Mostrando postagens com marcador intolerância. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador intolerância. Mostrar todas as postagens

O fascismo tem rosto . . .



Resultado de imagem para bolsonaro fascismo









Veja porque o Deputado Jair Bolsonaro tem seguidores e poderá ter 

milhares de votos em 2018 !






Resultado de imagem para bolsonaro fascismo



Resultado de imagem para bolsonaro fascismo

Filho de Bolsonaro, com o cartaz na mão, é deputado federal


Ver imagem no Twitter


DICA PARA A REDAÇÃO DO ENEM QUANDO BOLSONARO FOR ELEITO PRESIDENTE EM 2018 - direitos humanos: esterco da vagabundagem.




Escreva que quer torturar, assassinar, solte os monstros. STF liberou geral o ENEM




Resultado de imagem para stf charge



Fernando Brito

Pensa que uma das funções da pedagogia é humanizar, ensinar a conviver, a respeitar, a encarar cada ser humano como essencialmente igual a você?

Esqueça.

A Ministra Cármem Lúcia acaba de atender o Escola Sem Partido e proibir que se “zere” redações do Enem que começa amanhã que em que se vilipendiem os direitos humanos propondo, entre outras coisas, “defesa de tortura, mutilação, execução sumária e qualquer forma de “justiça com as próprias mãos”.

Os nossos juízes acham que redação é uma mera “técnica”, dissociada do que contem. Como devem achar que Direito é uma técnica, dissociada do que produz para a sociedade e para o indivíduo.

E, como é só uma técnica, não há nenhuma importância em que alguém expresse por ela ódio, desumanidade, racismo, sadismo, nazismo.

E, se pode na redação do Enem, por que não poderia no Facebook, no Instagram, no Twitter?

E por que não pode na rua, no metrô, no ônibus?

É inacreditável que essa senhora que preside, do alto de sua pequenez mental, o Supremo Tribunal Federal, tenha esquecido que a principal e saudável função da lei é estabelecer parâmetros mínimos de convívio social e a expressão em textos – a redação – é uma destas formas de relacionamento, porque algo está sendo escrito para ser lido e não se trata de um onanismo gráfico.

Se o que se expressa é uma monstruosidade, a ministra colabora para que um monstro, possivelmente à custa do dinheiro da sociedade, sinta-se à vontade para cursar uma universidade para aprimorar sua monstruosidade.

O Doutor Menguele bem que poderia dizer que o que fazia era “ um procedimento técnico ” na Medicina.

Vai ser muito curioso o dia em que alguém desta tal “ Escola Sem Partido ” for perguntado que nota teria uma redação fazendo a apologia da pedofilia que, agora, para eles, parece ser o maior mal do Brasil e do mundo?

Eu poderia usar as idéias que a Dra. Cármem “ liberou geral ” para me referir a ela e ao Judiciário.

Quem sabe eu mereceria um dez pela boa redação?



Postado em Tijolaço em 04/11/2017




:







A família Bolsonaro comemora uma pauta que conseguiu concretizar sem nem mesmo ter começado oficialmente a corrida eleitoral de 2018: o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou redações que ferem os direitos humanos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que começa neste domingo (5).

Para se ter uma ideia de quanto a ministra Cármen Lúcia atende aos interesses ultraconservadores de Bolsonaro e cia, um dos filhos do deputado federal já ironizava com o tema pouco antes do Supremo negar o pedido da procuradoria-geral da República para que as redações que afrontassem os direitos humanos fosse zeradas.

“DICA PARA A REDAÇÃO DO ENEM QUANDO BOLSONARO FOR ELEITO PRESIDENTE EM 2018 – direitos humanos: esterco da vagabundagem.”, tuitou o vereador Carlos Bolsonaro.

A possibilidade de afrontar os direitos humanos sob o guarda chuva da “liberdade de expressão” sem ser punido e, mais do que isso, a demonização do conceito de direitos humanos sempre associado à “vagabundagem” é uma velha pauta dessa ultradireita que encabeça projetos lunáticos e retrógados como o “escola sem partido”.

Para se ter uma ideia, a decisão da ministra Cármen Lúcia nega um pedido da PGR para suspender a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou recentemente a revogação da regra prevista no edital do exame. A decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por sua vez, atendeu a um pedido da Associação “Escola Sem Partido”, que alegou que a regra atentava contra a liberdade de expressão.

Bolsonaro é o mais popular defensor do “escola sem partido”, proposta que vem sendo discutida em inúmeras assembleias estaduais e que visa limitar a liberdade pedagógica dos docentes com base na falácia de que eles estariam “doutrinando” os alunos com ideologias de esquerda. A ideia já foi rechaçada e criticada pela maior parte dos conselhos e entidades educacionais mais respeitadas do país.



DICA PARA A REDAÇÃO DO ENEM QUANDO BOLSONARO FOR ELEITO PRESIDENTE EM 2018 - direitos humanos: esterco da vagabundagem.




