Chomsky : Este é o momento mais crítico na história da humanidade

Numa longa conversa, Chomsky analisa as principais tendências do cenário internacional, critica a escalada militarista do seu país e afirma que as alterações climáticas é o pior problema que a humanidade já enfrentou.



Por Agustín Fernández Gabard e Raúl Zibechi

“Os Estados Unidos foram sempre uma sociedade colonizadora. Ainda antes de se constituir como Estado estava a eliminar a população indígena, o que significou a destruição de muitas nações originais”, sintetiza o linguista e ativista norte-americano Noam Chomsky quando se lhe pede que descreva a situação política mundial. Crítico acérrimo da política externa do seu país, argumenta que desde 1898 se virou para o cenário internacional com o controle de Cuba, “que converteu essencialmente em colónia”, para depois invadir as Filipinas, “assassinando um par de centenas de milhares de pessoas”.

Continua a alinhavar uma espécie de contra-história do império: “Depois roubou o Hawai à sua população original, 50 anos antes de incorporá-la como mais um estado”. Imediatamente depois da segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos converteram-se em potência internacional, “com um poder sem precedente na história, um incomparável sistema de segurança, controlava o hemisfério ocidental e os dois oceanos, e naturalmente traçou planos para tentar organizar o mundo de acordo com os seus desejos”.

Concorda que o poder da superpotência diminuiu em relação ao que tinha em 1950, o pico do seu poder, quando acumulava 50 por cento do produto interno bruto mundial, que agora caiu para 25 por cento. Ainda assim, parece-lhe necessário recordar que os Estados Unidos continuam a ser “o país mais rico e poderoso do mundo, e a nível militar é incomparável”.

Um sistema de partido único

Há algum tempo Chomsky comparou as votações no seu país com a escolha de uma marca de pasta de dentes num supermercado. “O nosso é um país de um só partido político, o partido da empresa e dos negócios, com duas facções, democratas e republicanos”, proclama. Mas acha que já não é possível continuar a falar de duas velhas comunidades políticas, já que as suas tradições sofreram uma mutação completa durante o período neoliberal.

“São os republicanos modernos que se fazem chamar democratas, enquanto a antiga organização republicana ficou fora do espectro, porque ambas as partes se deslocaram para a direita durante o período neoliberal, tal como aconteceu na Europa”. O resultado é que os novos democratas de Hillary Clinton adotaram o programa dos velhos republicanos, enquanto estes foram completamente tomados pelos neoconservadores. “Se você vir os espetáculos televisivos onde dizem debater, só gritam uns com os outros e as poucas políticas que apresentam são aterradoras”.

Por exemplo, ele aponta que todos os candidatos republicanos negam o aquecimento global ou são céticos, que apesar de não o negarem dizem que os governos não devem fazer algo sobre isso. “No entanto, o aquecimento global é o pior problema que a espécie humana jamais enfrentou, e estamos a dirigir-nos para um desastre completo”. Na sua opinião, as alterações climáticas têm efeitos só comparáveis com a guerra nuclear. Pior ainda, “os republicanos querem aumentar o uso de combustíveis fósseis. Não estamos perante um problema de centenas de anos, mas de uma ou duas gerações”.

A negação da realidade, que caracteriza os neoconservadores, corresponde a uma lógica semelhante à que impulsiona a construção de um muro na fronteira com o México. “Essas pessoas que tentamos afastar são as que fogem da destruição causada pelas políticas norte-americanas”.

“Em Boston, onde vivo, há um par de dias o governo de Obama deportou um guatemalteco que viveu aqui durante 25 anos; tinha uma família, uma empresa, era parte da comunidade. Tinha escapado da Guatemala destruída durante a administração Reagan. Em resposta, a ideia é construir um muro para proteger-nos. Na Europa é o mesmo. Quando vemos que milhões de pessoas a fugir da Líbia e da Síria para a Europa, temos que nos interrogar sobre o que aconteceu nos últimos 300 anos para chegarmos a isto”.

