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Manuela D´Ávila : Quando a maternidade e o afeto subvertem as regras da política tradicional






PUBLICADO NO PORTAL BRASIL DE FATO

POR ANELIZE MOREIRA


Homem, branco, casado, com 48 anos e ensino superior completo. Esse foi o retrato dos candidatos que disputaram as eleições de 2018, de acordo com Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foi nesse cenário eleitoral que uma mãe subverteu as regras da política tradicional, majoritariamente masculina, lançando-se ao desafio da corrida presidencial.

Manuela d’Ávila foi pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em 2017 e, em 2018, formou chapa como candidata a vice-presidente do Brasil, junto com Fernando Haddad (PT). Ela tinha uma única condição: continuar a maternar a sua filha Laura, na época com 2 anos.

Em um pleito permeado por discursos de ódio e fake news, a sororidade, o afeto, e a maternidade questionam as formas de ocupar os espaços de poder. Laura se acostumou com a dinâmica da campanha eleitoral, sem rotina, em hotéis, entre colos de amigos e militantes e as viagens que fez por 19 estados brasileiros.

Dos registros feitos em bilhetes, redes sociais e crônicas escritas por Manuela nasceu o livro “Revolução Laura”, uma narrativa de como a maternidade pode ser revolucionária.

“Quando a gente muda a nossa cultura vai achar estranho o pai que nunca está com os filhos. Alguém está. Esse alguém é a mãe. Isso tem relação com as mulheres não ocuparem o espaço público. É fácil, fácil para o homem. Quando desfila com o filho, vira mito.” Essa é a primeira ideia, já na orelha do livro sobre o que se trata a publicação que já vendeu mais de 15 mil cópias desde 8 de março.

A autora é gaúcha, jornalista, feminista e mestra em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na política foi vereadora, deputada federal e estadual. O Brasil de Fato conversou com Manuela d’Ávila sobre maternidade, política, infância, eleições, projeto de país, amor, Lula, ocupação de espaços e pautas das mulheres no governo Bolsonaro.

Confira a entrevista feita durante o lançamento no Armazém do Campo, em São Paulo, na última terça-feira (6).

Brasil de fato: Como surgiu a ideia do livro?

Manuela d’Ávila: Quando acabou a eleição no ano passado, uma amiga que é editora desse livro, a Cris Lisboa, que também foi minha colega de faculdade, pediu que eu me fizesse uma pergunta: se existia outra mulher amamentando minha filha enquanto concorreria a presidência e a vice-presidência do Brasil. Se a resposta fosse sim, era inexpressivo escrever, mas se fosse não, talvez fosse importante escrever.

Apesar de não ter a menor condição de assumir esse desafio, porque estava pra defender meu mestrado, decidi escrever. Como militante marxista, entendo que precisamos compreender o peso do trabalho reprodutivo, do trabalho não remunerado, como se dá a construção da opressão das mulheres na nossa sociedade e o impacto disso na participação das mulheres em espaços públicos.

O livro não é teórico, aliás, esse foi um dos grandes receios meus em escrevê-lo. O mais importante foi jogar luz sobre o assunto e mostrar que é muito difícil para as mulheres ocuparem esses espaços porque os homens exercem o poder, mesmo os de esquerda, com parâmetros absolutamente privilegiados que é a invisibilidade daquilo que nós fazemos.

Esse processo [descrito no livro] foi o que me salvou nessas eleições de tanto ódio, de tanta mentira. Se de um lado eu vivi a eleição mais violenta de todas, e fui o principal alvo de fake news, de outro viajei o Brasil inteiro, a maior parte do tempo junto com a Laura, embora não fossem todos os dias, porque sempre compartilhei com o meu companheiro os cuidados dela.

Diante de tanto ódio eu vi um levante de mulheres em torno do meu direito de estar com ela. Esse levante foi o que blindou os questionamentos todos da política tradicional em relação a minha militância vivendo a maternidade. Foi lindo.

O que é ser mãe em plena campanha eleitoral? Como foi ocupar um espaço tão machista e misógino?

A gente vive num país que acha razoável e até exige a presença de uma figura de primeira dama, mas faz questionamentos como: ‘seu marido não tem vontade de se envolver?’ Sim, é graças a nossa parceria que eu posso eu viver a minha vida em toda a sua potência, diferente da maior parte das mulheres.

As mesmas pessoas perguntavam assim: ‘a menina vai junto? tu não tem uma babá?’. Eu não tinha essas respostas, mas foi a maternidade, o meu espaço de viver a vida da forma mais coerente com o que eu acredito, não terceirizando cuidados, por exemplo. A Laura vai para creche desde um ano meio, mas além da creche eu decidi não terceirizar, ou seja, não tinha uma babá que andava comigo, isso não traria à tona a invisibilidade do trabalho das mães e dos pais.

Eu só tinha dois caminhos quando o PCdoB me perguntou se concorreria a presidência: não aceitar ou construir um caminho com a Laura. Nunca quis reproduzir um exercício de poder masculino. Quando falamos do poder nós estamos falando de uma lógica marcada por privilégios e o privilegio não é só ser homem branco. É ser um homem branco que utiliza do trabalho invisível das mulheres.

Se nós mulheres exercemos esse poder da mesma maneira, em última instância, estamos quase defendendo o feminismo liberal, que é a meritocracia. É difícil chegar aqui e eu estou nesse lugar dos homens desde os 22 anos. Não estou pra ser igual a eles, mas pra desvendar ou pra tornar claro quais são os mecanismos de exercício de poder deles.

