Médicos Sem Fronteiras traz realidade de campos de refugiados para Porto Alegre


Débora Fogliatto
O Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre, recebe a partir desta sexta-feira (14) instalações que representam uma realidade muito distante daquela dos frequentadores do parque. A exposição Campo de Refugiados no Coração da Cidade, da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) apresenta tendas de moradia e medicina em tamanho real, com a proposta de aproximar os moradores da cidade dos 45,2 milhões de refugiados e deslocados internos do mundo.
Conflitos violentos, perseguições étnicas e religiosas são os principais motivos que levam pessoas a abandonarem seus lares e procurarem abrigos em campos. Atualmente, o número de refugiados no mundo é de mais de 16 milhões, enquanto os deslocados internos – aqueles que também deixam seus lares, mas ficam dentro do próprio país – chega a quase 29 milhões.
Que situação tão difícil essas pessoas enfrentaram para quererem sair de seus países, abandonar seus lares? É o que se questiona a médica Carolina Batista, diretora da unidade médica de MSF no Brasil, que já esteve em missões em países como Somália, Camarões, Quênia, Síria, Guiné e Bolívia, entre outros: “Eu via aquelas pessoas chegando com os pés em carne viva, após caminharem dias no deserto, quando trabalhei na Somália. E pensava: o que leva pessoas a saírem dos seus lares e passarem por situações como essas?”
A exposição se propõe a buscar entender a realidade dessas pessoas, de forma bastante didática. Ao chegar à mostra, os visitantes recebem um dos quatro cartões em que consta um nome e um parágrafo com a história de uma pessoa. Os mediadores então apresentam os espaços, fazendo o público se imaginar naquelas situações: uma das tendas, por exemplo, fornecida pela organização, é feita de lona, e nela são colocados colchões finos para que as pessoas suportem as baixas temperaturas. É em lugares como esse que moram milhares de refugiados sírios no Líbano, Iraque e Jordânia.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Tenda mostra tratamento para desnutrição, com boneca em réplica de balança para bebês | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Seguindo pelo “campo”, os visitantes – que recebem as instruções em grupos  de dez a vinte pessoas – passam por uma latrina e por uma espécie de tanque, no qual água vinda de poços ou caminhões-pipa pode ser armazenada e distribuída em compartimentos de dez ou quinze litros. Em algumas situações, um desses galões é dado para famílias inteiras dividirem durante o dia, tanto para cozinharem quanto para tomarem banho e beberem. Nas tendas seguintes, são descritos os trabalhos de MSF relacionados à triagem de doenças, vacinação, desnutrição e psicologia.
Diretora de MSF no Brasil: “É fundamental que a gente possa ser um pouco porta-voz”
Carolina Batista, diretora da unidade médica de MSF no Brasil, é também uma das pessoas a fornecer explicações sobre a tenda em que são apresentadas as unidades que tratam de crianças com desnutrição. E é exatamente com isso que ela, formada pela Universidade Federal Fluminense, especialista em medicina tropical pela Universidade de Basel, na Suíça, e com mestrado em saúde internacional, mais trabalhou. “Isso não é uma bactéria ou um parasita, é a falta de alimento que faz com que as pessoas cheguem a situações muito graves. E você vê o impacto que tem na vida das delas, às vezes em uma ou duas semanas uma criança que você achava que não podia sobreviver já está sorrindo e brincando”, comenta.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Carolina Batista recrutou para MSF em 2007 | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
A realidade que ela vivenciou em Guri’el, na Somália, em 2007, em sua primeira missão, era a de uma população de deslocados internos devastada pela fome, por epidemias e por conflitos civis. “Aquilo me marcou muito porque ali não havia nenhuma estrutura mínima, o único hospital era o de MSF. E isso por outro lado mostrava a importância de MSF estarem lá, porque essas vidas não teriam alternativa, essas mães não têm alternativa de onde levar seus filhos”, afirma. E ela acredita que essa seja também a relevância da existência dessa exposição, que busca informar e conscientizar sobre as realidades dos refugiados. “É importante porque tem como objetivo trazer para perto a realidade de milhões de pessoas que passam por isso. É fundamental que a gente possa ser um pouco porta-voz desses mais de 16 milhões de refugiados no mundo”, diz Carolina.
A organização, que atua em mais de 70 países, não realiza apenas serviços de tratamento de doenças e desnutrição, mas também fornece condições básicas de saneamento, conforme é registrado na exposição. Embora não seja a especialidade de MSF, a instalação de tanques de água e latrinas é fundamental para a saúde das populações em campos de refugiados. “Condições sanitárias são pré-requisitos para se ter uma boa vida e saúde, então também temos que nos envolver nisso. Imagina ter milhares de pessoas juntas, que muitas vezes já estão doentes, imagina se não tivessem acesso à água limpa, isso teria um impacto muito negativo na vida delas”, explica a médica.
Carolina entrou na faculdade de medicina com o objetivo de participar da organização, e atualmente continua indo a cerca de duas missões curtas por ano, mesmo com o cargo administrativo de diretora. Em 2011, quando assumiu a função, passou um mês auxiliando feridos de guerra na Líbia, e no ano passado esteve em Camarões. Agora, ela acompanha a exposição pelas cidades brasileiras por onde passa, mostrando ao público um pouco da realidade que conheceu. “Precisamos lembrar que refugiados não são imigrantes que estão tranquilos em suas casas e decidem ir para países melhores. São pessoas que muitas vezes vão embora sem nenhum pertence. São situações que chamam atenção pela falta de esperança das pessoas, que não tem alternativa além de sair, se deslocar”, destaca.

