Ator George Clooney explica por que nunca desmentiu boatos sobre ser gay


george clooney gay sexualidade

George Clooney é uma personalidade que sabe lidar com polêmicas. Com sua sexualidade frequentemente questionada pela imprensa, ele diz não se preocupar em desmentir os rumores.

O ator já revelou à revista “The Advocate”, no ano passado, que os boatos de que ele seria gay são irrelevantes.

Clooney disse que jamais sairia desmentindo essas histórias. Ele explicou que esta atitude seria injusta e grosseira com seus amigos e com a comunidade homossexual.

Para ele, sair por ai negando a calúnia seria o mesmo que dizer que ser gay é algo ruim ou vergonhoso.

Ele esclareceu que não existe problema se as pessoas ficarem em dúvida com relação a sua orientação sexual, pois não incomodaria a ninguém o fato dele ser, ou deixar de ser gay. O ator disse que os comentários vão continuar existindo, mas que ele não se importa.

Para ele, a sua vida particular não diz respeito a ninguém e se sente feliz com ela, pois o importante é viver bem e tratar os semelhantes com o devido respeito. Clooney disse que espera que ninguém fique inventando história sobre a vida dos outros, mas contou que já está acostumado com as fofocas.

Postado no site Pragmatismo Político em 08/10/2013


Sabedoria árabe versus a neurose americana



Um velho árabe vivia em Idaho, EUA, há mais de 40 anos. 

Desejava plantar batatas em seu imenso jardim, porém, arar a terra era um trabalho muito pesado para ele, já de idade avançada.

Seu único filho, Ahmed, estava fazendo uma pós-graduação universitária na França.

Então o ancião decidiu mandar a ele um e-mail, explicando o problema.

- Querido Ahmed: 
Me sinto mal, porque não poderei plantar minhas batatas este ano. Estou muito velho para arar as parcelas de terras necessárias. Se você estivesse aqui sei que revolverias a terra por mim.
Que Alá esteja contigo! Te amo muito, teu papai.

No dia seguinte recebeu uma resposta por e-mail de seu filho.

- Querido Papai:
Por tudo que mais queres, não revolvas a terra do jardim. Aí é onde tenho escondido "aquilo".
Te amo, Ahmed.

Lá pelas 4 horas da madrugada daquele dia, apareceu o xerife com a polícia local, agentes do FBI, da CIA e ainda representantes do Pentágono (que haviam interceptado as mensagens).

Esburacaram toda a terra do jardim. Buscavam materiais para construir bombas, Antrax, armas químicas, tudo o mais que fosse.

Entretanto, como não encontraram nada, se foram embora. Nesse mesmo dia o ancião recebeu outro e-mail de seu filho.

- Querido Papai:
Seguramente a terra do jardim já está revolvida e arada e poderás plantar tuas batatas. Foi o melhor que pude fazer daqui de onde estou...
Te amo muito, teu filho Ahmed.



O seu olhar...

  


Fala agora para o tempo que você quer dar um tempo.
Parar com a mania de perseguição, de incapacidade,
e modificar a maneira de como você vê a vida,
não importa a sua idade.

A vida é bela e pede uma fita amarela.
Alias, a vida tem mil cores possíveis.
Depende apenas do seu estado, da maneira que vê essa vida.

Há quem veja beleza diante do mar,
e há quem tem fobia de tanta água.
Há quem ande pela areia e sente “energias”,
outros, apenas “alergias”.

Tudo depende do seu olhar.

É ele, o seu olhar, que muda caminhos,
aceita provocações, se acalma ou se agita.

O mundo continua o mesmo,
o tempo, anda da mesma maneira.
E isso fica claro, quando você vai para o campo,
deita na rede e espera o tempo passar.

Fala agora para o tempo que você quer amar.
Que você precisa receber o amor.
Que você quer mudar e perceber a mudança nos outros.

Fala agora para o tempo que o desejo não pode esperar.
É tempo de encontros e de reencontrar.