Você traz no livro que a política é masculina e machista e não tem espaço para a ingenuidade e para a alegria das crianças: “Levar Laura comigo, tornou-se sem que eu percebesse uma forma de resistência a política que desumaniza”. Quais cobranças você teve por ser mãe e querer estar no trabalho com Laura? Como foi ocupar o Congresso com uma criança?

As pessoas no Brasil tratam as crianças como seres inaptos. Existe uma espécie de separação entre assunto de criança e assunto de adulto. Não existe isso, exceto assuntos como sexo, bebidas alcoólicas e coisas que pactuamos conscientemente que podem ser feitas por maiores de idade, o restante, todos os assuntos, são de todo mundo: a saúde, a doença, a morte, a vida. O que interessa é a forma como você vai conversar com alguém que está em outra etapa do desenvolvimento.

As pessoas não estimulam as crianças, elas são apartadas e protegidas depois são largadas nessa mesma sociedade. Em países com altos índices de desenvolvimento cientifico, tecnológico e humano há formas como licença dos pais e mães, a jornada de trabalho…enfim, porque isso impacta em tudo, na ideia de Previdência, nos serviços públicos, em tudo.

Se existem menos escolas e as mulheres vão ao trabalho, nos lugares que se tem mais redes de assistência às crianças, as mulheres são mais emancipadas, existe mais igualdade e as mulheres contribuem mais pra economia. Eu vivi todas as situações em que as pessoas expressavam que nenhum lugar era de criança, que lugar de criança é só onde tem brinquedo colorido de plástico, no Brasil.

Aqui [Armazém do Campo] não é lugar de criança? Porque não é lugar de criança? Minha filha sabe que a comida vem da terra desde sempre e vai desde que nasceu na feira. Feira é lugar de criança? Quem disse o que é e o que não é? A gente acaba criando um ambiente de não estimulo, de não cidadania para as crianças e isso tem um impacto grande no desenvolvimento delas e no desenvolvimento do nosso país.

O projeto de Brasil proposto por você e por Fernando Haddad era completamente distinto do que está acontecendo com governo Bolsonaro. O que seria diferente se vocês tivessem ganhado as eleições?

Seria completamente diferente. Primeiro porque a gente tem um sonho e eles constroem um pesadelo. A gente tem um sonho de um Brasil. Minha filha tem tudo em todos os aspectos, materiais, afetivos, em um mundo em que maior parte das crianças não tem nada. Nós somos aqueles que não nos conformamos que a minha filha tenha e os filhos dos outros não tenham. Eles são aqueles que os filhos têm, e [não se importam] se da porta pra fora tenha um legião de crianças sem. Isso não é uma diferença qualquer.

As razões pelas quais nós fazemos política são opostas às deles. Nós defendemos o Brasil, eles um nacionalismo fake. Nós amamos o Brasil e o nosso povo, eles odeiam o povo. Como podem ter um amor pelo Brasil se não amam o povo? Se não gostam de mulher, negros e a população LGBT, sobra quem? Quem são os normais do presidente Bolsonaro, eles próprios?

Se tivéssemos vencido as eleições seria absolutamente diferente. Estaríamos lutando para o Brasil gerar empregos. O desemprego do Brasil é avassalador. São quase 15 milhões de pessoas. A explicação para uma parte grande do sofrimento do nosso povo é essa, como se conformar? Qual a política de geração de emprego do governo Bolsonaro? São ações só pra retirar direitos, corta recursos do ensino fundamental e superior. Como ter perspectivas desenvolvimento sem educação no mundo de hoje?

O projeto deles é da morte dos sonhos. É o necrocapitalismo que administra quem vai viver e quem vai morrer e só vão viver os iguais à eles. Nós queremos que vivam todos e com diversidade, liberdade, direitos garantidos e dignidade.

Você esteve sempre ao lado do ex-presidente de Lula durante o julgamento e durante a prisão. Como você avalia esse processo de prisão política?

O significado da prisão é muito maior que a prisão de uma pessoa inocente. Lula é um inocente preso, mas o Brasil tem 40% da sua população carcerária sem julgamento, porque ele não é mais um dos inocentes presos? Porque a prisão do Lula faz parte de um plano de prisão do Brasil, a não possibilidade de liberdade para o nosso país construir um país soberano para o seu desenvolvimento.

A prisão do Lula é a prisão do Brasil aos EUA, esse modelo de capitalismo quebrado que eles pregam pra gente, embora desempenhem nas suas fronteiras. Esse Brasil que negocia liberdade das mulheres, dos LGBTs, e tem um governador (Wilson Witzel/PSC) que sobe em um helicóptero e atira em pobre? Em negros quem vivem em comunidades do Rio de Janeiro.

É essa a agressividade da prisão de Lula. É muito maior do que seria a condenação de um inocente sem nenhuma prova, é o esforço pra prender o nosso projeto de um Brasil livre e soberano.

Quem é a Manuela, mãe, mulher, política depois das eleições?

Se fosse uma equação matemática, sou alguém muito realizada de ter podido viver essa experiência de concorrer à vice-presidência do Brasil com 36 anos de idade.

Desde 17 anos, quando militava no movimento estudantil, viajei o país todo e tive possibilidade de viver esse Brasil de muitas formas mais intensas e apaixonantes. Tive a possibilidade de minha família também se apaixonar por esse Brasil que tem cores, sabores, que têm contradições gigantescas; os mares mais lindos do mundo e pessoas morando na rua.