Foto: Robin Meldrum/MSF
Nashibaba, que vive no Sudão do Sul, é uma das pessoas atendidas por MSF cuja realidade é conhecida na exposição | Foto: Robin Meldrum/MSF
Histórias reais
No final do tour nada glamoroso, os visitantes descobrem que os cartões que receberam no início não são apenas histórias, mas sim descrições das vidas reais de refugiados e deslocados internos. Na manhã de sexta-feira, quando a exposição foi aberta, os monitores julgavam que houve mais visitantes em Porto Alegre do que na estreia em outras cidades brasileiras. Em um grupo de dez pessoas que terminava de ouvir as explicações, todas afirmaram estar tocadas pelo que ouviram, e cerca de metade foram se informar sobre como ajudar a organização, o que é possível ao final da mostra.
A aposentada Maria Euni Borges caminhava pela Redenção, como faz todas as manhãs, quando avistou as instalações e decidiu conferir a exposição. Ela julgou que as explicações foram muito detalhadas e acredita na importância da conscientização. “Eu perguntei o que era e me interesse pela possibilidade de ver como as pessoas vivem, nesses campos. Eu já li sobre isso, sabemos da dificuldade”, conta.
A exposição foi concebida na França e já passou por países como Estados Unidos e Austrália. O Brasil é o primeiro país da América do Sul a receber a mostra, que chega em Porto Alegre, onde fica até o dia 23, após São Paulo e Rio de Janeiro. Nos próximos meses, segue para Curitiba e Belo Horizonte.
 Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Postado no site Sul21 em 16/03/2014

Campos de refugiados pelo mundo 
Djabal

Iraque


Somália

Quênia

Jordânia

15/03/2014 : 20 anos do direito de resposta de Leonel Brizola contra a TV Globo ! E ela continua como sempre foi ...







Ator Sérgio Mamberti homenageia José Dirceu felicitando-o pelo aniversário







Plantas medicinais para colorir seu jardim


Jardim de plantas medicinais


Aloe Vera


O aloe vera cresce apenas sob o sol com solo seco ou úmido bem drenado. Embora a planta tenha um gosto característico ruim, ainda é comestível. A seiva de aloe vera é extremamente útil para acelerar a cura e reduzir o risco de infecções por :

feridas
cortes
queimaduras
eczema
redução de inflamação

Para além da sua utilização na parte externa na pele, o aloe vera também é ótimo no tratamento de :

colite ulcerativa ( suco de aloe vera )
constipação crônica
falta de apetite
problemas digestivos


Marsh Mallow


A raiz do marshmallow é excelente para tratar:

inflamações e irritações das mucosas urinárias e respiratórias
combater o excesso de ácido do estômago
ulceração péptica
gastrite
contusões
entorses
dores musculares
picadas de insetos
inflamações da pele

As folhas são comestíveis , ao contrário do aloé vera. Eles podem ser adicionados em saladas, cozidos ou fritos. Ele é conhecido por ajudar na área de cistite e micção freqüente.


