Não faça drama. Faça dar certo




André J. Gomes

Liga não. Essas caras de fúria, esses olhos arrogantes fuzilando quem está perto, essa gente que não responde quando você diz “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, esses carros acelerando no farol vermelho contra as faixas de pedestre, nenhum deles vai mudar se você explodir. Respira, se apruma, segue em frente. Deixa-os lá atrás.

Não, o fato de tomar distância de quem lhe faz mal não torna você pessoa conformista. Faz de você alguém no exercício de sua inteligência e de sua liberdade. Ser livre é poder largar mão de quando em vez. E eu tenho a impressão de que não se pode mudar um canalha, um esnobe ou um criminoso jogando na cara dele o quanto ele está enganado. Quase sempre, só vai ajudá-lo a se tornar pior. Melhor se afastar.

Postar-se de pé no meio da rua para frear um ônibus que vem acelerando, e cujo motorista não vai parar no ponto por pura maldade, não vai fazer de você um herói. Vai transformá-lo em suicida. Reagir a um assalto explicando ao ladrão que o que ele deseja fazer é uma sacanagem só vai piorar as coisas. Os mais velhos davam a isso o nome de “murro em ponta de faca”. Não adianta. Melhor é sair da frente do touro, correr até um lugar seguro e pensar com seus botões: “mas por que raio esse touro está tão bravo?”.

Saia de perto e pronto. Tomar distância de quem o desagrada não é covardia, não. É um gesto de coragem. Também não é a solução para todos os males, é só uma estratégia: ao se afastar de quem lhe faz mal, você se aproxima daqueles a quem ainda pode fazer uma coisa boa. Pequenas e importantes atitudes de bondade alimentadas todos os dias, a qualquer hora. Gestos simples e boas ações a quem quer que seja. Caminhando, você vai saber quem são essas pessoas e o que fazer de bom a elas.

Aos poucos, com o trabalho árduo de cada um, a bondade, a gentileza, a educação, o respeito e as intenções amorosas serão mais fortes, maiores, irrebatíveis, incontornáveis. Então a sanha dos seres com motivações maldosas vai morrer à míngua, aos poucos, até se tornar tão insignificante que na prática deixará de existir.

Olha, fácil não há de ser. A vida não é videogame. Pena, mas a gente não escolhe entre os modos easy, médium, hard. A gente encara o que vem. Trabalha, cuida, se esforça, planeja, pratica, cai, levanta, espera, vai em frente. E por mais que a gente aprenda tem sempre um enrosco desconhecido ali na frente, nos obrigando a aprender de novo depois de um ou um milhão de erros.

Tentemos. Tentemos com teimosia e esforço. Não ajuda fazer drama. É preciso fazer dar certo. É o único jeito. Para fazer dar certo o amor, a amizade, a família e a vida é preciso trabalhar. Tem de acreditar e pôr em prática. Bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, obrigado, com licença, pois não, você primeiro. Vamos que há tanto trabalho à espera e um mundo inteiro para fazer dar certo. Mãos à obra!


 André J. Gomes  André J. Gomes é jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.


Postado no Conti Outra



Chorar vale mais que uma boa dose de tranquilizantes





Quando anoitece e a razão escurece, ascende clara a ferida. São dias em que a alma sente dor, uma dor tamanha que é impossível ignorar. Então a gente chora. Chora sim. 

A gente se socorre no choro, enquanto tenta fazer escorrer em lágrimas o que precisa sair, descer ou desfazer. O choro é chuva que varre a dor, é uma atrevida tentativa de fazer a tristeza fugir do olhar. Enquanto escorre, a lágrima faz curva na angústia, faz o instante condoer-se em dilúvio. 

Chorar é fazer as palavras caírem dos nossos olhos. É dizer o que, em certos momentos, se encontra indizível.

A gente chora também porque se despede, porque se lamenta, porque se comove, porque o filme era lindo. 

Choramingamos baixinho, dentro de um quarto em solidão ou por detrás de um abraço de despedida no aeroporto. Soluçamos pela lembrança que dói ou que alimenta. Ao reviver em memória o último beijo, o irrevogável tempo de infância, a conversa que não terminamos, o abraço sobrante no braço, a família que está longe, aquele que se foi. 