Esse Brasil de contrastes é o país mais desigual do mundo, mas também é apaixonante. No saldo de gols, sinto que apesar de tanto ódio, as pessoas e a minha filha me salvaram. Me salvaram emocionalmente. Não foi uma eleição qualquer. É piegas, é brega, mas a força do afeto, do amor é muito mais transformadora do que a do ódio. E eu vivi isso na pele e sou testemunha disso. O amor é muito maior, isso o que nos diferencia e isso que pode nos mover. Nós temos amor, solidariedade e empatia e [sabemos] que a gente pode construir um mundo em que todas possam viver com dignidade. Essa foi a transformação na Manuela.

Tudo isso já existia em mim, mas cresceu. E, além disso, era jovem e fiquei grisalha após as eleições (risos).

Você falou nas redes sociais que já está escrevendo seu próximo livro. Qual o tema?

Vou entregar ele a daqui a 50 dias. Será sobre feminismo, suas razões, lutas, trazendo temas e conceitos de alguns debates atuais sobre a luta das mulheres.


Título: Revolução Laura: Reflexões sobre maternidade e resistência

Editora: Belas-Letras; Edição: 1st (4 de março de 2019) 

Capa comum: 192 páginas






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Baixe gratuitamente o livro sobre Chico Mendes, ilustrado por Ziraldo



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Você sabe quem foi Chico Mendes? Se a sua resposta for negativa, é necessário deixar claro, antes de qualquer coisa, que você precisa urgentemente conhecer a história deste que foi um dos mais importantes nomes do ativismo ambientalista no país.

Redação Conti Outra


Você sabe quem foi Chico Mendes? Se a sua resposta for negativa, é necessário deixar claro, antes de qualquer coisa, que você precisa urgentemente conhecer a história deste que foi um dos mais importantes nomes do ativismo ambientalista no país. Dito isto, e antes que você saia correndo para consultar qualquer mecanismo de busca na internet, informamos que você pode conhecer a trajetória de Chico Mendes de uma maneira muito mais lúdica e divertida do que imagina.

Preste atenção à melhor dica que você vai receber hoje: O portal Universo Educom disponibiliza, gratuitamente, o link para fazer o download completo do livro infantil “A história de Chiquinho”, criado numa parceria entre o Instituto Chico Mendes e o cartunista e escritor Ziraldo. A obra ajuda a compreender, de um jeito sensível e adequado à faixa etária infantil, a síntese da vida e atuação de Chico Mendes. Não é o máximo?!

Em suma, Chico Mendes foi um seringueiro que lutou a favor da preservação da floresta amazônica. Saber quem ele foi e conhecer a sua luta é entender melhor a história do nosso país e, ao mesmo tempo, treinar um olhar mais atento e crítico em relação às práticas que podem afetar o meio ambiente. E o livro “A história de Chiquinho”, disponível para download gratuito, é a oportunidade ideal para absorver esse conhecimento. Não dá pra discutir o fato de que as ilustrações de Ziraldo são um baita incentivo, não é mesmo?

Voltando à pergunta que iniciou este texto, caso você já conheça a vida e a obra de Chico Mendes, vale anotar uma sugestão: Que tal baixar o livro e ler para o seu filho, para o seu sobrinho, para o seu aluno, ou mesmo para a garotada do bairro? Espelhar conhecimento, afinal, sempre será a mais doce e nobre das tarefas.

Recentemente, no dia 11/02/2019 (uma segunda-feira), em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disparou declarações de deixar qualquer ambientalista brasileiro estarrecido. “Eu não conheço Chico Mendes e tenho dificuldade de falar sobre coisas que não conheço” e “O fato é que ele é irrelevante! Que diferença faz quem é o Chico Mendes nesse momento?!” são alguns exemplos de falas grosseiras que, além de terem sido reprovadas pela comunidade científico-ambiental também repercutiu amplamente na imprensa nacional. Clique aqui para assistir o programa na íntegra e tirar suas próprias conclusões.

Para evitar que a garotada cresça sem conhecer personalidades que tiveram importância histórica para o nosso país e para o mundo, é sempre bom buscarmos meios interessantes de incentivá-las a lerem, assistirem e ouvirem o que essas personalidades fizeram de relevante para a sociedade. Além do mais a educomunicação socioambiental, uma das vertentes da educomunicação, agradece.

Que tal começar baixando o livro e lendo para o seu filho, hein? Projetar na sala de aula e promover uma leitura coletiva também pode ser uma iniciativa super prática. Os mais animados podem pensar em elaborar cenários, figurinos e adaptação de roteiro para apresentar uma peça de teatro inspirado na publicação. Enfim, a criatividade é que manda!







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Enquanto um grande homem, Chico Mendes, foi morto por defender as florestas, alguns ignorantes estão destruindo ... Clique no link 










WUTHERING HEIGHTS ( O MORRO DOS VENTOS UIVANTES )





" Se ele te amasse com todas as forças de sua alma por uma vida inteira, ainda assim ele não te amaria tanto quanto eu te amo num único dia." 
 - O Morro dos Ventos Uivantes -




Adriana Helena


Algumas pessoas precisam apenas de uma única inspiração na vida para se tornarem eternas. Um único clarão, um único momento de conflito esclarecedor, um único dia de amor, ou de ódio... Assim foi com Emily Brontë e a sua inspiração máxima: “O Morro dos Ventos Uivantes”. O clássico da literatura britânica, e porque não dizer universal, brindou o mundo com uma história de amor tão complexa e intrigante que até para um leitor experiente tentar defini-lo seria como caminhar na corda bamba a uma altura acima das nuvens: perigoso demais. Venha comigo conhecer essa história tão forte que arrebata leitores e os deixa tão apaixonados quanto eu. 

