Ninguém é a favor de bandidos







Sobre as expressões que atravessam as gerações, passando de pai para filho e o pensamento ignorante que elas geram.


Ramon Kayo

Algumas expressões vem se propagando por gerações. Como uma espécie de roteador que só replica o sinal, a nova geração repete os discursos da geração anterior. Me assusta ver que jovens, como eu, que tiveram acesso a boas escolas, conteúdos e discussões, estejam dando continuidade às falácias mal estruturadas dos mais velhos.

“Bandido bom é bandido morto.”

“Tem idade para matar, mas não tem idade para ir preso.”

“Direitos Humanos só serve para bandido.” 

“Esse povinho defensor de bandido… quero ver quando for assaltado.” 

Olha só: ninguém é a favor de bandido. Ninguém mesmo. Muito menos os direitos humanos. Ninguém quer que assalto, assassinato, furto e outros crimes sejam perdoados ou descriminalizados. 

Você é que entendeu errado. 

Por que alguém, em sã consciência, seria a favor de assaltos, homicídios, latrocínios e furtos? 

Você não deveria sair gritando palavras de ódio sem entender o argumento do qual discorda  —  a não ser que você se aceite como ignorante, isto é, que ignora parte dos fatos para manter-se na inércia do conforto. 

Depois que este texto terminar, você pode continuar discordando, mas espero que desta vez com outros argumentos, argumentos fundamentados. 

Antes de mais nada, o que você prefere? 

Gostaria de propor dois cenários e que você escolhesse o que mais te agrada. 

I) Uma sociedade onde há muitos criminosos, logo há muitos assaltos, latrocínios e homicídios. Entretanto, nesta sociedade, 99% dos crimes são resolvidos e os indivíduos são presos. Após voltarem as ruas, tornam-se reincidentes, ou seja, cometem novamente um crime. Mas nesta sociedade, este criminoso é pego novamente em 99% das vezes. Há pena de morte. 

II) Uma sociedade onde quase não há criminosos. Os poucos criminosos que existem, quando pegos, são presos. Além de punidos com tempo de reclusão, os criminosos também são reabilitados (as maneiras são indiferentes, se com cursos profissionalizantes, tratamento psicológico, ambos ou outros) para que possam tentar uma nova vida. Não há pena de morte. 

Qual você prefere? 

Nenhum destes casos é o do Brasil. No nosso país e em muitos outros, temos altos índices de criminalidade, poucos programas de reabilitação e o senso comum vingativo de que o Lex Talionis desenvolvido há cerca de 4.000 anos ainda serve como solução. 

Todavia, há países parecidos com os dois casos propostos, o que torna tangível a estrutura. Mas e para o Brasil? Qual dessas você preferiria para o nosso país? 

Posso te ajudar neste raciocínio com alguns pontos: 

No primeiro caso, apesar de quase todos os criminosos serem pegos, o sofrimento das vítimas permanece. Como só se prende depois do crime, os lesados nunca terão a vida de um ente querido de volta, por exemplo. 

No primeiro caso, além de muitos crimes, os criminosos ainda tem maior probabilidade de reincidir, ou seja, de cometer um crime por mais de uma vez. 

Como são muitos criminosos, a economia do país perde força produtiva. Pessoas que poderiam estar trabalhando, pesquisando, empreendendo, estão no crime. 

No primeiro caso, como são muitos casos a serem avaliados, o sistema jurídico pode vir a se tornar lento e ineficaz. 

OBS: Em nenhum momento quero impor uma falácia de falsa dicotomia. Existem infinitas possibilidades de combinações aqui. Entretanto, este é apenas um exercício que facilita o entendimento do argumento. 

A pessoa nasce bandida ou torna-se bandida? 

Pergunta importante: você acha que as pessoas já nascem bandidas? O bebê  —  sim, aquele de colo  —  já é um bandido? 

Prefiro pensar que ninguém acredita que as pessoas já nascem criminosas. 

É um pouco lunática a visão de um mundo Minority Report, onde o bebê será preso ali mesmo, nos primeiros momentos de vida. Mesmo para quem acredita neste mundo, o próprio filme trata do problema que isso poderia causar. 

Partindo da pressuposição de que ninguém nasce bandido, vou utilizar um personagem fictício como exemplo: João, o bebê. 