Choramos como pedido de ajuda ou como estratégia para sermos olhados — quando o mundo parece ocupado demais para prestar-nos atenção. 

Choramos porque nos sentimos sozinhos, quando todos se divertem em viver, e nós naquele instante, não.

Choramos de medo dos monstros que dormem em nossos quintais a nos assombrar. Choramos de raiva porque tudo deu errado naquele dia. Choramos por solidariedade ao mais fraco, por empatia ao que sofre. Porque nos reconhecemos nos olhos dos pedintes, esmolando além do pão, um trocado de misericórdia. 

Choramos porque amamos intensamente e desejamos ser amados, e nem sempre somos. Alguns choram em segredo, quando a única opção é ser forte. A alma plange, soluça na intimidade recolhida do escuro. É, existe dor que é sigilo. 

No entanto, existe choro que regozija, onde a alegria que não cabe mais por dentro há de sair pelo transbordamento.

De todo modo, choro é alívio pra alma. É a gente colocando a mão por dentro da garganta a desatar o nó. 

Shakespeare diria que chorar é diminuir a profundidade da dor. Acho mesmo que é dar a palavra ao que se encontra sem nome dentro de nós. 

O choro é a vertigem da palavra, ela entontece e fica trancada — escassa — e o sentimento só consegue sair em rio, quando a comporta se abre. E desce, escorregando na face, deixando na cara lavada a nossa humanidade.

Há quem diga que homem não chora. Ora, os homens não têm olhos e tempestades por dentro? E ainda ouvimos: Pare de chorar a-go-ra! Engole o choro! 

Pra mim, pranto engolido transmuta em fome demasiada, em angústia, em ferida, vira gastrite, vira enfermidade pra alma. Choro contido vira gelo, empedra as entranhas, nos enrijece enquanto criatura humana. Seca a gente por dentro, enxuga as nascentes dos rios que nos habitam. O pranto é um resto de mar que cura. 

Os que se retraem a chorar rasgam palavras, se livram de comunicar aquilo que o indizível não deu conta de representar. E por qual calçada vai descer essa torrente, já que não descai pelos olhos? 

Os que não choram se colocam mais perto de adoecer, por isso, chorar pode valer mais do que uma boa dose de tranquilizantes.

Se eu tiver que chorar, choro hoje, choro agora. E à vida digo, eu devo dizer: sim, eu vou lhe dar o enorme prazer de me ver chorar. 

Amanhã, bem cedinho, me costuro. E rio. Eu sei me navegar.



Ruth Borges



Postado no Bula






O falso moralismo dos " sem moral " !









Postado no Conversa Afiada em 15/02/2016


O silêncio é uma prece e faz bem rezar um pouquinho




André J. Gomes

Pois em meio a esse barulho todo, esse debate infinito, esse falatório, esse tanto que dizer e essas coisas todas por ouvir, acontece da gente calar um instante.

É que tem hora em que falar e ouvir fazem mal. A gente sente que uma só palavra vai nos fazer explodir. Aí só o silêncio nos salva.

Ele vem voando como um anjo generoso e sutil nos acolher sob asas calmas. Então voltamos ao remanso que existia antes de nós. O silêncio da madrugada em que as crianças dormem, as plantas crescem, o pensamento repousa.

Tem dias em que toda gente só precisa ficar quieta em seu canto, dizer ao mundo: “não, hoje eu não quero sair. Vou ficar aqui dentro de mim mesmo”. Depois se deixar em franca quietude, esperando doer a dor, que doa, pode doer. E se alguém perguntar “por quê?”, a resposta será nenhuma.

É preciso fazer silêncio, respirar devagar, dormir e acordar tantas vezes quanto o corpo e a alma pedirem. Descansar os músculos na cama que nos abraça com nosso cheiro, como um carinho antigo em cada pedacinho de nós.

