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Situação de Dirceu tensiona militância



Miguel do Rosário

Chegam relatos de que José Dirceu emagreceu muito nas últimas semanas, e que as violências ilegais que tem sofrido, por parte de Joaquim Barbosa, agora afetam-lhe gravemente a saúde. A última diatribe de Barbosa, de pretender quebrar o sigilo de metade de Brasília, incluindo o Palácio do Planalto, por causa de uma fofoquinha de jornal, parece ter sido a gota d’água para muita gente.

O Brasil se tornou refém do marionete de uma mídia criminosa e torturadora, que não se arrepende de ter apoiado a ditadura, zomba da Constituição e dos direitos humanos.

Genoíno é mantido em prisão domiciliar fora de seu estado. A tortura de que tem sido vítima em todos esses anos já minou sua saúde. Hoje vive à beira de um colapso cardíaco enquanto médicos escolhidos a dedo por Barbosa ou por adversários do PT brincam de jogar ácido em suas feridas.

Dirceu é mantido encarcerado ilegalmente há quase meio ano. Foi condenado a regime semi-aberto e poderia estar trabalhando e conversando ao celular com quem quisesse. Mas não. É mantido em regime fechado, e sua situação é prorrogada indefinidamente, usando-se as chicanas mais desprezíveis.

A mídia, por outro lado, procura exatamente isso: provocar. Ela quer que o PT e o governo cometam algum erro, algum excesso, e abusam do sadismo. Um homem indefeso, com quase 70 anos, condenado com base numa teoria nazista, o domínio de fato, continua sendo vítima de violências diárias da mídia. Até mesmo fotos suas, de dentro da prisão, são expostas em revistas de grande circulação. É um processo horrível de tortura moral. E, para cúmulo dos absurdos, a mesma mídia que patrocina essas barbaridades, ainda tenta vender à opinião pública a tese de que Dirceu desfruta de “regalias”.

Regalia de ser torturado? Regalia de estar preso ilegalmente? Regalia de ser condenado sem provas? Regalia de morrer?

Acho que não. Acho que ninguém no mundo gostaria de ter as “regalias” de Dirceu neste momento.

Em sua entrevista, Lula deixou bem claro que a história do mensalão ainda será recontada, e externou sua revolta com a teoria do domínio do fato. Num trecho, ele sugere que o momento para fazer a disputa política sobre o mensalão pode ser a campanha.

Lula certamente já entendeu que há um tensionamento da militância para que ele mesmo e a própria Dilma exerçam pressão mais direta para que cessem as arbitrariedades contra Dirceu. O Judiciário deve ser respeitado, mas o debate político tem de ser feito com mais assertividade. 

As lideranças políticas tem de vir a público externarem suas opiniões sobre os temas que angustiam os brasileiros. O medo da polêmica apenas beneficia os poderosos, porque lhes permite conduzir solitariamente o debate político. É o que vem acontecendo.

Mensalão ou escândalo da Petrobrás, a mídia dá as cartas sozinha, e o governo fica só ouvindo, passivo, como se não tivesse sido eleito também para ser um agente político ativo, e não apenas um administrador frio e indiferente. Vale para o governo e vale para o parlamento. Entretanto, essa defesa não deve ser feita com oportunismo barato, como erguer o braço ao lado de Joaquim Barbosa, mas com discursos e ações. Política se faz com palavras, não com mímica.

E tudo, naturalmente, está ligado a essa conjuntura atrasada que vivemos, com uma mídia exercendo um monopólio absolutamente antidemocrático da opinião pública. Não adianta mandar o povo trocar de canal, porque todos os canais abertos falam a mesma coisa.

Dirceu é um político que chegou ao poder através do voto popular, após anos arriscando sua própria vida, lutando contra a ditadura. 

Muito diferentemente dos barões da mídia, filhotes do regime militar, que se enriqueceram às custas da democracia e da pobreza de toda uma nação.

E que agora abusam da democracia para praticar todo o tipo de fraude jornalística e eleitoral, como vimos em 2010, com o episódio da “bolinha de papel”. Agora está provado, através do mais recente trabalho de Jorge Furtado, que se tratou efetivamente de uma fraude.

Aliás, seria bom a Justiça Eleitoral, ao invés de se preocupar com ninharias nas redes sociais, transmitir à sociedade mais segurança de que estará atenta a esse tipo de fraude, e que agirá rapidamente para coibi-la.

