O Brasil não merece o Aécio




Marino Boeira


Entra debate e sai debate e o Aécio Neves repete sempre o mesmo mantra: corrupção da Petrobrás. Proposta de governo, que é bom, nada. No máximo, se compromete a continuar as políticas sociais do PT, melhorando no que for possível. Nesse caso, se é para continuar estas políticas, melhor deixar nas mãos de quem criou os projetos e vem os administrando com sucesso até agora, o PT.

O discurso moralista, vindo do representante de um partido com enorme telhado de vidro nessa área, visa comover a classe média, atormentada pelos seus problemas financeiros e bombardeada diariamente pela mídia com as notícias de que tem gente nas altas esferas da vida política, vivendo do bom e do melhor sem trabalhar

Como esta classe média não tem o espírito irônico de um Millor Fernandes que escreveu uma vez – “ou nos locupletamos todos, ou instale-se a moralidade no país”- ela só pode se revoltar com os corruptos da vida nacional. Engraçado é que contra os corruptores, esta classe média não tem o mesmo rancor. Talvez até porque – com alguma sabedoria – ela já se deu conta que faz parte da forma de vida da elite, os processos de corrupção.

As denúncias sobre corrupção no governo no Brasil são tão antigas como a história do País e feliz ou infelizmente, não são uma prerrogativa nossa. A corrupção existe no mundo inteiro, independentemente do sistema político vigente. Da democracia formal dos americanos aos mais ditatoriais sistemas políticos das monarquias árabes, a corrupção está sempre presente, facilitando certos negócios e tornando mais ricos os que já são ricos.

Parafraseando Carl Von Clausewitz, que disse que “a guerra era a política feita por outros meios”. podemos dizer que a corrupção é a forma de fazer negócios dentro do capitalismo por outros meios que não os convencionais. Seria o lado B do capitalismo.

Ela vai desde o pequeno negociante que rouba no peso, do distribuidor de leite que põe uréia no seu produto, até os grandes negócios como da Petrobrás, do metrô de São Paulo e das privatizações das teles, isso no caso brasileiro. Caso queiramos uma dimensão planetária, podemos pensar na mentira divulgada pelo governo Bush sobre a existência de armas atômicas no Iraque, o que permitiu a destruição de Bagdá e sua posterior reconstrução,tudo a cargo dos mesmos grupos empresarias americanos ligados ao Partido Republicano.

Foi corrupção bancada em milhões de dólares.

No caso brasileiro, o discurso sobre a presumível corrupção de um governo que, por não atender a todos os interesses da grande burguesia, se pretende substituir por outro mais confiável, tem dois grandes episódios que devem estar vivos na memória das pessoas que ainda não se alienaram da história do nosso País.

O primeiro foi em 1954, quando a política nacionalista de Getúlio Vargas não servia aos interesses norte-americanos e seus aliados locais e por isso se iniciou um grande movimento destinado a desestabilizar seu governo. Como os que tramavam contra o governo não podiam dizer a causa real da sua revolta, levantaram a bandeira da luta contra a corrupção. Na época, era o tal “mar de lama”, que inundava os porões do Palácio do Catete. A trama sinistra, comandada por Carlos Lacerda, com o apoio da grande mídia da época ( basicamente o jornal O Globo e os veículos dos Diários e Emissoras Associados de Assis Chateaubriand) só terminou por causa do suicídio de Getúlio.

Coincidentemente, entre os membros do governo acusado de corrupção por Lacerda, estava Tancredo Neves, avó de Aécio e que na época era Ministro da Justiça de Getúlio.

Outro exemplo mais recente foi em 64, quando a intenção do Presidente João Goulart de realizar algumas reformas de base que o País precisava, levou os militares, com o apoio dos grandes empresários, da alta hierarquia da Igreja Católica e praticamente de todos os veículos de comunicação do País a erguer novamente a bandeira da luta contra a subversão (como os militares apelidaram a luta pelas conquistas sociais da época) e a corrupção.

Naquela ocasião, o dano foi ainda maior: vinte anos de uma ditadura, esta sim corrupta porque não havia espaço para nenhuma denúncia pública e que promoveu um atraso no desenvolvimento do País, que ainda hoje buscamos recuperar.

