Por que a elite brsileira é burra?



Mailson Ramos*

A elite brasileira é burra. Não soa bem o adjetivo sem a posterior explicação: é burra porque jamais se preocupou com a condição do país, mas sim com a manutenção do status quo, a centralização de seu poder, de suas riquezas e de sua influência. 

A elite brasileira jamais derramou uma gotícula do seu valioso suor com as questões políticas desta terra, afinal, todos os problemas do Brasil foram sempre endereçados aos pobres, à classe trabalhadora. 
A elite brasileira conserva traços tão burgueses e vazios ideologicamente que permaneceram no ostracismo de sua acomodação perene até ser fustigada pela notícia de que um ex-metalúrgico tinha se tornado presidente da República
Odioso sempre foi o sentimento desta classe em relação aos governos petistas. Afinal, é impossível se acostumar com gente nova nos aeroportos, nas universidades, nos corredores dos shoppings e nos salões nobres dos museus.
A elite brasileira é burra porque nunca apresentou propostas contrárias aos governos instalados desde 2002. Jamais vão apresentar. 
Não sabem ir às ruas, protestam dos sofás, deglutem esfomeados as notícias de uma imprensa contaminada por esta mesma patologia que os faz acéfalos. Papagaios de pirata e seguidores de ideologias são eles. Deveriam se envergonhar de não conhecer a política e a democracia.


Incapazes que são de apresentar um debate sério e profundo sobre as reais condições da política nacional neste momento, confortam-se em bater panelas das janelas de seus luxuosos apartamentos. Não se ouvem e querem fazer ouvir.

Se a elite estivesse mesmo comprometida a debater a política – como a mídia e o judiciário também não estão – poderia haver espaço para um diálogo necessário. 

Mas não se pode esperar muito de quem ocupa espaço diariamente nas redes para afrontar até mesmo a vida pessoal de políticos.
Não se pode aguardar a reação democrática de quem, sem fundamento jurídico, tenta imprimir a ideia de impeachment. A elite brasileira é burra porque se confronta unilateralmente com o povão. 
Não é, sem o apoio deste, que se poderá mover um só grão de areia no Planalto. Por isso, e somente por isso mesmo, houve quem aconselhasse um banho de povo aos candidatos da direita. Com o espírito tranquilo e sem nenhuma amargura no que escrevo, arrisco dizer que a elite é burra e pior: tem se tornado golpista.


A democracia brasileira, esta jovem assediada, exala suspiros afanosos. Querem desgastá-la, instituir novos paradigmas democráticos que de democráticos só tem o nome. 

Quando não falam em golpe, determinam uma intervenção militar; ou numa terceira hipótese o famigerado impeachment. E se por acaso, nenhuma das três alternativas anteriores encontrarem coro, eis a renúncia de Dilma Rousseff.


Bom definir: a elite brasileira não sabe o que quer. O melhor seria mesmo se a deglutição do noticiário noturno ainda prendesse no sofá os estereotipados beócios ao estilo de Homer Simpson, como diria um célebre apresentador de telejornal aos seus telespectadores.

A elite brasileira é ainda anacrônica. Exige golpe, intervenção militar, regresso da ditadura. Querem reviver o tempo em que todos os papéis da sociedade eram estabelecidos pelo poder estatal. Seria a volta da ordem: pobres, pretos e periféricos de um lado, a elite soberba do outro. Para não alongar, devo dizer que a elite, ainda que burra, tem todo o direito de protestar e expôr suas reivindicações.

Mesmo que não conheçam a democracia devem conhecer e usufruir os direitos que têm. Mas a compreensão dos direitos não os transforma em seres dialógicos; muito pelo contrário. A elite se aglutina a uma direita ultraconservadora com o intuito de mascarar um golpe de Estado. Aliás, a elite é a própria direita.

Não será possível remodelar uma sociedade onde os mais poderosos estão com os olhos voltados para os umbigos. 