O Brasil sofre com inúmeras injustiças, mas o caso de Dirceu é particularmente grave porque não se trata apenas de uma violência contra um cidadão. O que está em jogo é a liberdade de todos os cidadãos brasileiros, expostos à sanha vingativa de setores autoritários e desonestos da mídia e da política.

A decisão do ator José de Abreu de tensionar as principais lideranças do PT para que demonstrem solidariedade a José Dirceu flerta com as mesmas insatisfações daqueles que pedem mais combatividade política ao governo. Entre esses insatisfeitos, está o próprio Lula.

É uma situação explosiva, que oferece riscos. Mas a inação, a pusilanimidade, a covardia, a mudez, talvez constituam um risco ainda maior.

A mídia insuflou tanto ódio político na opinião pública que conseguiu a proeza de transformar até mesmo pessoas pacatas em neofascistas rancorosos, que desejam a morte lenta daqueles que consideram seus adversários. Esse ódio envenena o ambiente e cria obstáculos enormes para um debate democrático saudável. É preciso combater esse ódio. É preciso estancar esse processo de intoxicação da sociedade.

Houve uma apavorante involução ideológica de alguns setores da opinião pública, que de liberais se converteram em defensores da barbárie penal (desde que a vítima seja seu inimigo político, é claro). 

Mas os fatos já demonstraram que a mídia superestima seu próprio poder. Ela é, literalmente, um tigre de papel. As campanhas de solidariedade a Dirceu e Genoíno, e as vitórias eleitorais do PT inclusive em São Paulo, no momento mais crítico do julgamento do mensalão, já provaram que o processo está desgastado. As pessoas perceberam que há um exagero ridículo, um sensacionalismo de baixo calão, sustentado por setores que tentam compensar a falta de votos através de um jogo sujo e covarde.

Abaixo, matéria publicada há pouco no Brasil 247 sobre a decisão de Zé de Abreu.

ZÉ DE ABREU CLAMA SOLIDARIEDADE POR DIRCEU

:

Em viagem por Budapeste, o ator e político José de Abreu voltou a usar a sua conta pessoal no Twitter para descascar a política nacional. 

Desta vez, porém, o alvo foi o PT, partido que sempre defendeu a apoiou. Mostrando irritação e revolta com a situação do ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, que está preso em regime fechado no Presidio da Papuda, em Brasília, em função do julgamento da Ação Penal 470, o chamado mensalão, o ator disse que até “até que o governo e o PT tomem uma atitude ENÉRGICA contra a prisão POLÍTICA do Zé Dirceu, não contem comigo pra mais nada!”

Ele também criticou o silêncio da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em torno do assunto. “Sem Dirceu Lula jamais seria eleito. Dilma nem existiria nacionalmente. Chega de contemporizar. Vou me concentrar na luta pela Justiça”, postou.

Em suas postagens, José de Abreu ressalta que só entrou nos quadros do PT por conta de Dirceu e que não está preocupado com o que possam pensar a seu respeito por conta da sua defesa em torno do ex-ministro. “Nem venham com o lugar comum de que minha atitude ajuda a oposição, dane-se! Quero ver meu amigo ser defendido pelos Companheiros”, escreveu em sua conta no Twitter.

Afirmando que tanto Lula como Dilma estão sendo omissos em torno da prisão do correligionário, José de Abreu diz que ambos devem “uma explicação aos companheiros” sobre o assunto. O ator diz, ainda, que irá liderar uma “campanha solitária” “contra a injustiça a que Dirceu está sendo submetido” em função do silêncio do PT em torno da prisão do “homem que levou Lula ao poder”. O ator afirmou ainda que, sem Dirceu, “Dilma nem existiria nacionalmente”.


Postado no blog Tijolaço em 13/04/2014

  

Joaquim Barbosa é uma chaga social violenta e malcheirosa




Dom Orvandil*

Muitos autores, pensadores, jornalistas, cientistas políticos e sociais, juristas, partidários sérios da justiça, artistas e teólogos pensam e escrevem sobre as diatribes e falta de respeito de Joaquim Barbosa, acentuadamente desde que à frente do Supremo Tribunal Federal e principalmente quando o Ministro Barroso descascou toda a trama montada em torno das mentiras e desvios do chamado “mensalão do PT.”

Vivemos a impressão de que um temporal ético se armava em forma de carnaval quando de repente a máscara cai e mostra que o reizinho veste-se de nudez e má fé. 