Hoje, na falta do que dizer o candidato Aécio Neves, o neto do Tancredo, volta com o mesmo discurso. Esperamos que desta vez, mesmo com o apoio de toda a mídia e de boa parte do empresariado, seu discurso caia no vazio e no próximo domingo os brasileiros reelejam Dilma como Presidenta do Brasil.


*Marino Boeira é professor universitário

Postado no site Sul21 em 25/10/2014
















Dilma !



















Aécio e a estrada da família Marinho







Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Em 2001, quando era governador de Minas Gerais, Itamar Franco recebeu a sugestão de asfaltar uma antiga estrada no interior do estado, que liga os municípios de Botelhos, na região de Poços de Caldas, a Alfenas. A obra foi à licitação, mas, depois de concluído o processo, Itamar optou por não fazer a pavimentação, pois, segundo disse ao então prefeito de Poços de Caldas, entendia que não era prioridade para Minas.

Seu sucessor, Aécio Neves, retomou o processo e fez a obra. No percurso entre as duas cidades, existem muitas propriedades rurais, mas nenhuma dela é maior do que uma fazenda que produz café de qualidade e tem uma grande criação de porcos, de onde saem todas as semanas caminhões carregados de carne suína em direção ao frigorífico de Poços de Caldas.

A propriedade se chama Sertãozinho, mas seu proprietário não gosta de publicidade. Em 2012, a revista Globo Rural publicou o resultado do 13º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil — “Cup of Excellence Early Havest” –, realizado em Jacarezinho, no Paraná. A notícia destaca os três primeiros colocados, mas dá o nome da fazenda e do proprietário só dos dois primeiros. O terceiro tem apenas o nome da fazenda.

A propriedade foi comprada por Roberto Marinho há cerca de 15 anos e hoje quem manda ali é seu filho mais velho, Roberto Irineu Marinho.

A estrada é antiga. “Eu tenho 56 anos e sempre usei essa estrada para ir a Divisa Nova [município entre Botelhos e Alfenas]”, diz José Carlos Rocha, corretor em Botelhos. Era de terra, mas bem conservada pelas prefeituras de Divisa Nova e Botelhos. Depois que recebeu o asfalto, os moradores notaram mudança no traçado.

A estrada segue como antigamente até a entrada da Fazenda Sertãozinho, onde ela faz um desvio à esquerda e vai num percurso sinuoso por três quilômetros até um campo de futebol, onde tem outra porteira e termina a propriedade da família Marinho.

“Todas as outras propriedades são cortadas pela estrada municipal, menos a Sertãozinho”, conta Paulo Thadeu, ex-prefeito de Poços de Caldas e médico veterinário que trabalhou na fazenda, quando era de Homero Souza e Silva, sócio de Walter Moreira Salles no antigo Unibanco.

Homero vendeu a propriedade depois que bateu o carro entre Poços de Caldas e Botelhos. Dirigia o próprio carro e estava na companhia da esposa, que morreu. Desgostoso, colocou a propriedade à venda, comprada por Roberto Marinho.

“O Roberto Marinho ia sempre à fazenda, gostava muito dali. Eu mesmo vi ele algumas vezes na festa de São Pedro”, diz uma mulher que trabalhou na propriedade e guarda o registro em carteira. A tradição se mantém. Todos os anos a Sertãozinho realiza a festa junina.

Funcionários contam que Roberto Marinho tinha especial predileção por um cinematográfico jequitibá rosa conservado no coração da lavoura. De longe é possível ver a árvore, no meio de um recorte do cafezal em formato de diamante.

Eu fui até a fazenda, e usei a antiga estrada, que tem, hoje, uma porteira, mas que permanece aberta (não poderia ser diferente, já que se trata de estrada pública).

Logo na entrada, uma placa de fundo verde, com o desenho estilizado do jequitibá rosa e a frase: “Fazenda Sertãozinho – Sejam bem-vindos”. Entrei e fui até a casa do administrador, uma construção com varanda e garagem onde estavam três veículos, um modelo compacto, uma moto e uma camionete, todas com adesivos “Aécio Presidente”. Quem me atendeu foi seu sogro, que estava na varanda. Pedi para falar com o administrador. Primeiro veio o filho pré-adolescente, depois um homem parrudo, de camisa azul e bermuda.