Contra o obscurantismo, somos todos Paulo Freire



Resultado de imagem para paulo freire







Ato na PUC de São Paulo manifestou apoio ao educador e defesa de educação popular





São Paulo – Para participantes de ato em apoio a Paulo Freire realizado nesta segunda-feira (23), na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, os recentes ataques ao educador miram a escola pública e a democracia brasileira. Alguns falaram em “obscurantismo” e “tempos sombrios”, ao citar o momento político do país. Um movimento conservador defende a revogação do título de Patrono da Educação Brasileira dado a Freire em 2012.

Para o professor Moacir Gadotti, presidente do Instituto Paulo Freire, o país vive um “apequenamento” desde o ano passado. Segundo ele, a questão envolve não apenas o educador: “É justamente a educação pública brasileira e a educação democrática, sobretudo. Uma educação que conquistamos em parte”.

Ele credita os ataques à falta de reflexão e de conhecimento. “Quando você não tem argumento, acaba usando do preconceito, da ignorância, quando não do ódio”, disse Gadotti, citando o próprio Freire, de quem foi amigo durante mais de duas décadas: “Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação. É esse o caminho”.

Gadotti evocou o perfil “agregador” de Freire para a importância de uma reação, citando o manifesto em defesa do educador e da educação pública. “Está nascendo um movimento que vai congregar, que nos ajudará a superar certa apatia, certa perplexidade. É um pretexto para ampliar nossa luta contra essa desconstrução da democracia, essa piora das políticas públicas e essas políticas regressivas”, acrescentou.

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, também considera que a escola pública é o alvo da campanha contra Paulo Freire. Alguns dos críticos, inclusive, admitem que nem sequer leram alguma obra do educador: “Colocar Paulo Freire no centro das discussões talvez seja o único caminho para a gente vencer esse debate.”

A professora Ana Maria Saul, que trabalhou com Paulo Freire na PUC (durante 17 anos) e na Secretaria Municipal da Educação (entre o final dos anos 1980 e início dos 1990), enfatizou a defesa do educador “com uma pedagogia que se compromete com a humanização, contra a opressão”.

Autora do projeto que em 2012 deu origem à Lei 12.612, tornando Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira, a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) lembrou da aplicação de métodos do educador com trabalhadores rurais na Paraíba, seu estado de origem, e citou a atuação de Dom José Maria Pires, arcebispo emérito paraibano, que morreu em agosto – era também conhecido como Dom Zumbi. Eleita prefeita de São Paulo no final de 1988, ainda pelo PT, ela recordou do convite feito por telefone – prontamente aceito, para sua surpresa – para que Freire assumisse a Secretaria da Educação.

“Ele é mais louvado, referenciado, lá fora. Aqui é um atraso histórico, atávico. Vamos acumular força política para ir além da manutenção do título. Vamos reagir a esse obscurantismo, a essa desgraça de governo. Paulo Freire vive”, exclamou Erundina, ao lado de Ana Maria Araújo Freire, a Nita, viúva do educador, que morreu em 1997.

Tolerância e amor

Segundo Nita, ele era um homem “extremamente amoroso”, que todo sábado e domingo perguntava: “O que tu queres fazer hoje?”, que sempre proporcionou proteção, sem nunca dar ordens ou decidir por ela.

E reagiu a quem o chama de “comunista”, como os defensores da revogação do título: “Ele era socialista e queria uma organização (política) a partir das necessidades brasileiras. Ele queria um socialismo construído pela população”, disse Nita, que conheceu Paulo Freire ainda pequena, em Recife – ambos se casaram depois de viúvos, em 1986.

Ela lamentou que o Brasil atual esteja “dilapidado” e sob ataques de movimentos de extrema-direita. Lembrou de uma mensagem de Chico Buarque, recebida depois do título de patrono: “É o Brasil dizendo que merece Paulo Freire”.

Segundo Nita, o educador sempre foi uma pessoa capaz de “agregar diferentes”.

“Tolerância e capacidade de amar foram os sentimentos mais fortes na vida de Paulo”, disse Nita. “Luto por um homem que foi um dos maiores intelectuais deste país, um dos maiores educadores do mundo, mas luto também pelo homem que amei a cada dia dos 10 anos que vivemos juntos.”


Leia também:




Postado em Viomundo em 24/10/2017



Resultado de imagem para paulo freire



Imagem relacionada



Resultado de imagem para paulo freire



Imagem relacionada



Resultado de imagem para paulo freire




O que está acontecendo no mundo ? Estamos mesmo no século XXI ?



Resultado de imagem para Felipe Castanhari






Radicais fascistas, analfabetos políticos, midiotas agridem Letícia Sabatella



:



A atriz Letícia Sabatela foi agredida neste domingo (31) em Curitiba quando parou para conversar com uma pessoa próximo de onde se concentrava um grupo que participaria logo depois de um protesto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. A agressão foi filmada pela atriz e publicada no Instagram (leticia_sabatella).

