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Um gato de rua chamado Bob : a força do amor que cura e salva




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O amor de um animal nunca irá nos decepcionar. Nunca.


Marcel Camargo

O livro “Um gato de rua chamado Bob”, que rendeu uma versão cinematográfica em 2016, conta a história de vida de James Bowen, ex-dependente químico e ex-morador de rua, que conseguiu se recuperar da própria perdição com a ajuda de um gatinho chamado Bob. Tanto para os amantes de animais, em especial os felinos, quanto para leitores que gostam de histórias de amor, a leitura é agradável e encantadora.

James teve uma infância conturbada, seus pais se separaram quando ele era criança e, a partir de então, junto com sua mãe, ele se mudava frequentemente de país e, consequentemente, de escola. Não conseguindo se adequar aos papéis sociais, tendo sofrido bullying, acaba se tornando um adolescente rebelde e desajustado, a ponto de abandonar os estudos na adolescência. Sua jornada com drogas se torna intensa, levando-o às ruas, ao fundo do poço, ao anonimato urbano.


James sobrevive tocando guitarra e cantando pelas esquinas, mas nada parece fazer sentido. Quando já se encontrava em tratamento de desintoxicação, morando em apartamento subvencionado, encontra um gato machucado pelos corredores e passa a cuidar dele, dando-lhe o nome de Bob. A partir de então, sua vida muda completamente, aos poucos, mas de uma forma profundamente transformadora, trazendo a ambos experiências que estreitam os laços entre o homem e o felino. O amor chega e fica. E arrebata.



Uma das transformações mais fortes foi a humanização de James que o gato trouxe. Quando vagava sozinho pelas ruas, James não era ninguém, sentia-se um nada, pois era totalmente ignorado. Quando começa a andar e a tocar com o Bob a tiracolo, passa a ser enxergado pelas pessoas, volta a se sentir alguém que existe, alguém que é gente. Os olhos alheios voltam-se novamente para ele, que antes vivia despercebido na multidão.





Além de mudar a relação das pessoas com James, Bob também muda a percepção que o músico tinha das pessoas, do mundo. O músico passa a ter responsabilidade sobre o outro, sobre Bob. Ele ama e se sente amado de volta, tornando-se útil, porque agora tinha alguém que dependia dele. Ao mesmo tempo, como ele mesmo escreve, as pessoas passaram a julgá-lo de forma mais justa, porque somente conseguiram criar empatia em relação ao músico, a partir do momento em que ele se materializou como pessoa, com o Bob em seu ombro. 

Ler as aventuras de James e de Bob nos traz grandes ensinamentos e reflexões, simplesmente porque a história se reveste de amor, do início ao fim. A ausência de amor levou James a caminhos sombrios e autodestrutivos, dos quais somente é resgatado quando vivencia o amor, o amor recíproco e verdadeiro, junto ao gatinho Bob. Assim, ele conseguiu se amar e, amando-se, foi capaz de amar o outro, amar a vida, pois amou com volta. E se curou. E se salvou da vida e de si mesmo. E fim.



Nota da CONTI outra: uma curiosidade sobre o filme, para quem ficou curioso para ver, é que o gato que faz o personagem Bob é o próprio Bob! Logo, se você se apaixonou por ele, essa é sua chance de conhecê-lo um pouco melhor.

Segue o Trailer do filme:




Postado em Conti Outra




Por que as crianças gostam de ver o mesmo filme várias vezes?




Frozen, Ratatouille, Meu Malvado Favorito, Procurando Nemo… As crianças gostam de ver o mesmo filme várias vezes sem se cansar e, às vezes, sem nem piscar. Sempre é um bom momento para colocar um filme e deixar a criança na frente da televisão. Eles ficam hipnotizados, extasiados de puro prazer e diversão. Os pais, esgotados, adoram o momento mas frequentemente se perguntam o que está por trás dessa estranha obsessão.

Há apenas alguns meses muitas pessoas se surpreenderam com uma notícia muito curiosa. Um usuário do Netflix havia visto o mesmo filmes 357 vezes ao longo de um ano. A maioria ansiava pela resposta para duas perguntas: de que filme estavam falando e quem era essa pessoa obcecada. Finalmente, a famosa plataforma de filmes contatou o usuário para poder conhecê-lo e poder então divulgar sua história.

Uma criança pode ter visto um filme pelo qual tem grande predileção mais de 100 vezes. No entanto, independentemente de quantas vezes já o tenha assistido, seu nível de atenção será o mesmo da primeira vez.