A fórmula da felicidade não é o conquistar,
nem pense que é o “ter”.
A felicidade passa antes pelo “ser”.
Seja então, mais você.

Fala para o tempo agora que é hora de encantar,
e dele poder roubar o melhor que a vida pode lhe dar.

Ser feliz, agora e sempre,
com o tempo que lhe restar…

Paulo Roberto Gaefke


Sou contra cercar o Parque da Redenção











Juremir Machado da Silva

Li que há novo projeto para cercar o Parque da Redenção.

Sou contra.

Algo em mim se opõe instintivamente a essa iniciativa que me soa melodramaticamente como uma tentativa de colocar pássaros tristes numa gaiola. Já há grades demais na cidade.

O grande pensador Zygmunt Bauman diz que o mais recorrente conflito da humanidade é entre segurança e liberdade. Mais segurança, menos liberdade. Mais liberdade, menos segurança. Em Paris, eu frequentava o belo e cercado Jardim de Luxemburgo. Por que me oponho a que a Redenção seja cercada? Porque no Luxemburgo eu sempre me sinto como uma andorinha numa gaiola dourada.

Vivemos com grades nas portas dos nossos apartamentos. Saímos de casa para caminhar nos parques desejando sorver ar fresco, sentir cheiro de plantas, contemplar o voo dos passarinhos, ver crianças correndo e experimentar uma estranha e passageira sensação de segurança e de liberdade ao mesmo tempo. Um parque gradeado fere a minha mais primitiva noção de autonomia. Parece uma confissão de que a humanidade já nada mais espera de si mesma.

Outras perguntas me assaltam: por que a Redenção? Por que não o Parcão? Subitamente a verdade se ilumina diante dos meus olhos como um flash de antigas máquinas de fotografia: primeiro a Redenção, depois o Parcão, por fim todos os parques e praças. Mais tarde, talvez, roletas nos portões e seleção na entrada. Quem sabe, por que não?, espaços para gente VIP e para vipões.

Há, por trás dessas propostas, consciente ou inconscientemente, um desejo pérfido, ainda que bem-intencionado, de distinção, de separação, de higiene social, de criminalização do cotidiano e de criação de paraísos artificiais urbanos. Um parque cercado é um shopping center segregacionista ao ar livre. A Redenção já foi o espaço dos escravos e libertos em busca de um lugar para esquecer dos seus suplícios.

A sabedoria popular não lhe concede o nome oficial de Parque Farroupilha, homenagem em Porto Alegre – cidade que jamais aderiu aos separatistas – aos que traíram os negros em Porongos. Cercar a Redenção parece uma maneira simbólica ou imaginária de reinventar alguns grilhões.

Por toda parte cresce esse medo do outro. Esse outro que para muitos ainda é o mesmo: o pobre, o miserável, o não branco, o excluído, o periférico. Claro que pode ser apenas o bandido de qualquer cor ou origem social.

Será que, na mente dos adeptos das grades, é assim? Fico amargo. Sinto que avançamos, sem retorno, para a vida em cidades de segurança máxima e de liberdade mínima. Torno-me exagerado.

Prevejo, num futuro próximo, medidas contra a entrada nos parques de passarinhos sem registro e sem controle por GPS. Imagino parques nos quais só se terá acesso com carteira de sócio e recomendação especial.

E, por que não?, parques privatizados, administrados por empresas especializadas, acessíveis apenas aos bons cidadãos e com taxa de ingresso. Os parques, nas planícies de concreto, são as últimas reservas de natureza e liberdade. Perderemos a luta. Eles serão gradeados.

O monstro dos olhos turvos, o bom senso comum, sempre nos impõe a sua preferência pela segurança total.

E tem defensores midiáticos hediondos e histriônicos.


Postado no Blog Juremir Machado da Silva em 05/10/2013




Fantásticas fotografias mostram estrelas como você nunca viu antes


motor zoom 2b.jpg


O fotógrafo australiano Lincoln Harrison juntou talento e paciência à técnica fotográfica da longa exposição para captar imagens incríveis do rastro deixado pelas estrelas durante a rotação da Terra. As imagens levaram entre 13 a 15 horas para serem capturadas, o que obrigou o fotógrafo a ficar acampado e acordado durante a noite.

