transformada em mercadoria. As outras diferenças podem ser eliminadas.

Hoje, a sensação que nos domina é de angústia, de falta, de impotência, e identificar – e aceitar até – essa angústia e fazer algo criativo a partir dela passa necessariamente por um processo que chamo de auto interpretação. 

Temos que nos interpretar, saber o que queremos, verificar qual a nossa responsabilidade pelo que estamos vivendo e partir para a ação. Iniciar um processo de mudança, ou que seja apenas para caminhar. Hoje nós não estamos andando.

Uma característica marcante da pós-democracia é que começamos a querer trabalhar só com positividades, é a sociedade do excesso do desempenho, onde cada um tem que produzir muito, não sobra tempo para o diálogo. E temos que conversar muito para pensar soluções para as inércias tanto coletivas quanto individuais.

E o autoritarismo pretende também impedir esse diálogo.

O ódio é produzido para você não conversar com o outro. Se não existe o diálogo, não existe o comum. Cada um pensando no seu próprio umbigo não se tem perspectiva de transformação."




Boris Casoy é condenado por ofender garis



José Domingos e a luta contra a invisibilidade dos garis: "Acreditei no sindicato e na Justiça"



Do site Vermelho:

O apresentador Boris Casoy e a TV Bandeirantes foram condenados a pagar indenização de R$ 60 mil por danos morais ao varredor José Domingos de Melo, que participou de uma vinheta de ano novo veiculada em um dos telejornais do canal, em dezembro de 2009.

José Domingos conta que se sentiu humilhado pelos comentários preconceituosos do apresentador. “Fui abordado pela equipe da Rede Bandeirantes solicitando que desejasse felicitações de ano novo para veiculação na TV, mas não imaginava que minha participação no programa renderia deboche, preconceito e discriminação”, lamentou. 

Na ocasião, após as imagens terem ido ao ar, Casoy – sem saber que o áudio estava sendo transmitido – comentou com colegas de estúdio: “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo da escala do trabalho”.

André Filho, diretor do Siemaco (Sindicato dos Trabalhadores de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes de São Paulo), entidade filiada à UGT, repudiou a postura do apresentador "É lamentável que isso ocorra contra uma categoria que faz um trabalho essencial para a sociedade. Foi de uma irresponsabilidade muito grande", afirmou. 

“Sempre acreditei no Sindicato e na Justiça”

José Domingos ficou emocionado quando o sindicato o procurou para dar a notícia de que a causa havia sido ganha. “Sempre acreditei na justiça. Sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer. Muitos colegas diziam que era para eu desistir, que não ia dar em nada e que nós, trabalhadores, somos invisíveis perante a sociedade. Mas eu insisti, acreditei no sindicato e na justiça”, revelou.

“Nossa profissão é digna e merece respeito como qualquer outra. Acordamos cedo e dormimos muito tarde para sustentarmos nossa família. Não é justo alguém nos tratar com desdém, desmerecendo a atividade que exercemos. Espero que isso sirva de lição”, completou.

Quanto ao dinheiro, José Domingos afirmou que pretende ajudar a mãe de 75 anos, que vive em Pernambuco, reformar sua casa e também oferecer um churrasco para os amigos do trabalho. "Isso precisa ser comemorado com os meus companheiros de jornada", finalizou.

Confira o vídeo em que o apresentador ofende os garis :






Postado em Blog do Miro em 18/09/2017


 

Gentili, ainda podemos ter nojo de você



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Fernando Brito



Em maio do ano passado, meu antigo companheiro Jose Trajano, como homem de bem que é, protestou de público contra o convite da emissora ESPN, onde era diretor, a Danilo Gentili, um cidadão que se intitula humorista e que diz barbaridades a torto e a direito, sempre protegido por esta pretensa condição.

Trajano o chamou “personagem engraçadinho que se posta como se fosse um sujeito que faz apologia do estupro em nome do humor” e Gentili, aquele que tem tanto respeito pelo Direito que esfrega notificações no vão de suas cuecas, resolveu processar Trajano – vejam só – por sentir-se “atingido em sua honra” pelos comentários feitos por ele. 

Não sabia que Trajano era capaz de tamanha fina pontaria que lhe permitisse atingir tão pequeno alvo.

Hoje, o Juiz José Zoéga Coelho, do Juizado Especial do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, absolveu Trajano da acusação de Gentili.

Na sentença, diz que é “incontroverso” que Gentili “, embora não faça expressa apologia do estupro, efetivamente faz troça de fatos que, em tese, poderiam caracterizar o também grave crime de posse sexual mediante fraude (…) ou, mesmo assim não se entendendo, reduz e vitupera valores prevalentes na sociedade, como a liberdade sexual da mulher. E da mesma forma age com relação a outros valores não menos relevantes, como o respeito à diversidade de orientação sexual, o respeito à diferença de raças, dentre outros”.

E afirma que Trajano tem “o direito (…) de desgostar do humor feito” por Gentili e “de externar aberta crítica a ele” e, portanto, o absolve. Aqui, a sentença na íntegra.

Obrigado, Trajano. Não apenas pelo que você disse como por ter enfrentado este sujeito sem recuar no que disse como, também, por ter dado a todos nós a garantia jurídica de podermos dizer que Danilo Gentili, pelo que diz, nos dá nojo.

Abaixo, a fala de Trajano na ESPN que deixou Gentili furioso.






Postado em Tijolaço em 30/06/2017


A revolução não será delatada






Miguel do Rosário




Você não poderá ficar em casa, irmão”.