O filme em questão não era nenhum outro que Bee Movie. Um divertido filme de animação em que uma abelha recém-formada na universidade deixa sua colmeia para engatar uma bonita amizade com uma humana florista. Já o usuário que havia visto essa produção quase que diariamente era Jaxson, um bebê de pouco mais de um ano de vida.

Tal como explicou sua mãe, o pequeno tinha apenas dois meses quando ficou fascinado pelas imagens desse filme de animação da DreamWorks.Tanto foi que desde então não havia um dia no qual não ficava na frente de televisão para assisti-lo novamente. Segundo ela, durante o tempo que o filme Bee Movie durava, Jaxson fica mais relaxado e atento do que em qualquer outro momento. Ela é consciente que seu filho não está entendendo nada, mas levando em conta a satisfação que a criança tinha, ela não hesitou em dar a ele esse momento diário de deleite e entretenimento de presente.




As crianças gostam de ver o mesmo filme várias vezes porque seu cérebro precisa disso

A história dessa usuária do Netflix e seu filhos pode nos surpreender talvez pela idade do protagonista. Nós sabemos que as crianças de hoje em dia têm um contato com o mundo audiovisual desde muito cedo. As imagens em movimento, as cores, a música e as vozes são estímulos muito atraentes para o cérebro dos pequenos. Quando as crianças assistem ao mesmo filme várias vezes, no entanto, há algo mais do que essa mera atração sensorial.

Estamos esquecendo por um momento de olhar para trás, para nossa própria infância. Nós também tivemos nosso filme favorito, e tínhamos também, como esquecer, nosso conto favorito. Aquele que sempre queríamos ler ou que esperávamos que nossa mãe ou nosso pai nos contasse a cada noite antes de dormir. Adorávamos também que nossos avós nos contassem uma história ou conto toda vez que fôssemos visitá-los. Ficamos encantados ao estar ao redor de narrações conhecidas, previsíveis, familiares…

A repetição como um meio de aprendizagem

O cérebro da criança aprende e consolida a informação através da repetição. Por isso, não é estranho que as crianças vejam o mesmo filme várias vezes e que nos peçam para cantar sempre a mesma música, ou que queiram sempre o mesmo livro ou história na hora de dormir. Nesse sentido, estudos como o publicado no ano de 2011 pela Universidade de Sussex, em Brighton, no Reino Unido, demonstram que as crianças integram essas histórias como uma padrão. São cadeias de significado que se tornam cada vez melhores.

À medida que isso acontece, a criança melhora sua linguagem, descobre novas palavras, compreende melhor os argumentos, decifra cada vez mais os detalhes, conseguindo com isso uma maior satisfação pessoal.




A repetição traz comodidade e segurança

As crianças precisam de hábitos, regras e rotina. Desse modo, não apenas conseguem se organizar melhor para descobrir seu mundo, mas também conseguem fazer isso em um cenário pautado pela sensação de segurança. Por isso, não devemos ficar surpresos quando as crianças assistem ao mesmo filme várias vezes e mesmo assim experimentam um grande prazer e bem-estar.

Saber o que vai acontecer a seguir permite que elas validem suas expectativas, reforçando seu cérebro e trazendo relaxamento. Não há imprevistos que devem ser imediatamente processados, não há informações contraditórias para botar a criança em alerta. Ao ter diante deles esse filme já conhecido, esse conto ou esse livro já tão lido ou tão escutado, o que ocorre é uma ajuda no alcance da segurança tão prazerosa e na sensação de estar sob controle.

Melhora o pensamento lógico

O pensamento lógico faz referência a relações que fazemos entre dois ou mais objetos ou situações. É fazer comparações, inferir informações, combinar e obter conclusões a partir de elementos separados. Esse importante processo cognitivo do qual Piaget nos falou em sua teoria é um ponto chave para o desenvolvimento intelectual das crianças.

Desse modo, poder dispor de um marco, como um filme com uma história determinada, permitirá que a criança vá encontrando essas mesmas relações, ajudando-a a estabelecer relações de causa e efeito, vínculos entre fatores, entre estímulos, pequenas histórias, gestos, palavras, personagens, comportamentos, etc.




Para concluir, ainda que nós, como adultos, vejamos essas experiências repetitivas como agonizantes e fiquemos até cansados, precisamos saber que as crianças precisam delas. Quando as crianças veem o mesmo filme várias vezes, estão amadurecendo. Não estão apenas aproveitando, estão também crescendo.

Sentem-se competentes ao fazer previsões, adoram estar diante desses estímulos tão familiares. Permitamos então que elas aproveitem seus filmes preferidos, pois chegará o momento em que vão querer experiências novas, fora daquilo que já conhecem tão bem.