Invasões e alterações climáticas retroalimentam-se

Há apenas 15 anos não existia o tipo de conflito que observamos hoje no Médio Oriente. “É consequência da invasão norte-americana do Iraque, que é o pior crime do século. A invasão britânica-norte-americana teve consequências horríveis, destruíram o Iraque, que agora é classificado como o país mais infeliz do mundo, porque a invasão tirou a vida a centenas de milhares de pessoas e criou milhões de refugiados, que não foram acolhidos pelos Estados Unidos e tiveram que ser recebidos pelos países vizinhos pobres, os quais foram encarregados de recolher as ruínas do que nós destruímos. E o pior de tudo é que instigaram um conflito entre sunitas e xiítas que não existia antes”.

As palavras de Chomsky recordam a destruição da Jugoslávia durante a década de 1990, instigada pelo Ocidente. Destaca que, tal como Sarajevo, Bagdade era uma cidade integrada, onde os diversos grupos culturais compartilhavam os mesmos bairros, se casavam com membros de diferentes grupos étnicos e religiões. “A invasão e as atrocidades que se seguiram instigaram a criação de uma monstruosidade chamada Estado Islâmico, que nasce com financiamento saudita, um dos nossos principais aliados no mundo”.

Um dos maiores crimes foi, em sua opinião, a destruição de grande parte do sistema agrícola sírio, que assegurava a alimentação, o que levou milhares de pessoas para as cidades, “criando tensões e conflitos que explodem mal começa a repressão”.

Uma das suas hipóteses mais interessantes consiste em cruzar os efeitos das intervenções armadas do Pentágono com as consequências do aquecimento global.

Na guerra no Darfur (Sudão), por exemplo, os interesses das potências convergem com a desertificação que expulsa populações inteiras das zonas agrícolas, o que agrava e agudiza os conflitos. “Estas situações desembocam em crises horríveis, como acontece na Síria, onde se regista a maior seca da sua história que destruiu grande parte do sistema agrícola, gerando deslocações, exacerbando tensões e conflitos”, reflete.

Ainda não temos pensado profundamente, destaca, sobre o que implica esta negação do aquecimento global e os planos a longo prazo que os republicanos pretendem acelerar: “Se o nível do mar continua a subir e sobe mais rapidamente, vai engolir países como o Bangladesh, afetando centenas de milhões de pessoas. Os glaciares do Himalaia derretem-se rapidamente pondo em risco o abastecimento de água ao sul da Ásia. Que vai acontecer a esses milhares de milhões de pessoas? As consequências iminentes são horrendas, este é o momento mais importante na história da humanidade”.

Chomsky acredita que estamos perante uma curva da história em que os seres humanos têm que decidir se querem viver ou morrer: “Digo-o literalmente. Não vamos morrer todos, mas destruir-se-iam as possibilidades de vida digna, e temos uma organização chamada Partido Republicano que quer acelerar o aquecimento global. Não exagero - remata– é exatamente o que querem fazer”.

A seguir, cita o Boletim de Cientistas Atómicos e o seu Relógio do Apocalipse, para recordar que os especialistas sustentam que na Conferência de Paris sobre o aquecimento global era impossível conseguir um tratado vinculante, apenas acordos voluntários. “Porquê? Porque os republicanos não o aceitariam. Bloquearam a possibilidade de um tratado vinculante que poderia ter feito algo para impedir esta tragédia em massa e iminente, uma tragédia como nunca existiu na história da humanidade. É disso que estamos a falar, não são coisas de importância menor”.

Guerra nuclear, possibilidade certa

Chomsky não é das pessoas que se deixam impressionar por modas acadêmicas ou intelectuais; o seu raciocínio radical e sereno procura evitar furores e, talvez por isso, mostra-se avesso a aceitar a anunciada decadência do império. “Tem 800 bases em todo o mundo e investe no seu exército tanto como todo o resto do mundo. Ninguém tem algo assim, com soldados a combater em todas as partes do mundo. A China tem uma política principalmente defensiva, não possui um grande programa nuclear, ainda que possa crescer”.