Grande Bardana ou Carrapicho-Grande


Ele requer solo úmido e pode crescer na sombra. O carrapicho-grande é bastante famoso na área de desintoxicação, tanto na medicina tradicional chinesa e ocidental. A raiz é usada para tratar a "sobrecarga tóxica " que resultam em infecções de garganta e doenças de pele , como: 

erupções
queimaduras
contusões
herpes
eczema
acne
impetigo
micose
mordidas de animais

As folhas e sementes, podem ser esmagadas para fazer cataplasma e colocar nas contusões, queimaduras, úlceras e feridas.


Calêndula 


Ela cresce em quase qualquer tipo de condição do solo. Não tem nenhum problema com solos nutricionalmentes pobres, muito ácido ou muito alcalinos, mas desde desde que seja úmido. Bem conhecido como um remédio para problemas de pele, a calêndula é aplicada externamente para :

mordidas
picadas
entorses
feridas
dor nos olhos
varizes

Internamente é usado para tratar febres e infecções crônicas. O chá das pétalas tonifica a circulação e se tomado regularmente, alivia, as varizes. Se aplicar as hastes da calêndula esmagadas em calos e verrugas, em breve eles desaparecerão.


Camomila


Com uma fragrância doce, frutado e herbáceo, tem sido utilizada medicinalmente como um remédio para problemas relacionados com o sistema digestivo. Tem um efeito calmante e relaxante na área de aromaterapia, usado para acabar com o estresse e ajudar no sono. Toda a erva é usada para tratar dores comuns, como dor de dente, dor de ouvido, dor no ombro e neuralgia.


Alcachofra


Uma planta de sabor amargo, que requer uma grande quantidade de sol, a alcachofra tornou-se importante como uma erva medicinal nos últimos anos após a descoberta da cinarina. As folhas devem ser colhidas antes da floração e ajudam a:

melhorar a função hepática e da vesícula biliar
estimular a secreção dos sucos digestivos
manter os níveis mais baixos de colesterol no sangue
o tratamento de doenças do fígado e da vesícula biliar crônicas
icterícia
hepatite
estágios iniciais de diabetes de início tardio


Ginseng siberiano


O ginseng siberiano tem uma ampla gama de benefícios para a saúde, principalmente como uma poderosa erva tônica que mantém a saúde equilibrada. As suas propriedades medicinais são utilizadas para:

Problemas na menopausa
debilidade geriátrica
estresse físico e mental
tratar supressão da medula óssea causada por quimioterapia ou radioterapia
angina
hipercolesterolemia e neurastenia com dor de cabeça
insônia
falta de apetite
aumento da resistência
melhoria da memória
efeitos anti – inflamatórios
efeitos imunogênicos
fins quimioprotetores
proteção radiológica


Tea Tree ( Melaleuca)


Os aborígenes utilizam as folhas da árvore do chá para fins medicinais , como mastigar folhas novas e frescas para aliviar dores de cabeça. É usado também como um curativo e seus ramos também são usados como uma esteira de dormir como material construção, como uma capa de chuva descartável e para calcamento de buracos em canoas.

As folhas e galhos, feitas em óleo da árvore e chá, é anti fúngica, antibacteriana, anti-séptico e merece um lugar em sua caixa de primeiros socorros e no seu jardim! O óleo da árvore e chá pode ser utilizado no tratamento de:

cistite
febre glandular
síndrome da fadiga crônica
sapinho
infecções vaginais
acne
tricofitia
verrugas
picadas de insetos
feridas
pequenas queimaduras


erva-cidreira


Muito frequente e utilizada no Brasil. A razão pela qual a planta é chamada de erva-cidreira é por causa do cheiro de limão hortelã que exala das folhas. As flores , que aparecem durante o verão, estão cheias de néctar. As folhas trituradas , quando esfregadas sobre a pele, são utilizados como :

repelente de mosquitos
herpes
gota
picadas de insetos

A infusão das folhas com água, (chás) são conhecidos para o tratamento de :

constipações
febres
indigestão , devido à tensão nervosa
problemas digestivos em crianças
hipertireoidismo
depressão
insônia leve
dores de cabeça


Hortelã-pimenta


O hortelã–pimenta é considerado como "a medicina mais antiga do mundo ", com evidências arqueológicas de colocar o seu uso, pelo menos, há mais de 10 mil anos atrás. Eles são naturalmente ricos em manganês, vitamina A e vitamina C. As folhas esmagadas esfregadas na pele, ajudam a acalmar e relaxar os músculos. As folhas de hortelã em chás , são utilizados para :

reduzir a síndrome pavilhão irritável
problemas estomacais
inibir o crescimento bacteriano
tratar febres
flatulência
cólon espástico