No vídeo divlugado pela atriz ouve-se gritaria e uma profusão de insultos como "sem-vergonha, "acabou a mamata", “sua puta”, “chora, petista”, “nossa bandeira jamais será vermelha”, e “vai embora, tira ela daí”. Letícia limitou-se a dizer que a turma de agressores não era democrática.

Na postagem, ela desabafa: “Não fui provocar ninguém, passava pela praça antes de começar a manifestação e parei pra conversar com uma senhora. Meu erro. Preocupa esta falta de democracia no nosso Brasil. Eles não sabem o que fazem.”

Aqui a postagem e o vídeo da atriz.

O ato na capital paranaense fez parte da mobilização nacional organizada pelo Movimento Vem Pra Rua, em apoio ao impeachment. A cena da agressão foi gravada em frente ao Teatro Guaíra, na Praça Santos Andrade.

Em contrapartida, nos próximos dias, o local receberá o evento nacional “Circo da Democracia”, que irá reunir artistas, políticos, ativistas e intelectuais do Paraná e de todo o Brasil em defesa da democracia e contra o golpe institucional em curso.

O palco do evento já está montado na praça e organizadores pedem reforço para que não seja atacado por manifestantes da direita.

No início da noite, a senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) publicou no seu Twitter uma mensagem em solidariedade a Letícia: "Em nossa democracia não há espaço para violência. Nossa solidariedade à atriz Letícia Sabatella atacada em Curitiba".

No post, há fotos com pedidos de identificação dos agressores.



agressores de letícia



Postado em Brasil247 em 31/07/2016



O desafio de conversar com um fascista




Rubens Casara 


Em Adorno, a ignorância, a ausência de reflexão, a identificação de inimigos imaginários, a transformação dos acusadores em julgadores (e vice-versa) e a manipulação do discurso religioso são, dentre outros sintomas, apontados como típicos do pensamento autoritário.

Pensem, agora, na naturalização com que direitos fundamentais são afastados e violados no Brasil, na crença no uso da força (e do sistema penal) para resolver os mais variados problemas sociais, na demonização de um partido político (que, apesar de vários erros, e ao contrário de outros partidos apontados como “democráticos”, não aderiu aos projetos a seguir descritos), no prestígio novamente atribuído aos “juízes-inquisidores”, nos recentes linchamentos (inclusive virtuais), no número tanto de pessoas mortas por ação da polícia quanto de policiais mortos e nos projetos legislativos que:

a) relativizam a presunção de inocência; 

b) ampliam as hipóteses de “prisão em flagrante” em evidente violação aos limites semânticos da palavra “flagrante” inscrita no texto Constitucional como limite ao exercício do poder; 

c) criminalizam os movimentos sociais com a desculpa de prevenir “atos de terrorismo”; 

d) impedem o fornecimento de “pílulas do dia seguinte” para profilaxia de gravidez decorrente de violência sexual e criminalizam médicos que dão informações para mulheres vítimas de violência sexual;

e) eliminam o princípio constitucional da gratuidade na educação pública, dentre outras aberrações jurídicas.

Conclusão? Avança-se na escala do fascismo.

O fascismo recebeu seu nome na Itália, mas Mussolini nunca esteve sozinho. Diversos movimentos semelhantes surgiram no pós-guerra com a mesma receita que unia voluntarismo, pouca reflexão e violência contra seus inimigos. 

Hoje, parece que há consenso de que existe(m) fascismo(s) para além do fenômeno italiano ou, ainda, que o fascismo é um amálgama de significantes, um “patrimônio” de teorias, valores, princípios, estratégias e práticas à disposição dos governantes ou de lideranças de ocasião (que podem, por exemplo, ser fabricadas pelos detentores do poder político ou econômico, em especial através dos meios de comunicação de massa), que disseminam o ódio contra o que existe para conquistar o poder e/ou impor suas concepções de mundo.

O fascismo possui inegavelmente uma ideologia: uma ideologia de negação. Nega-se tudo (as diferenças, as qualidades dos opositores, as conquistas históricas, a luta de classes, etc.), principalmente, o conhecimento e, em consequência, o diálogo capaz de superar a ausência de saber.

Os fascistas, como já foi dito, talvez não saibam o que querem, mas sabem bem o que não suportam. Não suportam a democracia, entendida como concretização dos direitos fundamentais de todos, como processo de educação para a liberdade e de limites ao exercício do poder.

Essa mistura de pouca reflexão (o fascismo, nesse particular, aproxima-se dos fundamentalismos, ambos marcados pela ode à ignorância) e recurso à força (como resposta preferencial para os mais variados problemas sociais) produz reflexos em toda a sociedade.

As práticas fascistas revelam uma desconfiança. O fascista desconfia do conhecimento, tem ódio de quem demonstra saber algo que afronte ou se revele capaz de abalar suas crenças.