Assim começa o famoso – e maldito – poema de Gil Scott-Heron, a Revolução não será televisionada.

Há uma razão para os roteiristas de Homeland, a premiada série política americana, incluírem trechos desse poema, recitados pelo próprio Gil, na abertura de todos os episódios da temporada 6. O clímax narrativo da temporada acontece no episódio 11, quando Saul, ex-agente da CIA, explica à presidenta eleita sobre os métodos usados por seus adversários para enfraquecê-la.

Eu transcrevo a fala de Saul aqui, por motivos que vocês entenderão rapidamente conforme forem lendo:

É sério? É difícil ouvir o que vocês estão falando. Porque o que eu estou ouvindo não é um plano. Rastrear o dinheiro? Acreditem, é muito mais difícil do que pensam. Vocês ainda estarão fazendo isso quando o mundo rolar por cima de suas cabeças. Por que não conseguem enxergar? Está acontecendo debaixo de seus narizes!
Já temos O’Keefe (blogueiro de extrema-direita). Temos uma campanha de desinformação projetada para desacreditar a presidenta eleita. E a partir de hoje temos tropas em terra e os manifestantes dos quais me desviei para chegar aqui. Isto não lhes é familiar? Porque para mim, sim. Nós fizemos isso na Nicarágua, Chile, Congo, em vários outros países, começando pelo Irã, nos anos 50. E o regime eleito se dá mal. A vida de vocês está em jogo, entenderam? Vocês não podem se calar. E não me refiro à coletiva de imprensa.
– Ao que você se refere?
– Você o intimou a mostrar a cara e foi o que ele fez. Você tem que enfrentá-lo.

Desculpem se pareço repetitivo, mas eu sinto necessidade de afirmá-lo novamente: o que está acontecendo no Brasil, com a Lava Jato, é um golpe de Estado.

Assim como ocorre na trama de Homeland, e, na verdade, em quase todas as histórias parecidas, os articuladores do golpe não são os políticos, e sim as forças de segurança do próprio regime. No caso do Brasil, é a Lava Jato, ponta-de-lança dos setores mais radicalizados desse monstro de três cabeças que substituiu os militares de 1964: Ministério Público Federal, Polícia Federal e Judiciário.

Em algum momento, esses três setores perceberam que, trabalhando juntos, poderiam assumir o poder político no país.

Coisas bem gaúchas : Juremir e Brique da Redenção ! Parabéns Juremir !



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Brique do Parque da Redenção em Porto ALegre


Aniversário no Brique da Redenção


Juremir Machado da Silva




Neste domingo, 29 de janeiro, aquariano que sou, chego aos 55 anos de idade. Quando fiz 50, quis um pedacinho de uma escola de samba na minha festa. De lá para cá muita água rolou. No meu último aniversário veio aquele temporal que sacrificou a cidade. Não foi encomenda minha. Entre os 50 e os 55 publiquei A sociedade midíocre, Jango, a vida e a morte no exílio, 1964, golpe midiático-civil-militar, Correio do Povo, a primeira semana de um jornal centenário e Corruptos de estimação. Marquei muitos gols e me choquei com o país.

Por que escrevi tanto? Por medo do tempo. Tento represá-lo entre as capas dos livros. Ele escapa por entre as linhas e escorre nas minhas mãos até encharcar o teclado, que cubro com um plástico. O Brasil deu saltos quânticos nestes cinco anos. Para trás? Para frente? Depende do ponto de vista e do que o tempo dirá. Vi retrocessos, acompanhei o estouro de abcessos e não paro mais de esperar o desfecho dos tantos processos. Como rotular este período turbulento? Era Lava Jato? Reinado de Sérgio Moro? Fim das ilusões? Ocaso de um ciclo?

Nestes cinco anos Dilma perdeu o posto. Eduardo Cunha, o cargo, o mandato e a liberdade. A Seleção Brasileira perdeu a pose e tomou 7 da Alemanha numa Copa inesquecível. O Internacional descobriu o quase impossível caminho da segunda divisão. O Grêmio redescobriu o gostinho de um título nacional. Donald Trump passou de figura pitoresca a presidente dos Estados Unidos. O terrorismo alastrou-se pelo mundo. As prisões brasileiras expulsaram o Estado. Paulo Coelho foi parar na Companhia das Letras. Não me estenderei. Cada um que complete a lista a seu bel-prazer. Haja espaço e tempo.

O que vou aprontar desta vez? Aniversário na rua. Estarei, a partir das 10 horas da manhã, no Brique da Redenção, no estande de livros do Zé, que fica quase na João Pessoa. O que vou fazer lá? Três coisas não necessariamente nesta ordem: abraçar os amigos que quiserem me ver; servir bolo de aniversário a quem aparecer; autografar exemplares de Corruptos de estimação (R$ 20 cada) a quem meter a mão no bolso e adquirir um ou mais exemplares. Se alguém quiser levar espumante, está liberado. A rua é do povo. Nós somos o povo. À rua, cidadãos, que eu os espero para comemorar no parque.

Já encomendamos o bolo e os livros. Não façam desfeita. Nesta idade não é fácil carregar tudo de volta para casa. Ainda mais que os amigos, todos da minha faixa etária, andam com problemas de coluna e preocupados com a reforma da Previdência. Quem for certamente terá oportunidade de calcular quanto tempo faltará para a sua aposentadoria se a reforma de Michel Temer for aprovada. Houve uma época em que só falávamos de ambições, sexo e viagens. Agora, ainda que esses assuntos entrem na pauta, as prioridades são saúde, aposentadoria e família.