Prímula


As raízes jovens podem ser comidas como um vegetal ou os brotos pode ser consumidos em uma salada. As raízes podem ser aplicadas em contusões. O chá das raízes têm também sido utilizado no tratamento da obesidade e dores intestinais. No entanto, as peças mais valiosas são as folhas e cascas, que são feitas em óleo de prímula, conhecido para o tratamento de:

esclerose múltipla
tensão pré-menstrual
hiperatividade
eczema
acne
unhas quebradiças
artrite reumatoide
danos hepáticos relacionados com o álcool


Ginseng


Um dos medicamentos mais conceituados no oriente, o ginseng é respeitável em sua capacidade de promover a saúde, vigor geral do corpo e prolongar a vida. As raízes são usadas para:

estimular e relaxar o sistema nervoso
estimular a secreção de hormônios
melhorar a resistência
níveis mais baixos de açúcar no sangue
acalmar e baixar os níveis de colesterol
aumentar a resistência a doenças
tratar debilidade associada à idade avançada
tratar falta de apetite
tratar a insônia


Turquia ruibarbo


Conhecido principalmente pelo seu efeito positivo e equilíbrio sobre o sistema digestivo como um todo. As raízes funcionam como um tônico adstringente para o sistema digestivo, enquanto doses maiores podem ser utilizados como laxantes. Além disso, também é conhecida para o tratamento de:

constipação crônica
diarreia
queixas do fígado e da vesícula biliar
hemorroidas
problemas menstruais
erupções na pele, devido à acumulação de toxina


Sálvia


Sálvia, o nome latino significa " curar ". Internamente, é utilizado para:

indigestão
flatulência
queixas do fígado
lactação excessiva
transpiração excessiva
salivação excessiva
ansiedade
depressão
esterilidade feminina
Problemas na menopausa 

Por outro lado, ele é usado externamente para: 

picadas de insetos
infecções da pele
infecções de garganta
infecções da boca
infecções na gengiva
infecções da pele
corrimento vaginal


Thistle de leite (Erva do Leite)


Ele protege e melhora a função do fígado. Tomadas internamente, a erva do leite ajuda a tratar:

doenças do fígado e da vesícula biliar
icterícia
hepatite (inflamação do fígado)
envenenamento
níveis elevados de colesterol
resistência à insulina em pessoas com diabetes tipo 2, que também têm cirrose
o crescimento de células cancerosas em cancros da mama, do colo do útero e da próstata
os efeitos de uma ressaca


Confrei


Confrei contém alantoína, um proliferante celular que acelera a substituição natural de células do corpo. Ele tem a fama de fortalecer os dentes e as propriedades de construção óssea em crianças. Mais seguro para uso externo do que internamente, o confrei é utilizado para tratar uma ampla variedade de doenças, quais sejam:

problemas bronquiais
ossos quebrados
entorses
artrite
úlceras gástricas e varicosas
queimaduras graves
acne
cortes
contusões
entorses
sores
eczema
varizes


Matricária 


Um chá feito a partir de toda a planta é usada no tratamento da artrite, resfriados, febres, etc. É uma planta sedativa e excelente para regular o fluxo menstrual. Uma infusão é usada para banhar os pés inchados. Aplicado externamente como uma tintura, a planta é usada no tratamento de feridas. 


Fenacho (feno grego)


Sementes de feno grego são nutritivas para:

estimular o ganho de peso ( anoréxicos )
inibir o câncer de fígado
níveis mais baixos de colesterol no sangue
tratar a inflamação e úlceras do estômago e dos intestinos
escorrer dutos de suor
para a construção do corpo
para início de diabetes tardia
má digestão
lactação insuficiente
menstruação dolorosa
dores do parto
refrescar o mau hálito
restaurar o paladar


Urtiga


Muito conhecido como um complemento nutritivo para a dieta e como um remédio à base de plantas, as folhas de urtiga têm sido tradicionalmente usados ​​para:

limpar o sangue
tratar a febre dos fenos
artrite e anemia
menstruação excessiva
hemorroidas
reumatismo
problemas de pele como eczema
urticária
catapora
contusões
queimaduras