10 Filmes para quem entende que a empatia é um dos maiores valores da vida





Envolver-se em uma história é vestir a pele de seus personagens.


Josie Conti



Não são poucos os filmes que nos fazem estremecer quando notamos que, vestidos na pele de seus personagens e vivendo suas histórias, talvez nós não tivéssemos recursos para reagir. Nós vemos o quanto pode “pesar a cruz” do outro e percebemos que “olhar de longe”, mesmo que com compaixão, não faz com que o ajudemos em sua jornada.


É fato que nós nunca saberemos exatamente, a não ser que já passou por isso, como é ser perseguido por sua cor, credo ou religião.

Não sabemos como é ser abusado ou mesmo ser uma mulher na corpo de um homem. Só quem passa por isso pode dizer e sentir sua própria experiência. Entretanto, quando nos envolvemos sinceramente e de coração aberto em uma história, passa a ser possível, por algum tempo, que vistamos a pele de seus personagens, e imaginemos como seria. Nesses momento, novas perspectivas se abrem e repensamos nossos valores e escolhas. Identificamos que o que é simples para uma pessoa pode ser quase impossível para outra e podemos nos solidarizar e sermos mais gentis e até mesmo militantes no dia a dia.

Os filmes selecionados abaixo certamente tocarão a alma de pessoas sensíveis, pois lhes permitirão essa proximidade com a dificuldade de um outro alguém. E, nesses casos, sentir a dor do outro é uma grande maneira de crescer, pois, no futuro, saberemos melhor o que temos que concretamente fazer.


1 - Os meninos que enganavam os nazistas



( para sentir na pele o que é o xenofobismo )







Baseado no livro homônimo de Joseph Joffo. Baseado na história real descrita pelo autor, em meio ao medo, os irmãos judeus Joseph e Maurice se separam da família durante a Segunda Guerra Mundial, quando a França está ocupada pelos nazistas. Os dois têm de encontrar coragem e desenvolver estratégias para fugirem dos alemães, enquanto tentam reencontrar seus pais. 

O filme pode ser encontrado no Youtube


2 - A garota dinamarquesa


( para sentir na pele como uma pessoa percebe que possui uma identidade de gênero oposta a de seu nascimento )







Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher. 


Censura 14 anos

( em 20-08-2018 está disponível na Netflix, mas os filmes podem sair do catálogo sem aviso prévio )


3 - O quarto de Jack



( para sentir na pele a realidade de uma mulher sequestrada e acompanhar parte da infância de criança que nasceu em cativeiro )






Joy (Brie Larson) e seu filho Jack (Jacob Tremblay) vivem isolados em um quarto. O único contato que ambos têm com o mundo exterior é a visita periódica do Velho Nick (Sean Bridgers), que os mantém em cativeiro. Joy faz o possível para tornar suportável a vida no local, mas não vê a hora de deixá-lo. Para tanto, elabora um plano em que, com a ajuda do filho, poderá enganar Nick e retornar à realidade. 


Censura 14 anos

( em 20-08-2018 está disponível na Netflix, mas os filmes podem sair do catálogo sem aviso prévio )


4 - Para sempre Alice



( para sentir a dor, o medo, as adaptações, os lutos e recomeços de pessoas que têm suas vidas completamente modificadas por um diagnóstico de Alzheimer )







A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguistica. Aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a a força de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwinse), fragiliza, 
ela e a filha caçula, Lydia (Kristen Stewart), se aproximam. 


Censura 12 anos

( em 20-08-2018 está disponível na Netflix, mas os filmes podem sair do catálogo sem aviso prévio )


5 - Me chame pelo seu nome ( Call Me By Your Name )



( nesse caso podemos acompanhar o enamoramento de um rapaz que identifica, através de uma grande paixão, que possui interesse por homens )







O sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa Perlman, Elio (Timothée Chalamet), está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega. 


Censura 14 anos

PS: esse eu assisti pelo Popcorn Time


Jim Caviezel : Testemunho impactante sobre o filme Paixão de Cristo



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Netflix filmes top lista : 60 filmes para maratonar e nunca mais ficar na mão



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Há anos a Conti Outra vem selecionando o que existe de melhor na Netflix. Abaixo, você encontra uma TOP lista de tudo o que mais gerou interesse por aqui e que ainda permanece no catálogo da empresa - lista atualizada em 16-02-2018).

Lembramos que a empresa pode retirar os filmes sem aviso prévio.

Poucos prazeres se igualam a um bom filme. Confiram nossa TOP LISTA.