A equipe responsável pela logística do meu aniversário na rua travou uma interminável discussão sobre um ponto crucial: todo mundo que comparecer ganha bolo? Ou só os que comprarem o livro? O grupo rachou. Uma parte considerou mesquinho privar alguém de bolo. Outra parte ponderou que o livro deve funcionar como um passaporte para o bolo. A primeira parte chamou este argumento de mercantilista. A parte ofendida reagiu dizendo que a compra do livro dispensa cada um de levar presente. A primeira parte viu nisso uma confirmação do oportunismo comercial da operação. Como elemento neutro usei meu poder de Estadista na mediação do conflito.

Uma parte argumentou assim: como administrar demandas que podem ser infinitas com recursos finitos? Foi chamada de neoliberal. A outra parte defendeu que o bem-estar social exige um estado generoso cabendo ao anfitrião cobrir os gastos. Fechou o tempo. O caráter festivo do evento ajudou a restabelecer o clima amistoso. Ficou assim: enquanto houver bolo, ninguém levará bolo. O risco evidentemente é o aniversariante tomar bolo. Previdente, convoquei seis amigos para formar uma claque. Eles queriam ir à praia. Vou indenizá-los pela perda. Enfim, nosso objetivo está muito claro: fazer bolo.


Postado em Juremir Machado da Silva / Correio do Povo em 28/01/2017




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Tem 27 livros individuais publicados, entre os quais Getúlio, 1930, águas da revolução, Solo, Vozes da Legalidade e História regional da infâmia, o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras. 

Coordena o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS. Apresenta diariamente, ao lado de Taline Oppitz, o programa Esfera Pública, das 13 às 14 horas, na Rádio Guaíba.



Mais Brique da Redenção



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“Eles construíram uma mentira”, diz Lula sobre Lava-Jato em entrevista a Roberto Navarro



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“Eles construíram uma mentira”, diz Lula sobre Lava-Jato em entrevista a Roberto Navarro



Jornalista Roberto Navarro entrevista o ex-presidente Lula. Brasileiro fala sobre arbitrariedades na condução da Lava-Jato, denúncias do Ministério Público e sua defesa na justiça. 





Postado em O Cafezinho em 28/11/2016



Continuação da entrevista :













Greenwald : " Brasil está submisso aos americanos "



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O governo de Michel Temer tem perdido parcela da soberania ao se tornar submisso aos interesses dos Estados Unidos. É o que acredita, e com espanto, o jornalista norte-americano, residente no Brasil e dono do portal The Intercept, Glenn Greenwald
Em entrevista ao repórter Lucas Valença, repórter da Agência UniCEUB, ele critica o momento político brasileiro desde o processo de impeachment contra Dilma Rousseff e também faz duras críticas aos grandes conglomerados da mídia do País, os quais acusa de fazer "publicidade", e não jornalismo.


Por Lucas Valença, repórter da Agência UniCEUB


O governo de Michel Temer tem perdido parcela da soberania ao se tornar submisso aos interesses dos Estados Unidos. É o que acredita, e com espanto, o jornalista americano, residente no Brasil e dono do blog The Intercept, Glenn Greenwald

Além de criticar o momento atual desde o processo de impeachment da ex-chefe de Estado, Dilma Rousseff, o jornalista também faz duras críticas aos grandes conglomerados da mídia brasileira, os quais acusa de fazer "publicidade" e não jornalismo. A Agência de Notícias UniCEUB conversou com o profissional durante passagem dele por Brasília.

A diversidade e a pluralidade de opiniões são elementos essenciais ao bom jornalismo, mas para o fundador do The Intercept, os grupos de mídia no Brasil não têm exercido essas características. Ele ressalta que as "facções" controladoras dessas empresas possuem interesses muito iguais, o que afeta a produção do conteúdo.

Greenwald lembra também que a ONG Repórteres Sem Fronteiras rebaixou o Brasil para a 104ª posição no ranking de liberdade de imprensa no mundo. A organização deu dois motivos para explicar o rebaixamento. O primeiro é o alto índice de violência contra jornalistas independentes no país. Já o segundo, é o aspecto mais polêmico: dá-se quando a ONG defende que as grandes corporações de mídia pararam de se comportar como empresas jornalísticas e passaram a tentar "destruir" o governo eleito.

O jornalista conta que a entidade é respeitada no mundo por se posicionar contra ameaças a um determinado jornalista ou contra jornais e raramente intervir em problemas nacionais.

" Mas neste caso, eles puderam ver que a situação aqui foi tão extrema que era necessário fazer comentários e explicitar que essa situação é contra a liberdade de imprensa ", afirma o repórter.

Com o avanço das tecnologias e o surgimento das redes sociais, mudanças na forma de se transmitir a notícia tem gerado impacto nos veículos de comunicação. Para Glenn Greenwald, agora as organizações não podem mais controlar as informações como "faziam" antes. 

" Quando você pensa que a informação no Brasil é controlada por poucas famílias e se tornaram propagandas, parece uma situação muito ruim, mas eu tenho muito otimismo com relação ao futuro ", conta.

Impeachment

Pela segunda vez desde a redemocratização, o Brasil afastou um presidente eleito por meio do processo de impeachment.

No começo, a mídia internacional lidava com o processo de afastamento da ex-chefe de governo Dilma Rousseff de forma semelhante à mídia local. Diziam que o povo no Brasil não aguentava mais o governo petista e que lutava contra um governo corrupto. 

No entanto, o jornalista lembra que as empresas internacionais mudaram de posição. 