Agnus Castus



Benéfico para o sistema hormonal feminino, as sementes e frutos do agnus são usados ​​para corrigir os desequilíbrios hormonais causados ​​por um excesso de estrogênio e uma insuficiência de progesterona. Ela age sobre a hipófise, reduzindo a produção de certos hormônios e aumentar a produção de outros, alterando o equilíbrio em favor dos gestagénios, hormônios, que asseguram uma boa gravidez. Assim, ele tem uma vasta aplicação de uso na hipótese de mal funcionamento do sistema reprodutor feminino e tem sido usada com grande efeito em:

restaurar a menstruação ausente
regulação de períodos 
restaurar a fertilidade causada por desequilíbrio hormonal
aliviar a tensão pré-menstrual


Fonte de Pesquisa:  Site Americano Plantas medicinais
Imagens do site Plantas Medicinais
Tradução: Adriana Helena


Postado no blog Vivendo a Vida Bem Feliz em 06/03/2014


Comer, ato revolucionário?


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Refletir sobre o que nos alimenta pode nos levar a rebeldias como reforma agrária, mercados de agricultores, jardins operários, “slow food”, permacultura e agricultura florestal

Satish Kumar (Tradução Josemar Vidal Jr. editor de Tautologia Total)

A comida é um microcosmo de um macrocosmo. Comer alimentos apropriados é parte da solução de problemas como as mudanças climáticas e a fome no mundo. Na tradição cristã, festejar no Natal e jejuar na Quaresma são símbolos significantes da relação estreita entre as pessoas e os alimentos, entre liberdade e comedimento, entre celebração e solitude.

Mas festejar e jejuar não são opostos: são complementares. Quando nós praticamos a liberdade de um banquete e somos pessoas habituadas à pratica do jejum, muito provavelmente vamos aproveitar a festa sem abusos.Jejuar é uma grande habilidade. Quando, no romance de Herman Hesse, a bela cortesã Ka­mala pergunta a Siddhartha quais eram as suas qualidades para conquistar o seu amor, Siddhartha responde: “Pensar, esperar, jejuar”. Infelizmente, no mundo moderno, muitos de nós não sabem como esperar, como jejuar, ou, ainda, como banquetear.

Nós vivemos no mundo da comida congelada, junk food e pratos prontos. Esse é o mundo da produção em massa, dos empacotados e das redes de comercialização de alimentos. Esse é o mundo onde os conhecimentos e as técnicas de produzir comida foram esquecidos, e a arte de cozinhar é desvalorizada; onde o prazer de preparar as refeições em companhia é diminuído. Nós perdemos o controle das origens dos alimentos. Muitos não sabem dizer poucas palavras sobre como a comida é semeada, distribuída, tarifada, ou mesmo como é preparada.

O acesso à comida deveria ser um direito fundamental do ser humano, o alimento é um presente da natureza a todos. Alimentar as pessoas e todos os seres vivos é algo intrínseco à vida, à existência, mas, infelizmente, a comida tornou-se produto comercial e já não esta disponível à todos igualmente. O objetivo primeiro dos que trabalham com negócios alimentícios é fazer dinheiro, alimentar as pessoas se tornou algo secundário. Não admira vermos múltiplas crises, tais como o crescimento do custo dos alimentos, crescimento da obesidade, junto à malnutrição e fome.

O grande desafio com o qual precisamos nos deparar é percebermos o principal objetivo dos sistemas alimentares, que é suster a vida. A principal responsabilidade dos governos e dos homens de negócios é desenvolver políticas e práticas que atendam às necessidades alimentares de todos, em todo o mundo, ao mesmo tempo em que garantam a integridade e a sustentabilidade do planeta terra em si.

Cultivar, preparar e comer boa comida é um imperativo ecológico, e, como Thomas Morus muito bem pontua, a comida é mais do que apenas o combustível para o corpo; ela é fonte para a nossa nutrição espiritual, social, cultural e física.

As pessoas perguntam: “O que eu posso fazer para combater o aquecimento global, a degradação ambiental e as injustiças sociais?” A resposta dada por Thomas Morus e outros escritores é: “Vamos começar pela comida: vamos comer alimentos locais, orgânicos, sazonais e deliciosos. Vamos lidar com os alimentos com as nossas próprias mãos, e não deixar a sua produção apenas nas mãos das corporações.”

