Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa




por Luiz Carlos Azenha

Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.

Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.

Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a persegui-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.

Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.

Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.

Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.

Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.

No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.

Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.

Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.

Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.

Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.

Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.

Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.

E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.

Eu os vejo por aí.

PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.

PS do Viomundo 2: Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.

Postado no site Carta Capital em 31/03/2013


Siga as dicas para correr na rua sem lesões e com melhores resultados




Carolina Gonçalves 


Evitar o trânsito e prestar atenção nos obstáculos deixa o treino mais efetivo



Tênis calçados, fones nos ouvidos e muita disposição. É assim que a maioria dos corredores inicia o seu dia. Seja na rua ou na academia, a corrida é um dos esportes mais democráticos e fáceis de praticar, desde que os limites do atleta sejam respeitados.

Para aqueles que optaram por montar seu trajeto de corrida na rua, os especialistas afirmam que alguns pontos devem ser levados em conta. "Qualquer obstáculo ou escolha mal pensada no trajeto pode afetar o rendimento do treino e até aumentar o risco de lesões", afirma o personal trainer Guto Ferrari, coordenador de corrida da academia Velox Fitness, no Rio de Janeiro. Veja como correr na rua sem sofrer riscos: 


mulher correndo ao lado de uma montanha - Foto Getty Images

Cuidado com pistas entre montanhas

Caminhos ou pistas localizadas entre montanha ou montes tem uma circulação de ar e umidade reduzida, o que inicialmente dificulta o rendimento do treino. "Por outro lado, isso estimula o aumento de hemácias, que são as células responsáveis por transportar oxigênio, o que aumentaria a eficiência do treino", diz o personal trainer Guto Ferrari, coordenador de corrida da academia Velox Fitness. "No entanto, essa é uma adaptação a médio e longo prazo, e treinar esporadicamente neste ambiente apenas dificultará a performance." 


mulher correndo na rua - Foto Getty Images

Leve em conta o trânsito

Não é a toa que é mais agradável treinar em áreas arborizadas. Afinal, em locais de trânsito intenso o ar é mais poluído, fator que pode dificultar a respiração e prejudicar o desempenho. ?Entretanto, é mais importante treinar nestas condições do que não treinar?, afirma Gurto Ferrari. Por isso, procure trajetos que tenham muitas árvores e evite ao máximo o trânsito, mas caso não seja possível fugir dos carros em determinados horários treine mesmo assim.


detalhe dos pés de uma mulher correndo - Foto Getty Images

Analise o tipo de piso

Concreto, asfalto, grama ou areia são pisos muito distintos, que oferecem diferentes vantagens e desvantagens para o treino. Segundo o professor de corrida Carlos Santana, da Cia. Athletica de Brasília, a grama ou terra batida, por exemplo, absorvem o impacto e são indicados para treinos contínuos, já o asfalto é mais concentrado, ideal para treinos de tiro ou de ritmo. "O concreto é o piso menos recomendado, pois é muito sólido, prejudicando assim na absorção do impacto", afirma. "Outra opção é treinar na areia, que exige mais força e resistência, pelo fato de ela ser mais fofa que os outros terrenos", completa. Se você tiver dúvidas quanto ao melhor tipo de terreno para o seu treino, converse com um especialista.


rua movimentada - Foto Getty Images

Evite locais muito movimentados

"A intensidade e velocidade da corrida são a chave do treino, e correr em uma área movimentada pode atrapalhar bastante esse desenvolvimento", afirma Guto Ferrari. Além disso, desviar de pessoas ou até mesmo desacelerar bruscamente pode levar o corredor a se lesionar. "Quando o espaço está livre, você pode correr tranquilamente e manter o seu ritmo, sem ter que mudar de direção ou desacelerar", completa o professor Carlos. 