" A mídia internacional começou a olhar, não só para Lula ou Dilma, mas para quem iria ocupar o poder depois do afastamento. Mas quando começaram a olhar para Michel Temer e Eduardo Cunha, que tinham diversas acusações de corrupção, tirando uma pessoa eleita em nome da corrupção, isso ninguém conseguiu entender ".

Para o jornalista, os integrantes do novo governo acabam assumindo que foi montado uma "fraude" para levar Michel Temer ao palácio do Planalto.

" Seis semanas atrás, Michel Temer foi à New York e assumiu que o processo de impeachment se deu por ideologia, porque o PT não aceitou a agenda do PMDB (Ponte para o Futuro) e a mídia simplesmente ignorou isso ".

O problema hoje, está com a mídia, que segundo Greenwald, ajudou a instalar um governo que é mais corrupto, do que o da presidente que tiraram em nome da corrupção. 

" A solução que a mídia teve até agora é simplesmente ignorar os fatos que mostram a corrupção dos membros do governo. Por exemplo, foi divulgado que o ministro José Serra recebeu 23 milhões de reais em caixa dois. A Globo não mencionou isso ".
" Eu não entendo como a direita brasileira que gosta de mostrar força, dizer que são 'machos', que querem defender tudo, é totalmente submissa ao governo norte-americano. Eles querem servir ".

O repórter também acusa o governo atual de fazer "tudo" em favor dos interesses do governo americano.

" Michel Temer é quase escravo do governo dos Estados Unidos. Há pessoas de dentro do governo americano que não conseguem acreditar quantos benefícios eles estão recebendo (do Brasil) ", explica.



Postado em Brasil 247 em 11/11/2016



Nota :  

 Glenn Greenwald também criou o The Intercept Brasil 




TVE Entrevista Especial - Dilma Rousseff : Imperdível para quem defende a Democracia !

















NA PRIMEIRA ENTREVISTA desde seu afastamento, a ex-presidente Dilma Rousseff citou a declaração em que Michel Temer diz que o impeachment foi motivado por Dilma não aceitar o plano econômico do PMDB, e não por supostas irregularidades praticadas por ela.


A entrevista foi conduzida pelo jornalista Bob Fernandes para a TVE Bahia e será transmitida nesta terça-feira, às 20h40, na TVE e no portal do canal

O comentário da ex-presidente refere-se a um discurso dado por Temer na sede da Sociedade Americana/Conselho das Américas (AS/COA), em Nova York, na quarta-feira passada, dia 21, quando disse que ele e seu partido começaram a articular o afastamento de Rousseff em consequência direta da não aceitação, pela ex-presidente, do programa neoliberal do PMDB chamado “Ponte para o Futuro”.

A fala inesperada de Temer foi noticiada por vários meios de comunicação da mídia independente, mas foi completamente ignorada por toda a mídia tradicional, com exceção da revista Exame, Carta Capital e Jornal do Brasil.

Veja o vídeo aqui:










Postado em The Intercept Brasil em 27/09/2016








Jornalistas Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim comentam que Serra não sabe o que significa a sigla BRICS. E esta criatura queria e ainda quer ser Presidente do Brasil




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Cerra inclui Argentina nos BRICS! São os Bracs!


Depois de agendar reunião com si mesmo...

Não deixe de ver a agenda de trabalho do jênio!

E não se esqueça: segundo a Odebrecht, ele prefere receber "lá fora".

Por isso, o Tinhoso vai anistiar os ladrões.

PHA

Em tempo: se o amigo navegante perguntar onde estão os R$ 23 milhões que recebeu da Odebrecht, aí ele sabe na ponta da língua (e responderá depois de ultrapassar as extensas gengivas).



Postado em Conversa Afiada em 17/09/2016





Por Luis Nassif, no GGN

Quando José Serra assumiu o Ministério das Relações Exteriores se sabia que era jejuno em política externa.

Quando demonstrou desconhecer o que era NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) deu-se algum desconto, devido ao fato de ser uma agência cujos protagonismo só se tornou visível mais recentemente. Mas já era falta grave.

Quando passou a afrontar a Venezuela, o Uruguai, a externar misoginia no México, julgou-se que fosse apenas a assimilação do jornalismo de esgoto que ele ajudou a criar e estimular. 

Quando levou Fernando Henrique Cardoso como assessor especial, para o confronto com a Venezuela na reunião do Mercosul, julgou-se que fosse apenas o medo de enfrentar situações complexas, que o acompanha desde os tempos de governador do Estado. 

Mas a divulgação do vídeo com um Serra tatibitate, sem saber os países que compõem os BRICS, incluindo a Argentina e não sabendo sequer o país representado por cada letra da sigla, acende um sinal amarelo.

É possível que a Junta Governativa do país tenha colocado como chanceler uma pessoa com sinais avançados de decrepitude.



Dilma, no SBT : “é claro que Temer e Cunha não falaram sobre futebol”. Assista


entrevsbt


A presidente Dilma Rousseff, disse, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do “SBT Brasil”, hoje, desta que o deputado afastado Eduardo Cunha representa “uma ameaça integral” ao presidente interino, Michel Temer. “Certamente eles não falaram sobre futebol. Com certeza trataram de assuntos que dizem respeito à governabilidade”, afirmou a presidente afastada sobre o encontro entre Temer e Cunha no último domingo.


Dilma afirmou que, se Cunha fosse afastado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) antes da votação da Câmara sobre a admissibilidade do processo de afastamento – no dia 17 de abril – , a admissibilidade do impeachment ficaria comprometida. “Criaria uma situação muito ruim para o impeachment se ele tivesse sido afastado antes.” E prometeu que recorrerá ao STF caso o processo de afastamento definitivo seja aprovado pelo Senado Federal.