1 - Viver sem endereço (Shelter)

Dois moradores de rua, Tahir (Anthony Mackie) e Hannah (Jennifer Connelly) de Nova York vivem rodeados por desespero, perigos e incertezas. Eles acabam se conhecendo e se apaixonando. Tahir e Hannah encontram consolo e força e, aos poucos, contam um ao outro como foram parar nesta situação de dificuldade, e percebem que juntos podem tentar construir uma vida melhor.


2 - O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (Le Fabuleux destin d’Amélie Poulain)

Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­ e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.


3 - Meia noite em Paris

Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos e sonhou ser como eles. A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em Hollywood, o que fez com que fosse muito bem remunerado, mas que também lhe rendeu uma boa dose de frustração. Agora ele está prestes a ir a Paris ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade para fechar um grande negócio e não se preocupa nem um pouco em esconder sua desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido.


4 - Um conto chinês

Roberto (Ricardo Darín) é um argentino recluso e mau humorado. Ele leva a vida cuidando de uma pequena loja e tem o hobbie de colecionar notícias incomuns. A comodidade de sua vida é interrompida quando ele encontra um chinês (Ignacio Huang) que não fala uma palavra de espanhol. O imigrante acabara de ser assaltado e não tem lugar para ficar em Buenos Aires. Inicialmente relutante, Roberto acaba deixando o asiático viver com ele e aos poucos vai descobrindo fatos sobre o chinês.


5 - O reencontro

O famoso autor de romances Monte Wildhorn (Morgan Freeman) sofre com o alcoolismo e resolve fazer uma mudança. Em busca do seu talento perdido, ele vai morar em uma cidade rural, onde conhece a vizinha atraente Sra. O’Neil (Virginia Madsen), uma mãe solteira, e suas três filhas. Esta família vai ajudar o autor a encontrar inspiração e recuperar o seu amor pela literatura.


6 - O Físico ( The Physician )

Inglaterra, século XI. Ainda criança, Rob vê sua mãe morrer em decorrência da “doença do lado”. O garoto cresce sob os cuidados de Bader (Stellan Sarsgard), o barbeiro local, que vende bebidas que prometem curar doenças. Ao crescer, Rob (Tom Payne) aprende tudo o que Bader sabe sobre cuidar de pessoas doentes, mas ele sonha em saber mais. Após Bader passar por uma operação nos olhos, Rob descobre que na Pérsia há um médico famoso, Ibn Sina (Ben Kingsley), que coordena um hospital, algo impensável na Inglaterra. Para aprender com ele, Rob aceita não apenas fazer uma longa viagem rumo à Ásia mas também esconde o fato de ser cristão, já que apenas judeus e árabes podem entrar na Pérsia.


7 - 12 anos de escravidão ( 12 Years a Slave)

1841. Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um escravo liberto, que vive em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia, após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade, ele é sequestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores, Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwin Epps (Michael Fassbender), que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços.


8 - As vantagens de ser invisível

Charlie (Logan Lerman) é um estudante depressivo de 15 anos que precisa lidar com o suicídio de seu melhor amigo e com a descoberta de seu primeiro amor, Sam (Emma Watson).


9 - What happened, Miss Simone?

Documentário original da Netflix que apresenta a vida da pianista, ativista e cantora Nina Simone. A história do ícone do black power é contada por meio de imagens dos shows, diários, cartas e entrevistas de colegas e da sua única filha, Lisa.


10 - Beasts of no nation

Com atuação impressionante, o pequeno Abraham Attah brilha neste que foi, até aqui, um dos raros longas-metragens ficcionais produzidos pela Netflix que apresentaram qualidades semelhantes às dos melhores documentários e das melhores séries originais da gigante do streaming. Na trama, Attah é um menino que fica órfão e é cooptado por um líder rebelde (Idris Elba) para lutar na guerra civil de um país africano. Dirigido por Cary Fukunaga (de Jane Eyre e True Detective), ganhou vários prêmios, no Festival de Veneza, inclusive, mas não conseguiu levar a Netflix ao Oscar.


11 - Palmeiras na Neve ( Palmeras en la nieve)

Em 1953, os irmãos Jacobo (Alain Hernández) e Kilian (Mario Casas) viajam até a ilha da Guiné Equatorial para trabalhar em uma plantação de café. No local, Kilian se apaixona por uma nativa, um amor proibido na época. Meio século depois, Clarence (Adriana Ugarte) descobre acidentalmente uma carta esquecida por anos que a faz viajar até a ilha onde seu pai, Jacobo, e seu tio moraram durante anos. Em um território exuberante, sedutor e periogoso, ela descobre os segredos da família, turbulências passadas que atingem o presente.


