Deus não morreu, ele se tornou dinheiro !


Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942. É um dos principais intelectuais de sua geração, autor de muitos livros e responsável pela edição italiana das obras de Walter Benjamin 

Confira abaixo a excelente entrevista com Giorgio Agamben, um dos principais intelectuais de sua geração

“O capitalismo é uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro”, afirma Giorgio Agamben, em entrevista concedida a Peppe Salvà.

Giorgio Agamben é um dos maiores filósofos vivos. Amigo de Pasolini e de Heidegger, foi definido pelo Times e pelo Le Monde como uma das dez mais importantes cabeças pensantes do mundo. Pelo segundo ano consecutivo ele transcorreu um longo período de férias em Scicli, na Sicília, Itália, onde concedeu a entrevista.

Segundo ele, “a nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governabilidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas”. Assim, “a tarefa que nos espera consiste em pensar integralmente, de cabo a cabo, aquilo que até agora havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “vida política”, afima Agamben.

A tradução é de Selvino J. Assmann, professor de Filosofia do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC [e tradutor de três das quatro obras de Agamben publicadas pela Boitempo].

“Crise” e “economia” atualmente não são usadas como conceitos, mas como palavras de ordem, que servem para impor e para fazer com que se aceitem medidas e restrições que as pessoas não têm motivo algum para aceitar. “Crise” hoje em dia significa simplesmente “você deve obedecer!”. Creio que seja evidente para todos que a chamada “crise” já dura decênios e nada mais é senão o modo normal como funciona o capitalismo em nosso tempo. E se trata de um funcionamento que nada tem de racional.

Para entendermos o que está acontecendo, é preciso tomar ao pé da letra a ideia de Walter Benjamin, segundo o qual o capitalismo é, realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro. Deus não morreu, ele se tornou Dinheiro.

O Banco – com os seus cinzentos funcionários e especialistas – assumiu o lugar da Igreja e dos seus padres e, governando o crédito (até mesmo o crédito dos Estados, que docilmente abdicaram de sua soberania), manipula e gere a fé – a escassa, incerta confiança – que o nosso tempo ainda traz consigo. 

Além disso, o fato de o capitalismo ser hoje uma religião, nada o mostra melhor do que o titulo de um grande jornal nacional (italiano) de alguns dias atrás: “salvar o euro a qualquer preço”. Isso mesmo, “salvar” é um termo religioso, mas o que significa “a qualquer preço”? Até ao preço de “sacrificar” vidas humanas? Só numa perspectiva religiosa (ou melhor, pseudo-religiosa) podem ser feitas afirmações tão evidentemente absurdas e desumanas.

A crise econômica que ameaça levar consigo parte dos Estados europeus pode ser vista como condição de crise de toda a modernidade?

A crise atravessada pela Europa não é apenas um problema econômico, como se gostaria que fosse vista, mas é antes de mais nada uma crise da relação com o passado. O conhecimento do passado é o único caminho de acesso ao presente. É procurando compreender o presente que os seres humanos – pelo menos nós, europeus – são obrigados a interrogar o passado. Eu disse “nós, europeus”, pois me parece que, se admitirmos que a palavra “Europa” tenha um sentido, ele, como hoje aparece como evidente, não pode ser nem político, nem religioso e menos ainda econômico, mas talvez consista nisso, no fato de que o homem europeu – à diferença, por exemplo, dos asiáticos e dos americanos, para quem a história e o passado têm um significado completamente diferente – pode ter acesso a sua verdade unicamente através de um confronto com o passado, unicamente fazendo as contas com a sua história.

O passado não é, pois, apenas um patrimônio de bens e de tradições, de memórias e de saberes, mas também e sobretudo um componente antropológico essencial do homem europeu, que só pode ter acesso ao presente olhando, de cada vez, para o que ele foi. Daí nasce a relação especial que os países europeus (a Itália, ou melhor, a Sicília, sob este ponto de vista é exemplar) têm com relação às suas cidades, às suas obras de arte, à sua paisagem: não se trata de conservar bens mais ou menos preciosos, entretanto exteriores e disponíveis; trata-se, isso sim, da própria realidade da Europa, da sua indisponível sobrevivência. 