Sobre a Autora e a Obra

A maioria de vocês, amantes das letras, pode nunca ter tido um contato mais íntimo com a obra prima de uma das irmãs Brontë; a Emily Brontë – que por medo de não ser aceita entre os escritores britânicos do século XIX, na esmagadora maioria, homens numa sociedade machista, se escondia por detrás do pseudônimo masculino de Ellis Bell –, mas com certeza, se realmente gostam e praticam a arte da leitura, no mínimo já ouviram falar em “O Morro dos Ventos Uivantes”. Nascida em Howarth, lugarejo isolado de Yorkshire, Inglaterra, escreveu um magnífico romance, demonstrando maturidade intelectual impressionante para pessoa de menos de trinta anos de idade. 


Emily Brontë 


A obra foi lançada em 1847, em pleno século XIX, recebendo, logo de seu lançamento, incisivas críticas pelo teor “nebuloso” e “pesado” demais para ser um enredo de amor. Ora, mas é claro que só poderia sair uma obra densa e pesada, pois a escritora viveu momentos tenebrosos em sua vida real. Acompanhe-me abaixo: 

A vida real e sofrida da autora, foi a grande inspiração para a sua obra-prima 

A família Brontë mudou-se para Haworth, no condado de Yorkshire, onde o pai assumiu como pároco a igreja local. Emily e suas irmãs Anne e Charlote tornaram-se escritoras, sendo Charlotte a mais famosa delas, autora de “Jane Eyre” e “O Professor”. A região era um tanto isolada na época e a família tinha sérios problemas com Patrick, o irmão alcoólatra, que morreu precocemente vítima de uma vida de excessos e de tuberculose. Muito do ambiente sombrio e tenso retratado em “O Morro dos Ventos Uivantes” é fruto das constantes discussões de Patrick com seu pai. 

De personalidade reclusa e muito tímida, Emily seguiu a irmã até a Bélgica, voltando em seguida para Haworth, onde gostava de caminhar e ler. Morreu de tuberculose aos 30 anos, sem conhecer o sucesso de seu livro. Anne morreu também vítima de tuberculose em 1849 e Charlotte, vítima da mesma doença faleceu em 1855. Especula-se que a água consumida na residência estivesse contaminada pela proximidade com o cemitério, já que os irmãos morreram da mesma doença. Denota-se que a vida real da autora desta obra grandiosa foi a maior inspiração dela. Abaixo as ruínas da casa que inspiraram Emily, local isolado localizado em Haworth, West Yorkshire, na Inglaterra. Bastante sombrio, por sinal, não acham?



Haworth, West Yorkshire, Inglaterra (Ruínas da casa que inspirou o Morro dos Ventos Uivantes)


A concepção do amor de Heathcliff & Catherine (Os Protagonistas)


No século XIX, em especial no Reino Unido, a concepção de “amor” destoava quase que completamente daquilo que estava sendo retratado entre o misterioso Heathcliff (emissor do sentimento) e a mimada e insegura Catherine (receptora do sentimento). Talvez aquilo não fosse amor, talvez fosse, na verdade, algo completamente distinto do amor, mas que ainda não tivesse sido definido de maneira a povoar a mente das pessoas. Pode o amor superar todos os obstáculos, inclusive a morte? Duas pessoas podem dividir a mesma alma? Perguntas intrigantes que fazem de “O Morro dos Ventos Uivantes”, único romance de sua escritora Emily Brontë, um dos livros mais populares do mundo. 

Análise e Resenha da Obra

Essa é a minha ideia da Casa do Morro dos Ventos Uivantes (Sinistro) 


O personagem Sr. Earnshaw precisou deixar por uns dias sua propriedade em Wuthering Heights (“morros uivantes”) para fazer uma pequena viagem à cidade de Liverpool. Voltou de lá três dias depois trazendo consigo “um menino sujo, roto, de cabelos pretos” que, ao ser posto de pé, “limitou-se a olhar em torno, engrolando palavras de uma algaravia que ninguém conseguia entender”.


Os filhos do Sr. Earnshaw – Hindley e Catherine – receberam mal o menino, tão física e socialmente diferente deles. A mesma antipatia foi demonstrada pela Srª. Earnshaw e até pela criada Ellen (ou Nelly) Dean. 


O rapaz foi defendido pelo Sr. Earnshaw, cujo desejo de amparar o pequeno “cigano” acabou não conseguindo se sobrepor às convenções sociais britânicas, entranhadas também em Wuthering Heights. Isso apesar de a sociedade hierárquica conceber o patriarca Earnshaw como líder no universo privado da propriedade dos morros uivantes. 

Pois ocorre que o poder do chefe de família não era absoluto: estava submetido a fatos sociais – a regras explícitas ou implicitamente estabelecidas, oriundas de estratificações econômicas, étnicas e culturais vigentes. O rapaz que ele trouxera das ruas de Liverpool seria sempre um estranho naquele meio burguês, como se evidencia no fato de que recebera novo nome (desprezando a validade da sua história pregressa), mas permanecendo sem sobrenome, como um ser sem família na verdade, apesar de aparentemente “adotado” pelos Earnshaw. Diferente de todas as pessoas com quem viria a conviver, seu nome completo seria apenas: Heathcliff. 