12 - O Solista

Steve Lopez (Robert Downey Jr.) é um colunista famoso do Los Angeles Times e vive em busca de uma história incomum. Em um dia como outro qualquer, não exatamente em sua busca por uma matéria, ele ouve na rua uma música e descobre Nathaniel, tocando muito bem num violino de apenas duas cordas. Seu nome é Nathaniel Ayers (Jamie Foxx), um dos milhares de sem teto das ruas de Los Angeles, ex-músico que sofre de esquizofrenia, sonha em tocar num grande concerto e é um eterno apaixonado por Beethoven. Lopez prepara uma coluna sobre sua descoberta e recebe de um leitor, como doação, um instrumento para o músico. É o começo de uma amizade que poderá mudar para sempre suas vidas.


Ótima análise sobre Trabalho Capital e " Tempos Modernos "





"Tempos Modernos": trabalho alienado na Revolução Industrial


A primeira exibição de Modern Times (Tempos Modernos), filme de Charles Chaplin em que o seu famoso personagem — “The Tramp” ou “Carlitos” (no Brasil) — tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado, ocorreu em 5 de fevereiro de 1936, no Rivoli Theater de Nova Iorque. 

O Sul21 reproduz abaixo um artigo do Prof. Sérgio Prieb, do Departamento de Ciências Econômicas e pesquisador do Núcleo de Estudos Econômicos (NEEC) do curso de Ciências Econômicas da UFSM.

Após o artigo, antes das Referências bibliográficas, trazemos o link do YouTube com a exibição completa do filme.


Por Sérgio A. M. Prieb

“Não sois máquinas! Homens é que sois!”

(Discurso de Charles Chaplin no final do filme “O grande ditador”)

A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos fugidios. 

Assim, em sua própria terminologia, o trabalho carrega uma carga de esforço e desprazer, o que é extremamente compreensível em sociedades onde predominavam o trabalho forçado e que atividades produtivas eram desprezadas e executadas tão somente por escravos como na Grécia e Roma antigas, cabendo aos homens livres a execução de atividades intelectuais ligadas às ciências e às artes.

Pode-se afirmar que o trabalho é o ato que o homem executa visando transformar conscientemente a natureza, ou para citar Marx (1983, p. 149), é uma ação em que o homem media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. 

A origem do trabalho encontra-se na necessidade de a humanidade satisfazer suas necessidades básicas, evoluindo para outros tipos de necessidades, mesmo supérfluas. 

Assim, trabalhar é produzir riqueza, o que é necessário em todos os modos de produção, seja no comunal primitivo, no escravista, no feudal, no capitalista, e mesmo nas experiências socialistas. O que muda é a forma de produzir, a tecnologia utilizada, e a relação entre o sujeito que produziu e o que se apropria do que foi produzido, que varia de acordo com a forma de organização da sociedade*(1).

A sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o homem evoluiu de sua condição animal até sua condição atual devido ao seu trabalho*(2).

Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a natureza devido ao trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis da natureza, através do trabalho ele busca dominar a natureza, transforma-a em proveito próprio. Passa de ser dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho.

O próprio desenvolvimento do seu corpo, do cérebro, da fala, e da relação entre os homens origina-se do trabalho. 

Desta forma, Engels afirma que o trabalho criou o homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ação exclusivamente humana, pois assume uma forma consciente, não intuitiva, pois antes de produzir um objeto é necessário ao trabalhador elaborá-lo inicialmente em seu cérebro para só então partir para a execução. Já as atividades que os animais executam (a aranha e sua teia, o joão-de-barro e sua casa) são meramente intuitivas, daí trabalho ser uma atividade exclusiva da espécie humana.

Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser proprietário de meios de produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de trabalhar, sendo por isso que o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capital.

Ao contrário de sociedades pré-capitalistas como o feudalismo e a escravidão, no capitalismo o trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por um tempo determinado através de um contrato de trabalho.

Além do estabelecimento de um contrato de assalariamento que regula as relações capital-trabalho, algumas diferenças podem ser encontradas no trabalho sob o modo de produção capitalista em comparação com sociedades pré-capitalistas.

Como já visto, o trabalho era desprezado na Grécia e Roma antigas, fazendo com que a socialização dos indivíduos ocorresse fora do trabalho, enquanto na sociedade capitalista a socialização dos indivíduos ocorre exatamente nas relações de trabalho. 

Para esta mudança, a revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um peso determinante*(3), com a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade são obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca de empregos assalariados junto às nascentes indústrias.