Neste sentido, ao destruírem, com o cimento, com as autopistas e a Alta Velocidade, a paisagem italiana, os especuladores não nos privam apenas de um bem, mas destroem a nossa própria identidade. A própria expressão “bens culturais” é enganadora, pois sugere que se trata de bens entre outros bens, que podem ser desfrutados economicamente e talvez vendidos, como se fosse possível liquidar e por à venda a própria identidade.

Há muitos anos, um filósofo que também era um alto funcionário da Europa nascente, Alexandre Kojève, afirmava que o homo sapiens havia chegado ao fim de sua história e já não tinha nada diante de si a não ser duas possibilidades: o acesso a uma animalidade pós-histórica (encarnado pela american way of life) ou o esnobismo (encarnado pelos japoneses, que continuavam a celebrar as suas cerimônias do chá, esvaziadas, porém, de qualquer significado histórico). 

Entre uma América do Norte integralmente re-animalizada e um Japão que só se mantém humano ao preço de renunciar a todo conteúdo histórico, a Europa poderia oferecer a alternativa de uma cultura que continua sendo humana e vital, mesmo depois do fim da história, porque é capaz de confrontar-se com a sua própria história na sua totalidade e capaz de alcançar, a partir deste confronto, uma nova vida.

A sua obra mais conhecida, Homo Sacer, pergunta pela relação entre poder político e vida nua, e evidencia as dificuldades presentes nos dois termos. Qual é o ponto de mediação possível entre os dois pólos?

Minhas investigações mostraram que o poder soberano se fundamenta, desde a sua origem, na separação entre vida nua (a vida biológica, que, na Grécia, encontrava seu lugar na casa) e vida politicamente qualificada (que tinha seu lugar na cidade). A vida nua foi excluída da política e, ao mesmo tempo, foi incluída e capturada através da sua exclusão. Neste sentido, a vida nua é o fundamento negativo do poder. Tal separação atinge sua forma extrema na biopolítica moderna, na qual o cuidado e a decisão sobre a vida nua se tornam aquilo que está em jogo na política.

O que aconteceu nos estados totalitários do século XX reside no fato de que é o poder (também na forma da ciência) que decide, em última análise, sobre o que é uma vida humana e sobre o que ela não é. Contra isso, se trata de pensar numa política das formas de vida, a saber, de uma vida que nunca seja separável da sua forma, que jamais seja vida nua.

O mal-estar, para usar um eufemismo, com que o ser humano comum se põe frente ao mundo da política tem a ver especificamente com a condição italiana ou é de algum modo inevitável?

Acredito que atualmente estamos frente a um fenômeno novo que vai além do desencanto e da desconfiança recíproca entre os cidadãos e o poder e tem a ver com o planeta inteiro. O que está acontecendo é uma transformação radical das categorias com que estávamos acostumados a pensar a política.

A nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governamentalidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas. E que este modelo seja, do ponto de vista do poder, mais econômico e funcional é provado pelo fato de que foi adotado também por aqueles regimes que até poucos anos atrás eram ditaduras.

É mais simples manipular a opinião das pessoas através da mídia e da televisão do que dever impor em cada oportunidade as próprias decisões com a violência. As formas da política por nós conhecidas – o Estado nacional, a soberania, a participação democrática, os partidos políticos, o direito internacional – já chegaram ao fim da sua história. Elas continuam vivas como formas vazias, mas a política tem hoje a forma de uma “economia”, a saber, de um governo das coisas e dos seres humanos.

A tarefa que nos espera consiste, portanto, em pensar integralmente, de cabo a cabo, aquilo que até agora havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “vida política”.