Veja, em dois blocos, a entrevista de Dilma.




Ocupa MinC RJ : Imprensa Internacional Contra o Golpe com Gleen Greenwald, David Miranda e Monique Figueiras










Na Palestina ocupada, menina de dez anos é jornalista





Jornal GGN – Com apenas dez anos, a jovem Janna Jihad não é mais criança. Na Palestina ocupada por Israel ela faz questão de se colocar no centro dos acontecimentos e registrar tudo para que o mundo veja.

A mais nova jornalista da Palestina (e provavelmente do mundo) começou a trabalhar quando um amigo seu, outro da família e um tio foram mortos a tiros pelas Forças de Ocupação Israelenses (IOF). Ela tinha apenas sete anos.
“Depois eu abandonei o medo e a timidez e decidi documentar todas as violações das IOF em qualquer lugar que eu visitasse; então fiz vídeos no celular e os comentos em inglês e em árabe, para mostrar as violações por parte dos israelenses que a mídia internacional não mostra e para dar a possibilidade para todo o mundo de saber mais sobre a atividade israelense nos territórios palestinos”, contou em entrevista para o site Sputinik.

A jornalista palestina de 10 anos conta sua história à agência Sputnik.

Janna Jihad, a mais nova jornalista da Palestina, disse à agência Sputnik que as forças de ocupação israelenses (IOF, em inglês) tinham matado o seu amigo e um amigo da sua família e que isso foi um momento decisivo de sua vida. Foi por isso que ela começou trabalhando como jornalista, mostrando as violações e a violência de Israel na Palestina. Ela acrescenta que ela quer se tornar jornalista em uma das agências internacionais que, segundo ela, não transmitem informação verdadeira e não dão uma imagem real da Palestina. É por isso que ela quer mudar isso. 

Sputnik: Como foi que você começou trabalhando como jornalista? O que é que levou você a isso? 

Janna Jihad: Comecei há três anos quando eu tinha 7. Eu participei de manifestações perto da nossa casa em Ramallah, por exemplo na manifestação de Nabi Salih (um profeta da Arábia antiga) na aldeia de Nabi Salih. Isto foi uma manifestação contra o novo assentamento israelense na área. Nossa casa era a primeira na zona de entrada para a aldeia, as IOF sempre chegam a esse ponto. Eu sempre gostei de jornalismo desde a minha infância; comecei a participar das manifestações com o celular da minha mãe e a comentar o que eu estava filmando, mostrando os ataques israelenses contra os participantes de manifestações. Com ajuda da minha mãe eu consegui publicar esses vídeos em redes sociais, o que me inspirou a continuar. 

S: Qual foi o momento decisivo que fez você trabalhar como uma jornalista que está sempre presente no centro dos eventos?

JJ: Foi quando as IOF mataram o meu amigo, outro amigo da minha família e o meu tio (eles foram mortos a tiros) à frente dos meus olhos quando eu tinha 7. É que eles me influenciaram. Depois eu abandonei o medo e a timidez e decidi documentar todas as violações das IOF em qualquer lugar que eu visitasse; então fiz vídeos no celular e os comentos em inglês e em árabe, para mostrar as violações por parte dos israelenses que a mídia internacional não mostra e para dar a possibilidade para todo o mundo de saber mais sobre a atividade israelense nos territórios palestinos. 

S: Como você na sua idade conseguiu estar familiarizada com toda a informação da causa palestina para utiliza-la nas reportagens?

JJ: Eu assisti as manifestações contra as colônias israelenses na aldeia de Nabi Salih desde que eu tinha 3 anos; vivi nessa atmosfera. Dado que a nossa casa é a primeira da entrada para a aldeia, nós recebíamos sempre pessoas feridas pelas IOF, além delas assaltarem constantemente a nossa casa. Tudo isso formou aos meus conhecimentos sobre os acontecimentos. Além disso, eu sempre pergunto a minha mãe e meu tio que trabalha na mídia sobre os assuntos que eu não sei para que eles sejam incluídos nos meus vídeos. 

S: Porque é que você utiliza o inglês nas reportagens? Onde você o estudou? É que ajuda a relatar para um público alargado? 

JJ: Primeiramente eu nasci nos EUA mas eu vivi lá só durante três meses. Depois eu cheguei para a Palestina. Eu estudei na escola americana na cidade de Ramallah e aprendi inglês muito bem e meus pais tentam aumentar o meu nível da língua. Acho que os materiais em inglês vão atrair mais pessoas do que os em árabe. Depois eu me dirijo aos palestinos e árabes que vivem nos países ocidentais para que eles saibam o que está acontecendo na Palestina. É assim que estou aumentando o nível do meu inglês para transmitir a minha mensagem ao mundo. 

S: Quais são seus futuros objetivos e ambições? Será que você continuará trabalhando na cobertura do que se passa aí?

JJ: Quando for grande queria me tornar jornalista e trabalhar para uma das agências internacionais. Tudo isso é porque a mídia não diz a verdade sobre as violações nos territórios da Palestina. Quero corrigir isso e mostrar imagens verdadeiras dos eventos. Eu também quero me tornar jogadora de futebol e representar a Palestina em fóruns internacionais e jogos de futebol.

Postado em Luis Nassif Online em 17/06/2016





Glenn Greenwald : “ Tudo ficou mais claro : é golpe ”




Jornal GGN - " Qualquer que seja a definição de 'golpe', ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff ", disse o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, em entrevista exclusiva à CartaCapital.