O que fica é desfaçatez de um malandro golpista que constrói um falso circo de condenações sem provas para prender inocentes. O objetivo é atender a sede de golpe de uma elite e de uma mídia acostumadas a manter esse povo cego, calado e escravizado. 

Depois que o arbitrário, violento batedor em mulher, em velho e socador da poltrona da sala de seções do STF quando viu sua falsa tese condenatória cair aos cacos e cair a máscara começam a aparecer as pontos dos cabos que o ligam aos golpistas. 

Quem acompanha os noticiários televisivos, lê os jornalões e revistas mentirosas sabe que todos os meios mediáticos foram utilizados para pressionar os ministros e para impressionar a chamada opinião pública a constrangê-los a fazer sujeira, a sujeira comandada pelo fracassado Joaquim Barbosa. 

Mas não foi somente através da mídia que a elite domesticadora e dominante agiu. Como diz o meu amigo jornalista Altamiro Borges, essa elite é competente e inteligente. Eu não acho isso, em todo o caso vamos lá. 

Organizações como o escritório Borges e Strübing Müller Advogados, de Adriano José Borges Silva - ex-genro de Ayres Britto, que saiu direto do STF para outra organização golpista - dono de imensa mansão em Brasília, frequentada por Joaquim Barbosa para tratar de “investimentos” no exterior, sempre cuidadosamente sem a presença dos funcionários da mansão e sem testemunhas. Adriano publicou documento de teor claramente golpista contra o que classificou de caos político no País [1]. Adriano é um dos mentores do mistificador e golpista da justiça. 

O senhor Ayres Britto, com aquela voz mansa e com fama de poeta, “depois de sair do STF virou presidente do Instituto Innovare, um dos braços políticos da Rede Globo e que até pouco tempo atrás (sic) dava prêmios em dinheiro para magistrados e promotores”[2]. 

Essa ligação já é bastante promíscua e indicativa de orientação de dicas políticas a Joaquim Barbosa e a Gilmar Mendes. É fácil entender que as armações para condenar Dirceu, Delúbio, Pizollato, Genóino e João Paulo Cunha visavam desmoralizar os que a direita entendia como elaboradores da vitória eleitoral da esquerda e do governo de Lula. 

A decisão de caluniar o grupo da cúpula do governo e de enganar o povo se esclarece cada vez mais. 

O jornalista Paulo Nogueira[3] conta que a Innovare é claramente uma empresa da Globo. Sua função é fazer a mente da justiça em todo o País. Essa empresa paga altos valores a palestrantes. Quem ganha muito dinheiro em palestras são exatamente Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. Este ministro é um dos mais suspeitos de ligações escusas desde que era advogado de Fernando Henrique Cardoso. O site de Nogueira mostra fotos desses ministros em encontros na Innovare juntamente com os donos da Globo. 

Luiz Nassif identifica a conduta grosseira e o discurso de Joaquim Barbosa com o clima “de radicalização, de criminalização da política, do denuncismo desvairado que a oposição levantou a partir de 2006 e, especialmente, a partir da era José Serra. 

Trouxeram de volta para a cena política o macartismo, abusaram da religiosidade, despertaram os piores demônios existentes no tecido social brasileiro, aqueles que demonizam as leis e propõem o linchamento, transformaram a disputa política em um vale-tudo. 

Não valia denunciar aparelhamento da máquina, a política econômica, apontar erros na gestão pública, como em qualquer disputa política civilizada. 

Repetiram nos mínimos detalhes a radicalização da política norte-americana, o movimento da mídia e do Partido Republicano dos Estados Unidos adotando o discurso virulento de ultra-direita do Tea Party.”[4]. 

Não tenho dúvidas de que Joaquim Barbosa, vestido de imensa hipocrisia e cara de pau, era porta voz de organizações políticas das mais perversas da direita golpista e fascista brasileira. Tanto suas ligações reais quanto seu discurso e comportamento toscos, intenso em desrespeito e falta de civilidade, sinalizam o uso do Supremo Tribunal Federal como aparelho para a prática de golpes contra o País e a democracia. 

Já escrevi aqui sobre a traição que esse homem representa para os negros e para os pobres.  
Carrega a tintura de nossa origem africana em uma mente colonial embranquecida e imperialista na realização dos interesses dos escravocratas. Quando empossado no cargo de presidente do STF apresentou sua mãe sofrida pelos tempos de trabalho duro de trabalhadora doméstica e mencionou seu pai pobre. Porém, Joaquim os desonra ao trair os pobres no acercamento dos ricos e poderosos com o objetivo de obter vantagens financeiras e da ver o mundo a partir da ideologia dominante. Vergonhoso e mau exemplo para o povo. 