Heathcliff


Aos poucos a pequena Srtª. Earnshaw foi se afeiçoando ao garoto agregado à família. E ele, também, começou a se alegrar com a companhia dessa menina a quem chamava pelo primeiro nome, Catherine, ou mesmo pelo apelido de Cathy, sem a menor cerimônia. Em suas brincadeiras, correndo pelo campo, sujos e arranhados, era como se tivessem criado um mundo só para si. Era um universo sem preconceitos étnicos, classes sociais, hierarquias ou conveniências de salão – um mundo de sonho, liberto das amarras da economia, da política ou de convenções familiares e comportamentais.

Catherine


Mas o monstro da realidade começou cedo a se esgueirar pelos caminhos ingenuamente trilhados pelas duas crianças. Hindley, irmão de Cathy, maltrata Heathcliff. A governanta Neally Dean, apesar de se contrapor aos maus tratos, também reclama da “vida selvagem” que Catherine vinha levando junto ao irmão adotivo. Com a morte do Sr. Earnshaw, Heathcliff é rebaixado, por Hindley, a simples empregado de estábulo. As barreiras de classe vão se tornando cada vez mais sólidas: de um lado, o universo rústico, iletrado, selvagem, pobre; de outro, o meio chique, bem comportado, aristocrático, elitista. A alternativa que se apresenta para Catherine é a escolha entre: o óbvio, já socialmente esperado, casamento dentro de sua classe; ou uma fantástica, talvez impossível, união a Heathcliff.

Esse dilema da diferença econômica entre apaixonados é usual dentro das tramas do Romantismo, escola literária a que o romance de Emily Brontë se filia. 


O romance O Morro dos Ventos Uivantes escapa dos cacoetes comuns do Romantismo. Pois nesse livro magnífico não se personifica o adversário do casal apaixonado: não há, por exemplo, um pai malvado a proibir a união de Catherine e Heathcliff. O adversário está dissolvido no ar como um fantasma: são convenções sociais difusas, dificuldades econômicas, preconceitos e segregações mal confessadas. Vê-se que não há proibição explícita ao casamento dos dois enamorados: é o mundo prático que se coloca como barreira entre eles. De que viveriam? Onde arranjariam trabalho? Como e em que meio criariam seus filhos, sem dispor de empregados ou de todo o aparato doméstico a que Cathy se acostumara desde a primeira infância? Como suportar os preconceitos de que seriam vítimas no dia a dia? O olhar pela janela tornava-se cada vez mais esmaecido e nebuloso ao casal apaixonado... 


A janela em o fantasma de Cathy implorava seu ingresso à Heathcliff, na casa do Morro dos Ventos Uivantes 


Catherine acaba se casando com Edgar Linton, um homem convencional, bem educado e rico. Mas não se pense que ela seja mostrada de maneira simplória como uma interesseira. Cathy sofreu muito, dilacerada entre o amor selvagem e sem futuro pelo antigo amigo Heathcliff e a afeição que sentia por seu promissor pretendente Edgar. Este, por sua vez, não é o vilão que costuma aparecer em romances românticos usuais colocando-se entre o casal protagonista.





Após longa ausência ruminando seus ressentimentos, o ultrarromântico Heathcliff retorna para se vingar. Os alvos são: Hindley Earnshaw (o “irmão de criação” que o espezinhou na infância e o humilhou na idade adulta) e Edgar Linton, que conquistara o amor de Catherine. Esta, no entanto, também não deixa de se tornar odiosa aos olhos do contraditório Heathcliff, que – ao mesmo tempo – a ama com loucura, a ponto de profanar o seu túmulo e com ela lá se aninhar após a morte de Caty...

Eterno rancoroso, Heathcliff põe em curso uma revanche sem fim. Casa-se sem amor com Isabela (irmã de Hindley) apenas para infligir sofrimento à família Linton, na qual sua amada Cathy ingressara pelo casamento. A mesma tortura se estende depois a Hareton (filho de Hindley), de quem se torna um tutor perverso e embrutecedor após diversos estratagemas. Maltrata também o próprio filho, por seu parentesco com os Linton. Pela mesma razão, hostiliza a pequena Cathy, filha de sua adorada Catherine Earnshaw.


Heathcliff é, então, o vilão da trama? Em determinados momentos ele se parece mais com um herói romântico, noutros é quase um demônio. Os personagens são multifacetados, tal qual na vida real, apesar do exagero na dramaticidade dos conflitos que se dão entre eles.

Emily Brontë nos guia pelos mais profundos vales da psicologia humana, levando em conta com mestria os aspectos sociais que nos conduzem a eles. E no final, o casal descansa em seus túmulos, unidos na vida e na morte... 




Conclusão

O livro é muito denso, com passagens tocantes e diálogos profundos, tendo causado certo escândalo na época de sua publicação. Mas certamente narra uma história tão forte, com personagens tão complexos e apaixonantes que muitas pessoas o tem como livro preferido e o guardam pela vida como eu. Ao terminar a leitura, tem-se a impressão que você estava naquele lugar e foi testemunha de todas as histórias contadas por Elen "Nelly"Dean, ao pé da lareira. Claro que o drama é geral, a dor é intensa e parece que tudo é só sofrimento, mas só posso dizer que vale a pena no final. Recomendo a todos um passeio à cavalo pelas charnecas e uma visitinha ao sítio do Morro dos Ventos Uivantes. Tenho certeza que vai gostar! 