Quando disse que era jornalista e estava fazendo uma reportagem sobre o desvio da estrada, o administrador se enfureceu: “Foi o PT que mandou você aqui?” Expliquei que o desvio de uma estrada, em benefício de particulares, é assunto de interesse público.

“Faz isso não, faz isso não”, disse, andando de um lado para o outro da varanda, ele no alto, eu num ponto mais baixo, separados por alguns degraus. “Isso aqui é um projeto social”. Como assim, projeto social? É uma fundação? Uma ONG? “Não. É que, se a Sertãozinho fechar, muita gente vai ficar desempregada em Botelhos”. E quantos empregos a fazenda dá? “Duzentos e quarenta”.

José Renato não escondia o nervosismo. “Gozado que vocês do PT fazem esse tipo de entrevista só no domingo.” Eu não sou do PT, disse a ele e pedi para gravarmos. José Renato Gonçalves Dias, o administrador, não quis gravação. Mas tentou dar algumas explicações.

“Tinha duas estradas, mas decidiram asfaltar aquela outra. Acho que é porque aqui moram algumas famílias, e a estrada asfaltada é um risco de acidente”. Mas a estrada municipal não é esta daqui? “As duas são”.

Os moradores da região negam que existisse outra estrada além da que corta a Sertãozinho. “Não existia outra estrada coisa nenhuma, era cafezal, e a divisa da fazenda Sertãozinho”, diz o ex-prefeito de Poços de Caldas.

Como veterinário, Paulo Thadeu passava sempre por ali. Não atendia apenas a Sertãozinho, mas outras propriedades, e sua então namorada, hoje esposa, morava num bairro conhecido como São Gonçalo, alguns quilômetros adiante da fazenda da família Marinho. “A estrada corta todas as fazendas, onde também moram pessoas, e a colônia de moradores da Sertãozinho não fica perto da estrada”.

Deixei na mão do administrador uma folha de papel com meu nome, telefone e e-mail, e pedi para entrasse em contato, caso quisesse dar mais informações sobre o desvio da estrada.

Retomei o caminho de Alfenas, pela antiga estrada municipal, que corta a fazenda. Estava fotografando um bambuzal que cobre a estrada e lhe dá a bela forma de um túnel quando a camionete, em alta velocidade, parou atrás do meu carro e José Renato correu na minha direção: “Você não vai fotografar aqui!”, gritou. Mas a estrada é pública, estou no caminho de Alfenas.

Entrei no meu carro e segui pela estrada municipal até o lado de fora da porteira, que estava aberta, onde tem um campo de futebol e o asfalto retoma o antigo traçado, fora dos domínios da Sertãozinho.

O administrador continuou parado 200 metros distante, com a camionete na diagonal, e quando comecei a registrar com a câmera sua presença intimidadora, ele saiu, na direção da casa. Permaneci na estrada municipal, mas do lado de fora da porteira aberta, e alguns minutos depois chegou um carro com quatro homens. Todos pararam onde a camionete do administrador estava. Tinham o tipo físico de seguranças.

“A Globo desviou a estrada porque ela pode, uai”, diz, rindo, um homem sentado no banco da praça central de Botelhos. O homem, de boné e camisa aberta, trabalhou na Sertãozinho, no retiro de leite, quando a Sertãozinho produzia de 3 a 4 mil litros por dia. Hoje, além dos porcos e do café, tem gado de corte.

O ex-vereador Olair Donizete Figueiredo, do PDT, que foi presidente da Câmara Municipal, diz que gostou do asfalto, apesar do desvio que aumentou em 3 quilômetros a distância até o município de Divisa Nova, mas critica o governo de Aécio Neves pela ausência de outra obra na região e da falta de atenção com os professores.

“Ele fez o asfalto por causa da influência da Globo, porque ia beneficiar ele. E aqui foi só, não fez mais nada”, afirmou o ex-presidente da Câmara.

Depois de pavimentar a pista de um aeroporto na antiga fazenda do tio, que tinha a posse da chave, desviar a rede de alta tensão para construir um haras na própria fazenda, de onde retirou o tráfego com a abertura de outra estrada, descobre-se agora que o governo de Aécio não foi generoso apenas com a própria família. Botelhos é testemunha de um jeito particular de administrar.