mulher subindo escadas - Foto Getty Images

Inclua subidas e descidas no trajeto

Ao escolher o seu trajeto para corrida, leve em conta a presença de subidas e descidas, como ladeiras ou até mesmo escadas no meio do caminho. "Quando se treina na ladeira, o corredor fica mais resistente, pois o gasto energético é maior, as pernas ficam mais fortes, as passadas mais firmes e a movimentação dos braços mais coordenada", diz o professor Carlos. No entanto, cuidado: inclinações excessivas devem ser evitadas, pois aumentam a sobrecarga e aumentam o risco de lesões. "Deve-se também evitar a corrida em descidas, porque o impacto sobre as articulações é maior." 


casal correndo em uma pista com curvas - Foto Getty Images

Sinuosidade da pista

As curvas frequentes no trajeto fazem com que o corredor ganhe mais equilíbrio, já que as mudanças constantes no centro de gravidade exigem alterações posturais durante a corrida. "Este quadro pode ser benéfico para a propriocepção do corredor, além de recrutar musculaturas pouco solicitadas nas corridas em linha reta", diz o personal Guto. 


mulher correndo em uma rua de paralelepípedos - Foto Getty Images

Mapeie os obstáculos

Quando montar o seu trajeto de corrida, preste atenção na quantidade de postes, semáforos, rachaduras e buracos no solo e outros obstáculos urbanos que possam interferir no seu treino. "É fundamental levar esses empecilhos em conta, pois uma distração pode levar a uma queda, uma torção de tornozelo, dentre outras lesões", afirma Carlos Santana. "Por melhor que seja o treino e condicionamento no corredor, esse tipo de percurso pode interferir - e muito - no resultado do treino."


Postado no blog Minha Vida no Portal R7


Conheça sete benefícios do chocolate para a saúde



Manuela Pagan

Além de gostoso, ele pode ser um aliado da dieta e do raciocínio


dia do cacau - Ultra Imagens

Dá saciedade

O chocolate pode ajudar você a sentir-se mais satisfeito e não exagerar na comida. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Chung Hsing, em Taiwan, mostrou que os ácidos fenólicos presentes no cacau podem aumentar a produção do hormônio leptina, que aumenta a sensação de saciedade.

A nutricionista Raquel Maranhão, da Clínica BeSlim, do Rio de Janeiro, lembra que outros fatores podem interferir na produção de leptina, como a menor concentração de insulina que diminui o nível do hormônio. Por isso, não adianta apenas consumir chocolate sem atentar para os outros fatores envolvidos. 



Protege contra derrames 

Segundo a nutróloga Sylvana, o cacau é rico em antioxidantes que reduzem a inflamação nas artérias e a aderência do colesterol à parede dos vasos, prevenindo a formação de trombos na corrente sanguínea e, consequentemente, o AVC (acidente vascular encefálico). Um estudo realizado pelo Karolinska Institutet, na Suécia, confirma esse benefício. Eles descobriram que as mulheres que comiam aproximadamente duas barras de chocolate por semana - aproximadamente 60 gramas - estavam até 20% mais protegidas contra derrames em comparação com aquelas que nunca comiam o doce. 


Bombons - foto: Getty Images

Ajuda a emagrecer 

O chocolate pode ajudar a emagrecer - desde que inserido dentro de uma alimentação balanceada. Segundo Sylvana Braga, o doce é rico em cafeína, que acelera o metabolismo e ajuda a queimar calorias, mas é preciso ingerir a versão amarga, com muito cacau. A diminuição do estresse e da ansiedade e o aumento da saciedade também são benefícios que podem contribuir para eliminar mais rápido os quilos extras. 

Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia (EUA) encontrou resultados parecidos: pessoas saudáveis que praticavam exercícios físicos e comiam chocolate regularmente (duas vezes por semana) tendiam a ter menor índice de massa corpórea (IMC) do que aquelas que se exercitavam e comiam chocolate com menos frequência. 




Melhora o raciocínio 

Sylvana Braga explica que a cafeína presente no chocolate pode estimular a memória, a atenção, a concentração e o desempenho mental em geral. Após acompanhar dois grupos na solução de equações, especialistas da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, notaram maior agilidade e número de acertos entre as pessoas que consumiram 500mg de flavonoides, substâncias encontradas no chocolate amargo e meio amargo (a versão ao leite também oferece flavonoides, mas em quantidade bem menor). 