O escritor e também advogado, que ficou conhecido mundialmente após revelar a imensa base de dados de Edward Snowden na Agência Nacional de Segurança (NSA), do governo dos Estados Unidos, e ganhador do Prêmio Pulitzer, não teve receio de descrever o processo vivido na política brasileira.

" Entendi que o impeachment foi desfechado para impedir a Lava Jato. Mas, em última instância, ele visa a aniquilar o PT e mudar totalmente os rumos do País, impondo políticas que nunca seriam aceitas pela população, pelo voto ", analisou.

O jornalista contou que a decisão de começar a cobrir a política brasileira ocorreu quando viu " o Jornal Nacional fazendo uma leitura do diálogo entre o ex-presidente e Dilma Rousseff como se fosse de novela ". " Tive uma imensa vergonha e pensei que era o limite do suportável ", disse.

Para ele, " foi patético " a GloboNews e os grandes veículos nacionais tentarem desqualificar a imprensa internacional que já analisou o processo de impeachment aqui como um golpe. " Mas não conseguiram ", respondeu, elogiando a estratégia da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do PT de investir em coletivas de imprensa e contato com os veículos internacionais.

Sobre o uso do termo " golpe ", Greenwald admitiu que não usava antes porque provocava o mesmo efeito do uso da palavra " terrorismo ". " Todo mundo usa essa palavra politicamente, não tem um significado específico ", disse. Mas disse que a sua postura mudou com o vazamento dos diálogos entre o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, com o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

" Para mim, a gravação de Jucá mudou tudo, porque tive todos os ingredientes necessários para definir um golpe ", disse o jornalista, completando: " Houve o envolvimento de políticos, da Justiça e dos militares, entre outros ". 

Segundo Glenn Greenwald, com as gravações, as justificativas para um processo de impeachment ficaram escancaradas: " o motivo não foram as alegadas pedaladas fiscais. No dia da votação na Câmara, ninguém falou desse motivo ", disse.

Leia a entrevista completa do jornalista norte-americano, concedida à CartaCapital:

Por Leneide Duarte-Plon e Clarisse Meireles


CartaCapital: Através de você, Edward Snowden revelou o escândalo das escutas telefônicas da NSA que mostravam que Dilma Rousseff e Angela Merkel, entre outras personalidades, foram grampeadas pelos americanos. Como você explica que a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula tenham continua­do a usar o telefone para tratar de assuntos tão importantes quanto o da nomeação dele para ministro da Casa Civil ?

Glenn Greenwald: Tive uma grande surpresa e Snowden disse algo no Twitter sobre isso, quando as conversas foram divulgadas. Ele ficou decepcionado, quase ofendido, pois sacrificou muito de sua vida para mostrar ao País como a presidente Dilma estava sendo espionada e monitorada.

E sei que, depois das revelações, o governo brasileiro investiu muito para construir métodos de contraespionagem com fotografia, e fizeram muitas reuniões em Brasília para evitar isso. 

O fato de um ex-presidente e uma presidenta estarem tratando de coisas muito sensíveis dentro desse clima num telefone aberto e não encriptado é, para mim, incompreensível. Fiquei chocado. 

CC: Depois de 11 anos vivendo no Brasil e escrevendo sobre geopolítica e política americana, recentemente, com o agravamento da crise no País, você passou a se interessar mais pela política local?

GG: Eu queria viver num país com tranquilidade, sem problemas, sem precisar lutar ou brigar. Quando decidi morar aqui, há 11 anos, não pensava no Brasil como meu país. Agora que moro há tanto tempo, sou casado com um brasileiro, estamos adotando uma criança que vai ser brasileira, amo este país que me deu muitas coisas, e penso que tenho não somente o direito, mas a obrigação de fazer reportagens sobre o que não está sendo feito mas acho necessário fazer.

Este período que estamos vivendo não é normal. É uma crise que está ameaçando a democracia. Existe um risco de que ela seja extinta de novo e não posso ficar sem fazer nada, quando acho que tenho algum poder de ajudar e defender a democracia.

Não ficaria em paz com minha consciência o resto da vida, se não fizesse coisa alguma. Em relação à mídia dominante, talvez eu não percebesse antes o quão extremista ela é. Ela faz propaganda. Isso me choca como jornalista. Quis usar a minha revista e meus meios para lutar contra isso.

CC: O que desencadeou sua decisão de passar a escrever sobre o Brasil?

GG: Eu vi que a Globo estava incitando os protestos. Mas, por outro lado, eu estava olhando a Lava Jato como algo impressionante, positivo, pois colocava na prisão por corrupção bilionários e políticos poderosos, independentemente do partido ou da ideologia. Isso não acontece nos Estados Unidos, e no Brasil menos ainda.

As pessoas achavam uma coisa fantástica. Comecei a mudar quando o juiz Moro mandou fazer a condução coercitiva de Lula, sem razão, uma vez que o ex-presidente fazia depoimentos voluntários. Ficou claro para mim que o juiz criou uma cena dramática.

Pior ainda, em minha opinião, foi quando Moro divulgou a conversa do ex-presidente com a presidenta. Ele não divulgou apenas grampos de interesse público, mas também conversas para enxovalhar a reputação do ex-presidente.

Mas minha decisão de começar a cobrir a política brasileira foi quando vi o Jornal Nacionalfazendo uma leitura do diálogo entre o ex-presidente e Dilma Rousseff como se fosse de novela. Tive uma imensa vergonha e pensei que era o limite do suportável.

CC: O que é fazer jornalismo honesto?