Revista Veja : só rindo !







[IMG]








A sua vida é medíocre?




Bruno J. Gimenes

Você já reparou que a maioria das pessoas sente um vazio imenso no peito? E muitas vezes este sentimento aparece na segunda-feira de manhã ou no domingo à noite, é aquela sensação de que alguma coisa está fazendo falta na sua vida, que alguma coisa não está bem.

E você pode ter tudo, mas sente um vazio, você pode estar rodeado de pessoas, mas se sente sozinho...

Esse estado de ânimo é que me moveu para fazer uma grande transformação na minha vida. 

Eu entendi que se você não encontrar e realizar a missão da sua alma, você nunca vai vencer este sentimento de vazio.

E é por conta deste buraco no peito que muitos entram nos vícios ou comem demais, que ficamos infelizes, por este motivo chegamos até a brigar com os outros, porque a pessoa projeta nos outros aquilo não encontra em si próprio.

A nota 5

Infelizmente, nós estamos educados para a mediocridade, usando esta palavra no sentido de "média" mesmo. Quase todo mundo neste Universo está vivendo o efeito "nota 5". 

Você tem uma coisa mais ou menos, você tem um relacionamento mais ou menos, você tem algumas coisas na sua vida que estão mais ou menos, você tem mais a ou menos a vida que você queria "Ah, assim está bom". E nos acomodamos na mediocridade. 

É impressionante como a maioria das pessoas prefere viver no comodismo da mediocridade do que se expandir, do que tentar ultrapassar os limites.

Mas, caramba, nós precisamos deixar de viver o efeito "nota 5"!

Agora, eu lhe pergunto: você está acomodado(a) na mediocridade? E aqui me refiro à "mediocridade" no sentido mesmo de "viver uma vida mediana". 

Neste momento, responda para si mesmo: você se esqueceu dos seus sonhos? Você se esqueceu de quem você é? Você precisa fazer uma mudança na sua vida? Pense bem.

Eu já vou logo dizendo que a sua missão não é casar, construir família, construir casa, construir empresa, construir patrimônio. Isso não é a sua missão, é importante, mas é outro lado da sua vida. A sua missão é outra coisa.

A missão da alma

Muita gente me pergunta: qual é o segredo para encontrar e realizar a missão da alma?

O segredo nº 1 é: pense sobre a sua missão diariamente. Trata-se de um esforço interno, porque em nossa sociedade não há estímulo para este questionamento. As pessoas não falam disso na TV, as pessoas não falam disso nas músicas, os jornais não falam disso, as revistas não falam disso, as conversas não falam disso, os últimos lançamentos não falam disso.

Então, quem é que pensa a vida? Quem é que questiona qual é o propósito nessa existência? Por isso, a primeira dica que eu te dou é: todos os dias pense "Eu tenho um propósito? Eu estou vivendo este propósito"? E é claro que você não vai encontrar esta resposta imediatamente!

O primeiro movimento que esta resposta vai gerar em você é um movimento de insatisfação, de questionamento, de dúvida "Afinal, eu tenho um propósito ou não"? 

É isso que eu recomendo, que você se faça esta pergunta "Eu tenho uma missão de alma? Eu estou vivendo a missão da minha alma"?

Eu espero que você encontre a sua missão e preencha este vazio do seu peito.


Postado no site Somos Todos Um

 

No Rio Grande do Sul, o ódio avança – com um candidato patético




“Não assinei um documento, exigindo um compromisso…de contribuição, de, de, pagar ou… resgatar o… salário, vamo dizer, o como é que se diz? O piso. Ah, é, o piso. Sim, o piso eu vou lá no “Tumelero” [loja de construção] e te dou um piso melhor, né. Ali tem piso bão.” 

(Ivo Sartori, candidato a governador pelo PMDB, debochando do compromisso com um piso salarial para os professores gaúchosclique aqui para ver a entrevista patética dele) 

Katarina Peixoto, no RS Urgente

Com quanta carga de ódio se constrói um hospital? Quanto de raiva é requerido para contratar médicos dispostos a trabalhar no serviço público? Quanta repulsa é necessária para se ter pleno emprego numa região em que o emprego era escasso e as perspectivas de vida profissional, idem? Quantas buzinas – sob gritos de “ladrões”, “vai consultar com um médico cubano, f.d.p.”, “Vai para Cuba” – é preciso que se aperte, para abrir estradas e construir pontes?