Controla o colesterol 

A nutricionista Raquel explica que o consumo de chocolate amargo - rico em cacau e flavonoides - pode auxiliar na diminuição do colesterol total e do colesterol LDL (o colesterol ruim). Os antioxidantes diminuem a inflamação e o acúmulo de gordura nos vasos. 


Chocolate - foto: Getty Images

Antienvelhecimento 

Raquel Maranhão conta que, por ser rico em antioxidantes, vitaminas A e do complexo B, o chocolate ajuda a neutralizar os radicais livres do organismo que, quando elevados, podem provocar danos celulares relacionados ao processo de envelhecimento. É por isso que o doce também é usado em cosméticos com efeito regenerador, antirrugas e antienvelhecimento. 




Promove bem-estar 

Sylvana Braga explica que o chocolate libera endorfinas que melhoram o humor e a ansiedade e ainda combatem a depressão e o desânimo. Além disso, ele fornece energia, melhorando a disposição para as atividades diárias, e concentra outras substâncias, como triptofano, teobromina, feniletilamina, fenilalanina e tirosina, que reforçam a sensação de bem-estar. 

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisas Nestlé, em Lausanne, na Suíça, investigou a relação entre o consumo diário de chocolate e o nível do hormônio cortisol, responsável pelo estresse. Os cientistas observaram que o nível de cortisol baixou consideravelmente em todos os participantes que consumiam o doce, chegando a 40% de redução naqueles que sofriam com a ansiedade. 


Postado no blog Minha Vida do Portal R7






Sopre as cinzas




Quem feriu você já feriu e já passou.
Lá na frente encontrará o inevitável retorno
e pelas mãos de outrem será ferido também.
A Vida se encarregará de dar-lhe o troco
e você, talvez, nem jamais fique sabendo.

O que importa de verdade é o que você sentiu
e, mais importante, é o que ainda você sente:

Mágoa? Rancor? Ressentimento? Ódio?

Você consegue perceber que esses sentimentos
foram escolhidos por você?
Somos nós que escolhemos o que sentir
diante de agressões e de ofensas.

Quem nos faz o " mal " é responsável pelo que faz,
mas nós somos responsáveis pelo que sentimos.
Essa responsabilidade tem a ver com o Amor que
devemos e temos que sentir por nós mesmos.

O ofensor fez o que fez e o momento passou,
mas o que ficou aí dentro de você?

Mágoa?
 Você sabia que de todas as drogas ela é a mais cancerígena?
Pela sua própria saúde, jogue-a fora.

Rancor?
 Ele é como um alimento preparado com veneno irreconhecível:
dia mais, dia menos, você poderá contrair doenças
de cujas origens nem suspeitará.

Ressentimento?
Pois imagine-se vivendo dentro de um ambiente
constantemente poluído, enfumaçado, repleto de
bactérias e de incontáveis tipos de vírus:
é isso que seu coração e
seus pulmões estão tentando aguentar.
Até quando você acha que eles vão resistir?

Ódio?
 Seus efeitos são paralisantes.
Seu sistema imunológico entrará em conflito
com esse veneno que com o tempo poderá
colocar você face a face com a morte
e talvez muito tarde você venha a perceber
que melhor seria ter deixado que seu agressor
colhesse os frutos do próprio plantio.

Por seu próprio Bem e só pelo seu Bem, perdoe.

O perdão o libertará e o fará livre para ser feliz.
Esqueça o " mal " que lhe foi feito.
Deixe que seu ofensor lembre-se dele através das
consequências com que, certamente, virá a arcar.

Mude seu destino ... seja o comandante da sua nau!
Escolha o melhor caminho para sua " viagem ".

... e se outras vezes o ferirem, perdoe ...
Perdoe ... nem que seja só por sacanagem !