GG: Numa democracia, o jornalismo tem um propósito: o principal é ser uma força contra facções poderosas, que podem ser os ricos, o governo, a polícia, as grandes empresas. Ser realmente o Quarto Poder. Ele deve ser um poder que vai esclarecer, trazer à luz o que certos grupos estão fazendo às escuras.

Quando o jornalismo está servindo a esta ou aquela facção, para mim é corrupto. Jornalismo que luta contra os poderosos é o jornalismo honesto, fiel a seu propósito de investigar e mostrar a verdade.

CC: O mito da objetividade é que está em xeque? 

GG: Sim, Dilma fala de golpe, a oposição defende que foi impeachment legal. Quando saem esses artigos muito fortes, criamos espaço para os jornalistas estrangeiros irem mais longe.

CC: A GloboNews tentou desqualificar toda a imprensa internacional, dizendo que os jornalistas estrangeiros não entendiam o processo.

GG: Isso foi patético, mas não conseguiram. E também a Dilma e o PT resolveram adotar uma estratégia forte, organizando coletivas da presidenta e de Lula para a imprensa internacional, e quando Lula fez uma entrevista comigo e não com jornalistas brasileiros. Dilma fez três entrevistas, uma com a CNN, uma com a Telesur e outra comigo. Depois ela fez uma entrevista exclusiva com CartaCapital. 

CC: Na matéria de 23 de maio, sobre a gravação de Romero Jucá, o Intercept diz que vai introduzir definitivamente a palavra golpe. Como foi a repercussão dessa matéria?

GG: Eu, pessoalmente, nunca usava a palavra golpe porque, para mim, era como a palavra “terrorismo”. Todo mundo usa essa palavra politicamente. Não tem um significado específico. Para mim, a gravação de Jucá mudou tudo, porque tive todos os ingredientes necessários para definir um golpe.

Qualquer que seja a definição de “golpe”, ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff. Houve envolvimento de políticos, da Justiça e dos militares, entre outros. O motivo não foram as alegadas “pedaladas fiscais”. No dia da votação na Câmara, ninguém falou desse motivo. 

CC: Seria possível a Suprema Corte americana agir tão partidariamente como a brasileira?

GG: Nos Estados Unidos, um juiz da Suprema Corte não pode falar publicamente sobre assuntos que estão em julgamento. A autoridade do Judiciário precisa ser e parecer independente da política.

É impensável ver um juiz encontrando-se com políticos, almoçando com políticos. Para mim, como advogado que sou, esse processo é totalmente corrupto. Que confiança você pode ter num juiz que discute com políticos casos que está julgando ?

CC: Ele toma partido...

GG: Sim. Para mim, isso é mais importante do que o envolvimento dos militares. Quando comecei a prestar atenção no debate sobre o impeachment, eu pensava: “ Não pode ser golpe, porque está sendo conduzido sob a autoridade de um tribunal legítimo ”. Para mim era um bom argumento. Perguntei a Dilma e a Lula nas entrevistas que fiz: como pode ser um golpe se é um tribunal legítimo? Mas agora a legitimidade desse tribunal fica totalmente duvidosa.

CC: Como avalia a queda do Brasil no ranking de liberdade de imprensa da respeitada ONG Repórteres Sem Fronteiras? O Brasil ocupava o 58º lugar em 2010 e hoje ocupa o 104º posto? A Reporters Sans Frontières disse literalmente: “O problema dos ‘coronéis midiáticos’, que descrevemos em 2013 no relatório ‘O País dos 30 Berlusconis’, continua intocável”.

GG: O Brasil ficou atrás de El Salvador, Peru e Libéria. Essa organização é muito respeitada no mundo inteiro, porque não se envolve em nenhum debate político nos países, atua apenas como um observador.

A Reporters Sans Frontières disse isso de uma forma clara e absoluta, condenando a mídia brasileira e dizendo que os jornalistas não estão se comportando como profissionais, mas tentando influir na queda da presidenta Dilma.

Outra forma de avaliar a liberdade e o pluralismo da imprensa brasileira foi em relação ao assassinato de jornalistas em cidades pequenas, a concentração de empresas jornalísticas nas mãos de poucas famílias e a conexão com a classe política, tentando forçar a saída de Dilma, o que contradiz a liberdade de imprensa.

A avaliação da RSF foi tão severa com a mídia brasileira que fiquei chocado e surpreso, pois eles em geral não são tão explícitos nos seus julgamentos. Imagino que isso deve ter causado muita vergonha no Estadão, Folha, Globo, Veja e IstoÉ.

CC: Mas eles não deram essa notícia. “O que é ruim, a gente esconde”, foi uma frase dita por um ministro que falava sem saber que o microfone estava aberto. Faz algum tempo, mas nada mudou.

GG: Em todos os lugares onde vou falo disso justamente, porque não vejo ninguém falar.Na gravação de Jucá, ele disse que a imprensa estava insistindo na saí­da de Dilma, nitidamente tomando partido. Ele deixou tudo muito claro.

CC: No Brasil, o povo vê o que a mídia quer que ele veja...

GG: Você viu o que o Jornal Nacional fez para noticiar essas gravações? Eles deram 20 segundos no começo, depois 15 outras reportagens sobre zika, o tempo, a Venezuela. Os últimos dez minutos foram para comentar as gravações, mas sem falar do envolvimento dos militares nem a tentativa de impedir a Lava Jato. Disseram que Temer afirmou que “agora tudo está certo”. 

CC: O que falta ao Brasil para ter maior pluralidade na mídia?