Imagine o bebê da maneira como quiser, isso pouco importa, a única certeza que temos sobre João, o bebê, é que ele não nasceu bandido. 

É uma criança como qualquer outra, ainda dependente dos pais, que pouco faz da vida além de dormir e chorar. Mas neste mundo fictício, o tempo passou, e João cresceu. 

Aos 16 anos cometeu um latrocínio. Se João não nasceu bandido, então tornou-se bandido. A palavra "tornou-se" implica transformação e esse é o X da questão. 

Os seres humanos se constroem com as experiências e aprendizados, portanto o meio em que se vive tem grande influência sobre ele. 

Sabendo disso, temos a visão clara de que algo acontece na sociedade que transforma as pessoas em marginais. (E se você acha que não, talvez seja curioso saber que a taxa de homicídios no Brasil em 2008 era de 26,4 a cada 100.000 habitantes, enquanto que na Islândia o índice não passou de 1,8 a cada 100.000 no mesmo ano.) 

O fato é: há algo na sociedade (que não será discutido neste texto) que leva as pessoas a cometerem crimes. 

Quando você diz que reduzir a maioridade penal é uma boa ideia, você não está focando na raiz do problema, está apenas sugerindo uma maneira de remediar. 

E como veremos a frente, dado o nosso sistema, isto só aumenta a chance de criar um delinquente reincidente. 

Então note, pouco importa se a maioridade penal é de 16, 18 ou 21 anos se o país continua a formar criminosos. 

Devemos pensar em maneiras de diminuir a criminalidade, no processo que transforma as pessoas em transgressoras da lei, ou logo teremos mais presídios do que universidades e mais marginais do que cidadãos comuns.


Construir mais penitenciarias e prender mais gente diminui a criminalidade? 

O olhar crítico que às vezes não permeia a cabeça das pessoas é que prender as pessoas não faz com que menos pessoas se transformem em criminosas. Penitenciando apenas, você não resolve o problema, apenas posterga enquanto gasta o dinheiro público. 

Assim como todo fumante sabe dos males do cigarro, todos que entram para o mundo do crime sabem o risco envolvido. Todo dia no noticiário vemos corpos estirados ao chão, seja do cidadão, do criminoso ou do policial. 

Não adianta termos penas mais severas: o brasileiro que se torna assaltante já não tem nada a perder, sabe que tem grandes chances de morrer de forma cruel. 

Os criminosos brasileiros, depois de presos, ficam ainda mais propensos a perpetuar sua vida marginal. 

São três os principais motivos: (I) poucas empresas se propõem a contratar ex-presidiários, (II) o trauma vivido dentro da cadeia  —  como ela é aqui no Brasil  —  agrava as problemáticas psicológicas do indivíduo e, por fim, (III) não há um programa grande e estruturado de reabilitação de criminosos para que deixem a vida do crime. 

Ninguém quer que criminosos não sejam punidos. Eles devem pagar suas penas conforme previsto em lei. 

O único problema é que a pessoa só vai presa depois de cometer o crime, isto é, depois que alguém já foi lesado. 

Não seria muito melhor se ao invés de precisar prender as pessoas depois do crime consumado, houvesse menos bandidos? 

Não seria melhor se os criminosos, após cumprirem suas penas, se reintegrassem a sociedade como parte da massa trabalhadora? 

Ah, não dá? Dá sim. Na Suécia dá, por que aqui não daria? 

Vamos supor que você responda, de maneira óbvia, que é por causa da "cultura brasileira". Eu devo concordar que, realmente, a cultura é diferente: aqui muita gente acredita que pena de morte resolve o problema enquanto lá eles fazem uso da reabilitação. 

Deve ser por isso que aqui se constroem presídios e lá se fecham presídios. 

Nils Öberg, responsável pelo sistema prisional da Suécia, disse sobre o fechamento presídios no país por falta de condenados: 

“Nós certamente esperamos que nossos esforços em reabilitação e prevenção de reincidência tenham tido um impacto, mas nós achamos que isso sozinho não pode explicar a queda de 6%”  —  reafirmando que a Suécia precisa se esforçar ainda mais em reabilitar os prisioneiros para que eles possam retornar a sociedade. 

Direitos Humanos para você também 

O artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que: 

“Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” 

O trecho "Toda pessoa (…)" do artigo 3 inclui você. 