Silvia Schmidt


Postado no blog Só Palavras


Nazijornalismo




Leandro Fortes

A violência do CQC contra o deputado José Genoíno alcançou, essa semana, um grau de bestialidade que não pode ser dimensionado à luz do humorismo, muito menos no campo do jornalismo. Isso porque o programa apresentado por Marcelo Tas, no comando de uma mesa onde se perfilam três patetas da tristeza a estrebuchar moralismos infantis, não é uma coisa nem outra.

Não é um programa de humor, porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vem do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada.

Não é jornalismo, porque a missão do jornalista é decodificar o drama humano com nobreza e respeito ao próximo. É da nobre missão do jornalismo equilibrar os fatos de tal maneira que o cidadão comum possa interpretá-los por si só, sem a contaminação perversa da demência alheia, no caso do CQC, manipulada a partir dos interesses de quem vê na execração da política uma forma cínica de garantir audiência.

A utilização de uma criança para esse fim, com a aquiescência do próprio pai, revela o grau de insanidade que esse expediente encerra. 

O que se viu ali não foi apenas a atuação de um farsante travestido de jornalista a fazer graça com a desgraça alheia, mas a perpetuação de um crime contra a dignidade humana, um atentado aos direitos humanos que nos coloca, a todos, reféns de um processo de degradação social liderado por idiotas com um microfone na mão.

A inclusão de um “repórter-mirim” é, talvez, o elemento mais emblemático dessa circunstância, revelador do desrespeito ao ofício do jornalismo, embora seja um expediente comum na imprensa brasileira. 

Por razões de nicho e de mercado, diversos veículos de comunicação brasileiros têm lançado, ao longo do tempo, mão dessa baboseira imprestável, como se fosse possível a uma criança ser repórter, ainda que por brincadeira.

Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar da formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança. Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime e espero, sinceramente, que alguma medida judicial seja tomada a respeito.

Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.

Existem, sim, cretinos adultos.

E, a estes, dedico o meu desprezo e a minha repulsa, como cidadão e como jornalista.


Postado no blog O Escrevinhador em 28/03/2013
Imagem inserida por mim


Aqui você encontra maiores detalhes, como o vídeo do cqc



CQC submete Genoino a sessão de tortura psicológica




Eduardo Guimarães


O humor deveria servir para elevar o espírito do homem. Não sei se o humorismo é uma criação divina ou se alguém, algum dia, inventou essa verdadeira forma de arte. Seja quem for que o inventou, porém, não foi pensando em humilhar ou torturar ou em oferecer um instrumento de vingança aos pobres de espírito.

Alguns, como os “humoristas” do programa da TV Bandeirantes CQC, confundem ridicularizar pessoas com fazer humor. Ridicularia e humorismo, porém, não são a mesma coisa. Contudo, antes de abordar a tortura psicológica que eles vêm impondo a um ser humano, farei uma digressão inevitável.

Houve época em que os condenados por aquilo que diziam ser “justiça” – mas que, muitas vezes, não passava de instrumento de tortura usado por um grupo político, social, religioso ou étnico contra outro –, além de ir para o cárcere eram exibidos em praça pública em sessões de humilhação.

No momento em que escrevo, tenho na mente uma canção, “Geni e o Zepelim”, composta e cantada por Chico Buarque. Fez parte do musical Ópera do Malandro, do mesmo autor, lançado em 1978, e do álbum, de 1979, bem como do filme, de 1986 – todos com o mesmo nome.

A Ópera do Malandro conta, entre outras, a história de Geni, um travesti hostilizado na cidade.

O comandante de um dirigível (Zepelin) militar investe contra aquela cidade e decide destruí-la. Porém, apaixona-se por Geni. Sabendo disso, a mesma cidade que fustigava o travesti passa a lhe pedir que interceda por ela junto ao agressor.

Geni, então, usa de seu poder recém-adquirido sobre o militar e salva a cidade, que, na volta à rotina, volta a insultar e a humilhar quem a salvou.