O ato de comer o alimento apropriado é parte da solução dos problemas de aquecimento global e fome. A comida é um microcosmo de um macrocosmo. Quando nós observamos as movimentações econômicas por trás dos alimentos vemos imediatamente a influência das corporações multinacionais, que transformam comida em produto, onde, da engenharia genética das sementes ao cultivo, o controle passou do homem do campo e dos agricultores para administradores e engenheiros. Se nos preocupamos com a agricultura industrial, agronegócio, terras cultiváveis, erosão do solo, crueldade com os animais, fast foods, fatty (gordurosas) foods, ou ainda, “não-foods“, temos que olhar para o nosso prato e o que esta nele. A comida em nossa dispensa e na nossa cozinha esta conectada com as mudanças climáticas, com a pobreza, bem como com a nossa própria saúde.

Uma reflexão profunda sobre o que comemos pode nos levar à reforma agrária, mercados de agricultores, Jardins Operários, Slow Food, comida artesanal, permacultura, agricultura florestal e muito mais. Nós devemos transformar nossa relação com a comida como um primeiro passo em direção às transformações sociais, econômicas e políticas. O pessoal e o político são dois lados da mesma moeda, nós não podemos manifestar um sem o outro. Quando nós começamos no plano pessoal e caminhamos em direção ao político, então há integridade no que falamos, fazemos e pedimos para que os outros façam. É claro que não podemos parar na vida pessoal. Nós precismos nos comunicar, organizar e construir um movimento popular que pressione governos e empresas a efetuarem mudanças.

Será que estamos prontos pra “por a mão na terra”? Temos tempo para assar nosso próprio pão e compartilhar nossas refeições em companhias agradáveis? Se nós não temos tempo para cozinhar e comer adequadamente, então nós não temos tempo para viver. Como Molière disse: “É boa comida, não boas palavras que me mantem vivo”.


*Satish Kumar é fundador e diretor do Instituo Schumacher e reconhecido como um pilar da militância pacifista.


Postado no site Outras Palavras em 12/03/2014





O Brasil não aguenta mais





Marcelo Zero (*)


Um conhecido pré-candidato teria afirmado recentemente que “o Brasil não aguenta mais 4 anos de Dilma”. O candidato anda meio confuso. Além da confusão gramatical entre presente e futuro, o candidato parece estar confundindo o apoio que tem de cerca de 9% da opinião pública com a opinião de todo o país, a qual, segundo as últimas pesquisas, apoia majoritariamente (55%) a gestão pessoal da presidenta. 

Assim, “o Brasil” da frase, sem dúvida uma licença poética e política, uma sinédoque recorrente no discurso oposicionista brasileiro, poderia ser melhor traduzido para “uma minoria”. A frase, gramatical, política e matematicamente correta, seria, então, “parte minoritária da opinião pública brasileira não aguentaria mais 4 anos de governo Dilma”.

Mas as minorias têm as suas razões. Podem não ser lá muito boas, mas elas existem. Com algum esforço, podemos até imaginá-las.

É possível, por exemplo, que “o Brasil” não aguente mais esse negócio de ficar gerando tantos empregos com carteira assinada, em meio à pior crise internacional desde 1929. Com efeito, foram criados mais de 21,5 milhões de empregos desde que o PT chegou ao poder. Só no governo Dilma, foram gerados cerca 4,5 milhões de empregos, até janeiro deste ano. É por isso que a nossa taxa de desemprego está no mais baixo nível de toda a sua história (4,8 %). “O Brasil” do candidato talvez prefira, no entanto, a situação de países como Portugal, Grécia, Itália e muitos outros que hoje convivem com taxas de desocupação estratosféricas. Ou então “o Brasil” talvez sinta saudades da situação de desemprego e precariedade que predominava na época em que o país era comandado pelos principais aliados políticos do candidato. 

Também é possível que “o Brasil” não suporte mais o aumento inaudito da renda do trabalho. Com Dilma, a renda dos trabalhadores cresceu, em média, 3% acima da inflação, a cada ano, mesmo no contexto de uma crise internacional que provoca diminuição significativa dos salários reais em muitos países do mundo. Portanto, em somente 3 anos, Dilma, a que “ninguém mais aguenta”, segundo o candidato, aumentou a renda dos trabalhadores em 9,3% acima da inflação. Hoje, o salário mínimo é de R$ 724,00, ou mais de US$ 300,00. No entanto, “o Brasil” do candidato provavelmente considere mais “suportável” a época em que a renda dos trabalhadores encolhia em mais de 7% ao ano e o grande sonho era o salário mínimo de US$ 100,00. 