Ninguém quer que você seja vítima de um crime. Todas as leis do código penal são pensadas para tentar lhe garantir este e outros direitos comuns a todos os seres humanos. 

Ninguém quer que os bandidos sejam especiais: o que o "povinho dos Direitos Humanos" quer é que a sociedade não crie mais marginais e que a quantidade dos existentes diminua. 

E é aí que está: infringindo os direitos humanos, você não alcança este objetivo. 

O trecho “Toda pessoa (…)” do artigo 3 também inclui o marginal. 

É confuso que o cidadão que clama tanto por justiça, que a lei seja cumprida, fique ávido para descumpri-la: tortura, homicídio e ameaça são crimes, mesmo que sejam contra um condenado. Então, não, bandido não tem que morrer, porque isso te tornaria tão marginal quanto. 

Se você quer uma sociedade com menos criminosos, conforme discutido no começo deste texto, entenda o papel dos Direitos Humanos. 

O artigo 5 diz: 

“Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.” 

Ninguém lhe nega o direito a sentir dor, raiva e/ou tristeza após ter sido vítima de um crime. A culpa não é sua e isto nunca foi dito. Só quem é vítima sabe da própria dor. 

Mas o fato é que o olho por olho não te trará paz, não trará um ente querido de volta, não removerá seus traumas. O dente por dente só te levará para mais perto de uma sociedade violenta, onde o crime se perpetua e você pode ser vítima mais uma vez. Ninguém quer que você seja vítima outra vez. 

A punição deve ser aplicada, sim. E com certeza será ainda melhor quando este indivíduo estiver apto a se tornar um cidadão comum, após cumprir sua pena, e nunca mais venha a causar problemas para a sociedade e para você. E é sobre isso que os Direitos Humanos falam. 

Portanto entenda 

Se você leu o texto um pouco mais exaltado, talvez tenha perdido algum trecho importante, portanto aqui vão alguns dos principais pontos: 

Ninguém nasce bandido. A estrutura social, de alguma maneira, transforma as pessoas em criminosas. 

Entender os motivos que levam a formação de criminosos e resolvê-los é mais importante do que puni-los com mais severidade. Se não formarmos criminosos, as pessoas não precisam ser vítimas. 

Todo crime deve ser devidamente punido, mas a maneira de punir pode influenciar na reincidência do criminoso, que fará novas vítimas. 

Construir presídios, prender mais pessoas, não evita que mais pessoas se transformem em bandidos. 

O que aprendemos com os países mais desenvolvidos é que reabilitar marginais colabora com a redução da criminalidade. 

Infringir os Direitos Humanos de qualquer pessoa é atentar contra a vida e, no caso do marginal, vai na contra-mão da reabilitação. 

E novamente: 

Você tem o direito de ficar desolado e/ou enfurecido por ter sido vítima. Ninguém é a favor do crime. Você é que não tinha entendido antes.

Alguns vídeos para relaxar

Os vídeos que listarei a seguir NÃO são sugestões de atitudes que podem ser aplicadas diretamente. São apenas vídeos curiosos, interessantes, inusitados ou informativos.










    Ramon Kayo "Penso demasiadamente em maneiras de se pensar melhor. Escrevo nas pausas".


Postado no site Made in Brazil em 17/02/2014


Não nos contaram



Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. 

Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.

Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.

Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas responsabilidade de completar o que nos falta, gente cresce através da gente mesmo. 

Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.

Não nos contaram que isso tem nome: anulação.

Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto.

 Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. 

Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.

Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. 

Cada um vai ter que descobrir sozinho.

 E aí, quando você estiver muito apaixonado
 por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar.

Martha Medeiros 


Estados Unidos financiam protestos de jovens no mundo inteiro para derrubar governos






Benefícios e cuidados ao praticar o slackline



Bruna Stuppiello

O slakcline, esporte que envolve andar e se equilibrar em cima de uma fita apropriada, cresce cada vez mais no Brasil. O sucesso não é à toa, além de ser muito divertido, a atividade também melhora o equilíbrio, postura, a concentração, aumenta a força e diminuir o estresse. 

Porém, é necessário tomar alguns cuidados quando for começar a praticar o slakline. "Primeiro é preciso ter conhecimento sobre como é a colocação das fitas", diz o educador físico Igor Armbrust, professor do curso de pós-graduação em esportes radicais da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). 