Ignorância e confusão pautam sua postura na sociedade. O recurso a crenças irracionais ou anti-racionais, a criação de inimigos imaginários (a transformação do “diferente” em inimigo), a confusão entre acusação e julgamento (o acusador – aquele indivíduo que aponta o dedo e atribui responsabilidade – que se transforma em juiz e o juiz que se torna acusador – o inquisidor pós-moderno) são sintomas do fascismo que poderiam ser superados se o sujeito estivesse aberto ao saber, ao diálogo que revela diversos saberes.

Diante dos riscos do fascismo, o desafio é confrontar o fascista com aquilo que para ele é insuportável: o outro. O instrumento? O diálogo, na melhor tradição filosófica atribuída a Sócrates.

Talvez esse seja o objetivo do diálogo proposto pela filósofa Marcia Tiburi em seu novo livro, que tive o prazer de apresentar (o prefácio é do sempre excelente Jean Wyllys).

Em “Como conversar com um fascista: reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro” (Rio de janeiro: Record, 2015), a autora resgata a política como experiência de linguagem, sempre presente na vida em comum, e investe nessa operação, que exige o encontro entre o “eu” e o “tu”, apresentada como fundamental à construção democrática.

De fato, a qualidade e a própria existência da forma democrática dependem da abertura ao diálogo, da construção de diálogos genuínos – que não se confundem com monólogos travestidos de diálogos – em que a individualidade e os interesses de cada pessoa não inviabilizam a construção de um projeto comum, de uma comunidade fundada na reciprocidade e no respeito à alteridade.

Ao tratar da personalidade autoritária, dos micro-fascismos do dia-a-dia, do consumismo da linguagem, da transformação de pessoas em objetos, da plastificação das relações, da idiotização de parcela da população, dentre outros fenômenos perceptíveis na sociedade brasileira, Marcia Tiburi sugere uma mudança de atitude do um-para-com-o-outro.

Nos diversos ensaios deste livro, a autora conduz o leitor para um processo de reflexão e descoberta dos valores democráticos, bem como desvela as contradições, os preconceitos e as práticas que caracterizam os movimentos autoritários em plena democracia formal.

Mas, não é só.

Ao propor que a experiência dialógica alcance também os fascistas, aqueles que se recusam a perceber e aceitar o outro em sua totalidade, Marcia Tiburi exerce a arte de resistir.

Dialogar com um fascista, e sobre o fascismo, forçar uma relação com um sujeito incapaz de suportar a diferença inerente ao diálogo, é um ato de resistência. Confrontar o fascista, desvelar sua ignorância, fornecer informação/conhecimento, levar esse interlocutor à contradição, desconstruindo suas certezas, forçando-o a admitir que seu conhecimento é limitado, fazem parte do empreendimento ético-político da autora, que faz neste livro uma aposta na potência do diálogo e na difusão do conhecimento como antídoto à tradição autoritária que condiciona o pensamento e a ação em terra brasilis.

O leitor, ao final, perceberá que não só o objetivo foi alcançado como também que a autora nos brindou com um texto delicioso, original, profundo sem ser pretensioso. Mais do que recomendada a leitura.


Rubens Casara é Doutor em Direito, Mestre em Ciências Penais, Juiz de Direito do TJ/RJ, Coordenador de Processo Penal da EMERJ e escreve a Coluna ContraCorrentes, aos sábados, com Giane Alvares, Marcelo Semer, Marcio Sotelo Felippe e Patrick Mariano.



Postado no Pragmatismo Político em 05/02/2016


Jornalista alemã detona discurso de ódio da extrema-direita


jornalista alemã direita Anja Reschke


Kiko Nogueira no DCM

A âncora Anja Reschke brilhou, como se falava antigamente numa firma onde meu amigo Sérgio Rabino trabalhou durante 45 anos.

Num comentário no telejornal no qual trabalha, ela usou alguns minutos para criticar de maneira veemente a guerra verbal contra os refugiados na Alemanha.

Sem levantar uma sobrancelha, sem erguer a voz — e me vem à mente o histrionismo ventríloquo de Marco Antonio Villa —, ela detona a xenofobia e a reação tímida a ela.

Para além da questão dramática da imigração, porém, Anja enquadra os covardes que disseminam o discurso de ódio, bem como o argumento falacioso de que tudo é permitido porque são apenas palavras.

Expressa sua preocupação com a maneira banal com que os xingamentos mais brutais são postados nas redes sociais. Segundo ela, esse tipo de pregação tem contribuído para o “aumento dos atos da extrema direita”, incluindo incêndios criminosos.

“Até recentemente, esses comentaristas estavam escondidos atrás de pseudônimos, mas agora essas coisas estão sendo feitas sob os nomes verdadeiros dos autores”, diz ela num vídeo que viralizou.

“Aparentemente, não é mais embaraçoso. Ao contrário, com expressões como “esses vermes imundos devem se afogar no mar” você obtém um animado consenso e um monte de curtidas”.