O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado, passam a ser vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como vagabundos os que não se submetem a trabalhar para o capital*(4), mesmo que o próprio capital não tenha interesse em absorver todo o trabalho posto à sua disposição.

Assim, os capitalistas sempre encontram um grupo de trabalhadores à margem do processo produtivo, mas sempre ávidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de “exército industrial de reserva”.

Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin*(5) de 1936, o diretor mostra com maestria os efeitos que o desenvolvimento capitalista e seu processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora. 

Como diz o texto de introdução do filme, “’Tempos modernos’ é uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca da felicidade”*(6).

A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de perseguições por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias comunistas*(7)

Além disso, havia recusado naturalizar-se norte-americano argumentando ser um “cidadão do mundo” o que agrava ainda mais sua situação. Chaplin passa a constar na “lista negra” de Hollywood durante a perseguição macarthista, o que torna sua situação de trabalho nos EUA insustentável (seus filmes eram proibidos), levando-o a abandonar definitivamente os EUA em 1952.

No filme, o vagabundo Carlitos, ironicamente, encontra-se na condição de operário. É o auge do predomínio do padrão de acumulação taylorista-fordista, em que os trabalhadores tem suas habilidades substituídas por um trabalho rotineiro e alienado.

É o predomínio da esteira rolante de Ford, do cronômetro de Taylor*(8), do operário-massa.

A inadequação de Carlitos com o trabalho alienado perpassa o tempo todo do filme. 

Na condição de operário ele tenta se adaptar, se esforça para inserir-se naquele novo mundo de produção em massa, máquinas gigantescas, exploração do trabalho, mas também de greves e de organização sindical. 

Esta inadequação fica presente logo no início do filme, quando um bando de ovelhas brancas é mostrado e apenas uma delas tem a cor preta, certamente esta representa o próprio Carlitos. A cena do bando de ovelhas é misturada com a cena dos operários entrando na fábrica, como se fossem animais indo para o abate, só que, na verdade, vão para a produção na fábrica.

Como operário da fábrica, Carlitos se depara com a esteira de produção fordista que aumenta o ritmo de produção a todo instante, tornando a relação homem-máquina extremamente conflituosa, até o ponto em que o próprio Carlitos é engolido pela máquina, saindo de lá em uma condição de insanidade, momento em que ele abandona a condição de quase um autômato (repetindo um gesto mecânico mesmo quando não está trabalhando, fruto da alienação do trabalho) para uma situação de confronto direto em que ele sabota a produção, insurge-se contra o patrão e é internado como louco.

A contradição capital-trabalho está presente de forma clara no filme. O patrão fica numa sala armando quebra-cabeças e lendo jornal, ao mesmo tempo em que de um monitor controla todos os movimentos dos operários e dita o ritmo de produção a ser executado*(9).

Em outras passagens, a inadequação de Carlitos com o trabalho alienado fica presente nas tantas tentativas de trabalhar que o personagem enfrenta. 

Quando arranja trabalho no caís após sair do hospício, consegue em um simples gesto lançar um navio ao mar. Quando o personagem vira vigia na loja de departamentos, além, de não conseguir impedir um assalto, consome produtos da loja, leva a amiga para o interior da loja, e dorme no serviço. Trabalhando como auxiliar de mecânico, Carlitos demonstra a todo instante sua inadequação com a simples tarefa de ajudar o mecânico chefe, fazendo com que este seja também engolido pela máquina. Quando assume o papel de garçom, também é nítida a sua incapacidade de servir uma mesa.

Na verdade, Carlitos só consegue mostrar sua identificação com atividades nada alienantes e que fogem ao domínio da máquina sobre o trabalho. 

Quando ele está na loja de departamentos e mostra uma grande habilidade em patinar, e quando está no restaurante trabalhando como garçom e que improvisa um número musical cômico. 

Neste momento percebe-se que em ao menos em uma atividade ele é bom, em um tipo de trabalho que requeira criatividade e não uma mera execução de tarefas formulada por terceiros. Só então, ele é aplaudido por todos e inclusive, parabenizado pelo patrão*(10).

A voz de Carlitos é ouvida pela primeira vez no cinema quando ele canta. Chaplin opunha-se ao cinema falado, achando que este não duraria muito tempo. 

Na verdade, seu temor era com seu próprio personagem, adequado muito mais ao gestual do que a fala. Somente depois de 10 anos de existência, é que em “Tempos modernos”, Chaplin faria sua primeira experiência com o cinema falado, ou no seu caso, “semi-falado”. 