O estado de exceção, que o senhor vinculou ao conceito de soberania, hoje em dia parece assumir o caráter de normalidade, mas os cidadãos ficam perdidos perante a incerteza na qual vivem cotidianamente. É possível atenuar esta sensação?

Vivemos há decênios num estado de exceção que se tornou regra, exatamente assim como acontece na economia em que a crise se tornou a condição normal. 

O estado de exceção – que deveria sempre ser limitado no tempo – é, pelo contrário, o modelo normal de governo, e isso precisamente nos estados que se dizem democráticos. 

Poucos sabem que as normas introduzidas, em matéria de segurança, depois do 11 de setembro (na Itália já se havia começado a partir dos anos de chumbo) são piores do que aquelas que vigoravam sob o fascismo. E os crimes contra a humanidade cometidos durante o nazismo foram possibilitados exatamente pelo fato de Hitler, logo depois que assumiu o poder, ter proclamado um estado de exceção que nunca foi revogado. E certamente ele não dispunha das possibilidades de controle (dados biométricos, videocâmeras, celulares, cartões de crédito) próprias dos estados contemporâneos.

Poder-se-ia afirmar hoje que o Estado considera todo cidadão um terrorista virtual. Isso não pode senão piorar e tornar impossível aquela participação na política que deveria definir a democracia. Uma cidade cujas praças e cujas estradas são controladas por videocâmeras não é mais um lugar público: é uma prisão.

A grande autoridade que muitos atribuem a estudiosos que, como o senhor, investigam a natureza do poder político poderá trazer-nos esperanças de que, dizendo-o de forma banal, o futuro será melhor do que o presente?

Otimismo e pessimismo não são categorias úteis para pensar. Como escrevia Marx em carta a Ruge: “a situação desesperada da época em que vivo me enche de esperança”.

Podemos fazer-lhe uma pergunta sobre a aula que o senhor deu em Scicli? Houve quem lesse a conclusão que se refere a Piero Guccione como se fosse uma homenagem devida a uma amizade enraizada no tempo, enquanto outros viram nela uma indicação de como sair do xeque-mate no qual a arte contemporânea está envolvida.

Trata-se de uma homenagem a Piero Guccione e a Scicli, pequena cidade em que moram alguns dos mais importantes pintores vivos.

A situação da arte hoje em dia é talvez o lugar exemplar para compreendermos a crise na relação com o passado, de que acabamos de falar. O único lugar em que o passado pode viver é o presente, e se o presente não sente mais o próprio passado como vivo, o museu e a arte, que daquele passado é a figura eminente, se tornam lugares problemáticos. 

Em uma sociedade que já não sabe o que fazer do seu passado, a arte se encontra premida entre a Cila do museu e a Caribdis da mercantilização. E muitas vezes, como acontece nos templos do absurdo que são os museus de arte contemporânea, as duas coisas coincidem.

Duchamp talvez tenha sido o primeiro a dar-se conta do beco sem saída em que a arte se meteu. O que faz Duchamp quando inventa o ready-made? Ele toma um objeto de uso qualquer, por exemplo, um vaso sanitário, e, introduzindo-o num museu, o força a apresentar-se como obra de arte. 

Naturalmente – a não ser o breve instante que dura o efeito do estranhamento e da surpresa – na realidade nada alcança aqui a presença: nem a obra, pois se trata de um objeto de uso qualquer, produzido industrialmente, nem a operação artística, porque não há de forma alguma uma poiesis, produção – e nem sequer o artista, porque aquele que assina com um irônico nome falso o vaso sanitário não age como artista, mas, se muito, como filósofo ou crítico, ou, conforme gostava de dizer Duchamp, como “alguém que respira”, um simples ser vivo.

Em todo caso, certamente ele não queria produzir uma obra de arte, mas desobstruir o caminhar da arte, fechada entre o museu e a mercantilização. 