Nestas eleições, a reação conservadora no Rio Grande do Sul está obcecada por uma paranóia da sobrevivência. É um delírio configurado numa candidatura que oscila entre a oligofrenia política e o vazio de ideias desavergonhado, cuja estupidez e ridículo não tem precedentes, salvo em aberrações, como a Senhora Roriz, nas eleições para o Distrito Federal, de 2010, também pelo PMDB e também num contexto de ameaça à sobrevivência política.

Que fique claro: a direita gaúcha embarcou nessa maluquice e está disposta a mobilizá-la num cálculo evidente, nada delirante. O delírio é um operador ideológico escolhido pelo desprezo, característico de toda perspectiva oligárquica, ao esclarecimento. 

O que importa não é o candidato mais qualificado, nem o mais sério, nem se há ou não um bom governo em andamento (a população já decidiu que há, em tempo). Não importa quais os projetos em disputa e nem se e em que medida esses projetos estão ligados ao pertencimento do estado ao país.

Importa resistir à integração com o Brasil, importa reagir a uma promessa histórica nascida ela mesma das entranhas do Rio Grande do Sul: a ideia de estado nacional federado e republicano. Isso explica o atavismo odioso, característico de todo nacionalismo, essa expressão residual em que forças políticas erguidas sobre a paranoia se alimentam.

Nenhum projeto para o estado é necessário, nesse embalo de ódio e rancor. Nenhum compromisso econômico, político, histórico. 

Quando o país sai, pela primeira vez na história, do mapa da fome no mundo, um candidato ao governo do RS apresenta como programa de governo trocar lixo por comida, “para resolver os problemas dos mais pobres”. A agressividade só é superada, diante de programa dessa estatura moral, pelo cinismo de um candidato que faz as vezes de um néscio: diz com orgulho que não assinou qualquer compromisso com a agenda dos professores do estado, para depois, num chiste, revelar o seu desprezo: não reconhece tal coisa como um piso salarial.

O deputado federal mais votado, daqui, pega o microfone para dizer que quilombolas, sem-terra e gays são “tudo o que não presta”. Interpelado posteriormente, corrigiu-se: “gays, não’, afinal, gays podem ter dinheiro e famílias bem nascidas, talvez até um sobrenome alemão.

Aos negros cabe a condição de aprendiz de cozinheiro em cantina italiana, em plena propaganda eleitoral, constituída num show de horrores anos 30 na Alemanha. Tudo é branco, alegre, as criancinhas se abraçam, as pessoas sorriem, ninguém quer brigar. Só tem aquele pessoal que a gente tem de eliminar, não é, aquela turma que usa uma estrela. Eles são o mal.

É regressivo e constrangedor. Ontem, dia 20, no fim da manhã, saí para passear com meus cães e passamos na frente da casa do governador, candidato à reeleição. Quase no mesmo instante, uma caminhonete dessas que custam um apartamento tamanho médio, carregada de adesivos onde soavam palavras racistas, diminuiu a velocidade e começou a buzinar, na frente da casa do governador, que tem grades, mas não muro. Abaixou o vidro e urrou impropérios.

Não é, mesmo, preciso apresentar um projeto de governo, nem assumir qualquer compromisso com o povo. A reação conservadora, no RS, tem a cara de um néscio e o corpo de um monstro carregado de ódio, uma espécie de Goodzila, envenenado midiaticamente, cevado em paranoia pela perda imaginária de um poder de fato ausente há mais de um século, com um único propósito: destruir o PT, para não desaparecer. Não faltam, como nunca faltou, crentes no mal dos portadores da estrela no peito.

O que se passa, no entanto, é que um néscio com um Godzila atrás de si não governam. E eles talvez não estejam aí, mesmo, a fim de governar, mas resistir, às custas, como o fizeram nas administrações Rigotto e Yeda, do erário combalido do Estado do RS. O mesmo, aliás, que ajudaram a depauperar, em administrações desastrosas, concentradoras e politicamente regressivas. 