Ouve-se o ruído das máquinas, o som mecânico da “máquina de comer”, do alto-falante em que o patrão dirige-se aos funcionários, mas em nenhum momento um personagem fala, que não seja através de uma máquina*(11).

Mesmo quando Carlitos canta ele expressa uma crítica ao cinema falado, quando esquece a letra, sua amiga*(12) grita a ele: “Cante! Dane-se a letra!”, e é o que ele faz, mostra que mesmo sem palavras, ou no caso, usando palavras sem sentido, mas caprichando no gestual, faz com que todos consigam compreender uma história*(13).

Outro aspecto que chama atenção no filme é o predomínio completo do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto*(14), ou seja, ao capital não interessa a forma como está sendo produzido ou o que está sendo produzido, somente importa é que está sendo criado valor. 

Daí não sabermos exatamente qual a mercadoria que Carlitos produz, e certamente, nem mesmo os operários da fábrica o sabem. Assim, não existe qualquer identificação do trabalhador com seu trabalho, nem com a mercadoria produzida por ele.

Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. 

Quando eclode a Grande Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma bandeira (pretensamente vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores que fazia uma passeata na rua. 

Carlitos é visto como o cidadão comum, não politizado, mas que pelo simples gesto de buscar devolver a bandeira que tinha caído do caminhão é acusado de líder da revolta operária. Em outro momento, quando eclode uma greve na fábrica em que trabalha, também por acidente é acusado de agressão a um policial que viria reprimir a greve.

No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de perseguição, miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso?” ele responde: “levante a cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o enfrentamento contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo*(15).

Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas para a produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho alienado.

Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do personagem Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o cinema falado tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os tais “tempos modernos”.


Referências bibliográficas

BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista – a degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

CHAUÍ, Marilena. Introdução. In: LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec, 1999.

CLARET, Martin. Chaplin por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 2004.

ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. In: MARX, Karl. e ENGELS. Friedrich. Obras escolhidas, volume 2. São Paulo: Editora Alfa-Omega, s/d.

GOMES, Morgana. A vida e os pensamentos de Charles Chaplin. Rio de Janeiro: 4D Editora, s/d.

LEPROHON, Pierre. Charles Chaplin – o seu destino e a sua obra. Lisboa: Livros do Brasil, s/d.

MARX, Karl. O capital – crítica da economia política – Vol. I, Tomo I. São Paulo: Abril Culural, 1983.

PRIEB, Sérgio. O trabalho à beira do abismo – uma crítica marxista à tese do fim da centralidade do trabalho. Ijuí: Editora Unijuí, 2005.

VÁSQUEZ, Adolfo. Filosofia da práxis. São Paulo: Expressão popular/CLACSO Livros, 2007.

*Professor Adjunto do Departamento de Ciências Econômicas da UFSM. Doutor em Economia Social e do Trabalho pela Unicamp. Membro do Comitê Central do PCB.

1. “Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação entre homem e natureza e, portanto, da vida humana” (Marx, 1983, p. 50).

2. Sobre o papel central do trabalho na sociedade capitalista contemporânea, bem como uma crítica aos autores que acreditam ter o trabalho perdido seu sentido na sociedade moderna, ver Prieb (2005).

3. Vásquez (2007, p. 47) afirma que mesmo que tenha ocorrido a partir da revolução industrial uma valorização maior do trabalho e da técnica, não chega a despertar uma valorização do trabalhador e da significação de sua atividade produtiva.

4. “Nesse imaginário, ‘a preguiça é a mãe de todos os vícios’ e nele vêm inscrever-se hoje, o nordestino preguiçoso, a criança de rua vadia (vadiagem, aliás, o termo empregado para referir-se às prostitutas), o mendigo – ‘jovem, forte, saudável, que devia estar trabalhando em vez de vadiar’” (Chauí, 1999, p. 10).

5. Charles Spencer Chaplin nasceu em 1889 em Londres, Inglaterra, e morreu em 1977 em Vevey, na Suiça.

6. “O filme custou US$1.500.000 de dólares (somente para fazer a grande máquina que engole Chaplin e Chester Conklin foram gastos 500 mil), mas nos Estados Unidos rendeu apenas US$1.800.000. enquanto a Itália e a Alemanha proibiram sua exibição, em Londres, Paris e Moscou, ele alcançou um sucesso considerável durante o resto do ano” (Gomes (s/d, p. 67).,

7. Chaplin no início dos anos 30 percorre o mundo divulgando “Luzes da cidade”. Ao retornar publica vários artigos em jornais falando de suas viagens pelo mundo, salientando as contradições que estava encontrando na sociedade moderna, sendo estes artigos a inspiração para “Tempos modernos”. Juntamente com suas idéias sociais, Chaplin defendia que os EUA deveriam parar com a propaganda anti-comunista contra a União Soviética. Mesmo assim, Chaplin nunca declarou-se comunista, sendo que em um telegrama endereçado a Parnell Thomas, da Comissão de Atividades Antiamericanas escreveu: “Dizem que você quer perguntar se sou comunista. Deveria ter-me feito essa pergunta durante os dez dias em que permaneceu em Hollywood. Sobre o que quer saber, não sou comunista. Sou somente um fator da paz” (Claret, 2004, p. 126).