Joaquim Barbosa ao servir aos interesses mesquinhos dos poderosos que odeiam o povo e a revolução libertária encarna o espírito de porco e se torna chaga social malcheirosa, carente de ser extirpada de onde indignamente está. 

Poxa, Joaquim Barbosa causa estragos na consciência informe e ingênua de nosso povo. Na tarde em que saiu o resultado que condenou à prisão os tais “mensaleiros” fui a uma farmácia comprar refis para minha bombinha contra a asma. Relaciono-me bem com o balconista. Mas o mal joaquiniano atingiu o rapaz que disse achar muito “bão” prender aqueles “ladrões”. Esse é o serviço de Joaquim Barbosa ao levar os cegos sociais a cegueira rancorosa e odiosa, imersas em tremendas injustiças. Um aluno meu de um curso de pós-graduação ao se encontrar comigo me perguntou o que achei da prisão dos mensaleiros. 

O grave de tudo é que as pessoas a cabresto da dominação que insensibiliza e bestifica se sentem alimentadas pelo desserviço da besta fera. Repentinamente as pessoas se mostram armadas e prontas para a guerra, sem a menor criticidade e questionamento sobre as forças que movem pessoas tão degradadas como Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. 

Penso que a verdade começa a mostrar sua face em meio a toda a borrasca. 

Nosso desafio é suspeitar sempre do que a mídia “anuncia” e de suas calúnias. O poderio da classe dominante se traduz sempre em tentar influenciar os que comandam os poderes. Desgraçadamente o Supremo Tribunal Federal está nas mãos da pior orientação, a mais injusta possível. 

Sinto enorme tristeza com o fato Joaquim Barbosa. Ele é uma amargura estúpida e egoísta, uma completa frustração da justiça. 

Sua origem negra e pobre lhe deu a grandiosa oportunidade e raízes robustas para escolher o caminho mais justo a seguir. Poderia inspirar-se em Marthin Luther King e somar-se aos que vivem sob condições desumanas e oprimidas. Poderia orientar-se por Nelson Mandela e lutar pela defesa e libertação do povo negro e pobre de nosso País e do mundo, como o grande líder sul africano fez virando um santo canonizado por seus irmãos de luta. Poderia exemplificar-se em Mahatma Gandhi na luta contra a violência e a opressão imperialista. Teve a oportunidade de entender Zumbi e Tiradentes na luta contra as brutais causas da opressão que desumaniza. 

Mas não, que pena, Joaquim Barbosa optou pelas ilusões dos traidores e oportunistas ladrões da justiça e do povo. Preferiu virar de costas para o povo em busca do falso prestígio, próprio dos traidores. Deve pagar esse custo! 

Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz. 


*Dom Orvandil bispo cabano, farrapo e republicano, em todas as situações. 



Postado em Cartas e Reflexões Proféticas em 02/03/2014, em Cafezinho e em Contraponto



Calma Joaquim Barbosa ! Só rindo...






























A roupa adequada






Cai o castelo de cartas de Joaquim Barbosa




Breno Altman, especial para o 247

As palavras finais do presidente da corte suprema, depois da decisão que absolveu os réus da AP 470 do crime de quadrilha, soaram como a lástima venenosa de um homem derrotado, inerte diante do fracasso que começa a lhe bater à porta. A arrogância do ministro Barbosa, abatida provisoriamente pelo colegiado do STF, aninhou-se em ataque incomum à democracia e ao governo.

"Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo", discursou o relator da AP 470. "Esta maioria de circunstância foi formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a cabo por esta corte no segundo semestre de 2012."

Sua narrativa traz uma verdade, um insulto e uma fantasia.

Tem razão quando vê risco de desmoronamento do processo construído sob sua batuta. A absolvição pelo crime de quadrilha enfraquece fortemente a acusação. Se não há bando organizado, perde muito de sua credibilidade o roteiro forjado pela Procuradoria Geral da República e avalizado por Barbosa. A peça acusatória, afinal, apresentava cada passo como parte minuciosa de um plano concebido e executado de forma coletiva, além de permanente, com o intuito de preservação do poder político. Se cai a tese de quadrilha, mais cedo ou mais tarde, as demais etapas terão que ser revistas. Essa é a porção verdadeira de sua intervenção matreira.