A técnica da longa exposição consiste em deixar o obturador da câmera aberto por 30 segundos ou mais, mas Harrison foi bem além disso. Durante horas, ele permitiu que sua Nikon D7000 captasse o céu estrelado sob o lago Eppalock, na Austrália, onde decidiu acampar.

Harrison se manteve acordado entre o pôr e o nascer do sol, aproveitando assim a rotação natural da Terra para apresentar esse incrível padrão em forma de espiral no céu. As fotos têm feito sucesso na web e não é difícil entender porquê. Veja algumas delas:

plughole.jpg

_D8F8942 as Smart Object-2crop2.jpg

spastic tree moire fix3triple playlevels2WM.jpg

Ad Astra FINAL fixedclonedWM.jpg

Sutton Grange2zoom.jpg

full stack2 as Smart Object-1WM.jpg

eppalock paddock FINAL2WM.jpg


Postado no site Hypeness em Outubro de 2013


Alemanha reconhece terceiro gênero sexual no registro de bebês





A medida está dando o  que falar na Europa, onde se estima que uma em cada 5 mil crianças nasça sem um sexo definido – os chamados de hermafroditas.


A partir de novembro, será possível registrar na Alemanha um bebê com sexo indefinido. Mais tarde, ele poderá escolher o que achar correto ou que o seu corpo definir.

Até aqui, quando uma criança nascia com características dos dois sexos, tornando impossível a definição de um em particular, os pais eram obrigados a fazê-lo, preenchendo a opção “masculino” ou “feminino”. 

Agora a Alemanha acrescenta uma hipótese e deixa que seja a pessoa a escolher, ou mesmo que ela fique registrada com sexo indefinido.

Claro que a medida enfrenta algumas barreiras, principalmente na ligação com outros documentos: por exemplo, como fica o passaporte de uma pessoa sem um sexo definido? 

Os responsáveis alemães dizem que é necessária uma grande reforma nesta questão e alguns juristas sugerem a utilização da letra X do lado dos habituais M e F.

A Alemanha é o primeiro país da Europa a fazê-lo, o que poderá servir de efeito de contágio para outros países. A Austrália também adotou a medida recentemente.


Postado no site Hypeness em Outubro de 2013



Maquiador de Gisele Bündchen tira dúvidas sobre make


Na profissão há 15 anos, Marcelo já maquiou nomes como Gisele Bündchen e Juliana Paes





Quais os produtos essenciais para montar uma nécessaire básica?

Marcelo Gomes – Na nécessaire é importantíssimo ter filtro solar, corretivo, base líquida, rímel, lápis preto, pó compacto e hidratante labial. Se quiser pode acrescentar blush e batom.

O que está na moda e o que não se deve usar de jeito algum?

MG – Filtro solar está super in, muito rímel. Isso levanta até defunto e uma boca vermelha. Agora, pancake está fora de cogitação. Sombra iluminadora branca embaixo da sobrancelha é totalmente fora de moda e também não gosto muito do tal batom cor de boca. Ou a mulher opta por uma cor ou então não passa nada.

Como faço para passar blush no lugar certo, marcando bem o rosto? 

MG – Antes de qualquer coisa é preciso investir no pincel correto. Procure um modelo chanfrado (os pelos do pincel crescem em diagonal). Posicione a parte maior para baixo, bem embaixo das maçãs do rosto. Depois de retirar o excesso de blush (assoprando ou dando batidinhas na mão), passe o pincel de dentro para fora em direção às têmporas. Isso deixará o rosto bem marcado. Mas quem quiser ficar apenas com um ar saudável, passe o blush nas maçãs do rosto com movimentos circulares. 

Tenho olhos grandes e sobrancelhas grossas. Nesse caso, os batons escuros estão proibidos? 