Vocês sabem: o que de fato aconteceu é que um conluio, infelizmente ainda ativo, de hábeis especuladores e de “vivos” transformou o ready-made em obra de arte. E a chamada arte contemporânea nada mais faz do que repetir o gesto de Duchamp, enchendo com não-obras e performances em museus, que são meros organismos do mercado, destinados a acelerar a circulação de mercadorias, que, assim como o dinheiro, já alcançaram o estado de liquidez e querem ainda valer como obras. Esta é a contradição da arte contemporânea: abolir a obra e ao mesmo tempo estipular seu preço.

Sobre o autor

Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942. É um dos principais intelectuais de sua geração, autor de muitos livros e responsável pela edição italiana das obras de Walter Benjamin. Deu cursos em várias universidades europeias e norte-americanas, recusando-se a prosseguir lecionando na New York University em protesto à política de segurança dos Estados Unidos.

Foi diretor de programa no Collège International de Philosophie de Paris. Mais recentemente ministrou aulas de Iconologia no Istituto Universitario di Architettura di Venezia (Iuav), afastando-se da carreira docente no final de 2009. 

Sua obra, influenciada por Michel Foucault e Hannah Arendt, centra-se nas relações entre filosofia, literatura, poesia e, fundamentalmente, política. Entre seus principais livros destacam-se Homo sacer (2005), Estado de exceção (2005), Profanações (2007), O que resta de Auschwitz (2008) e O reino e a glória (2011), os quatro últimos publicados no Brasil pela Boitempo Editorial.


Postado no site Pragmatismo Político em 03/06/2013


Muitos seres humanos não são capazes de sentir e demonstrar Gratidão ! Já os animais, ditos seres irracionais ...


Ideias criativas para pouco espaço



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Hino de alunos de medicina da USP Ribeirão Preto chama negras de ‘imundas’. E são os futuros médicos brasileiros ! Por isto cada vez mais me convenço de que os médicos cubanos são muito bem-vindos !





A “morena gostosa”, a “loirinha bunduda” e a “preta imunda”.

É assim que um hino da bateria da faculdade de medicina da USP Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), chamada Batesão, se refere às mulheres.

O caso foi denunciado pelo Coletivo Negro do campus da universidade e será discutido na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) nesta terça-feira (11).

A música, com conotação sexual, é cantada em jogos universitários e durante festas da faculdade e foi divulgada neste ano em um manual para calouros do curso, junto com camisetas da atlética da medicina.

De acordo com o Coletivo, que surgiu há cerca de quatro meses após um aluno da faculdade de direito ser ameaçado de morte e sofrer injúrias raciais no estacionamento da USP, várias músicas do manual têm conteúdo machista.

“A Batesão assume seu lugar de senhor de escravos, pega o chicote e violenta mais uma vez as mulheres negras, se não pelo estupro, pela subjugação do nosso corpo negro”, afirma o grupo em nota.

O Coletivo disse que estuda entrar com uma ação judicial contra a faculdade de medicina ou a atlética, da qual a bateria faz parte.

Em nota, o professor Hélio Cesar Salgado, vice-diretor da faculdade de medicina, disse que “se surpreendeu” com a letra da música e que repudia esse tipo de atitude.

Ele informou que o caso será examinado pela direção.

Ninguém da Atlética Acadêmica Rocha Lima, da medicina, ou da Batesão quis se pronunciar sobre o material e as acusações.

Em nota divulgada em uma rede social da Batesão, o grupo diz que as músicas são “históricas” e foram criadas há muito tempo, quando “racismo e preconceitos eram comportamentos corriqueiros”.

As letras teriam sido mantidas por um “descuido”.

A bateria ainda se desculpa e diz que a música não é mais cantada na faculdade.


Postado no site Diário do Centro do Mundo em 11/11/2014


O “odiojornalismo” não pode ser patrocinado pelo dinheiro público


O " odiojornalista "  Arnaldo Jabor


Paulo Nogueira
Está confirmado: o governo de Dilma não vai mais anunciar na Veja.
Paulo Henrique Amorim deu primeiro essa informação. É uma decisão ao mesmo tempo tardia e acertada.