A raiva de Barbosa justifica-se porque, no coração desta verdade, está a neutralização da principal carta de seu baralho.

O ex-ministro José Dirceu foi condenado sem provas materiais ou testemunhais, como bem salientou o jurista Ives Gandra Martins, homem de posições conservadoras e antipetistas. 

A base de sua criminalização foi uma teoria denominada "domínio do fato": mesmo sem provas, Dirceu era culpado por presunção, oriunda de sua função de líder da eventual quadrilha.

Absolvido do crime fundante, a existência de bando, como pode o histórico dirigente petista estar condenado pelo delito derivado? Se não há quadrilha, inexiste liderança de tal organização. 

A própria tese condenatória se dissolve no ar. O que sobra é um inocente cumprindo pena de maneira injusta e arbitrária.

Derrotado, Barbosa recorreu a um insulto: acusa o governo da República de ter ardilosamente montado uma "maioria de circunstância", como se a fonte de sua indicação fosse distinta dos demais. Aponta o dedo ao Planalto sem provas e sem respeito pela Constituição. Atropela a independência dos poderes porque seu ponto de vista se tornou minoritário. 

Ao contrário da presidente Dilma Rousseff, que manteve regulamentar distância das decisões tomadas pelo STF, mesmo quando eram desfavoráveis a seus companheiros, incorre em crime de Estado ao denunciar, através de uma falácia, suposta conspiração da chefe do Executivo.

A conclusão chorosa de seu discurso é uma fantasia. Não se pode chamar de "trabalho primoroso" uma fieira de trapaças.

O presidente do STF mandou para um inquérito secreto, inscrito sob o número 2474, as provas e laudos que atestavam a legalidade das operações entre Banco do Brasil, Visanet e as agências de publicidade do sr. Marcos Valério. 

Omitiu ou desconsiderou centenas de testemunhas favoráveis à defesa. Desrespeitou seus colegas e tratou de jogar a mídia contra opiniões que lhe contradiziam. 

Após obter sentenças que atendiam aos objetivos que traçara, lançou-se a executá-las de forma ilegal e imoral.

O ministro Joaquim Barbosa imaginou-se, e nisso há mesmo um primor, como condutor ideal para uma das maiores fraudes jurídicas desde a ditadura. Adulado pela imprensa conservadora e parte das elites, sentiu-se à vontade no papel do pobre menino que é glorificado pela casa grande por suas façanhas e truques para criminalizar o partido da senzala.

O presidente do STF lembra o protagonista da série House of Cards, que anda conquistando corações e mentes. Para sua tristeza, ele está se desempenhando como um Frank Underwood às avessas. O personagem original comete incríveis delitos e manobras para chegar à Presidência dos Estados Unidos, derrubando um a um seus adversários. O ministro Barbosa, porém, afunda-se em um pântano de mentiras e artimanhas antes de ter dado sequer o primeiro passo para atravessar a praça rumo ao Palácio do Planalto.

Acuado e sentindo o constrangimento de sua nudez político-jurídica, o ministro atira-se a vinganças, recorrendo aos asseclas que irregularmente nomeou, na Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, como feitores das sentenças dos petistas. Delúbio Soares teve o regime semiaberto suspenso na noite de ontem. José Dirceu tem contra si uma investigação fajuta sobre uso de aparelho celular, cujo único propósito é impedir o sistema penal que lhe é devido. O governo de Brasília está sendo falsamente acusado, com a cumplicidade das Organizações Globo, de conceder regalias aos réus.

O ódio cego de Barbosa contra o PT e seus dirigentes presos, que nenhuma força republicana ainda se apresentou para frear, também demonstra a fragilidade da situação pela qual atravessam o presidente do STF e seus aliados. Fosse sólido o julgamento que comandou, nenhuma dessas artimanhas inquisitoriais seria necessária.

O fato é que seu castelo de cartas começou a ruir. Ao final dessa jornada, o chefe atual da corte suprema sucumbirá ao ostracismo próprio dos anões da política e da justiça. Homem culto, Barbosa tem motivos de sobra para uivar contra seus pares. Provavelmente sabe o lugar que a história reserva para quem, com o sentimento dos tiranos, veste a toga dos magistrados.


Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi.


Triste figura...



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Toma Lewandowski