Procure locais resistentes para montar a fita, árvores com raízes profundas ou colunas, preferencialmente aquelas arredondadas. Serão necessários uma fita de nylon com cerca de 5 centímetros de largura, uma catraca que irá tencionar a fita e duas alças onde a estrutura será presa. Procure fazer o esporte em parques ou na praia, pois assim as quedas podem ser amenizadas pela grama ou pela areia. 

Fique atento para a altura em que a corda será colocada. "Comece com uns 30 ou 40 centímetros e tenha alguém te dando a mão. Coloque o pé inteiro em cima da fita, não o deixe de lado, mantenha os joelhos semi-flexionados e mantenha os braços abertos com a palma da mão virada para cima", orienta o educador físico Dimitri Wuo Pereira, proprietário da empresa Rumo Aventura. 

O esporte pode ser feito descalço ou com um tênis de solado mais rígido, caso ele seja muito macio não é possível aplicar a força corretamente ao se equilibrar. "Antes de começar o exercício sempre alongue e aqueça o corpo", indica o educador físico José Sodré, profissional parceiro da Gibbon Slacklines Brasil.

Confira quais são os benefícios que a prática do slackline proporciona:

O slackline melhora o equilíbrio e a postura - Foto: Getty Images

Melhora o equilíbrio e a postura

Como o objetivo é se manter sobre uma fita de base pequena e oscilatória, o equilíbrio é trabalhado a todo o momento. Assim, os músculos responsáveis pelo estabilização são fortalecidos e ocorre a melhora do equilíbrio. "Consequentemente a propriocepção, que é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, aumenta", constata o educador físico José Sodré, profissional parceiro da Gibbon Slacklines Brasil. 

Uma consequência do ganho de equilíbrio é a conquista da postura certa. "A fita obriga o praticante a manter uma postura correta para que ele consiga ficar sobre ela o maior tempo possível", explica Sodré.

O slackline fortalece o abdômen - Foto: Getty Images

Aumenta a força

No esforço para manter-se equilibrado, a musculatura profunda que é a responsável pela estabilidade é trabalhada. "O corpo precisa conseguir ficar na posição ideal para alcançar a força máxima. Quando se conquista maior equilíbrio ocorre o aumento da precisão do movimento", explica o educador físico Dimitri Wuo Pereira, proprietário da empresa Rumo Aventura. Com a musculatura profunda mais desenvolvido também torna-se possível realizar movimentos mais amplos e com grande intensidade, como ocorre no pilates.

O slackline fortalece as pernas - Foto: Getty Images

Fortalece o abdômen

O abdômen é muito exercitado durante a prática do slackline. "Como a pessoa está em movimento de desequilíbrio o abdômen é trabalho o tempo todo. A musculatura exercitada é a mais profunda que será importante para conseguir se equilibrar", conta o educador físico Igor Armbrust, professor do curso de pós-graduação em esportes radicais da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). 

Por isso, não é possível conquistar o abdômen com tanquinho por meio do slackline. "Para isso é preciso fazer os movimentos repetitivos, como o abdominal, mas com este esporte a pessoa irá trabalhar a musculatura que dificilmente é exercitada na academias", pondera Armbrust. 


Fortalece as pernas

Os membros inferiores são fortalecidos com o slackline. "Começando pelos músculos dos pés que são de extrema importância e negligenciados, panturrilha, tibial, posterior, anterior e lateral. Todos os músculos são solicitados e ainda há os estímulos de força, resistência e vibração decorrente da oscilação da fita", destaca Sodré. 

As articulações não são prejudicadas nesse exercício. "Indico ficar parado com apenas uma perna sobre a fita. Isto é importante para o ganho de força e evita lesão porque não desgasta a articulação já que não ocorre o atrito do movimento", explica Pereira.


Previne lesões

Ao fortalecer a musculatura profunda, as articulações, tendões e ligamentos ficam mais protegidos. Isto porque esses músculos estão próximos destas outras partes do corpo e assim as chances de lesões diminuem. 