É absurdo você colocar dinheiro público – e quanto, e há quanto tempo – numa publicação nociva à sociedade.

A melhor definição para o que a Veja faz veio de uma acadêmica da UFRJ, Ivana Bentes: “odiojornalismo”.

O ódio que a revista semeia com tanta obsessão se refletiu, recentemente, em coisas como as manifestações criminosas, nas redes sociais, contra os nordestinos.

Diogo Mainardi, o primeiro “odioarticulista” da Veja, há poucos dias chamou os nordestinos de “bovinos” num programa de televisão que vai se tornando igual à revista, o Manhattan Connection.

O blogueiro da Veja, Augusto Nunes, o gênio cosmopolita de Taquaritinga, acha que está sendo engraçado ao tratar Lula como o “presidente retirante” e Evo Morales como “índio de topete”.

Em 2006, ainda militando na mídia impressa, escrevi um texto que dizia que Mainardi “mainardizara” a Veja. Sua má fé, sua falta de princípios jornalísticos – tudo isso saiu de sua coluna e se espalhou pela revista, notei então.

Agora, passados alguns anos, é possível dizer que a Veja “mainardizou” toda a grande mídia. Mainardis e derivados infestam jornais, revistas, rádios, tevê.

O “odiojornalismo” não pode, naturalmente, ser patrocinado pelo dinheiro público.

O anunciante privado que quiser prestigiar este tipo de pseudojornalismo tem inteira liberdade para fazer isso.

Mas o dinheiro público não pode ser torrado numa coisa tão predadora.

É patética a dependência do “odiojornalismo” do Estado. Patética porque essa dependência é a negação do espírito capitalista, tão defendido pelas grandes empresas de jornalismo.

Empresas genuinamente capitalistas não se alimentam do Estado. Isto é um fato.

Se houver mercado para o “odiojornalismo” – mercado, não dinheiro público – que ele financie “jornalistas” como Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Rodrigo Constantino, Pondé, Merval, Noblat etc.

O dinheiro público é sagrado. Deve ser usado para construir escolas, hospitais, portos e todas aquelas coisas que compõem uma sociedade digna.

Anunciantes e investidores privados podem e devem patrocinar o “odiojornalismo”, se entenderem que isso é bom para o país.

É um direito deles. Assim como será um direito dos consumidores eventualmente retaliar, se considerarem que certas marcas estão bancando causas ruins.

Mas esta é outra história.

Parar de queimar dinheiro público na Veja foi um passo importante – ainda que, repito, tardio, dado o comportamento criminoso da revista.

Mas é preciso mais.

O “odiojornalismo” não se limita à Veja. Onde ele estiver, os recursos dos contribuintes não podem estar.

Silvio Santos tratou de manter calada Sheherazade, outra “odiojornalista” bancada por tanto tempo pelo dinheiro público.

Ele sabe que quebra se o governo cortar a verba do SBT – 150 milhões de reais por ano.

Caso decida dar voz novamente a ela, Silvio Santos que vá procurar outros anunciantes que compensem um eventual corte da publicidade do governo.

Seja capitalista, em suma, se puder e se souber.

É disto que o Brasil precisa: um choque de capitalismo na mídia.

É hora de passar a um estágio superior de mídia no capitalismo nacional — sem a “Estadodependência” de empresas tão dedicadas ao “odiojornalismo”.
Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.



Postado no site Diário do Centro do Mundo em 10/11/2014

O que é essencial e fundamental na vida


Triste espécie. Pobre coruja de Minerva



Arma anti-aérea na geleira Siachen


Noam Chomsky | Tradução: Tiago Franco


Não é agradável contemplar os pensamentos que devem estar passando pela mente da Coruja de Minerva, que alça voo ao cair do crepúsculo e toma para si a tarefa de interpretar cada era da civilização humana — esta mesma que pode, agora, estar se aproximando de um final inglório. 