O fato de terem como único projeto explícito a troca de lixo por alimento perecível, apresentado com orgulho e agressividade, em cadeia de televisão, é a maior evidência do desprezo que a direita cultiva pelos pobres e deserdados.

É por isso que não é preciso ser petista, gostar do PT, ser de esquerda, para reconhecer o que está em jogo no RS.

Há um governo, talvez o primeiro em vinte anos, que combina uma agenda política com uma econômica consistente, que assegurou pleno emprego na região metropolitana de Porto Alegre, passe livre estudantil nessa região, que está coadunado com o projeto nacional representado pela Presidenta Dilma, por um lado. 

Por outro, há uma reação conservadora, reacionária, que, para sobreviver, construiu apenas as condições de destruição e aniquilamento – imaginários, como se sabe, visto que a esquerda não desaparecerá por conta de uma eleição – político de uma experiência exitosa, no juízo do eleitorado. Essa reação não precisa sequer de um candidato: um néscio pode sê-lo, de preferência, porque não tem rejeição: como não passa de um sujeito irrelevante, serve bem ao propósito. Um escárnio, mesmo. Escárnio, desprezo e muito ódio. Seria somente ridículo, não fosse tão nefasto.

Não é preciso ser petista, para acreditar no Rio Grande do Sul como parte de um país. Não precisa ser de esquerda para acreditar que a oferta de lixo como moeda de dignidade é indecente, indigna, racista. Não é requerido ser feminista, para defender as patrulhas Maria da Penha, pela Brigada Militar. Não é preciso ser sindicalista, para defender planos de cargos e salários, investimentos internacionais e uma negociação rigorosa sobre os caminhos do desenvolvimento, do investimento e da produção tecnológica.

Na atual conjuntura, o mínimo de racionalidade disponível requer apenas uma coisa: não ter ódio.

Sem o ódio, a direita gaúcha e brasileira parece que não pode existir.



Aécio é [" aeroporto " de] Cláudio. Dilma é o KC-390, pronto para voar


kc390

Fernando Brito


Foi apresentado, ontem, o resultado do mais ambicioso programa de construção aeronáutica brasileiro, desenvolvido pela Embraer em conjunto com a Força Aérea Brasileira, com participação, também, dos governos da Argentina, de Portugal e da República Checa.

O KC-390 é o mais moderno avião de transporte misto – militar e multipropósito – desenvolvido hoje no mundo.

Na ilustração acima, você vê do que ele é capaz.

Vai substituir, aqui e em muitos países, o velho Hércules C-130, avião americano concebido no início dos anos 50 que, com novas e novas versões, todas a hélice, ainda são as aeronaves de transporte da maioria das forças armadas pelo mundo.

O projeto quase foi pro brejo com a crise de 2008/2009, se o Governo brasileiro não o tivesse segurado com firmeza.

Dá para se ter ideia do que isso representa em termos de afirmação tecnológica para o Brasil?


Os coxinhas vão dizer que o dinheiro investido teve participação do Estado brasileiro.

Os americanos, que não são otários, subsidiam um milhão de vezes mais sua indústria aeronáutica, porque sabem que ela vai lhes dar lucro e afirmação geopolítica.

A direita, aqui, em matéria de avião, gosta mesmo é de jatinho e aeroporto perto da fazenda.

E é pena ver que uma parcela inexpressiva de ex-militares, que ainda estão no tempo do ronca, como dizia a minha avó, esteja mais preocupada em quem dá o que para quem, feito o Jair Bolsonaro.

Parabéns aos engenheiros, técnicos e militares envolvidos neste projeto, que não é de paisinho, mas de um país do tamanho do Brasil, continental e cheio de desafios.

Assista abaixo a apresentação do KC-390, que vai voar ainda este ano.

E um palpite, humilde, nestes tempos de seca: será que vamos ter uma versão para combate a incêndios florestais, com o compartimento de carga segmentado para operar com carga líquida? Com esta velocidade, alcance e capacidade de operar em pistas rudimentares, um só esquadrão poderia cobrir todo o Brasil, com imensas vantagens operacionais.







Postado no blog Tijolaço em 22/10/2014