Que o silêncio venha nos varrer por dentro, tal qual a casa de móveis revirados em manhã de faxina, as vassouras arrastando de cantos escondidos a sujeira velha, cacos de vidro, pedaços de linha suja, botões perdidos de camisas desaparecidas, asas de inseto, unhas cortadas, emaranhados de cabelo vencidos por tanta chateação, lã de cobertor, pele morta e poeira velha arrancada de tanta sombra em nosso aqui dentro.

Ahh… silêncio, escancara essas janelas pesadas, inunda de sol nosso peito trancado de angústias gritadas em falatório inútil. Esfrega com escova grossa e sabão concentrado nossas paredes encardidas de tanta craca acumulada. Enxágua com esguicho a gordura das reclamações inúteis, o pó rasteiro das picuinhas. Limpa a imundície das falas inúteis, ofensas, injúrias, berros, misérias, invejas. Liberta as palavras de todo mau uso, mergulha suas sílabas em baldes de álcool, lava seus vãos e desvãos e reentrâncias. Deixa-as de novo frescas, livres do burburinho tacanho. Puras à espera de outros usos além do ataque, da intriga e da empáfia.

Como o corpo que jejua, toda alma precisa do silêncio que a liberte de vozes indigestas, desaforos gratuitos, elogios falsos, comentários mesquinhos.

Só o silêncio nos livra de tanto veneno. E quando estivermos restabelecidos, uma enfermeira de olhos risonhos nos encontrará silenciosa, o indicador sobre os lábios, e nos dirá palavra nenhuma, em seu aviso de que a saúde é franca, a paciência é um remédio e o silêncio a tudo refaz. 

Porque tem hora em que, depois de tanta falação, é preciso silêncio. Não há mais o que dizer. Tem hora em que só a mudez nos fala, nos cura e nos ensina de novo a estar em paz.



Postado no O Segredo



Lula : porque defender o homem e o mito




Margarida Salomão


“O mito é o nada que é tudo”. O primeiro verso de Fernando Pessoa no poema Ulisses epigrafa a reflexão que devemos fazer sobre o que está acontecendo ao presidente Lula neste momento da história brasileira.

Lula não era nada. Pobre, filho de analfabetos, imigrante nordestino e operário. Posteriormente sindicalista, deputado, fundador do PT e, audaciosamente, candidato à presidência da república. Como não era nada, apenas uma voz dissonante que acreditava na democracia e, principalmente, acreditava que era possível e necessário acabar com a desigualdade, a fome e a miséria neste país, perdeu a eleição três vezes. Mas não perdeu a esperança.

Por isso, tornou-se tudo. Dentro de um contexto de extrema adversidade – dívida externa, recessão, desemprego – virou um gigante. Falando para cada um, em cada canto desse país, que era possível fazer diferente, contagiando as pessoas com o seu sonho. O projeto antes remoto, abstrato, amorfo revelou-se um campo de possibilidades que pulsava, vibrava e movia o povo. Criou-se o mito, que eleito e reeleito presidente, realizou o melhor governo da história deste país. Começou-se a construir um futuro glorioso, não para as velhas elites oligárquicas, ou para os eternos donos de tudo; glorioso para quem foi como Lula no passado: nada.

Por ser um homem-mito, que alimenta os sonhos daqueles que não tinham perspectiva de futuro, passou a parecer perigoso. Na história recente, não há ninguém vivo na esquerda mundial que possua uma trajetória de vida como Lula. Sua biografia tem um teor subversivo capaz de desestabilizar o status por encarnar historicamente a esperança dos que não têm.

Característica de seu legado, democrata, republicano e negociador, é não ter optado pelo enfrentamento radical da conjuntura, alavancando mudanças mais estruturais, mais profundas. Talvez, por este ponto, tenha sido ingênuo ou presunçoso, imaginando que a elite, tendo sido também beneficiada nos seus governos, lhe seria grata pela eternidade.

Não se trata de questões morais, mas de práticas secularmente inculcadas na nossa cultura que naturalizam, por exemplo, que o anti mito Joaquim Barbosa adquira um apartamento luxuoso em Miami, ou que, o self made man Silvio Santos tenha salvado o seu banco Pan Americano em negociação com o “amigo do Aécio”, André Esteves, preso na Lava Jato.