8. Taylor introduz o cronômetro das atividades produtivas na fábrica, cronometrando todas as fases do processo de produção, buscando que os trabalhadores tornassem seu trabalho mais produtivo. Braverman (1987, p. 97) mostra que em uma experiência de Taylor, ele conseguiu fazer com que um operário aumentasse em 276% a produção, com um simples incremento de 60,86% no salário. O exemplo deveria ser disseminado para os demais operários, mostrando, assim, que era possível aumentar as produtividade se os trabalhadores se empenhassem mais. Existem no filme várias referências à medição do tempo. A primeira imagem do filme é exatamente do relógio da fábrica, que marca a hora da entrada, do almoço, da troca de turno e da saída do trabalho. A todo instante, Carlitos bate o ponto no relógio-ponto da fábrica, mesmo quando está fugindo da polícia. Outras tantas referências irão aparecer no decorrer do filme, Carlitos perde a hora na loja de departamentos, quando dorme demais. Por acidente prensa o relógio de seu chefe imediato na fábrica, além disso, a “máquina de comer” promete que vai “eliminar a pausa para o almoço, aumentar a produção e ultrapassar a concorrência”. A própria realização do filme parecia insurgir-se contra o tempo moderno, sendo rodado de outubro de 1934 a agosto de 1935, um tempo bastante longo para os filme da época.

9. Esta dissociação entre o trabalho do operário que simplesmente cumpre ordens e não tem qualquer inserção sobre a forma como produz, fica claro em Braverman (1987, p. 53): “Assim, nos seres humanos, diferentemente dos animais, não é inviolável a unidade entre a força motivadora do trabalho e o trabalho em si mesmo. A unidade de concepção e execução pode ser dissolvida. A concepção pode ainda continuar e governar a execução, mas a idéia concebida por uma pessoa pode ser executada por outra.”

10. Esta inaptidão para outros tipos de trabalho que não o artístico foi presente na vida do próprio Chaplin, que tendo trabalhado como entregador de mercearia, recepcionista de consultório médico, garoto de recados entregador de papelaria, tipógrafo, vendedor e assoprador de vidros, só conseguiu sucesso profissional após tornar-se artista (Gomes, s/d, 11-13).

11. Em “O capital” Marx afirma que as formas de valor das mercadorias teriam uma “fala própria”: “Vê-se, tudo que nos disse antes a análise do valor das mercadorias, diz-nos o linho logo que entra em relação com outra mercadoria, o casaco. Só que ele revela seu pensamento em sua linguagem exclusiva, a linguagem das mercadorias. [...] Diga-se de passagem que a linguagem das mercadorias, além do hebraico, possui também muitos outros idiomas mais ou menos corretos” (Marx, 1983, p. 57). Marx quer dizer que o capital passa a assumir propriedades que não são suas, mas sim dos homens, ou seja, o capital domina o trabalho, o que é derivado do trabalho passa a ser considerado mérito do capital.

12. A órfã, amiga de Carlitos no filme, é a atriz Paulette Goddard (1910-1990). Chaplin era 21 anos mais velho que Paulette e ficaria casado com ela de 1932 a 1940.

13. “Ainda desta vez utiliza um subterfúgio para demonstrar a inutilidade da palavra na sua arte. Mima esta canção e canta-a numa língua imaginária de palavras feitas de sons diversos e onomatopaicos, de tal modo que esta língua, graças unicamente à interpretação do ator (já que o texto é inintelígevel, diverte, interessa e significa” (Leprohon, s/d, p. 205).

14. Os conceitos de trabalho concreto e trabalho abstrato foram introduzidos por Marx no livro 1 de “O capital” (Marx, 1983). O trabalho concreto produz valores de uso, enquanto o trabalho abstrato produz simplesmente valor.

15. Chaplin havia gravado outro final para o filme, em que a órfã teria virado freira e Carlitos como em filmes anteriores, terminaria sozinho. Preferiu o final mais otimista, em que os dois personagens ficam juntos.


Postado no Blog Sul21 em 05/02/2012