É um caminho cíclico, próprio ao locus brasiliensis: pobres de um lado, ricos do outro. Todas as vezes em que as políticas determinarem uma alteração deste estado, as batalhas serão iminentes. 
Tenho debatido sobre esta condição de ódio que prefiro adjetivar com outro conceito: ojeriza. Estamos falando de ojeriza de classe, pura e insensível. E é este sentimento que tem construído, na elite, sua face maniqueísta.
Perde com isso o Brasil, a sociedade, a política, a democracia. Difícil é pensar que, quando nada dá certo por aqui, os amantíssimos brasileiros que são capazes de panelaço e buzinaço, partem para a Europa ou os Estados Unidos. Esta é a nossa elite. Burra e covarde.


*Mailson Ramos é escritor, profissional de Relações Públicas e autor do blog Nossa Política e Opinião e Contexto. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político.


Postado no Pragmatismo Político em 12/03/2015

Defender o mandato da Presidenta Dilma



José Reinaldo Carvalho


O Brasil está vivendo um momento crucial em sua história, de intensa polarização política. 

As forças derrotadas em quatro sucessivas eleições presidenciais, nomeadamente o PSDB e seus aliados mais próximos, decidiram apelar para as manobras políticas mais torpes, das quais não se excluem ofensas de baixo nível à mais alta mandatária da nação, ameaças fascistas, destilação de ódio e a intentona golpista representada pela irrealista proposta do impeachment da presidenta da República.

Estas forças políticas integram o consórcio oposicionista formado também por um conglomerado de meios de comunicação que se converteram em usina de intrigas e mentiras.

A todo o custo estas forças querem impedir que a chefe de governo e Estado exerça seu mandato, conquistado legitimamente por decisão majoritária do eleitorado no último pleito presidencial e aplique o programa vitorioso. 

Pretendem assim interromper, através de um golpe judiciário, legislativo ou qualquer outra forma dessa excrescência antidemocrática que com a maior sem cerimônia e desfaçatez recebe a bizarra denominação de “golpe suave”, o ciclo político progressista iniciado a partir da primeira eleição de Lula, em 2002.

Em nome do combate à corrupção montam uma operação policial e judiciária em que se misturam alhos com bugalhos e em que as técnicas de investigação e ritos processuais da Operação Lava jato e da comissão de inquérito do Legislativo convivem com atropelos da ordem jurídica, demagogia barata no estilo ópera bufa, onde o que menos importa é o combate propriamente dito à roubalheira ao erário, mas a criminalização das forças de esquerda e do governo, com acusações falsas, levianamente amplificadas pela mídia.

A essência de toda a ofensiva é golpear as conquistas democráticas, a soberania do país e a economia nacional, que querem ver controlada pelo capital financeiro internacional.

Engana-se quem se deixa levar pela demagogia do PSDB e seus aliados quando aparecem em propagandas na televisão “defendendo” direitos trabalhistas supostamente violados pelo que designam como “estelionato eleitoral” da presidenta Dilma.

Na polarização política atual não há meio termo. Ou se defende de maneira consequente o mandato da presidenta Dilma ou se faz o jogo do inimigo da democracia e da pátria. 

As forças progressistas e os movimentos populares sairão às ruas no dia 13 de março para defender a democracia, o que implica rechaçar a intentona golpista e as propostas de impeachment e apoiar a preservação do mandato presidencial; faz parte das reivindicações que os movimentos sociais levarão às ruas a defesa da Petrobras como expressão da pujança da economia nacional, a luta pela reforma política democrática e pela preservação das conquistas trabalhistas. 


Postado no site Brasil247 em 11/03/2015


















Estados Unidos já agem para derrubar Dilma Rousseff (Por F. William Engdahl na Revista americana NEO)







Nota


É com muita pena que vejo o Povo Brasileiro sendo manipulado pela Globo (sócia do grupo americano Time Life), pelos ricos e pelos Estados Unidos para derrubarem uma Presidente eleita, cujo único crime é amar o Brasil e o Povo Brasileiro. 