Como o slackline faz com que o equilíbrio fique mais apurado isto irá prevenir quedas e torções. "Eu dou aula de slackline para idosos e tem sido ótimo, pois fez com que eles melhorassem o equilíbrio e fortalecessem as pernas, dois fatores aliados para evitar tombos na terceira idade. Claro que temos mais cuidado ao fazer o esporte com pessoas mais velhas, usamos colchão embaixo e temos dois professores que os ajudam na travessia", conta Pereira.


Melhora a concentração e autoconfiança

É preciso estar 100% concentrado durante a prática do slackline. "A dinâmica deste esporte está desequilibrando a pessoa a todo o momento, se ela não focar em um ponto fixo e se concentrar completamente no que está fazendo, irá cair", constata Armbrust. 

A autoconfiança também melhora com a pratica do slackline. "Eu começo fazendo o esporte com a corda baixinha e conforme melhoro vou querer colocá-la mais alta e depois mudar os movimentos, vou estabelecendo novos desafios", constata Pereira.


Diminui o estresse

O slackline também contribui para diminuir o estresse. "Afinal, a pessoa precisa estar concentrada e não dá tempo de pensar em outros problemas, ela se dedica totalmente na execução do movimento e alivia as outras tensões já que muda o foco", explica Pereira. 

O fato do esporte ser realizado ao ar livre em parques ou na praia também contribui para a sensação de bem-estar. Uma pesquisa feita em 2006 pela Universidade de Chiba, no Japão, observou que pessoas que estiveram em um ambiente natural por 20 minutos contaram com uma concentração de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, menor do que quem ficou em locais urbanos.







Postado no blog Minha Vida no Portal R7


Por que a Globo é contra o governo venezuelano

image


Noto, nas redes sociais, revolta contra a maneira como a Globo vem cobrindo a crise na Venezuela.


Paulo Nogueira

A Globo ataca, ataca e ainda ataca o governo eleito.

Não existe razão para surpresa. Inimaginável seria a Globo apoiar qualquer tipo de causa popular.

O problema começou com Chávez.

Chávez e Globo tinham um história de beligerância explícita. Ambos defendem interesses antagônicos.

Se estivéssemos na França de 1789, a Globo defenderia a Bastilha e Chávez seria um jacobino. Em vez de recitar Bolívar, ele repetiria Rousseau.

Chávez cometeu um crime mortal para a Globo: não renovou a concessão de uma emissora que tramara sua queda. Veja: um grupo empresarial usara algo que ganhara do Estado — a concessão para um canal de tevê — para tentar derrubar o presidente que o povo elegera. Chávez fez o que tinha que fazer. E o que ele fez é o maior pesadelo das Organizações Globo: a ruptura da concessão.

Há uma cena clássica que registra a hostilidade entre Chávez e a Globo. Foi, felizmente, registrada pelas câmaras. É um documento histórico. Você pode vê-la no pé deste artigo.

Chávez está dando uma coletiva, e um repórter ganha a palavra para uma pergunta. É um brasileiro, e trabalha na Globo. Fala num espanhol decente, e depois de se apresentar interroga Chávez sobre supostas agressões à liberdade de expressão.

Toca, especificamente, numa multa aplicada a um jornalista pela justiça venezuelana.

Chávez ouve pacientemente. No meio da longa questão, ele indaga se o jornalista já concluiu a pergunta. E depois diz: “Sei que você veio aqui com uma missão e, se não a cumprir, vai ser demitido. Não adianta eu sugerir a você que visite determinados lugares ou fale com certas pessoas, porque você vai ter que fazer o que esperam que você faça.”

Quem conhece os bastidores do jornalismo sabe que quando um repórter da Globo vai para a Venezuela a pauta já está pronta. É só preencher os brancos. Não existe uma genuína investigação. A condenação da reportagem já está estabelecida antes que a pauta seja passada ao repórter.

Lamento se isso desilude os ingênuos que acreditam em objetividade jornalística brasileira, mas a vida é o que é. Na BBC, o repórter poderia de fato narrar o que viu. Na Globo, vai confirmar o que o seu chefe lhe disse. É uma viagem, a rigor, inútil: serve apenas para chancelar, aspas, a paulada que será dada.

“Como cidadão latino-americano, você é bem-vindo”, diz Chávez ao repórter da Globo. “Como representante da Globo, não.”

Chávez lembrou coisas óbvias: o quanto a Globo esteve envolvida em coisas nocivas ao povo brasileiro, como a derrubada de João Goulart e a instalação de uma ditadura militar em 1964.