Pelos mesmos misteriosos motivos, “o Brasil” do candidato possivelmente considere que “ninguém aguenta mais” esse processo esquisito, tão ao contrário da nossa histórica tradição, de distribuição célere da renda e de combate sólido à pobreza. Trinta e seis milhões de brasileiros já deixaram a pobreza extrema, desde que os “insuportáveis” do PT chegaram ao governo. Neste ano, graças à busca ativa implantada pela presidenta que “ninguém mais aguenta”, serão incluídas as últimas 700 mil famílias que estavam fora do cadastro dos programas sociais e, com isso, o Brasil será considerado um país livre da miséria, conforme os critérios do Banco Mundial. No mesmo período, mais de 42 milhões de brasileiros ascenderam à classe média, injetando R$ 1 trilhão ao ano na economia e dinamizando o mercado de consumo interno. Assim, nosso índice de Gini caiu de cerca de 0,600, em 2002, para quase 0,500, em 2012. 

Trata-se de uma verdadeira revolução social, algo profundamente novo, num país que estava acostumado à “mofada” situação de exclusão e de profundas desigualdades. Porém, há setores políticos que não gostam muito disso. Talvez eles se identifiquem mais com “o Brasil” do candidato. 

Com alta probabilidade, “o Brasil” do candidato não se identifica com os grandes e recentes progressos feitos na Educação e Saúde, por iniciativa da presidenta que ‘ninguém mais aguenta”. 

A duplicação do número de matrículas nas universidades, o crescente acesso dos mais pobres ao ensino superior, a geração de 5,8 milhões vagas para ensino profissionalizante pelo PRONATEC, o envio de dezenas de milhares de jovens brasileiros para estudar nas melhores universidades do mundo com o Ciência Sem Fronteiras, o vasto e inédito programa de implantação de creches e pré-escolas e a construção de mais unidades de ensino técnico que em toda a história anterior do país não parecem comover “o Brasil” do candidato.

Comove menos ainda, aparentemente, o Programa Mais Médicos, o qual, conforme a opinião de alguns que se identificam com “o Brasil” do candidato, utiliza os serviços da OPAS/ONU, notórias agências de intermediação de mão-de-obra escrava. 

Da mesma forma, não sensibiliza “o Brasil” do candidato o fato da ONU considerar o Brasil, sob a liderança da presidenta que "ninguém mais aguenta”, o país que mais contribui para a redução das emissões dos gases do efeito-estufa. Prefere-se a mofada tese da insensibilidade ambiental da presidenta. 

Enfim, “o Brasil” do candidato parecer preferir o tempo mofadíssimo dos vestibulares, do ensino elitizado, dos postos de saúde sem médicos e dos desmatamentos sem controle. Talvez “o Brasil” do candidato também sinta falta dos jurássicos empréstimos do FMI, da dívida pública líquida de mais de 60%, da inflação de 12,5%, da vulnerabilidade externa e de outras coisas que a presidenta “que o Brasil não aguenta mais” contribuiu muito para extinguir.

Tudo isso nos deixa intrigados. Não conseguimos identificar, com precisão, quais os interesses que movem “o Brasil” do candidato. Eles não parecem ser consentâneos com uma identidade política socialista. 

Nessas horas de crise de identidade e confusão, o melhor é recorrer aos frescos e atuais conselhos dos antigos. Podemos lembrar, em especial, o grande Miguel Arraes, o qual, em seu discurso de posse como governador de Pernambuco, em janeiro de 1963, afirmou para a posteridade:

“No Brasil de hoje, como em qualquer outro país em atraso, as lutas sectárias têm de ser evitadas; no processo da revolução brasileira devem participar todos aqueles realmente interessados na superação da miséria e do atraso”.

Definitivamente, “o Brasil” do candidato parece ter se esquecido dos bons conselhos que nos davam os avôs. 

*Marcelo Zero é formado em Ciências Sociais


Postado no blog Contraponto em 13/03/2014




Nota

Ex-governador Miguel Arraes é Avô do candidato, em questão, Eduardo Campos.


Curiosidades na fabricação das coisas


Cena de Tempos Modernos 1936 - Charles Chaplin

Macarrão espiral 

Livro

A capa é colocada junto com as páginas.

Em seguida todas as páginas são enquadradas numa máquina que as corta para atingir o tamanho perfeito.

Donuts

Balão

Um molde em forma de balão é imerso em látex colorido.

Depois uma espécie de escova dá forma à extremidade.

Pretzels

Palito de dente