A canção de Chico Buarque eclodiu durante a ditadura militar e teve tal relevância que seu refrão “Joga pedra na Geni” passou a ser usado contra pessoas ou ideias que, em determinadas circunstâncias políticas, viram alvo de execração pública.

A civilização, porém, acabou com as torturas (físicas ou morais) contra aqueles que infringem as leis. Em sociedades civilizadas, a pena de restrição de liberdade e de direitos vários se basta.

A tortura psicológica, a execração pública a que está sendo submetido um homem que entregou sua vida à causa da democracia e que por ela foi torturado fisicamente, portanto, não se coaduna com sociedades civilizadas, mas coaduna-se com o juízo farsesco que condenou José Genoino por “corrupção ativa”.

Só em um país em que pessoas são mandadas para a cadeia sem provas uma tortura mental como a do CQC pode ser aceita.

Pobre Genoino. É um homem sem posses. Tudo o que amealhou em termos de bens pessoais em sua vida parlamentar – atividade na qual a quase totalidade de seus pares no Congresso que o detratam, enriqueceram a olhos vistos – foi uma casa modesta num bairro modesto em São Paulo.

Condenado por “corrupção ativa”. Pobre Genoino. É de revirar o estômago.

Mas admiro a coragem dele. Poderia se recolher ao recesso do lar, à espera da execução da pena que poderá ter que cumprir porque, neste país de homens e mulheres avessos a se sacrificarem por uma causa, poucos entre os que enxergam a injustiça que está sendo cometida ao menos dirão publicamente que se recusam a aceita-la.

Sou dos que não aceitam e, mesmo sem ter como fazer alguma coisa, faço questão de dizer, em alto e bom som, que o que está sendo feito contra Genoino é uma ignominia.

E nem me refiro à condenação injusta e revoltante que lhe foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal sob provas “tênues”. Refiro-me à tortura característica de regimes ditatoriais e medievais a que vem sendo submetido por seres amorais como os torturadores da Band.

Solidarizo-me com Genoino pelo linchamento moral que sofreu. Antes de tudo, ele é um ser humano que, mesmo condenado pela justiça, a civilização deveria impedir que fosse torturado, sendo a penalização exclusiva na forma da lei a única admissível. Força, portanto, companheiro. Você não está só.

PS: o CQC usou uma criança para humilhar Genoino. Que grande exemplo de cidadania esse menino recebeu. Aprendeu a tripudiar, a humilhar, a mentir e a ignorar os direitos e os sentimentos de um semelhante. Terá uma longa carreira na mídia que gerou a ditadura anterior, a qual não se limitou a torturar Genoino psicologicamente como fez o CQC.

Se tiver estômago, assista, abaixo, a uma legítima sessão de tortura. A uma punição extrajudicial que se choca com o próprio conceito de civilização. Do contrário, pule o vídeo e, logo abaixo, poderá ouvir a obra imorredoura de Chico Buarque: “Geni e o Zepelin”.


A tortura de Genoino pelo CQC 





Geni e o Zepelin


Postado no blog da Cidadania em 27/03/2013

Ouviu falar destas Marias?





Silvana Barbara

Nesta semana da Páscoa é muito comum a atenção maior dada a Jesus Cristo, o protagonista, por assim dizer, da chamada Semana Santa. São nestes dias que os(as) cristãos(ãs) se lembram com mais veemência sobre sua vida e morte. Porém, existiram personagens muito importantes que fizeram parte da vida de Cristo, e que não recebem a devida alusão nesta época. 

Tratam-se das mulheres que participaram da história de Jesus, as quais os Evangelhos Canônicos encobrem o que elas realmente foram e como contribuíram para divulgar a voz feminina, nos tempos em que as mulheres eram ainda mais inferiorizadas. Este post irá tratar das duas mulheres que fizeram parte da vida de Cristo com mais proximidade, as quais são Maria (sua mãe) e Maria Madalena.