Joaquim Barbosa e Silvio Santos, um negro e o outro camelô, têm aval para fazerem o que quiserem porque são exceções, fazem jus a seu "mérito": não ameaçam a regra, não abalam as estruturas. Entretanto, o nordestino operário que ousou ser presidente foi longe demais. Ele não só subiu na vida como também levou muita gente junto. Tirou mais de 20 milhões de pessoas da miséria, elevou 42 milhões à classe C e, atrevidamente, criou onze novas universidades federais, além de programas como o Prouni e as cotas raciais que mudaram definitivamente a cara das instituições universitárias e as perspectivas de futuro da juventude pobre, negra, da periferia e do interior.

É fato que muito do que foi conquistado está hoje ameaçado pela crise econômica mundial e, principalmente, pelo rancor dos que nunca aceitaram que um operário, com curso técnico, fosse “o cara”, e tirasse o Brasil da condição subalterna. Assim, é necessário desgastar a aura do mito, banalizá-lo, reduzi-lo a homem comum, expor suas fraquezas, escancarar e agravar suas feridas. Mais, é preciso criminalizar o mito. Acabar com toda sua força propulsora, eliminar sua potência.

E fazem isso com toda desfaçatez porque, no senso comum, sempre gotejou a ideia de que pobre quando chega ao poder faz algo errado. Então, conservadores, mídia reacionária e o poder judiciário que, recentemente, virou Deus na política brasileira, empenham-se, teratologicamente, em transformar o mito Lula na encarnação da corrupção.

Está em curso uma desqualificação generalizada da esquerda que abre caminho para uma hiperaceitação da direita. Isso é tático. O bolo está menor e não dá para todos. A esquerda defende o bem comum e a inclusão social, enquanto a direita busca defender seus próprios bens e a "liberdade" para acumular mais. Se não há bolo para todos como fatiá-lo?

A crítica moralista àqueles que teimaram, com todos os erros e acertos, a colocar na ordem do dia o combate às desigualdades e a toda forma de exclusão, tem somente uma finalidade: esconder que o problema é sistêmico. E para a sobrevivência desse sistema ganancioso e corrupto é fundamental matar o mito e manter-nos sob controle por meio do medo e do ódio. Não é para romper com práticas seculares que querem que nos sintamos traídos e enganados. É para perdermos a esperança, para achar que não tem jeito, para ficarmos apáticos e mais distantes dos espaços de decisão.

É preciso matar o mito para matar a nossa capacidade de sonhar e agir de forma inesperada. Quando sonhamos, conseguimos nos libertar das amarras e buscar outros caminhos e possibilidades. Em tempos de crise, é letal este abandono. Não podemos nos deixar contaminar pela desesperança, pela apatia, pelo medo. Temos que lutar. Não só por Lula: por nós mesmos. Porque uma sociedade sem a utopia de sua emancipação , como profetiza Pessoa, está liquidada. “Em baixo, a vida, metade/ De nada, morre”.


Postado no Brasil247 em 15/02/2016














Sorrir faz bem ! Evoluímos !?













































Looks Verão 2016




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Sanders : Estados Unidos, terra em transe




Editorial do site Vermelho


Uma parcela muito expressiva do povo norte-americano tem revelado seu descontentamento com o predomínio da lógica que favorece apenas aos grandes milionários na política, na economia, na sociedade. 

Esse desconforto pode ser visto na eleição de Barack Obama, em 2008. Depois, em 2011, na grande onda de manifestações, de sentido antineoliberal, do movimento conhecido como Occuppy Wall Street(OWs) que começou em Manhattan e se espalhou pelo país, popularizando o slogan We are the 99% ("Nós somos os 99%"), em luta contra o predomínio apenas dos interesses do 1% mais rico. 