Para Anja, os “pequenos ninguéns racistas” se sentem felizes com toda a atenção.

Faz um apelo: “Se você não é da opinião de que todos os refugiados são aproveitadores que devem ser caçados, queimados ou mandados para câmaras de gás, então você deve se fazer ouvir, se opor, tomar uma atitude, abrir a boca, expor publicamente essas pessoas”.

No Brasil, é visto com naturalidade — graça, até — uma senhora segurando um cartaz lamentando que Dilma não tenha sido executada pelo Doi Codi, outro perguntando “por que não mataram todos em 1964?”, entre outros absurdos.

Bandos de fascistoides pregam golpes militares numa boa, ao lado de homens, mulheres e crianças de bem.

O que fazer?

Ouça o bom conselho de Anja, que ela lhe dá de graça: “Você deve se fazer ouvir, se opor, tomar uma atitude, abrir a boca”.

Vídeo abaixo:




Quando o bom senso falha junto com o mau uso do poder que segura a caneta ! Estudante fez sexo com uma garota que mentiu a idade e teve a vida arruinada


hot-or-not-logo


abc_sexoffender19_le_150730_16x9_992
Zachery Anderson


Pedro Nogueira


Zachery Anderson é um estudante de 19 anos que, como tantos caras de sua idade, baixou o aplicativo “Hot or Not” (semelhante ao Tinder) para conhecer novas mulheres.

Ele encontrou uma garota. Eles fizeram sexo. E sua vida foi arruinada por isso.

Tudo por causa de uma mentira: ela disse que tinha 17 anos enquanto, na verdade, tinha 14. Isso transformou o encontro deles num crime sexual.

Zachery foi preso, julgado e condenado.

A própria garota e sua mãe ficaram ao lado de Zachery no julgamento. Elas disseram ao juiz que ele não tinha culpa do que aconteceu — e pediram que as as acusações fossem abandonadas.

“Desculpa que menti sobre minha idade”, ela escreveu numa carta para Zachery. “Isso me mata diariamente, saber que você está no inferno e eu não. Eu mereço estar com problemas, não você.”

Sua mãe também fez um apelo: “Não quero que Zachery seja condenado como criminoso sexual porque ele realmente não é.” 

Uma ironia, aliás, é que tudo começou quando a mãe ligou para a polícia no dia em que os dois se encontraram, preocupada com o paradeiro da filha, porque ela sofria de epilepsia e podia estar sem o remédio.

Mas o juiz Dennis Wiley não deu ouvidos às súplicas e cravou uma sentença, para dizer o mínimo, surreal:
Você foi à internet pescando mulheres para conhecer e fazer sexo. Isso parece fazer parte da nossa cultura agora: conhecer, sair, transar e dar adeus. É um comportamento completamente inapropriado. Não há desculpa alguma para fazer isso.
O promotor do caso, Jerry Vigansky, concordou. “Essa geração acha que é ok usar a internet para conhecer alguém e rapidamente ir para a cama pela gratificação sexual”, disse. “Não é uma boa mensagem para passar à comunidade.”

E, assim, por não compartilhar dos ideais “puritanos” do juiz e do promotor de seu caso, Zachery foi sentenciado a 90 dias de prisão, 5 anos de condicional e 25 anos fichado como criminoso sexual.

Se você acha que isso significa apenas um nome na lista, saiba que as consequências são brutais.

Para começo de conversa, ele está proibido de ter um smartphone ou usar a internet pelos próximos 5 anos — o que simplesmente matou sua atual carreira, na ciência da computação.

Além disso Zachery não pode conversar com nenhum menor de idade, exceto seus irmãos; está proibido de entrar em estabelecimentos que vendem álcool; e precisa voltar para casa sempre antes das 8 da noite.

Ele também foi obrigado a deixar a casa dos pais, pois ela ficava a 800 metros de uma rampa de barcos, e Zachery não pode chegar a menos de 1 quilômetro de distância de parques e áreas públicas em geral. Isso tirou dele seu hobbie predileto: andar de skate.

Até 2040, esta será a rotina de Zachery, a não ser que os apelos de seus pais sejam ouvidos. Além de recorrer judicialmente à decisão do juiz, eles lançaram uma petição online para rever a sentença, que já tem mais de 200 mil apoiadores.

Zachery teve sua vida arruinada porque o suposto homem responsável por levar justiça a ele, o juiz Dennis Wiley, considerou seu erro inadmissível e imperdoável (mesmo sabendo que Zachery era jovem, inocente e fora enganado) e achou imprópria a ideia dele conhecer mulheres pela internet (como se fosse muito diferente de fazer isso numa festa), deixando um julgamento pessoal e a inflexibilidade da lei falarem mais alto do que o bom senso.

Se isso é o que significa justiça em nosso mundo, puta merda, então estamos com um problema sério.