Diferente dos Evangelhos Canônicos, que formam a base da Igreja Romana, os Evangelhos Apócrifos ou Gnósticos apresentam conteúdo e ensinamentos mais voltados para a importância do conhecimento e o lado humanizado das pessoas, inclusive de Jesus Cristo, que é apresentado como um homem mais revolucionário. 

São também nesta perspectiva que aparecem as duas mulheres mencionadas. Estas são dotadas de uma importante liderança, o que causava até mesmo uma certa inveja vinda dos apóstolos de Cristo.

Os Evangelhos Apócrifos são livros que não fazem parte do Cânon da Bíblia, mas que apareceram em paralelo com estas Escrituras.

Foram ocultados pela Igreja Romana por apresentarem ideais gnósticos, considerados como hereges. As Escrituras Apócrifas foram encontradas no ano de 1945, em Nag Hamadi, contando mais de 1950 anos.

Serão aqui destacadas algumas características de Maria, a mãe de Jesus, e Maria Madalena, baseadas na leitura do conteúdo dos Apócrifos que relatam sobre a vida destas mulheres.

Keisha Castle-Hughes no filme “The Nativity History” (2006).

Maria (a mãe de Jesus)

Deixando de lado o fato de Maria, a mãe de Jesus Cristo, ser uma mulher lutadora, os Evangelhos Canônicos a apresentam como uma passiva mãe, que ficava observando as ações de seu filho apenas como auxiliadora. Mas, pelos Apócrifos, Maria teve uma presença muito mais importante na vida de Cristo.

Maria exercia liderança na época, até mesmo sobre os apóstolos de Cristo. Era muito admirada e respeitada no templo pelos sacerdotes, algo que pode ser considerado bastante evoluído para aqueles tempos.

Desde muito jovem, Maria foi uma mulher à frente de seu tempo. Rejeitava casamentos, estudava (inclusive a Torá, livro sobre leis e conduta). Ela se opunha aos padrões e modo de vida imposto às mulheres pela sociedade. Além de estudar muito, era questionadora e não aceitava tudo que lhe diziam sem fazer alguma crítica. 

Vale lembrar que, se ainda hoje o sistema não aceita uma mulher à frente das decisões, na época de Maria era quase impossível, diante da soberania existente dos homens cristãos. Pelos Evangelhos Apócrifos, só poderia ser esta mulher determinada, que enfrentou muitos preconceitos, a mãe do homem que iria revolucionar o mundo.

Maria competia a liderança com homens, mas a subestimação a ela infiltrada pelos Evangelhos Canônicos, a coloca em um papel de apenas intercessora.

A relação de Maria com Jesus também é pouca explorada na Bíblia de Cânon. Neste livro, esta mulher é exaltada como a mãe de todos os cristãos, mas mostra poucas conversas entre mãe e filho. Alguns filmes sobre a vida de Cristo apresentam Maria como uma mulher que sentia a falta de seu filho ao seu lado, pois ele vivia na peregrinação. Por vezes, ela aparece até mesmo temerosa com o que possa acontecer com ele, como é o caso do filme “Maria, Filha de seu Filho”.

Já nos Evangelhos Apócrifos, há mais diálogos entre mãe e filho, dando inclusive a entender que eles se entendiam muito bem. 

Nestes Evangelhos, Jesus escuta mais sua mãe, revelando a importância dela em sua vida. Nos Canônicos, Cristo a trata com inferioridade, pois, na condição de mulher, não entende das ações para propagar as chamadas “Boas Novas”. Também se destaca a imagem de Maria como passiva e submissa, propagada pela Igreja.

Nos livros Apócrifos, a educação de Jesus era de responsabilidade somente de Maria. José, seu marido, não tinha a liderança, e era ela que tomava as rédeas.

A Maria, mulher líder e lutadora, precisa ser mais divulgada nas religiões. Infelizmente, o machismo da Igreja baniu da história esta imagem de uma mulher forte, que se igualava aos homens e se destacava na liderança.

Maria Madalena

Maria Madalena, pelos Apócrifos, foi a mulher que Cristo amou tanto a ponto de a ela informar sobre fatos e conhecimentos não revelados aos apóstolos.