Foi a face mais visível da luta de classes que, na pátria de Tio Sam, nunca esmoreceu de fato, embora tenha enfraquecido desde as décadas de 1980 e da ação dos governos contra sindicatos, organizações de trabalhadores e os direitos sociais. Recentemente houve grandes greves de empregados de redes de fast-food, de funcionários públicos, trabalhadores de refinarias de petróleo, e também o movimento pelo salário mínimo de 15 dólares a hora –para falar apenas das ações de maior evidência. Isto é, a luta dos trabalhadores nunca parou.

Neste ano, na eleição presidencial marcada para 8 de novembro, esse descontentamento parece confluir para a disputa da presidência da República, e ajuda a entender o surgimento e a força da candidatura de Bernie Sanders que, embora dispute uma vaga pelo Partido Democrata, se define como “socialista democrático”, com um duro discurso contra a oligarquia financeira que controla o país mais rico do planeta. 

Desde a Independência (1776) até a emergência do capital imperialista, no século 20, os EUA foram a terra das promessas de liberdade e progresso social, como o próprio Marx reconheceu em seu tempo. A alta finança reforçou seu domínio sobre a política dos EUA desde a morte do presidente Franklin D. Roosevelt, no final da Segunda Grande Guerra, em abril de 1945. 

Com o desaparecimento de Roosevelt, e o reforço do poder das grandes empresas multinacionais, o país passou a chamar para si a tarefa anticomunista que esperavam que a Alemanha nazista cumprisse. Mas a Alemanha foi derrotada na guerra e, desde então, os EUA passaram a se portar como “polícia” do mundo, envolvendo-se cada vez mais em guerras e golpes de estado em defesa do predomínio do grande capital, de suas multinacionais, e para manter os povos subordinados aos desígnios do imperialismo.

Esse papel de gendarme do capitalismo se acentuou desde o fim da União Soviética, no início da década de 1990. Em sua esteira cresceu o neoliberalismo e o avassalador domínio do capitalismo em todo o planeta - não só nos países subordinados da periferia capitalista mas também contra os trabalhadores da própria metrópole imperialista, da Europa aos EUA.

O “socialismo democrático” de Bernie Sanders se insurge contra esta realidade. Na verdade, as medidas que sugere são mais próprias de um capitalismo regulado do que socialistas. No Brasil, seria chamado de “desenvolvimentista”, ou keynesiano. Ele tem falado, insistentemente, em saúde pública gratuita para todos, educação gratuita (do ensino fundamental à universidade), um salário mínimo de 15 dólares por hora, aumento de impostos para os mais ricos.

Tudo isso em uma pauta mais ampla que é o avesso daquela que predomina hoje, e se propõe a usar o poder do estado para fomentar o desenvolvimento e regular a ação do capital (de Wall Street, mais claramente) e conter sua ganância. 

Ele tem dito, por exemplo, que pretende aplicar 1 trilhão de dólares em obras de infraestrutura (com investimentos em estradas, pontes, sistemas de tratamento de água, ferrovias e aeroportos), que poderiam criar 13 milhões de novos postos em cinco anos.

Isto é, contra o neoliberalismo dominante, defende o uso de investimentos públicos para fomentar o desenvolvimento e criar empregos. Um típico keynesianismo que somente os direitistas mais radicais consideram “socialismo”. 

A mera existência de sua campanha, encarada como “ameaçadora” pela oligarquia financeira, deu nova cidadania ao termo “socialismo” (independente do que se entenda por esta expressão), e enseja o debate, do qual a elite dos Estados Unidos sempre fugiu, sobre os rumos do capitalismo.

Com bom humor, Bernie se referiu a isso em um comício ocorrido na véspera da primária de New Hampshire: "Nossa campanha está indo bem, porque tratamos a população americana como seres humanos inteligentes, o que é meio inusual na política hoje em dia". A plateia riu, satisfeita.

O crescimento da sua candidatura é uma saída para a frente e move a esquerda norte-americana decepcionada com Barack Obama. 

Chamado de radical e utópico pelos críticos, Bernie responde com ironia. "Estão preparados para um conceito radical? Então lhes digo que vamos trabalhar juntos pela educação, em vez de aumentar o número de cadeias e encarceramentos."