Essa ditadura, patrocinada pela Globo, tornou o Brasil um dos campeões mundiais em iniquidade social. Conquistas trabalhistas foram pilhadas, como a estabilidade no emprego, e os trabalhadores ficaram impedidos de reagir porque foi proibida pelos ditadores sua única arma – a greve.

Não vou falar na destruição do ensino público de qualidade pela ditadura, uma obra que ceifou uma das mais eficientes escadas de mobilidade social. Também não vou falar nas torturas e assassinatos dos que se insurgiram contra o golpe.

Chávez, na coletiva, acusou a Globo de servir aos interesses americanos.

Aí tenho para mim que ele errou parcialmente.

A Globo, ao longo de sua história, colocou sempre à frente não os interesses americanos – mas os seus próprios, confundidos, na retórica, com o interesse público, aspas.

Tem sido bem sucedida nisso.

O Brasil tem milhões de favelados, milhões de pessoas atiradas na pobreza porque lhes foi negado ensino digno, milhões de crianças nascidas e crescidas sem coisas como água encanada.

Mas a família Marinho, antes com Roberto Marinho e agora com seus três filhos, está no topo da lista de bilionários do Brasil.

Roberto Marinho se dizia “condenado ao sucesso”. O que ele não disse é que para que isso ocorresse uma quantidade vergonhosa de brasileiros seria condenada à miséria.



Paulo Nogueira é Jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Postado no Diário do Centro do Mundo em 20/02/2014


Inteligência golpista dos EUA entendeu como atuar no cenário de redes e ruas


Protesto na Ucrânia: exemplo de processo em rede que partiu para as ruas

Ucrânia em 02/2014

Venezuela em 18/02/2014

Renato Rovai

Há muito tempo os EUA são o país que mais investe em tecnologias. E ao mesmo tempo é o país que mais faz uso das mesmas para segurança e política externa. Em geral, buscando transformar todo o mundo em um grande quintal de seus interesses.

São milhares os exemplos de como a inteligência tecnológica e midiática são os principais instrumentos para planos de desestabilização capitaneados por Washington. E cada vez fica mais claro que os falcões já perceberam como as redes interconectadas digitalmente podem ser mais eficientes.

Manuel Castells, em A Sociedade em Redes, já prenunciou que as novas disputas seriam de redes contra redes. E que essas articulações e disputas não seriam algo apenas virtuais. Das redes para as ruas as disputas teriam grande impacto político e social.

David Ugarte, num texto de 2004, o Poder das Redes, também falou disso de um outro jeito no capítulo onde trata das Ciberturbas.

E o que estamos vendo hoje é a materialização desse fenômeno. Em alguns casos, de redes cidadãs. Que nascem a partir da força da articulações espontâneas. Por outro lado, processos fabricados.

Baseados em descontentamentos reais e de forças reais, mas que são instrumentalizados para ações que têm características de um flash mob desestabilizador. Algo como o que está acontecendo na Venezuela e na Ucrânia.

Ações que se iniciam como processos em rede, partem para as ruas e muito rapidamente já se tornam um palco de guerra. Tanto bélico, como midiático. Os países em questão passam a ter seus governos questionados pela diplomacia dos EUA e seus aliados. E a mídia que se diz profissional, age como empregada dos EUA para difundir a tese de que a democracia está sendo violentada nesses lugares.

Imagens falsas contra Maduro estão sendo distribuídas nas redes sociais. Acima, a foto no Chile foi divulgada como se fosse na Venezuela.

O jogo da política ganhou novos contornos com as novas tecnologias. E, como sempre, os EUA perceberam mais cedo como se disputa no novo cenário. Isso não quer dizer que tudo é preto e branco neste novo modelo. Há dezenas de tons de cinza. As manifestações não são todas golpistas e nem tudo que se articula na internet é coisa do Tio Sam.

É preciso ser muito mais cuidadoso para sair carimbando os movimentos neste novo momento. Mas não se pode negar a existência de uma fábrica de desestabilização de processos políticos. Ela existe. E novamente é operada pelo mesmo centro de operações que levou países a ditaduras em outros tempos.

Postado no Blog do Rovai em 19/02/2014

Jesus de maneira inusitada !