Nossa era começou há quase 10 mil anos, na região da Crescente Fértil. Estendeu-se, a partir das terras do Tigre e Eufrates, pela Fenícia, na costa oriental do Mediterrâneo, chegando ao vale do Rio Nilo e de lá para além da Grécia. O que está acontecendo nesta região fornece dolorosas lições sobre o abismo ao qual a espécie humana pode chegar. 

As terras do rios Tigre e Eufrates têm sido palco de horrores indescritíveis nos últimos anos. 

A ofensiva de George W. Bush e Tony Blair em 2003, que muitos iraquianos compararam à invasão mongol do século XIII, foi mais um golpe letal. Destruiu grande parte do que havia sobrevivido às sanções da ONU, dirigidas por Bill Clinton contra o Iraque e condenadas como “genocídio” por ilustres diplomatas como Denis Halliday e Hans von Sponeck, que as administravam antes de renunciarem em protesto. 

Os devastadores relatórios de Halliday e von Sponeck receberam o tratamentos usualmente dispensado a fatos indesejados…

Uma das conseqüências terríveis da invasão estadunidense-britânica é descrita em um “guia visual para a crise no Iraque e na Síria” do New York Times: a radical mudança da Bagdá, que tinha bairros mistos em 2003, para os atuais enclaves sectários — sunitas ou xiitas — aprisionados em ódio amargo. Os conflitos causados pela invasão espalharam-se e estão agora rasgando toda a região em farrapos. 

Boa parte da área do Tigre e Eufrates está dominada pelo ISIS e seu auto-proclamado Estado Islâmico. Uma caricatura sombria da forma mais extremista do Islã radical, que tem sua origem na Arábia Saudita. 

Patrick Cockburn, um correspondente do The Independent no Oriente Médio e um dos mais bem informados analistas do ISIS, descreve-o como “uma organização horrível, fascista em muitos aspectos, muito sectária, que mata qualquer um que não acredite em sua particular e rigorosa imagem do Islã.” 

Cockburn também aponta a contradição na reação ocidental em relação ao aparecimento do ISIS: os esforços para conter o avanço do grupo no Iraque, contrastam com os outros, para minar o principal adversário do ISIS na Síria, o brutal regime de Bashar Assad. Enquanto isso, uma grande barreira para a expansão do ISIS até o Líbano é o Hezbollah, inimigo odiado pelo Estados Unidos e seu aliado israelense. 

E, para complicar ainda mais a situação, os EUA e o Irã partilham agora uma preocupação legítima sobre a ascensão do Estado Islâmico, assim como outros nesta região altamente conflituosa.

O Egito tem mergulhado em alguns de seus dias mais sombrios, sob uma ditadura militar que continua a receber o apoio dos EUA. O destino do país não está escrito nas estrelas. Durante séculos, caminhos alternativos têm sido bastante viáveis e , não raro, uma pesada mão imperial os tem barrado. 

Depois dos renovados horrores das últimas semanas, em Gaza, deve ser desnecessário comentar sobre o que emana de Jerusalém, considerada, em tempos remotos, um centro moral.

Oitenta anos atrás, Martin Heidegger exaltava a Alemanha nazista como sendo provedora da melhor esperança para resgatar a gloriosa civilização grega das mãos dos bárbaros do Leste e do Oeste. Hoje, banqueiros alemães esmagam a Grécia sob um regime econômico projetado para manter sua própria riqueza e poder. 

O provável fim da Era da Civilização é prenunciado em um novo relatório esboçado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) , o principal órgão de monitoramento sobre que está acontecendo no mundo físico. 

O relatório conclui que o risco de aumentar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa é “severamente grave e terá impactos irreversíveis para os seres humanos e os ecossistemas” nas próximas décadas. 

O mundo está se aproximando de uma temperatura na qual já não será possível conter a perda da vasta camada de gelo sobre a Groenlândia. Juntamente com o derretimento do gelo antártico, que pode elevar o mar a níveis capazes de inundar grandes cidades, assim como planícies costeiras.