Postado no Diário do Centro do Mundo em 14/08/2015


Por quem rosna o Brasil





Diante da ruína da autoimagem no espelho, o país parece preferir máscaras autoritárias a enfrentar a brutalidade da sua nudez


Eliane Brum

Essa pode ser uma das explicações possíveis para compreender o esgarçamento das relações, a expressão sem pudor dos tantos ódios e, em especial, o atalho preferido tanto dos fracos quanto dos oportunistas: o autoritarismo.

Esvaziado de ilusões e de formas, aquele que precisa construir um rosto tem medo. Em vez de disputar democraticamente, o que dá trabalho e envolve perdas, prefere o caminho preguiçoso da adesão. E adere àquele que grita, saliva, vocifera, confundindo oportunismo com força, berro com verdade.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), relacionado na delação premiada da Operação Lava Jato ao recebimento de 5 milhões de dólares em propina, teria dito a aliados:“Vou explodir o governo”. 

Tanto ele quanto o apresentador de programa de TV que brada que tem de botar “menor” na cadeia, quando não no paredão, assim como o pastor que brada que homossexualidade é doença são partes do mesmo fenômeno. São muitos brados, mas nenhum deles retumba a não ser como flatulência.

Num momento de esfacelamento da imagem, o que vendem os falsos líderes, estes que, sem autoridade, só podem contar com o autoritarismo?

Como os camelôs que aparecem com os guarda-chuvas tão logo cai o primeiro pingo de chuva, eles oferecem, aos gritos, máscaras ordinárias para encobrir o rosto perturbador. Máscaras que não servem a um projeto coletivo, mas ao projeto pessoal, de poder e de enriquecimento, de cada um dos vendilhões. 

Para quem tem medo, porém, qualquer máscara é melhor do que uma face nua. E hoje, no Brasil, somos todos reis bastante nus, dispostos a linchar o primeiro que nos der a notícia.

Os linchamentos dos corpos nas ruas e o strip-tease das almas na internet desmancharam as últimas ilusões sobre
o brasileiro cordial

Ainda demoraremos a saber o quanto nos custou a perda tanto dos clichês quanto dos imaginários, mas não a lamento. Se os clichês nos sustentaram, também nos assombraram com suas simplificações ou mesmo falsificações.

A ideia do brasileiro como um povo cordial nunca resistiu à realidade histórica de uma nação fundada na eliminação do outro, os indígenas e depois os negros, lógica que persiste até hoje. 

Me refiro não ao “homem cordial”, no sentido dado pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) em seu seminal Raízes do Brasil, mas no sentido que adquiriu no senso comum, o do povo afetuoso, informal e hospitaleiro que encantava os visitantes estrangeiros que por aqui aportavam.

O Brasil que, diante da desigualdade brutal, supostamente respondia com uma alegria irredutível, ainda que bastasse prestar atenção na letra dos sambas para perceber que a nossa era uma alegria triste. Ou uma tristeza que ria de si mesma.

O futebol continua a falar de nós em profundezas, basta escutar a largura do silêncio das bolas dos alemães estourando na nossa rede nos 7X1 da Copa das Copas, assim como o discurso sem lastro, a não ser na corrupção, dos dirigentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). 

Mas, se já não somos o país do futebol, de que futebol somos o país?

Tampouco lamento o fato de que “mulata” finalmente começa a ser reconhecido como um termo racista e não mais como um “produto de exportação”. E lamento menos ainda que a suposta existência de uma “democracia racial” no Brasil só seja defendida ainda por gente sem nenhum senso.

Os linchamentos dos corpos nas ruas do país e o strip-tease das almas nas redes sociais desmancharam a derradeira ilusão da imagem que importávamos para nosso espelho. Quando tudo o mais faltava, ainda restavam os clichês para grudar em nosso rosto. Acabou. Com tanto silicone nos peitos, nem o país da bunda somos mais.

Quando os clichês, depois de tanto girar em falso, tornam-se obsoletos, ainda se pode contar com o consumo de todas as outras mercadorias. Mas, quando o esfacelamento dos imaginários se soma ao esfacelamento das condições materiais da vida, o discurso autoritário e a adesão a ele tornam-se um atalho sedutor. É nisso que muitos apostam neste momento de esquina do Brasil.

É também isso que explica tanto um Eduardo Cunha na Câmara quanto pastores evangélicos que pregam o ódio para milhões de fiéis e apresentadores de TV que estimulam a violência enquanto fingem denunciá-la. 

Estes personagens paradigmáticos do Brasil atual formam as três faces de uma mesma mediocridade barulhenta e perigosa, que se expressa por bravatas diante das câmeras. Numa crise que é também de identidade, forjam realidades que possam servir ao seu projeto de poder e de enriquecimento para abastecer a manada. Esta, por sua vez, prefere qualquer falsificação ao vazio.