Madalena falava aos apóstolos, com liderança, o que Jesus ocultava a eles. Por inveja, e se sentindo inferiores por Cristo fazer importantes revelações a uma mulher, os apóstolos duvidavam das palavras de Madalena.

Em trechos de seus Evangelhos, André e Pedro demonstram repúdio ao fato de Jesus, segundo eles, confiar mais em uma mulher no que neles.

Monica Bellucci como Maria Madalena no filme “A Paixão de Cristo” (2004).

Além da mulher muito amada por Cristo, pelos Apócrifos, Maria Madalena também foi uma liderança feminina, fato que ameaçava os apóstolos. Isto demonstra que Cristo valorizava a imagem das mulheres como lutadoras e líderes, diferente de como é mostrado na Bíblia.

E mais, os Apócrifos até mesmo questionam o fato de que Madalena foi realmente uma prostituta. Sabe-se que muitas mulheres, por sua independência e a maneira de como não se submetiam aos homens, eram consideradas prostitutas para que fossem esquecidas da história.

Na relação de Madalena com Jesus, nas Escrituras Apócrifas, ele é mostrado como mais humano, mais homem e menos santo, no sentido literal da palavra, o que a Igreja geralmente renega.

Madalena não era somente a companheira que escutava o que Jesus tinha a dizer. Ela acompanhava-o em suas andanças, ajudando a propagar uma nova revolução, as “Boas Novas”.

Segundo consta nos Apócrifos, Pedro era o apóstolo que mais se incomodava com a presença de Maria Madalena entre os homens que seguiam a Cristo. 

Sua intolerância a ela era tanta que chegou a pedir a Cristo para expulsá-la do grupo. Para Pedro, o fato daquela mulher tomar a palavra e não deixar espaço para os apóstolos, era um atrapalho. Madalena tinha muitos conhecimentos, sendo que estes formam a base do Gnosticismo, seita muito combatida pela Igreja.

Outro fato muito importante sobre Maria Madalena, é o de que na história ela não está relacionada com nenhum homem, ou seja, não é esposa, irmã ou filha. Trata-se de uma independência bastante curiosa para uma época em que dominava a supremacia masculina.

Madalena não é citada em livros importantes da Bíblia, como os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse. Isto indica que a presença de uma liderança feminina não era aceitável naquela sociedade patriarcal.

Jesus Cristo falava com Madalena sobre assuntos que, segundo ele mesmo diz, os apóstolos não entenderiam. Desta forma, tornou-se mais “viável” para o cristianismo apagar a imagem e existência de Madalena. Afinal, era um absurdo uma mulher ter mais espaço do que os homens. Então ela simplesmente desapareceu.

Ao contrário do que se observa na Bíblia do Cânon, a que a Igreja permitiu divulgar e está nos lares da maioria das famílias brasileiras, os Escritos Apócrifos reservam um espaço feminino em suas histórias. 

Muitas mulheres que se destacaram nos chamados Velho e Novo Testamento, caíram no ostracismo, pois não é interessante para a Igreja mostrar mulheres determinadas, lutadoras, que faziam questão de mostrar que estavam ali em igualdade com os homens. Inclusive muitas foram líderes muito mais eficazes, mas que ficaram no esquecimento.

O fato é que não se evolui. Os Evangelhos Apócrifos deveriam estar nas religiões que pregam o cristianismo, serem comentados, analisados e debatidos nas missas, incorporados em grupos de jovens e de orações, e divulgado amplamente. 

Mas isto não acontece porque as forças adquiridas pelas mulheres incomodam e, em religiões onde elas não ocupam determinadas posições, seria um risco causar uma perigosa revolução feminina e desbancar o patriarcado ainda existente.

* As referências sobre os Evangelhos Apócrifos são dos livros: Evangelhos Apócrifos (2007) e Apócrifos e Pseudo-Epígrafes (2004).

Postado no Blogueiras Feministas em 28/03/2013