O caso de Rússia é diferente. É a principal pedra no sapato da dominação do Pentágono, “porque tem um sistema militar enorme”. O problema é que tanto a Rússia como os Estados Unidos estão a ampliar os seus sistemas militares, “ambos estão a atuar como se a guerra fosse possível, o que é uma loucura coletiva”. Pensa que a guerra nuclear é irracional e que só poderia acontecer em caso de acidente ou erro humano. No entanto, coincide com William Perry, ex-secretário da Defesa, que disse recentemente que a ameaça de uma guerra nuclear é hoje maior do que era durante a guerra fria. Chomsky considera que o risco se concentra na proliferação de incidentes que envolvem forças armadas de potências nucleares.

“A guerra esteve muito próxima inúmeras vezes”, admite. Um dos seus exemplos favoritos é o que aconteceu durante o governo de Ronald Reagan, quando o Pentágono decidiu pôr a prova a defesa russa mediante a simulação de ataques contra a União Soviética.

“Resultou que os russos levaram isso muito a sério. Em 1983, depois de os soviéticos automatizarem os seus sistemas de defesa detetaram um ataque de míssil norte-americano. Nestes casos o protocolo é ir diretamente ao alto comando e lançar um contra-ataque. Havia uma pessoa que tinha que transmitir essa informação, Stanislav Petrov, mas decidiu que era um falso alarme. Graças a isso estamos aqui a falar”.

Aponta que os sistemas de defesa dos Estados Unidos têm erros sérios e há umas semanas foi divulgado um caso de 1979, quando se detetou um ataque em massa com mísseis a partir da Rússia. Quando o conselheiro de Segurança Nacional, Zbigniew Brzezinski, estava a levantar o telefone para chamar o presidente James Carter e lançar um ataque de represália, chegou a informação de que se tratava de um falso alarme. “Há dezenas de falsos alarmes em cada ano”, assegura.

Neste momento as provocações dos Estados Unidos são constantes. “A NATO está a realizar manobras militares a 200 metros da fronteira russa com a Estónia. Nós não toleraríamos algo assim que acontecesse no México”.

O caso mais recente foi o abate de um caça russo que estava a bombardear forças jihadistas na Síria em fins de novembro. “Há uma parte da Turquia quase rodeada por território sírio e o bombardeiro russo voou através dessa zona durante 17 segundos, e derrubaram-no. Uma grande provocação que felizmente não foi respondida pela força, mas levaram o seu mais avançado sistema antiaéreo para a região, o que lhes permite derrubar aviões da NATO”. Argumenta que factos semelhantes estão a acontecer diariamente no mar da China.

A impressão que emerge dos seus gestos e reflexões é que se as potências que são agredidas pelos Estados Unidos atuassem com a mesma irresponsabilidade que Washington, o destino estaria traçado.


Entrevista com Noam Chomsky, por Agustín Fernández Gabard e Raúl Zibechi, publicada no jornal La Jornada em 7 de fevereiro de 2016. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net


















Sorrir faz bem !


ilustracoes-inesperadas-1



ilustracoes-inesperadas-3



ilustracoes-inesperadas-4



ilustracoes-inesperadas-12



ilustracoes-inesperadas-21
















Depois desse comercial, você promete fechar a torneira enquanto escova os dentes?













Os inimigos de Lula e os milhões de Silvas





Jaime Amparo Alves


"Não parece razoável o que estão fazendo com o Lula". A frase do tucano Luís Carlos Bresser-Pereira poderia ser o sinal da tão esperada distensão politica, mas não é por um único motivo: Lula não é adversário, é inimigo. 