A invenção de inimigos para a população culpar virou um negócio lucrativo num país com a autoimagem fraturada

Para estes personagens tão em evidência, quanto mais medo, melhor. Inventar inimigos para a população culpar tem se mostrado um grande negócio nesse momento do país. 

Se as pessoas sentem-se acuadas por uma violência de causas complexas, por que não dar a elas um culpado fácil de odiar, como “menores” violentos, os pretos e pobres de sempre, e, assim, abrir espaço para a construção de presídios ou unidades de internação?

Se os “empreendimentos” comprovadamente não representam redução de criminalidade, certamente rendem muito dinheiro para aqueles que vão construí-los e também para aqueles que vão fazer a engrenagem se mover para lugar nenhum. 

Depois, o passo seguinte pode ser aumentar a pressão sobre o debate da privatização do sistema prisional, que para ser lucrativo precisa do crescimento do número já apavorante de encarcerados.

Se há tantos que se sentem humilhados e diminuídos por uma vida de gado, porque não convencê-los de que são melhores que os outros pelo menos em algum quesito? 

Que tal dizer a eles que são superiores porque têm a família “certa”, aquela “formada por um homem e por uma mulher”? E então dar a esses fiéis seguidores pelo menos um motivo para pagar o dízimo alegremente, distraídos por um instante da degradação do seu cotidiano? 

Fabricar “cidadãos de bem” numa tábua de discriminações e preconceitos tem se mostrado uma fórmula de sucesso no mercado da fé.

A invenção de inimigos dá lucro e mantém tudo como está, porque, para os profetas do ódio, o Brasil está ótimo e rendendo dinheiro como nunca.

Ou que emprego teriam estes apresentadores, se não tiverem mais corpos mortos para ofertar no altar da TV? Ou que lucro teria um certo tipo de “religioso” que criou seu próprio mandamento – “odeie o próximo para enriquecer o pastor”? 

Ou que voto teria um deputado da estirpe de Eduardo Cunha se os eleitores exigissem um projeto de fato, para o país e não para os seus pares? Para estes, que estimulam o ódio e comercializam o medo, o Brasil nunca esteve tão bem. E é preciso que continue exatamente assim.

A ilusão mais sedutora do governo Lula era a de criar um Brasil igualitário sem mexer nos privilégios dos mais ricos

Se o governo Lula, na história recente do país, fundou-se sobre um pacto de conciliações, para compreendê-lo é necessário também decodificá-lo como um conciliador de imaginários. 

Lula, o líder carismático, foi muito eficiente ao ser ao mesmo tempo o novo – “o operário que chegou ao poder” num país historicamente governado pelas elites – e o velho –, o governante “que cuida do povo como um pai”. 

A centralização na imagem do líder esvazia de força e de significados o coletivo. Do mesmo modo, a relação entre pais e filhos alçada à política atrasa a formação do cidadão autônomo, que fiscaliza o governo e concede ao governante, pelo voto, um poder temporário.

Mas a ideia mais sedutora do governo Lula, em especial no segundo mandato, era a possibilidade de incluir no mundo do consumo milhões de brasileiros e reduzir a miséria de outros milhões sem tocar no privilégio dos mais ricos. 

Este era um encantamento poderoso, que funcionou enquanto o Brasil cresceu, mas que, qualquer que fosse o desempenho da economia, só poderia funcionar por um tempo limitado num país com acertos históricos para fazer e uma desigualdade abissal. 

Enquanto o encanto não se quebrou, muitos acreditaram que o eterno país do futuro finalmente tinha chegado ao futuro. O Brasil, que valoriza tanto o olhar estrangeiro (do estrangeiro dos países ricos, bem entendido), leu-se como notícia boa lá fora. A Copa do Mundo aqui foi sonhada para ser a apoteose-síntese deste Brasil: enfim, o encontro entre identidade e destino.

Não foi. E não foi muito antes dos 7X1. Essa frágil construção simbólica, que desempenhou um papel muito maior do que pode parecer na autoimagem do Brasil e nas relações cotidianas da população na história recente, exibiu vários sinais de que se quebrava aqui e ali, vazando por muitos lados.

Sua ruína se tornou explícita nas manifestações de junho de 2013, protestos identificados com a rebelião e com a esquerda, apesar da multiplicidade contraditória das bandeiras. Quem acha que 2013 foi apenas um soluço, não entendeu o impacto profundo sobre o país. A partir dali todos os imaginários sobre o Brasil perderam a validade. Assim como os clichês. E a imagem no espelho se revelou demasiado nua. E bastante crua.