Na ditadura foi torturada, estuprada, perdeu dentes naturais e quase perdeu a Vida, mas saiu desta horrível experiência mais forte ainda e com mais convicção de que o Brasil tinha e tem muito potencial para ser uma Grande Nação com um povo feliz.

Corrupção existe desde sempre, e no Mundo todo, deve ser investigada e combatida e o Brasil está fazendo isto. O que não pode acontecer é usarem a corrupção como motivo para tirar uma Presidente que, sabidamente, não interessa aos Estados Unidos e a todos os seus aliados brasileiros(?!). 

O vídeo abaixo mostra quais são estes interesses americanos e quem são seus aliados brasileiros(?!). 

O Brasil está no caminho certo para ser a grande Nação que Dilma e eu sonhamos. 

Tem muitos problemas centenários (o Brasil tem 500 anos) para serem resolvidos mas que, com certeza, jamais serão resolvidos tirando Dilma e colocando os aliados brasileiros(?!) dos Estados Unidos !

Rosa Maria ( editora deste blog )






Vídeo postado no blog Contraponto em 11/03/2015


Cabelo mais comprido em 5 minutos : rabo de cavalo sem alongamento


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Juliana Goes

Quer ter o cabelo mais comprido em apenas 5 minutinhos?! Vou te contar meu melhor truque para um rabo de cavalo mais longo e super fácil de fazer! Preparei o passo a passo completo em vídeo e você nem vai precisar de muitos apetrechos, apenas um pente fininho, dois elásticos de cabelo e um spray fixador.

Esse rabo de cavalo é o tipo de penteado que dá o maior visual sem precisar de esforço ou habilidade. É um penteado fácil para festa e para o dia a dia, quando você estiver com vontade de dar uma mudada no visual.

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Confira o passo a passo no vídeo:




Postado no site Juliana Goes em 09/02/2015


As panelas da elite brasileira e Evita Perón





O paneleiro brasileiro tem que engolir

 a Evita Perón






Postado no site Conversa Afiada em 09/03/2015


A imprensa bate panelas e os midiotas também !



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Os "midiotas" batendo panelas em suas varandas e coberturas


A imprensa bate panelas


Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa

Os jornais de segunda-feira (9/3) fornecem um material precioso para a análise do processo que vimos observando, cuja principal característica é uma ruptura entre o chamado ecossistema midiático e o mundo real. 

O noticiário e os penduricalhos de opiniões que tentam lhe dar sustentação têm como fato gerador o pronunciamento da presidente da República em rede nacional da TV, mas o que sai nos jornais com maior destaque é a reação de protesto que partiu das janelas de apartamentos nos bairros onde se encastelam as classes de renda média e alta das grandes cidades.

A presidente tenta seguir o protocolo que recomenda informar a população sobre as medidas econômicas que o governo está adotando – boa parte das quais foi insistentemente defendida pela imprensa antes de se tornar decisão de governo. 

No entanto, não há uma conexão entre o conteúdo do ato oficial e as manifestações de ódio e intolerância que se ouviram na noite de domingo (8). Mesmo que a presidente estivesse anunciando, por exemplo, que o custo das mensalidades nas escolas privadas poderia ser debitado integralmente do imposto de renda, ela seria vaiada e xingada com a mesma intensidade.

Há uma forte simbologia na imagem do cidadão que dá as costas para a tela da televisão, no momento em que a mensagem é endereçada, e põe a cabeça para fora da janela ou sai à sacada do apartamento para dizer que é contra. Contra o que? Contra as medidas anunciadas? Não se pode responder que sim, porque quem estava protestando não podia ouvir o que anunciava a presidente. 