Ao adversário se estende a mão, reconhece-se a sua dignidade humana e se respeita as regras do jogo. Lula nunca foi aceito. Desde o primeiro dia do primeiro mandato, Lula tem sido submetido a um ataque sistemático. 

A Folha de S. Paulo investigou uma tal propensão genética da família Silva ao álcool, a Revista Veja já celebrou o 'câncer do presidente' e o Globo já apresentou Lula como presidiário em suas charges. 

Tudo isso sem falar na violência sanitarizada dos telejornais da Globo com seus apresentadores cinicamente consternados com a corrupção no país, enquanto o nome da emissora (agora a RBS) aparece em mais um escândalo fiscal. 

Na ausência absoluta de padrões éticos jornalísticos, nos resta perguntar se a raiva irracional de William Waack contra Lula, Hugo Chaves e Cristina Kirchner, por exemplo, não seria o caso de tratamento psiquiátrico.


No fundo no fundo, até os incendiários Aécio Neves e Carlos Sampaio sabem que "não é razoável" como a imprensa trata o ex-presidente Lula

Mas Lula da Silva foi longe demais em sua loucura política de desafiar o establishment; e olhe que para aqueles de nós frustrados com o PT, Lula fez muitas concessões e perdeu a oportunidade de fazer as mudanças radicais que o Brasil tanto precisa; entre elas a urgente e cara ley dos médios, a reforma agrária, e a justiça tributária. 

Inútil chorar o leite derramado aqui porque ele segue derramando. O governo Dilma Rousseff continua implacável no mesmo script, com o agravante de que em sua tecnicidade Dilma nega a politica, se afasta do povo e afasta de vez a esperança na tão sonhada virada de mesa do primeiro governo, do segundo, do terceiro, do quarto.


Ainda que Lula tenha alimentado os seus próprios predadores na esperança inútil de que fazendo concessões estratégicas a elite permitiria um governo popular, ir 'as ruas defendê-lo é um dever de todos aqueles com um mínimo de educação politica e de perspectiva histórica. 

A perseguição implacável que sofre é um indicativo das suas virtudes não dos seus defeitos. Lula não é atacado porque fez menos do que o Brasil precisa, mas sim porque ousou arranhar a centenária estrutura hierárquica do país trazendo os pobres para o debate nacional.

A não ser que as forças políticas de esquerda corroborem com o moralismo dirigido do conglomerado policial-midiático segundo o qual o PT é o partido mais corrupto da historia, a perseguição implacável a Lula deveria despertar uma solidariedade política estratégica. A mensagem é clara aqui: se Lula, com suas concessões pragmáticas, se converteu em inimigo mortal, imagine a maquina de guerra que seria montada contra um hipotético governo muito mais 'a esquerda? 

Talvez o tratamento editorial da Globo ao presidente venezuelano Hugo Chaves – o sorriso mal disfarçado dos apresentadores da Globo News com a sua morte - nos dê uma milésima dimensão de como seria o terror midiático a um projeto político radical que as forças mais a' esquerda do PT defendem e que o Brasil urgentemente precisa.


Que a imprensa trate Lula como inimigo é explicável e deveria até fazer bem ao ego do ex-presidente. Ter a mídia como inimiga é um termômetro importante. 

O que não é razoável é o silencio das esquerdas com a violência politica da qual o ex-presidente é vitima, como se os movimentos sociais e os partidos neste espectro políticos não fossem os próximos da fila. Eles virão por nós!


Não é uma incongruência defender o legado de Lula da Silva e criticar o pragmatismo político que nos trouxe ao momento atual. Tampouco se trata de relativização moral porque o que está em questão aqui não é provar sua inocência. Tarefa inútil.

Há neste momento toda uma estrutura estatal, incrivelmente sob o comando do ministro da Justiça do PT, para encontrar um 'crime' praticado pelo ex-presidente. 

Perguntar não ofende: quem de nós sobreviveria a tamanha cruzada policial-midiática? Não me refiro a uma checagem de antecedentes criminais ou a uma varredura em contas no exterior, mas a todo um aparelho policial estatal orientado a encontrar um crime, um arranhão na biografia, um desvio na conduta dos filhos, dos vizinhos, dos amigos.


Não há tempo a perder. Se há alguma lição a se aprender do julgamento do 'mensalão' é que a defesa de Lula da Silva deve acontecer nas ruas e nas mídias sociais porque é perda de tempo lamentar a inimputabilidade tucana sob a plutocracia judiciária

Juízes, promotores e delegados têm alma, classe social e partido político. Senão, como explicar as aberrações jurídicas com assento na suprema corte e com suas retóricas anti-petistas nos e fora dos autos?

Leigos nos assuntos legais, eu e meu sobrinho de sete anos sabemos que "não é razoável" que um juiz falastrão utilize suas prerrogativas (e o nosso dinheiro!) para militância político-partidária e que seja endossado pelo silencio ensurdecedor dos seus pares. 

Mania de perseguição? Nas mãos petistas um cartão corporativo, uma tapioca, uma canoa de lata ou o empréstimo de um sitio em Atibaia têm mais peso policial-midiático do que um apartamento na Avenida Foch, no centro de Paris, um helicóptero com meia tonelada de cocaína, as fraudes do metro paulistano, ou cinco milhões de dólares em bancos suíços.


A tentativa de assassinato da biografia da figura mais marcante da vida política nacional contemporânea tem um outro significado importante. Com o assassinato politico de Lula abre-se caminho para o desmonte da política soberana do pré-sal e para o retrocesso nas conquistas sociais como o Bolsa Família e as cotas raciais nas universidades publicas. É o que está por trás da violência contra Lula da Silva e é o que deveria nos unir em sua defesa.

A história haverá de colocar em seus devidos lugares dois presidentes, em dois brasis e com duas trajetórias distintas. 

Um, (o presidente-sociólogo, poliglota, membro da Academia Brasileira de Letras, descendente de imigrantes portugueses, frequentador dos círculos acadêmicos norte-americanos) levou a cabo um criminoso programa de privatizações do patrimônio público e alienação da soberania nacional

O outro, (o presidente nordestino, metalúrgico, sem formação superior, e sem etiquetas no falar) resgatou a esperança de milhões de brasileiros submetidos à humilhação da fome e da seca. 

Nossos netos lerão nos livros de história sobre um presidente semi-analfabeto, que abriu as portas do ensino superior para milhões de jovens condenados por um presidente-sociólogo a repetir os passos dos seus pais envelhecendo fora das universidades. 

A história não poderá apagar o nome do presidente nordestino que, não sendo poliglota como o presidente-sociólogo, inseriu o Brasil como país soberano na cena politica mundial. 

Talvez quem hoje tenha 20 anos de idade ou nasceu sob o governo do PT não tenha um parâmetro para comparar o que era a vida dos mais pobres a uma década. Eu tenho. Como jovem e membro da Pastoral da Criança, durante os últimos resquícios da teologia da libertação no interior da Bahia, eu conheci de perto a fome, a desnutrição e a morte.

Pesávamos crianças raquíticas, de pais raquíticos, com salários raquíticos. Era morte produzida pelas politicas sociais do presidente sociólogo e sua turma

Agora eles perseguem a capa do jornal matutino com Lula da Silva algemado. Talvez ganhem a foto, mas perderão o sono. 

Somos Lula! #‎LulaEuConfio‬‬‬‬‬


Jaime Amparo Alves é Doutor em Antropologia Social pela Universidade do Texas em Austin e professor de sociologia e antropologia da City University of New York (CUNY/CSI)



Postado no Brasil 247 em 09/02/2016



Felicidade e a arte do bem-viver






Dalai Lama dá 20 dicas para alcançar a felicidade e a arte do bem-viver



Confira a lista das 20 reflexões relacionadas à conquista da felicidade que foram oferecidas ao mundo pelo Dalai Lama
Vale tomar conhecimento delas, e meditar a respeito.



Redação Pragmatismo

Embora seja possível atingir a felicidade, ela não é uma coisa simples. Existem muitos níveis de felicidade. O budismo, por exemplo, refere-se a quatro fatores de contentamento ou felicidade: os bens materiais, a satisfação mundana, a espiritualidade e a iluminação. O conjunto desses fatores abarca a totalidade da busca pessoal de felicidade.

Deixemos de lado, por ora, as aspirações últimas a nível religioso ou espiritual, como a perfeição e a iluminação, e concentremo-nos unicamente sobre a alegria e a felicidade, tal como as concebemos a nível mundano. A este nível, existem certos elementos-chave que nós reconhecemos convencionalmente como contribuindo para o bem-estar e a felicidade. 

A saúde, por exemplo, é considerada como um fator necessário para o bem-estar. Um outro fator são as condições materiais ou os bens que possuímos. Ter amigos e companheiros, é outro. Todos nós concordamos que para termos uma vida feliz precisamos de um círculo de amigos com quem nos possamos relacionar emocionalmente e em quem possamos confiar.

Portanto, todos estes fatores são causas de felicidade. Mas para que um indivíduo possa utilizá-los plenamente e gozar de uma vida feliz e preenchida, a chave é o estado de espírito. É crucial. Se utilizarmos as condições favoráveis que possuímos, tais como a saúde ou a riqueza, com fins positivos, para ajudar os outros, esses fatores contribuem para uma vida mais feliz.

Claro que, pessoalmente, também tiramos partido dessas coisas – facilidades materiais, sucesso, etc -, mas se não tivermos a atitude mental correta, se não cuidarmos do fator mental, essas coisas acabam por ter pouca incidência sobre o sentimento geral de felicidade. 

Por exemplo, se guardarmos ódio ou rancor no fundo de nós mesmos, isso acabará por destruir a nossa saúde, destruindo assim um dos fatores. Por outro lado, se nos sentirmos infelizes ou frustrados, o conforto material não chegará para nos compensar. Mas se mantivermos um estado de espírito calmo e sereno, poderemos sentir-nos felizes mesmo se a nossa saúde não for das melhores. Em contrapartida, mesmo se possuirmos objetos raros ou preciosos, podemos querer jogá-los fora ou destruí-los num momento de grande cólera ou ódio. Nesse momento, os bens não significam nada para nós.

Existem atualmente sociedades com um grande grau de desenvolvimento material e no seio das quais muitos indivíduos não se sentem felizes. A nível superficial, essa abundância é muito atraente, mas por trás existe um desassossego mental que leva à frustração, a discórdias desnecessárias, à dependência das drogas ou do álcool e, no pior dos casos, ao suicídio.

Não existe portanto nenhuma garantia de que a riqueza por si só possa trazer-nos a alegria ou a satisfação que procuramos. O mesmo se pode dizer dos amigos. Quando estamos muito zangados, mesmo um amigo muito próximo pode parecer-nos glacial, frio, distante e muito irritante.

Tudo isto indica a enorme influência que o estado de espírito, o fator mental, pode ter na nossa vivência de todos os dias. Portanto, temos de ter esse fator seriamente em linha de conta. Independentemente de uma prática espiritual, mesmo em termos mundanos, a nossa capacidade de desfrutar de uma vida agradável e feliz depende da nossa serenidade mental.

Talvez devesse acrescentar que quando falamos de um estado de espírito calmo ou de paz de espírito não devemos confundir isso com um estado de insensibilidade ou de apatia. 

Possuir um estado de espírito calmo não significa estar completamente alheado ou amorfo. A paz de espírito, esse estado de serenidade, tem de estar enraizado na afeição e na compaixão, o que implica um grande nível de sensibilidade e de sentimento.

Enquanto nos faltar a disciplina interior que conduz à serenidade, sejam quais forem as facilidades ou as condições exteriores que nos rodeiam, elas nunca nos trarão esse sentimento de alegria e de felicidade que procuramos. 

Por outro lado, se possuirmos as qualidades interiores de serenidade e de estabilidade, mesmo que os fatores exteriores de conforto normalmente considerados como indispensáveis à felicidade não estejam em nossa posse, podemos ter uma vida alegre e feliz.

20 dicas do Dalai Lama para o bem viver

Tenzin Gyatso, o atual Dalai Lama, é o 14º de uma linhagem de líderes religiosos da escola Gelugpa do budismo tibetano. 

Ele é, ao mesmo tempo, um monge reconhecido por todas as escolas do budismo tibetano, e o líder político oficial no exílio desde que seu país, o Tibete, foi invadido pela China no ano de 1959.

Dalai significa “oceano” em mongol e “lama” é a palavra tibetana para mestre de sabedoria, ou guru. Por essa razão os tibetanos referem-se a ele como “Oceano de Sabedoria”. 

Como todos os seus antecessores, desde o século 14 os dalai lamas são mostrados como sendo a manifestação de Avalokiteshvara (em sânscrito), o Bodhisattva da Compaixão, cujo nome é Chenrezig em tibetano.

Na virada do milênio, o Dalai Lama ofereceu ao mundo uma lista de 20 reflexões, todas elas relacionadas à conquista da felicidade.

Vale a pena tomar conhecimento delas, e meditar a respeito. Aqui estão:

1 – Leve em consideração que grandes amores e grandes realizações envolvem grandes riscos.

2 – Quando você perder, não deixe de tirar uma lição da experiência.

3 – Siga os três Rs : respeito por si próprio, respeito pelos outros, responsabilidade por todas as suas ações.

4 – Lembre-se que não conseguir o que você quer é algumas vezes um lance de sorte.

5 – Aprenda as regras para que você saiba como infringi-las corretamente.

6 – Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande amizade.

7 – Quando você perceber que cometeu um erro, tome providências imediatas para corrigi-lo.

8 – Passe algum tempo sozinho todos os dias.

9 – Abra seus braços para mudanças, mas não abra mão de seus valores.

10 – Lembre-se que o silêncio às vezes é a melhor resposta.

11 – Viva uma vida honrada. Então, quando você ficar mais velho e pensar no passado, você vai ser capaz de apreciá-lo uma segunda vez.

12 – Uma atmosfera de amor em sua casa é o fundamento para sua vida.

13 – Em discordâncias com entes queridos, trate apenas da situação atual. Não fale do passado.

14 – Compartilhe o seu conhecimento. É uma maneira de alcançar a imortalidade.

15 – Seja gentil com a Terra.

16 – Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes.

17 – Lembre-se que o melhor relacionamento é aquele em que o amor um pelo outro excede a sua necessidade pelo outro.

18 – Julgue seu sucesso pelo que você teve que renunciar para consegui-lo.

19 – Aproxime-se do amor e cultive-o despreocupadamente.

20 – Se você quer ver a si mesmo e o outro feliz, pratique a compaixão.



Postado no Pragmatismo Político em 07/02/2016



Já escolheu o estilo para este Verão 2016 ? Birken, Rasteira, Espadrille, ou Sapatilha





A Birken se encaixa no estilo Normcore. Este estilo prioriza o conforto, por isto pode ser combinada com tudo que te deixe confortável: short, saias, vestidos e calça jeans.














Rasteira, um calçado confortável e prático. Elas combinam com todas as peças do guarda roupa. 






















Usando uma Espadrille, você não estará esportiva demais e nem despojada demais. São feitas com rafia, palha ou cordas tranças no salto. Podem ser sem salto, com salto estilo anabela, abertas, trançadas na perna ou com fivela.






















Cada dia mais as Sapatilhas vêm inovando com novos modelos.