GG: Vi críticas ao PT por não ter feito quase nada nesse sentido. Nos EUA, há leis mais leves, aliás, do que na Inglaterra e na França. Se existem instituições fortes e maduras, não há problemas. Havia a TV Brasil, onde o Temer já mudou as regras. Para mim, muito mais promissora é a internet.

Vai mudar tudo. Jovens de menos de 25 anos não veem tevê, não leem jornal. Estão no Facebook, Twitter e leem os jornais estrangeiros na internet. Acho essa opção melhor que leis para regular e controlar.

CC: Na França, por exemplo, o governo subvenciona os jornais para garantir o pluralismo. O governo não quer nem que o jornal comunista L’Humanité desapareça. O pluralismo na imprensa é importante para a democracia francesa. O leque ideológico da imprensa é enorme.

GG: Mas é preciso que haja maturidade política e democracia. Na Argentina, a primeira coisa que Mauricio Macri fez foi mudar a lei de mídia.

CC: De onde você vem? Qual a sua história familiar a explicar seu interesse por política, seu engajamento?

GG: Meu avô me influenciou muito quando eu era criança. Ele foi vereador na nossa cidade, um político que sempre lutou contra as injustiças. Quando me tornei advogado, me especializei em Direito Constitucional e me distanciei da política. Depois do 11 de Setembro, eu morava em Nova York e via as mudanças nos direitos constitucionais irem no mau sentido.

Comecei a voltar os olhos para a política. Mas era advogado. Comecei a ler blogs porque a mídia não cobria de forma inteligente e contestadora o modo como os Estados Unidos se conduziam. Em 2005, decidi criar um blog para me comunicar com os blogueiros que estava lendo e rapidamente me transformei em jornalista.

CC: Dá para fazer um paralelo entre a falta de crítica da mídia americana no pós 11 de Setembro e a situação dos grandes jornais brasileiros hoje, tão partidarizados?

GG: Sim. Aderiram à invasão do Iraque de forma bastante acrítica. Depois, o New York Times pediu desculpas, mas na época o apoio foi integral, com um discurso muito nacionalista. A imprensa americana sabe que uma grande parte da população presta pouca atenção à política e, por isso, é facilmente manipulável.

Mas mesmo naquela época, quando o jornalismo se tornou horrível e perigoso, havia espaço no New York Times e Washington Post, às vezes na tevê, para argumentações contra a invasão do Iraque, desafiando crenças da maioria dos que apoiavam a guerra. Aqui no Brasil, no Globo, por exemplo, não há quase nada que conteste o impeachment. Esse pensamento único me dá medo, pois é algo muito perigoso. 

CC: Você se considera uma pessoa de esquerda? 

GG: Existe esse debate: ele é de esquerda, libertário, independente, muitas pessoas tentam me colocar numa caixa. Não gosto, porque acho que é uma forma de as pessoas começarem a ignorar seus argumentos. Tenho opiniões, claro, e há assuntos em que acho que estou à esquerda, mas em outros não. Tento evitar pensar me posicionando dessa forma.

CC: Como analisa a entrega do pré-sal brasileiro às multinacionais nesse contexto? 

GG: O representante do governo interino já estava em Nova York na semana passada para encontrar grupos de Wall Street. Já se deixou claro que a intenção é privatizar muitas coisas, inclusive parte da Petrobras. Sempre que vimos acelerar esse tipo de privatização em diversos países, os processos foram recheados pela corrupção.

José Serra, atual ministro das Relações Exteriores, afirmou que a política externa agora pretende dar menos importância aos tratados internacionais e multilaterais e privilegiar relações baratas, além de estreitar relações com os EUA.

Numa entrevista recente, um repórter fez uma pergunta sobre a espionagem dos EUA ao Brasil, citando a NSA, e ele perguntou: “O que é NSA?” Revelou que o objetivo de sua política é reforçar o relacionamento com os EUA.

CC: O golpe de 1964 deu-se com a cumplicidade e a ajuda de Washington. No dia seguinte à votação do impeachment na Câmara, o candidato a vice na chapa de Aécio Neves, senador Aloysio Nunes Ferreira, foi aos EUA, onde se encontrou com autoridades do Departamento de Estado. Qual o papel dos EUA no atual golpe?

GG: Não há evidências de que os EUA estejam envolvidos no processo do impeach­ment. Não que eu saiba. Mas isso não diz muito. Qualquer envolvimento americano seria discreto. Creio que a direita brasileira não conduziria esse processo sem a aprovação dos EUA.

E também está claro que os EUA têm preferência por governos à direita na América Latina, porque são mais abertos ao capital internacional, enquanto a esquerda reforçou iniciativas como o Mercosul e os BRICS. Não sei que tipo de apoio estão dando, se estão planejando e encorajando, mas certamente demonstram aprovação.

CC: O que aconteceria a um juiz americano se tomasse posições claramente partidárias, participasse de eventos de organizações ligadas a partidos ou de órgãos da imprensa, como faz, por exemplo, o juiz Sergio Moro?

GG: Nos EUA, isso seria impensável. O Poder Judiciário aqui é muito forte. Um juiz pode grampear conversas, mandar alguém para a prisão, manter alguém numa cela por 20 anos. É um poder extremo. Para aceitarmos esse poder, é preciso manter muito claros os limites não só das leis, mas das instituições.

O Judiciá­rio precisa estar acima de personalidades, exercer suas funções com objetividade e isenção. Moro virou um herói coberto de elogios. Acho que isso o está afetando muito. Nos EUA, esse protagonismo de um juiz jamais seria permitido.