MG – Nada é proibido. É só preciso dosar. Mas nesse caso, prefira cores mais abertas como vermelho sangue, pink, laranja. E dispense o contorno com lápis. Isso faz os lábios aumentarem. Uma dica é passar o batom com os dedos. Dê leves batidinhas nos lábios e espalhe. Assim ele não fica tão forte. 

Qual o passo-a-passo para “fazer” um olho básico para o dia-a-dia? 

MG – Curvex é tudo nessa vida. Depois opte por uma sombra cremosa marrom, mas passe só na pálpebra. Abuse do rímel e finalize com lápis marrom na parte debaixo do olho. 

Como faço para fixar melhor a maquiagem? 

MG – Eu costumo usar o pincel molhado. Além de não borrar, fixa melhor. Nem toda maquiagem dá para molhar, então prefiro os produtos mais cremosos. Passo o pincel na água, depois na sombra, por exemplo, e aplico na pele. 

É verdade que usar lápis preto na parte inferior aumenta os olhos? 

MG – Não, pelo contrário, diminui. Para aumentar, deve-se usar lápis branco ou bege só na parte inferior. 

Nunca acerto na hora de esfumaçar a sombra. Qual o procedimento? 

MG – Mais uma vez tem que ter o pincel certo. Escolha um com a ponta mais arredondada. Abuse da sombra preta em todo o côncavo. E com o pincel (sem molhar) espalhe a sombra em direção às têmporas. 

Como faço para escolher a base ideal para o meu tipo de pele? 

MG – A pele da mão é muito parecida com a pele do nosso rosto. Use isso como referência e tente chegar o mais próximo possível. Essa tática vale tanto para a escolha de base como também para corretivo. 

Como faço para afinar o nariz? 

MG – Com um pincel mais quadrado com base reta, passe sombra marrom clara e escura. Nos lugares que considera mais “cheio”, use a sombra marrom escura (lateral do nariz, abaixo do maxilar) e em cima do nariz, contraste com a sombra clara. 

Qual a ordem correta para se fazer uma boa maquiagem? 

MG – A ordem que dá muito certo para mim é: filtro solar, base, se houver necessidade corretivo, curvex, blush, sombra, rímel e para finalizar, pó compacto na zona T (testa, nariz e queixo). 

Posso usar o mesmo demaquilante para tirar toda a maquiagem?

MG – Recomendo demaquilante específico para a região dos olhos e outro para a pele. Se usar o de pele nos olhos, poderá agredir a região por fazer muita força. Normalmente, os produtos para a retirada de maquiagem da pele são mais fracos do que os específicos para os olhos.

Posso usar um lápis de contorno labial mais escuro que o batom para realçar a boca e deixar o visual mais sensual?

MG – Isso é totalmente fora de moda. O que se pode fazer é usar um lápis da cor da boca ou do batom escolhido para corrigir o desenho e não deixar a boca marcada.

Ainda existe aquela regra que se carregar no batom, o olho deve ser menos maquiado e vice-versa?

MG – Não é uma regra. Mas o legal não é deixar o look todo pesado. É moderno equilibrar. Se quiser um olho bem elaborado, aposte em uma boca mais “clean” com gloss ou tons claros. Se a proposta for arrasar com uma boca vermelha, o olho deve vir mais básico. É claro que em editoriais e desfiles, é comum ver mulheres com maquiagem bem carregada. Mas isso é melhor em produções e não no dia-a-dia.

Como faço para aumentar os lábios?

MG – Com muito cuidado, use um lápis no tom do batom para marcar o desenho da boca.

E para preencher a sobrancelha?

MG – Acho lápis muito pesado e mais fácil de borrar. Gosto de usar um pincel indicado para sobrancelha e preencher com sombra. Indico as sombras de tons mais claros para as mulheres mais branquinhas.

Tenho muita dificuldade em passar delineador. Já tentei usar de vários tipos como lápis, pincel, em caneta, mas nunca consigo um bom resultado. Alguma dica?

MG – Uso o pincel de sobrancelha com sombra preta molhada. Marco o canto externo na altura do côncavo e faço um traço até a parte interna. Depois preencho tudo.