A Era da Civilização coincide intimamente com a época geológica do Holoceno, principiada há mais de 11 mil anos. A época anterior, Pleistoceno, durou 2,5 milhões de anos. 

Cientistas hoje sugerem que uma nova época começou há cerca de 250 anos: o Antropoceno, período no qual a atividade humana passou a ter impacto dramático no mundo físico. O ritmo das mudanças de épocas geológicas é difícil de ser ignorado.

Um dos índices do impacto humano, é a extinção das espécies. Estima-se hoje que esteja próxima à taxa de extinção verificada 65 milhões de anos atrás, quando um asteroide atingiu a Terra. Presume-se que tenha sido a causa do fim dos dinossauros, abrindo caminho para a proliferação de pequenos mamíferos e em última instância, dos seres humanos modernos. Hoje, os humanos cumprem o papel do asteroide, condenando grande parte da vida à extinção. 

O relatório do IPCC reitera que “a grande maioria” das reservas de combustíveis hoje conhecidas deve se mantida no solo, para evitar intoleráveis riscos para as gerações futuras. Entretanto, as grandes corporações de energia não se preocupam em esconder seus objetivos de explorar essas reservas e descobrir novas. 

Um dia antes de publicar uma síntese das conclusões do IPCC, o New York Times relatou que um imenso estoque de grãos do Centro-Oeste dos Estados Unidos está apodrecendo, para que os produtos derivados do boom do petróleo da Dakota do Norte possam ser enviados, via ferroviária, para Ásia e Europa. 

Uma das consequências mais temidas do aquecimento global antropocênico é o derretimento das regiões de pergelissolo (tipo de solo encontrado na região do Ártico). 

Um estudo na revista Science adverte que “mesmo temperaturas ligeiramente mais quentes [menos do que o previsto para os próximos anos] poderia começar o derretimento do pergelissolo, que, por sua vez, ameaça desencadear a liberação de grandes quantidades de gases de efeito estufa contidas no gelo,” com possíveis “consequências fatais” para o clima global.

Arundhati Roy sugere que “a mais apropriada metáfora para a insanidade de nossos tempos” é a Geleira de Siachen , onde soldados indianos e paquistaneses mataram uns aos outros no campo de batalha mais alto do mundo.

A geleira agora está derretendo e revelando “milhares de granadas vazias, tambores de combustível vazios, machados para quebrar gelo, botas velhas, tendas e toda sorte de resíduos que milhares de seres humanos em guerra geram”, em um conflito sem sentido.

E, enquanto as geleiras derretem, a Índia e o Paquistão enfrentam um desastre indescritível.




Noam Chomsky é professor emérito do Departamento de Linguística e Filosofia do MIT — Instituto de Tecnologia de Massachussets. Colaborador regular do TomDispatch, é autor de diversas obras políticas de grande repercussão.



Postado no site Outras Palavras em 07/10/2014


A magia está em você



Paulo Araujo

Stonehenge é um monumento pré-histórico localizado ao sul da Inglaterra, o qual é formado por um conjunto de pedras dispostas em forma circular com uma incrível precisão matemática. Cientistas estimam que essas pedras estão lá há mais de 5.000 anos. Ninguém sabe quem as colocou e existe um grande mistério em torno da história do local.

O fato mais fascinante é o incrível silêncio com que os visitantes admiram cada detalhe do lugar.

É muito comum encontrar pessoas em êxtase, fascinadas e encantadas com a história e outras que comentam que pagaram caro para apenas ver pedras, como foi o caso de um jovem espanhol.