O Brasil do futuro não chegará ao presente sem fazer 
seu acerto com o passado

O Brasil do futuro não chegará ao presente sem fazer seu acerto com o passado. Entre tantas realidades simultâneas, este é o país que lincha pessoas; que maltrata imigrantes africanos, haitianos e bolivianos; que assassina parte da juventude negra sem que a maioria se importe; que massacra povos indígenas para liberar suas terras, preferindo mantê-los como gravuras num livro de história a conviver com eles; em que as pessoas rosnam umas para as outras nas ruas, nos balcões das padarias, nas repartições públicas; em que os discursos de ódio se impõem nas redes sociais sobre todos os outros; em que proclamar a própria ignorância é motivo de orgulho na internet; em que a ausência de “catástrofes naturais”, sempre vista como uma espécie de “bênção divina” para um povo eleito, já deixou de ser um fato há muito; em que as paisagens “paradisíacas” são borradas pelo inferno da contaminação ambiental e a Amazônia, “pulmão do mundo”, vai virando soja, gado e favela – quando não hidrelétricas como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.

Este é também o país em que aqueles que bradam contra a corrupção dos escalões mais altos cometem cotidianamente seus pequenos atos de corrupção sempre que têm oportunidade. 

A ideia de que o Congresso democraticamente eleito, formado por um número considerável de oportunistas e corruptos, não corresponde ao conjunto da população brasileira é talvez a maior de todas as ilusões. É duro admitir, mas Eduardo Cunha é nosso.

Neste Brasil, a presidente Dilma Rousseff (PT), acuada por ameaças de impeachment mesmo quando (ainda) não há elementos para isso, é um personagem trágico. Vendida por Lula e pelos marqueteiros na primeira eleição, a de 2010, como “mãe dos pobres”, ela nunca foi capaz de vestir com desenvoltura esse figurino populista, até por sinceridade.

Quando tenta invocar simbologias em seus discursos, torna-se motivo de piada. O slogan de seu segundo mandato –“Brasil, Pátria Educadora” – não encontra nenhum lastro na realidade, virando mais uma denúncia do colapso da educação pública do que o movimento para recuperá-la. 

Parece que os marqueteiros tampouco entendem o Brasil deste momento e seguem acreditando que basta criar imagens para que elas se tornem imaginários. 

O próprio Lula parece ter perdido sua famosa intuição sobre o Brasil e sobre os brasileiros. Em suas manifestações, Lula soa perdido, intérprete confuso de um Brasil que já não existe.

Os protagonistas das manifestações de 2015 gritam também para manter seus privilégios

Agora que já não contamos com os velhos clichês e imaginários, a crueza de nossa imagem no espelho nos assusta. Diante dela e de uma presidente com a autoridade corroída, cresce a sedução dos autoritarismos. Nada mais fácil do que culpar o outro quando não gostamos do que vemos em nós. Em vez de encarar o próprio rosto, cobre-se a imagem perturbadora com alvos a serem destruídos. 

Aqueles que encontram nesta adesão aos discursos autoritários uma possibilidade de ascensão, esquecem-se da lição mais básica, a de que não há controle quando se aposta no pior. 

Só há chance se enfrentarmos conflitos e contradições com a cara que temos. É com esses Brasis que precisamos nos haver. É essa imagem múltipla que temos de encarar no espelho se quisermos construir uma outra, menos brutal.

O que o governo Lula adiou, ao escolher a conciliação em vez da ruptura com os setores conservadores, está na mesa.

Há várias forças se movendo para encontrar uma nova acomodação, que evite o enfrentamento das contradições e das desigualdades. É pelas bandeiras da reacomodação que as ruas foram ocupadas em 2015 pelo que alguns têm chamado de “nova direita”. 

Esta, se adere à novidade da organização pelas redes sociais e aparentemente se coloca fora dos esquemas tradicionais da política e dos partidos, talvez seja menos “nova” do que possa parecer nas questões de fundo.

A próxima manifestação, marcada para 16 de agosto, é acompanhada com atenção pelos políticos e partidos tradicionais que conspiram pelo impeachment da presidente eleita.

Os manifestantes de 2015 gritam contra a corrupção, mas basta escutá-los com atenção para compreender que gritam para deixar tudo como está. E, se possível, voltar inclusive atrás, já que uma parte significativa parece ter se sentido lesada por políticas como a das cotas raciais e outros tímidos avanços na direção da reparação e da equidade. 

A redução da maioridade penal, assim como outros projetos conservadores em curso, são também exemplos de uma resposta autoritária – e inócua – para o esgarçamento crescente das relações sociais e para a violência.

Há muito barulho sendo produzido hoje, como o próprio discurso de Eduardo Cunha em cadeia nacional (17/7), para desviar o foco do grande nó a ser desatado: não haverá justiça social e igualdade no Brasil sem tocar nos privilégios. 

Muita gente bacana ainda segue acreditando no conto de fadas de que é possível alcançar a paz sem perder nada. Não é.

Quem quiser de fato reduzir a violência e a corrupção que atravessa o Brasil e os brasileiros vai ter de pensar sobre o quanto está disposto a perder para estar com o outro. É este o ponto de interrogação no espelho. É por isso que o som ameaçador dos dentes sendo afiados cresce. E cresce também onde menos se espera.


Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site:desacontecimentos.com


Postado no Luis Nassif Online em 24/07/2015