O que derruba uma make?

MG – Delineador caído, sombra iluminadora embaixo da sobrancelha, excesso de pó, corretivo usado em toda a região dos olhos, lápis labial mais escuro que o batom… Enfim, maquiagem em excesso.

Qual a maquiagem ideal para uma produção à noite?

MG – Rímel é tudo! Capriche muito no rímel, opte por sombras escuras. Se quiser, pode usar tons cintilantes. Para produções a noite, vale tudo.

Sempre vejo maquiadores usando técnicas diferenciadas. Tem algum truque que ajude na hora de maquiar?

MG – Com o tempo a gente acaba testando várias coisas e vê o que dá certo e o que não. Eu gosto muito, por exemplo, de passar um pouco de gloss em cima da sombra. Dá um efeito despojado, meio borrado, que acho lindo, bacana. 

Você tem alguma dica para a retirada da maquiagem?

MG – Bom, como já falei, gosto de usar demaquilante para a pele e outro para a região dos olhos. Depois recomendo a lavagem com água e sabão e em seguida, usar um tônico.

Meus cílios são para baixo. Há alguma máscara de cílios ou uma maneira de deixá-los para cima e bonitos?

MG – Não há nada que substitua o bom e velho curvex. Ele é a melhor coisa para deixar os cílios maravilhosos. Quem tem medo de usar o tradicional, deve optar pelo modelo elétrico. Acho fundamental dizer que o curvex é tão importante quanto a base.

Tenho dúvidas na cor de blush que devo passar?

MG – Tudo vai depender do seu tom de pele. Nessa estação, as mulheres de pele clara ficam bem de blush marrom, pêssego. As morenas e negras devem investir em um blush em tom avermelhado, para realçar mais o tom da pele.

Como faço para afinar o rosto?

MG – É preciso desenhar o rosto. Depois de passar o blush, passe o pincel abaixo do maxilar. Isso afina e deixa o rosto mais anguloso.

Não tenho muita maquiagem. Como fazer um look bacana com poucos produtos?

MG – Priorize corretivo, rímel e gloss.

Há problema de passar um produto indicado para uma região em outra? Posso usar o blush como sombra?

MG – Alguns produtos são ótimos para isso. Na época da vovó era comum usar produtos 3 em 1. De vez em quando eu uso um batom mais puxado para o rosa e vermelho como blush. Você também pode aproveitar o que sobrou no pincel depois de aplicar o blush e usar como sombra. Isso garante um ar saudável, fica um make natural.

Que dica daria para quem não sabe se maquiar sozinha?

MG – A maquiagem caracteriza muito a mulher. Ela identifica quem é aquela pessoa, entrega sua personalidade. E hoje em dia, a maquiagem se tornou um acessório. Você pode fazer o que quiser, dependendo do seu estado de espírito. Mas para quem não quer errar, daria o conselho de que menos é mais. Comece com uma maquiagem básica e depois vá aprimorando.

Como faço para disfarçar linhas de expressão?

MG – Uma boa base e corretivo já podem ajudar. Prefira os produtos líquidos e conte com a ajuda de um pincel para não marcar a pele. Dica: Espalhe a base com pincel grande em movimentos circulares, de dentro para fora. Finalize dando leves batidinhas com esponja porosa para absorver excessos.


Postado no blog Mulheres Antenadas


Deixe estar...




"Sabe, para mim a vida é um punhado
de lantejoulas e purpurina que o vento
sopra.

Daqui a pouco tudo vai ser 
passado mesmo - deixa o vento soprar, 
fique pelo menos com o gostinho 
de ter brilhado um pouco... "

Caio Fernando Abreu








Mobilização Nacional Indígena: um assunto nosso







Vanessa Rodrigues

Quando os navegadores portugueses chegaram às terras que viriam a formar o Brasil e se deram conta de que já tinham dono (pertenciam a alguém?), teve início quase que de imediato o mito da “descoberta”. Aqueles seres humanos com suas cores, línguas e costumes diferentes faziam parte de um cenário virgem, e logo foram vistos como algo a ser subjugado e explorado.

Ao longo do tempo, esta visão pouco mudou por parte dos detentores de poder político e econômico, a ponto de as populações indígenas estarem hoje reduzidas a uma fração do que eram em 1.500 (segundo estimativas, na época da “descoberta” eram uns 5 milhões. Este é um dado de senso comum. não encontrei informação que sustente, só na Wikipedia). O IBGE de 2010 contou cerca de 900 mil. O extermínio físico perpetrado ao longo dos últimos 500 anos foi complementado pelo equivalente extermínio cultural.

Ainda assim, as lideranças e povos indígenas sempre lutaram para manter suas identidades e o direito às suas culturas, tradições e territórios. 

A Constituição de 1988 trouxe uma série de dispositivos pensados para proteger esse direito e importantes vitórias foram alcançadas, como a demarcação do território da Raposa Serra do Sol com seus quase 1,8 milhão de hectares, em 2005. 

Curiosamente, foi essa vitória e a consequente guerra jurídica, envolvendo inclusive o STF — além, é claro, da construção da usina de Belo Monte — que parece ter marcado uma inflexão na luta dos diversos setores contrários à causa indígena.

Esta verdadeira guerra encontra eco em setores dos governos Federal e alguns estaduais, que passaram a ver na causa indígena um entrave importante aos seus projetos desenvolvimentistas, ancorados na maior parte das vezes em uma visão retrógrada e insustentável típica dos anos 70 do século passado. 

Aliam-se os personagens de sempre, latifundiários e pecuaristas de diversas estirpes e arcos de poder, parcelas importantes da “grande imprensa”, militares conservadores e a miríade de “lumpem-conservadores”, que usam as mídias sociais para espalhar seus discursos de ódio e rancor contra os indígenas, seus líderes e aliados.

Os indígenas, que são os maiores defensores da diversidade biológica e do trato sustentável dos recursos naturais, são em geral apresentados como inimigos do progresso, quando não “agentes úteis de interesses estrangeiros”.

Ou, como brilhantemente disse Eliane Brum, em seu artigo “Índios, os estrangeiros de sempre”:

"Os indígenas parecem ser, para uma parcela das elites, da população e do governo, algo que poderíamos chamar de “estrangeiros nativos’. É um curioso caso de xenofobia, no qual aqueles que aqui estavam são vistos como os de fora. Como ‘os outros’, a quem se dedica enorme desconfiança. (…) Estes “estrangeiros nativo” ameaçariam um suposto progresso, já que seu conhecimento não é decodificado como um valor, mas como um ‘atraso; sua enorme diversidade cultural e de visões de mundo não são interpretadas como riqueza e possibilidades, mas como inutilidades".

Este é, portanto, um momento de paroxismo na história do Brasil. A causa indígena não mais é uma causa PURAMENTE indígena. Ela REPRESENTA TAMBÉM UMA APOSTA NO PAIS QUE QUEREMOS CONSTRUIR. 

A derrota dos indígenas, se ocorrer, será também a derrota da possibilidade de um país mais sustentável, que reconhece o legado de seus povos originários e que aponta para um futuro em que natureza não seja tratada como inimiga a ser vencida e subjugada, mas sim como fonte essencial de riqueza de “bem viver” para toda a gente.

Neste sentido, a causa indígena é mesmo uma causa nossa, e não é preciso ser de uma comunidade em plena Amazônia para expressar isso. A questão indígena é a questão de todas as pessoas que lutam por um mundo justo. É a questão do Brasil que desejamos.

A semana de Mobilização Nacional Indígena começa hoje e pode ser decisiva. Participe, apoie, informe-se! Há atos confirmados em várias cidades. Há evento no Facebook e você pode divulgar a mobilização colocando usando um twibbon em suas redes sociais. São 25 anos de uma Constituição que até agora não foi, de fato, posta em prática.


Postado no site Blogueiras Feministas em 30/09/2013