O vídeo com a canção de Kate Bush que editei, narrando essa história magnífica


Kate Bush 


♪♫ Wuthering Heights é uma canção escrita por Kate Bush e lançada em 1978. Ela é considerada a 32ª melhor canção de todos os tempos por sua beleza lírica. Kate Bush escreveu a letra da música quando tinha apenas 18 anos, baseando-se no icônico livro de Emily Brontë. 

Bush leu o livro Ö Morro dos Ventos Uivantes" e descobriu que havia nascido no mesmo dia que Brontë, a escritora. A música, a última escrita e última a ser gravada para seu álbum de estreia, foi criada no piano em algumas horas numa madrugada. Um verdadeiro clássico!! 


♪♫A letra é feita do ponto de vista de Catherine, que implora na janela de Heathcliff que ele a deixe entrar. Esta cena romântica tem um lado sinistro considerando-se os eventos do livro, já que Catherine pode ser um fantasma chamando o amado para juntar-se a ela na morte.


Amigos, para editar o vídeo, em razão da força da história, usei de quatro particularidades nas imagens. Iniciei com as paisagens da casa do Morro e depois intercalei com cenas dos filmes do Morro dos Ventos Uivantes de 1992, com os atores Ralph Fiennes & Juliette Binoche, tendo um estilo mais gótico, inserindo também trechos de cenas da série -O Morro dos Ventos Uivantes de 2009 - este com Tom Hardy (Heathcliff) e Charlotte Riley (Catherine), cujo trabalho foi dividido em dois capítulos e que traz o Heathcliff mais atraente e perigoso de todos. Termino o vídeo com imagens reais do local da casa do Morro em West Yorkshire, Inglaterra, que inspiraram Emily a criar uma dos maiores obras de todos os tempos. Tomara que aprecie! Recomendo imensamente!!







Biografia inspiradora:


https://homoliteratus.com/fantasma-o-morro-dos-ventos-uivantes/
https://cinemaclassico.com/listas/o-morro-dos-ventos-uivantes-telas/
Imagens do Google imagens e Tumblr, Gif criado por Adriana Helena
Vídeo do Canal de Adriana Helena no YouTube




Postado em Vivendo Bem Feliz









Ler . . . faz bem !



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" Bendito, bendito é aquele que semeia livros,

livros a mão cheia e manda o povo pensar;

o livro caindo na alma,

é germe que faz a palma,

é chuva que faz o mar."

(Castro Alves)




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Zé Zuca : compositor da música Livros cantada no vídeo acima.




CD : O Melhor de Zé Zuca


Música : Livros


Eu vou chamar você pra ver
o novo livro que eu comprei pra gente ler (Bis)
posso cantar nesta canção
que meus amigos estão lendo de montão

Livros, livros, livros
Pinóquio e Cinderela estão na sala de leitura
livros, livros, livros
eu quero passear no mundo da literatura

Livros, livros, livros
Emília e Rabicó estão na sala de leitura
livros, livros, livros
eu quero passear no mundo da literatura

Livros, livros, livros
Pererê e tininim estão na sala de leitura
livros, livros, livros
eu quero passear no mundo da literatura

Livros, livros, livros
Moby Dick e Peter Pan estão na sala de leitura
livros, livros, livros

eu quero passear no mundo da literatura



Um gato de rua chamado Bob : a força do amor que cura e salva




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O amor de um animal nunca irá nos decepcionar. Nunca.


Marcel Camargo

O livro “Um gato de rua chamado Bob”, que rendeu uma versão cinematográfica em 2016, conta a história de vida de James Bowen, ex-dependente químico e ex-morador de rua, que conseguiu se recuperar da própria perdição com a ajuda de um gatinho chamado Bob. Tanto para os amantes de animais, em especial os felinos, quanto para leitores que gostam de histórias de amor, a leitura é agradável e encantadora.

James teve uma infância conturbada, seus pais se separaram quando ele era criança e, a partir de então, junto com sua mãe, ele se mudava frequentemente de país e, consequentemente, de escola. Não conseguindo se adequar aos papéis sociais, tendo sofrido bullying, acaba se tornando um adolescente rebelde e desajustado, a ponto de abandonar os estudos na adolescência. Sua jornada com drogas se torna intensa, levando-o às ruas, ao fundo do poço, ao anonimato urbano.


James sobrevive tocando guitarra e cantando pelas esquinas, mas nada parece fazer sentido. Quando já se encontrava em tratamento de desintoxicação, morando em apartamento subvencionado, encontra um gato machucado pelos corredores e passa a cuidar dele, dando-lhe o nome de Bob. A partir de então, sua vida muda completamente, aos poucos, mas de uma forma profundamente transformadora, trazendo a ambos experiências que estreitam os laços entre o homem e o felino. O amor chega e fica. E arrebata.



Uma das transformações mais fortes foi a humanização de James que o gato trouxe. Quando vagava sozinho pelas ruas, James não era ninguém, sentia-se um nada, pois era totalmente ignorado. Quando começa a andar e a tocar com o Bob a tiracolo, passa a ser enxergado pelas pessoas, volta a se sentir alguém que existe, alguém que é gente. Os olhos alheios voltam-se novamente para ele, que antes vivia despercebido na multidão.





Além de mudar a relação das pessoas com James, Bob também muda a percepção que o músico tinha das pessoas, do mundo. O músico passa a ter responsabilidade sobre o outro, sobre Bob. Ele ama e se sente amado de volta, tornando-se útil, porque agora tinha alguém que dependia dele. Ao mesmo tempo, como ele mesmo escreve, as pessoas passaram a julgá-lo de forma mais justa, porque somente conseguiram criar empatia em relação ao músico, a partir do momento em que ele se materializou como pessoa, com o Bob em seu ombro. 

Ler as aventuras de James e de Bob nos traz grandes ensinamentos e reflexões, simplesmente porque a história se reveste de amor, do início ao fim. A ausência de amor levou James a caminhos sombrios e autodestrutivos, dos quais somente é resgatado quando vivencia o amor, o amor recíproco e verdadeiro, junto ao gatinho Bob. Assim, ele conseguiu se amar e, amando-se, foi capaz de amar o outro, amar a vida, pois amou com volta. E se curou. E se salvou da vida e de si mesmo. E fim.



Nota da CONTI outra: uma curiosidade sobre o filme, para quem ficou curioso para ver, é que o gato que faz o personagem Bob é o próprio Bob! Logo, se você se apaixonou por ele, essa é sua chance de conhecê-lo um pouco melhor.

Segue o Trailer do filme:




Postado em Conti Outra




Obrigado, Doutor ! Obrigado, Cuba ! Fotógrafo registra impacto do Mais Médicos no interior do Brasil


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Araquém Alcântara, natural de Florianópolis, é um dos mais importantes fotógrafos brasileiros da atualidade. Autor de 47 livros e vencedor de 35 prêmios nacionais e internacionais, desde 1970 dedica-se à documentação do povo e da natureza do Brasil.

Em 2015, Araquém percorreu 38 cidades de 20 estados para testemunhar o papel do programa Mais Médicos nas comunidades do interior.

O resultado é o livro Mais Médicos, da editora Terrabrasil com mais de 100 fotos dos doutores - brasileiros e estrangeiros - e seus pacientes nos povoados onde vivem e atuam.

“Nesse percurso deu para perceber a mudança de paradigma que esse programa trouxe ao Brasil. Principalmente aos desassistidos que começaram a sentir o apoio, a presença do Estado”, disse o fotógrafo em entrevista à Organização Mundial da Saúde em 2016.




Créditos das imagens: Araquém Alcântara


Postado em Conversa Afiada



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Araquém Alcântara, autor das fotos e do livro Mais Médicos


Reuters : Em protesto contra o presidente eleito no Brasil Jair Bolsonaro, Cuba decidiu abandonar o programa Mais Médicos; segundo o Ministério da Saúde cubano, Bolsonaro, "com referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, declarou e reiterou que modificará os termos e condições do Programa Mais Médicos, com desrespeito à Organização Pan-Americana da Saúde". 

Nos cinco anos do programa, os 20 mil médicos cubanos atenderam mais de 113 milhões de pacientes; "mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história", diz o documento do governo cubano.


Clique nos links abaixo para ler mais sobre a saída dos médicos cubanos do Brasil : 



Estupidez ideológica tira 8.000 médicos do país

Bolsonaro cria o ‘Menos Médicos’ e deixa 24 milhões de brasileiros sem saúde





A construção do caos e a vida de Lula







Por Wellington Calasans, para o Duplo Expresso

O STF ficou do tamanho que sempre foi antes de ser o foco dos holofotes. Não há nada de novo nesta casa que historicamente tem servido apenas para legitimar o arbítrio dos ricos contra os pobres. Negar o seu próprio papel através da omissão, ao dar poderes de prisão a partir da condenação em segunda instância, é apenas uma reafirmação disso. Mais ainda quando o processo é nulo, cheio de arbitrariedades. É o mesmo que atestar a inutilidade desta instituição, visivelmente rendida à Rede Globo e ao capital financeiro.

Observar Honduras e Paraguai, com a mesma Embaixadora dos EUA – Liliana Ayalde, não foi suficiente para que no Brasil houvesse uma vacina contra esse mesmo modelo de golpe, forjado sob argumentos pífios. Leis foram criadas para fortalecer instituições já cooptadas pelos donos do dinheiro. A outorga de poderes que desafiavam a própria democracia viraram leis, e agora legitimam os abusos.

O acatamento da “lista tríplice” de nomes para a PGR e o STF foi outro erro. Gilmar Mendes, herança nada republicana deixada por FHC, já era um exemplo de que o republicanismo deveria ser visto como algo a ser aplicado em uma república séria, não no caso do Brasil. Cinco dos atuais juízes do STF resultaram deste critério infeliz. Na PGR, Rodrigo Janot ratificara esta infelicidade. O excesso de poder ao Judiciário arruinou o sonhado respeito à República.

O cenário previsto pela CIA em um vídeo amplamente divulgado na internet em 2016, deixava claro que o caos nos países é a nova estratégia de atuação dos EUA nos alvos escolhidos para o ataque. Manipular processos democráticos e impedir candidaturas populares são etapas seguintes desta invasão silenciosa.

Para os EUA sempre haverá tolerância aos crimes de guerra, como aqueles vistos no Iraque e na Líbia, por exemplo, com flagrantes violações dos direitos humanos. Mas quando os ataques e saques são contra “nações amigas”, a exemplo do Brasil, ocorre uma sofisticada estratégia de invasão que tem sido chamada de guerra híbrida. No caso brasileiro a principal ação de sombra é o uso da chantagem a autoridades – e.g., políticos, juízes, procuradors – cujas vidas são esquadrinhadas. Suspeitas de corrupção, a permanecer – ou não – como dossiês não publicados, são utilizadas como forma de força-los a entregar o próprio país.

No lugar de bombas, drones e tiros, representantes de diferentes instituições foram sequestrados ou cooptados pelo capital financeiro transnacional, que instrumentaliza o aparato dos serviços de inteligência do Império Anglo. Em resposta, entregam as nossas riquezas, destroem a soberania nacional e o Estado social.

A Lava Jato, liderada pelo juiz Sérgio Moro, foi projetada para destruir o Brasil. Contou com a subserviência antinacional da imprensa. A destruição (nada) “criativa” do capitalismo brasileiro era, inclusive, apresentada pela mídia como algo “positivo”. O tempo, suficiente para o cumprimento da missão, revelou que não passava de mais uma farsa do Império. Uma ferramenta de destruição econômica que, na política local (e também em outros países da América Latina), serviu ainda como meio de perseguição aos desafetos da elite local, aliada aos invasores. Sempre no intento de acabar com qualquer possibilidade de reconstrução de um país ou sociedade civil organizada.

É uma guerra imposta ao povo e que só é percebida quando todos os mecanismos de defesa já estão destruídos. Lula é a última barreira para a consumação da terra arrasada. Impedi-lo de ser candidato, solto, já não mais satisfaz, dada a influência que conservaria. Mais que isso, a própria prisão não é, de acordo com a Lei (a ressalva se faz necessária), certeza do seu impedimento.

Querem, portanto, a morte desse líder popular!

Lula precisa do apoio de todos, não apenas de militantes do PT, como erroneamente tem sido divulgado nas redes sociais. Lula é um patrimônio do povo brasileiro. O mundo precisa saber o que verdadeiramente acontece no Brasil. Lula precisa romper seu “cordão de conselheiros”. E gritar para todos a partir das dependências de uma embaixada capaz de resistir à pressão imperial – que virá.

Ao optar por este caminho, terá a oportunidade de fazer a sua campanha através de telões espalhados em todo o país, simultaneamente. Conversará com o povo, denunciando ao mundo os absurdos vividos no Brasil. Assange e Snowden fizeram isso e estão vivos. Conservam o respeito que adquiriram. Já passou da hora de parar de fingir que o inimigo é apenas interno!

O Brasil não pode ser menos importante do que as biografias de Dilma e Lula. A primeira não evitou o golpe; o segundo precisa entender que não será um novo Mandela. A tão negligenciada politização da sociedade ocorrerá de forma intensiva, quase à fórceps. Qualquer governo eleito sem o direito do povo escolher Lula, irá sucumbir em poucos meses. Vivo, Lula é uma ameaça ao êxito do golpe.

Todos por Lula.

E Lula por todos.


Postado em Duplo Expresso em 12/03/2018









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Lançamento de A verdade Vencerá : o povo sabe por que me condenam, do 

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 


No dia 16 de março de 2018, Lula participa de ato de lançamento de seu livro A verdade vencerá : o povo sabe por que me condenam (Boitempo) em São Paulo.

Aberto e gratuito ao público em geral, o evento contará também com a presença (a confirmar) de Luis Fernando Verissimo, Juca Kfouri, Maria Inês Nassif, Eric Nepomuceno, Luiz Felipe de Alencastro, Gilberto Maringoni, Luis Felipe Miguel, Camilo Vannuchi, Mauro Lopes, Ivana Jinkings e Rafael Valim, todos colaboradores do livro.

" Não fui eleito para virar o que eles são, eu fui eleito para ser quem eu sou. Tenho orgulho de ter sabido viver do outro lado sem esquecer quem eu era."
– Luiz Inácio Lula da Silva -


18h
Sindicato dos Químicos de São Paulo
Rua Tamandaré, 348, Liberdade | São Paulo, SP
Entrada gratuita e aberta ao público em geral.


Às vésperas do desfecho de uma guerra jurídica sem precedentes chega às livrarias o livro A verdade vencerá: o povo sabe por que me condenam, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O lançamento se situa em um momento crucial da vida de um dos maiores políticos da história brasileira, na virada de fevereiro para março de 2018, enquanto o país aguarda a decisão do Poder Judiciário sobre sua prisão em decorrência da perseguição movida pela operação Lava Jato.

O coração da obra são as 124 páginas, de um total de 216, que apresentam um retrato fiel do ex-presidente no presente contexto em formato de uma longa entrevista concedida aos jornalistas Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, ao professor de relações internacionais Gilberto Maringoni e à editora Ivana Jinkings, fundadora e diretora da editora Boitempo. Foram horas de conversa aberta e sem temas proibidos, divididas em três rodadas, que aconteceram no Instituto Lula, em São Paulo, nos dias 7, 15 e 28 de fevereiro.

Entre os principais temas discutidos, ganha destaque a análise inédita do ex-presidente sobre os bastidores políticos dos últimos anos e o que levou o Partido dos Trabalhadores a perder o poder após a reeleição de Dilma Rousseff. Lula também fala sobre as eleições de 2018 e suas perspectivas e esperanças para o País.

Organizada por Ivana Jinkings, com a colaboração de Gilberto Maringoni, Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, a obra traz ainda textos de Eric Nepomuceno, Luis Fernando Verissimo, Luis Felipe Miguel e Rafael Valim. Além disso, a edição é acrescida de uma cronologia da vida de Lula, organizada pelo jornalista Camilo Vannuchi, texto de capa do historiador Luiz Felipe de Alencastro e dois cadernos com fotos históricas, dos tempos no sindicato à presidência, passando pelas recentes caravanas e manifestações de rua.

A verdade Vencerá: o povo sabe por que me condenam estará disponível em livrarias de todo o Brasil a partir do 16 de março de 2018. O evento de lançamento acontecerá na mesma data, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.