Esse comentário levou-me a uma reflexão. Por que será que alguns viam mágica no lugar e outras simplesmente pedras? Por que algumas pessoas vêem mágica em suas vidas e outros não? A diferença, talvez, esteja nos pontos abaixo:

Acredite na mágica que há dentro de você. Toda pessoa é um ser mágico, sua concepção e nascimento foi uma grande magia da natureza. Acredite, existe um grande poder dentro de você, um poder que é capaz de mudar suas atitudes, influenciar o meio em que você vive. A escolha é sua! Você pode decidir entre realmente fazer a diferença ou ser mais um no meio da multidão. Mas, saiba que como todo bom mágico é preciso muito trabalho e perseverança para estar entres os melhores. Acreditar nos seus dons, nos seus sonhos, no seu talento é a base para construir uma carreira de sucesso.

Experimente novas cores em sua vida. Provoque e construa mudanças positivas. Experimente uma nova vida colocando novos temperos em seu dia-a-dia. Crie novos hábitos como a leitura, o trabalho voluntário, opinar e dar mais idéias no ambiente de trabalho. Não mude tudo! Não seja radical, comece com pequenas mudanças no comportamento. Quer ser mais paciente, menos ansioso, pratique a meditação. Que ter mais pique no trabalho, pratique mais atividades físicas. Comece trocando 02 ou 03 maus comportamentos por outros mais salutares. Mude sua percepção sobre os fatos, procure ver o contexto, não tire conclusões precipitadas, somente decida ou comente algo quando estiver convicto que vale a pena fazê-los. 

Crie momentos mágicos. A platéia, digo, sua família, colegas de trabalho, clientes e comunidade, estão todos ávidos por um novo show. Tenha o bom humor, o alto astral sempre como aliados. Procure iluminar o lugar em que você vive. Demonstre seu entusiasmo pela vida, paixão naquilo que faz, agradeça sempre ao Criador por tudo o que você tem e é. Conheci um mestre que dizia que problema sério é problema de saúde, o resto você pode, deve e vai superar. Tenha sempre essa certeza. Não faça tempestade em copo d’água, não crie problemas imaginários e pare de procurar “pelo em ovo” pois assim você acaba encontrando. A vida é curta demais para torná-la um grande peso, seja pró-ativo e foque a solução do problema.

Ensine seus momentos mágicos. Agora que você conhece novos truques para encantar seus expectadores é hora de repassar seus conhecimentos e nova filosofia de vida. Divulgue e treine as pessoas à sua volta. Peça sempre um sorriso, faça questão de um “bom dia” diferente, estimule pensamentos positivos, aceite sugestões, mantenha a porta e o coração abertos e aumente a auto-estima de toda e qualquer pessoa que conviva com você. A velha e boa história de “faça o bem, não importa a quem” vai se tornar um grande impulso para novos saltos em sua vida.

A decisão é sua. Assim como em Stonehenge o visitante deve decidir se quer ver somente pedras ou o encanto do lugar. A magia está dentro de você. Tá na hora de procurar onde você tem deixado sua varinha de condão.



Postado no site Somos Todos Um


Pizza de Liquidificador



Ingredientes


1 ovo

1 colher de sopa rasa de margarina

1 colher de sopa de azeite

1 e ½ xícara de farinha de trigo


1 pacotinho ou 1 colher de sopa rasa de fermento em pó (misturar na farinha)

Sal a gosto

1 xícara de leite


Cobertura

Molho vermelho caseiro ou industrializado

200 gr de queijo mussarela

Coberturas a gosto



Preparo

Pré-aqueça o forno.

Bater bem, no liquidificador, os 7 primeiros ingredientes. 

Coloque em uma forma de 30 cm e leve ao forno por 10 minutos em 200 graus e 10 minutos em 180 graus. 

Retire do forno coloque o molho vermelho caseiro ou industrializado, o queijo e 
a cobertura a gosto. 

Leve ao forno, novamente, só para derreter a mussarela. 


Obs: Na pizza doce, colocar menos molho vermelho, uma camadinha bem fininha de molho, antes do queijo. Ou se preferir pode ser qualquer calda doce a seu gosto e que combine com os ingredientes doces que irão na cobertura.