Essa simbologia mostra que nesses apartamentos, curiosamente, a realidade estava falando sozinha na tela da TV, enquanto a perturbação emocional, diligentemente cultivada pela mídia nos últimos meses, produzia um novo fato político. 

O fato é a radicalização das camadas da sociedade mais expostas ao discurso da mídia, com base num conteúdo jornalístico construído para produzir exatamente esse estado de espírito.

Não há como contar o número de pessoas que bateram panelas e gritaram palavrões, e os jornais são obrigados a admitir que não houve protestos nos bairros onde moram os menos afortunados. 

A língua culta dos midiotas 

Esse é um aspecto que não será lido na imprensa: o jornalismo brasileiro é feito para aqueles que nunca se conformaram com as políticas de redução das desigualdades sociais. 

Ainda que tais políticas tenham beneficiado também as classes de renda mais alta, não apenas pela oportunidade de multiplicação das fortunas criada pela nova escala de negócios, aquela fração da sociedade brasileira mimada pelas políticas segregacionistas resiste a admitir a companhia dos emergentes na fila do aeroporto, no navio de cruzeiro ou nos empórios dos melhores bairros.

O jornalismo brasileiro é uma máquina de fabricar midiotas. O Globo, por exemplo, afirma na primeira página que “enquanto a presidente pede paciência em pronunciamento, população reage”. Para o jornal carioca, a população brasileira se resume aos moradores de bairros como o Leblon e a Barra da Tijuca. 

A Folha de S.Paulo compara a circunstância ao clima que antecedeu o impeachment de Fernando Collor de Mello, e um de seus diretores afirma que o Brasil vive uma “debacle econômica”. 

O leitor que não reflete sobre aquilo que lê, compra pelo que lhe é oferecido tanto a ideia de que a “população brasileira” está contida nas regiões onde se concentra o bem-estar, quanto a tese de que a economia nacional foi para o abismo. 

O ruído das panelas e os palavrões na boca dos privilegiados são a língua culta da ignorância, mas não se pode condenar liminarmente quem não teve a oportunidade de se educar para a cidadania.

A midiotice é moléstia que afeta principalmente a consciência social do paciente. Mas a circunstância não facilita apreciações sobre essa questão, mesmo porque nossa produção intelectual em torno de política e sociologia empobreceu drasticamente desde que a universidade resolveu higienizar o marxismo dos fundamentos do conflito de classes.

Aqui tratamos das responsabilidades da imprensa, e o episódio serve bem para ilustrar o que tem sido objeto de nossas observações: a mídia tradicional tange seu gado – o rebanho dos midiotas – na direção da irracionalidade. 

O ato de bater panelas vazias sempre foi uma expressão daqueles a quem faltava alimento. Os abastados abestados se apropriam desse símbolo sem mesmo saber o que significa. 

Em torno dos edifícios onde os direitos são medidos pelo valor do metro quadrado, a maioria silenciosa não bate panelas.



Mulheres possíveis !







Martha Medeiros

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. 

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado algumas vezes por semana, decido o cardápio das refeições, telefono para minha mãe, para minha sogra, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, faço academia, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! 

E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. 

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer não. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer não. 

Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. 

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. 

Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. 

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo. 

Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. 

Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra. 

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. 

Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. 

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. 

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.






Martha Medeiros


Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. 

Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir, às vezes, que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo para o alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha. 

Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascinante. 

Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. 

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. 

E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra. 





Martha Medeiros

Qual o elogio que uma mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.

Diga que ela é uma mulher inteligente, e ela irá com a sua cara. Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número. 

Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.

Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta. 

Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios. Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical. Agora quer ver o mundo cair? Diga que ela é muito boazinha. 

Descreva uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rente ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha. Enfim, uma mulher boazinha. 

Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. 

A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas. 

Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. 

Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen. Ser chamada de patricinha é ofensa mortal. Quem gosta de diminutivos, definha. 

Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As boazinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância. PH neutro. 

Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos. 

Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. 

As “inhas” não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas.