A força da blogosfera no Brasil








Você está à beira do quê ?



Martha Medeiros

Se você responder à pergunta acima dizendo que está à beira de um ataque de nervos, não será uma resposta original, mas pode muito bem ser verdade, já que poucos conseguem ficar tranquilos diante desta rotina surreal em que nos meteram.Trancar portas, gradear janelas, acionar alarmes, desconfiar de todos — que vida excitante. 

Eu, ao contrário de me enervar, estou à beira de ficar zen. Basta apenas parar de ler os jornais, de ver TV, desconectar o computador, vender meu carro, doar meus bens e me mudar para o Tibete.

Você também não sente vontade, às vezes? Eu de segunda a domingo. À beira de algo. 

A maioria das pessoas — as desassossegadas por natureza — está a ponto de dar uma guinada, está prestes a tomar uma atitude, está ali ali para enfrentar uma ruptura. 

Poucos estão 100% conformados. Os que têm o costume de se questionar ao menos meia-hora por dia já podem se considerar no limiar de fazer uma manobra radical: são habitantes do planeta 'Quase'. 

Alguns, por exemplo, estão quase desistindo de manter sua empresa funcionando. Estão cansados de pagar tantos impostos, de sofrer ações trabalhistas injustas, enfraquecidos pela concorrência que só cresce. Estão quase falindo, mas lutando. Quase desistindo, mas ainda sem coragem de abrir mão de tudo. Outros estão quase saltando fora de um casamento, quase convencidos de que é melhor sofrer fora do que dentro dele, por pouco não trocando de lado, apenas aguardando o tal “momento certo”, que é a coisa mais difícil de identificar.

Em contrapartida, tem gente assinando a papelada para abrir um negócio próprio e outros tantos com a data de casamento marcada. Não importa a ruptura que se dará (mudar de condição de vida é sempre uma ruptura): tudo o que nos aguarda ali adiante é um enorme e imponente ponto de interrogação. 

É como se o mundo fosse dividido em duas partes, com um rio passando no meio. Estamos sempre de olho na outra margem deste rio, no que existe do lado de lá. 

E é desta sensação de incompletude — não podemos estar nos dois lados ao mesmo tempo — que surge tudo o que existe.

Estamos sempre na iminência de. Tentados a. Seduzidos por. Você está à beira de quê? Sabe, sim. Só não quer contar.



Os jalecos engomados e seus uivos de desespero



Marco Antonio Araujo

Criminoso. Não há outra palavra para definir o comportamento do presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, João Batista Gomes Soares. O fanfarrão declarou, com todas as letras, que vai orientar os médicos a não socorrerem eventuais erros dos cubanos que foram contratados pelo governo para trabalhar em áreas carentes. O cidadão está incitando profissionais da saúde a omitir socorro a quem eventualmente precisar.

O cara não teve nem a decência de manter a palavra. Quando viu o tamanho da barbaridade que falou, tentou consertar: "Nós não temos que socorrer o médico cubano, nós temos que socorrer o paciente". 

Essa frase capenga não consegue esconder o principal: a fúria que despertou em certa parcela da população, supostamente esclarecida, a vinda dos jalecos cubanos.

A máscara caiu. Entraram em desespero, estão apelando, enlouqueceram. Por puro ódio. Ou vergonha do próprio egoísmo. Não há outra explicação.

Não adianta a enorme lista de argumentos a favor do programa Mais Médicos. 

Nada vai amenizar os instintos primitivos daqueles que simplesmente querem que tudo permaneça exatamente como está. Que continuem morrendo os milhares de brasileiros nos rincões deste País em que não há um único médico num raio de centenas de quilômetros. É pra esses lugares esquecidos que vai essa legião estrangeira.

Mas a turma do jaleco engomado quer mais que o povo, literalmente, morra. Porque nenhum brasileiro, muito menos os formados nas universidades públicas, quer ir para onde essa turma de missionários está indo.

A máscara caiu no momento em que o governo abriu as inscrições para as vagas e nenhum, absolutamente nenhum, médico brasileiro se dispôs a enfrentar a porrada que é atender os mais necessitados — e, sim, em condições precárias, quando não inexistentes.

Agora, da maneira mais hipócrita, daquela forma maléfica que nossas elites têm quando não conseguem mais esconder seu individualismo, sua mesquinhez, sua alma pequeno burguesa, aparecem com o último argumento que lhes restou: os médicos cubanos são escravos. Escravos! Eles serão usurpados pelo governo da Ilha Maldita, separados de suas famílias e, quem sabe, carregarão bolas de ferro amarradas aos pés. Dai-nos paciência.

Sem ficar alimentando esse falso debate, só exponho um argumento contra essa falácia. Os cubanos são voluntários. Vou repetir: voluntários.

E desconheço alguém que voluntariamente aceite ser escravizado. Eles serão remunerados, dentro de um programa que já foi implantado em mais de cem países, com competência e sucesso reconhecidos internacionalmente. Menos aqui no Brasil. Claro.

Um sistema político que consegue criar um excedente de médicos, a ponto de espalhá-los pelo mundo, sempre em regiões de extrema pobreza, merece ser tratado com um mínimo de respeito.

E não sofrer os ataques violentos e irracionais que temos presenciado, principalmente nas páginas dos grandes jornais e revistas e nas telas dos telejornais dos barões da mídia. É a política, estúpido!

Quanto ao cidadão do CRM, só digo uma coisa: o que ele declarou, além de criminoso, é patético: nenhum paciente atendido por um médico cubano (que eventualmente erre) vai ser depois socorrido por médicos brasileiros, por um único motivo: eles não estarão lá.


Postado no blog O Provocador em 23/08/2013

Ditados da vovó... no mundo virtual



- Uma impressora disse para outra: essa folha é sua ou é impressão minha?

- Um é pouco, dois é bom, três é chat ou lista virtual...

- Quando a esmola é demais, o santo desconfia que tem vírus anexado.

- O barato sai caro. E lento.

- Melhor prevenir do que formatar.

- Não adianta chorar sobre arquivo deletado.

- Para bom provedor uma senha basta.

- Antes só, do que em chats aborrecidos.

- A pressa é inimiga da conexão.

- Amigos, amigos, senhas à parte.

- Vão-se os arquivos, ficam os backups.

- A arquivo dado não se olha o formato.

- Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.

- Nada se perde, nada se cria, tudo se copia e depois se cola.


Mundo horrorizado





Leila Cordeiro

Não quero parecer piegas ou óbvia nesse texto. Também não gostaria que o leitor buscasse nele razões políticas ou ideológicas, mas que o encarasse como um desabafo...um desabafo de alguém que, como tantos milhões de seres humanos mundo afora, devem estar preocupados com o destino da humanidade.

Esse ataque com gás mortal na Síria, obrigou-me a parar tudo o que eu estava fazendo para dedicar alguns momentos à reflexão, coisa cada vez mais rara em nossas vidas à medida que a velocidade do tempo e dos acontecimentos é tão assustadora que vivemos voltados para o nosso próprio umbigo.

Confesso que tenho dificuldade em começar meu raciocínio... e aqui, como num reality show escrito, estou me colocando completamente vulnerável às emoções ao ver na internet fotos tão chocantes que me levaram às lágrimas.

Num primeiro momento hesitei em vê-las, mas depois tomei coragem e pensei que precisava ter essa visão da tragédia para poder escrever e, principalmente, refletir sobre ela.

Mas tenho certeza que nem as imagens mais chocantes foram necessárias para eu poder dimensionar em palavras o que deve ter acontecido com aquelas pessoas todas, mortas, inocentes alvos da estupidez humana que parece não ter fim.

Pelas informações da mídia e da oposição síria, foram jogadas bombas letais em regiões onde as famílias estavam dormindo e, assim, foram pegas de surpresa, sem terem para onde ir e muito menos se esconder. Não dá nem para imaginar o momento em que se viram sufocadas. Famílias inteiras com suas crianças que não tiveram chance de viver mais do que os poucos anos reservados para elas.

Nas fotos, mais do que chocantes, vemos as vítimas inocentes com olhos entreabertos, alguns esbugalhados, lábios roxos e rostos deesesperados em busca de ar, já que o gás atirado não as deixava respirar mais. Tudo muito triste e muito, muito preocupante.

Parece inocente e simples falar assim, mas é assim que eu consigo me expressar tentanto gritar meu medo, minha preocupação pelo que pode estar vindo por aí. Não é porque eu ou minha família estejamos, a princípio, em segurança que vou deixar de pensar, sofrer, chorar e lamentar profundamente por essas pessoas que não tiveram escolha na hora de nascer no lugar errado.

Eu, como mãe, e acho até que nem precisa ser mãe para sentir na pele tamanho sofrimento, vi fotos de crianças mortas por nada, pela ânsia violenta de poder e disputa que a cada dia faz mais vítimas em todos os lugares do mundo. Estou sim, revoltada, arrasada com o que vi daqui de longe. Confesso que olhei em volta e pensei... porque uns são tão felizes e outros tão miseráveis.

Quero ir mais além, quero me revoltar e não me acomodar, me conformar e pensar "que as coisas são assim mesmo", quero de alguma maneira pedir ajuda a alguém mesmo sem saber a quem.

Confesso que ao ver as imagens de centenas de corpos de inocentes crianças me passaram tantos medos pela cabeça que nem ouso pensar no que o futuro reserva à humanidade, sobretudo porque não consigo vislumbrar sinais de paz e harmonia entre os homens que se alimentam de guerras insensatas e cruéis.


Leila Cordeiro

Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e CBS Telenotícias Brasil como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros de poesias publicados: "Pedaços de mim" e "De mala e vida na mão", ambos pela Editora Record. É repórter free-lancer e sócia de uma produtora de vídeos institucionais, junto com Eliakim Araujo.



Postado no site Direto da Redação em 22/08/2013


É hora de descartar… a ‘cultura do descartável’




Washington Araújo

A humanidade que sobreviveu ao século XX, século marcado por duas carnificinas mundiais, centenas de conflitos armados continentais e internacionais e vítimas aos milhões, sofre de um elevado grau de déficit de confiança em seu futuro, déficit este causado pela falência múltipla de suas tradicionais fontes de autoridade moral, nas quais se inserem as principais instituições e lideranças religiosas, os mais renomados pensadores, filósofos e luminares da educação e a vasta maioria de seus governantes, independentemente do regime político-ideológico que os amparem.

Superada a perigosa polaridade ideológica entre socialismo e capitalismo, temos na abertura deste século XXI, disparidades gritantes a separar, como abismos de miséria humana, ricos e pobres.

Esta dicotomia tem sido identificada por diversas vertentes do pensamento pós-iluminista e faz parte da agenda de preocupações tanto de instituições – governamentais e não-governamentais – quanto de indivíduos – muitos, apenas bem intencionados – e que nada mais desejam que o bem-estar de toda a espécie humana.

No entanto, torna-se evidente, que a mera identificação do problema não tem sido capaz de ensejar verdadeiro antídoto à crise de valores morais e espirituais, à derrocada econômico-financeira e à falta de esperanças que permeia as atuais e, em conseqüência, as novas gerações, situações de letargia e desalento em que se encontra formidáveis contingentes populacionais do planeta.

Leis em excesso, bem-estar coletivo de menos. Os governos, não obstante suas ideologias, sistemas econômicos e avanços culturais e tecnológicos, têm sido céleres em atuar no caminho do Direito Positivo – e, com isto, cada país tem gerado novas instâncias jurídicas, novas formas de direito, com novos arcabouços de leis, e infindável manancial de normas e regulamentos. A cada falha nos procedimentos governamentais, novas leis são criadas.

A cada nova modalidade de crime, novas dosagens de punição são apresentadas a sociedades humanas às voltas com altas doses de desilusão. Atacam-se os efeitos delituosos de uma natureza humana afeita a entronizar como essência de sua existência o livre consumo de bens materiais e a dedicar seu precioso tempo vital em busca por saciedade dos instintos e deixa-se ao largo, como assunto de importância absolutamente secundária, os reais valores morais que, tão-somente, poderiam nos alçar a uma compreensão abrangente sobre a natureza humana.

As sociedades expressam insatisfação – em níveis cada vez mais elevados – através dos modernos meios de comunicação, acerca das decisões dos governos, apresentam descrença quanto à razoabilidade de políticas públicas adotadas e certa indiferença para com decisões tomadas por organismos multilaterais, como os que estão sob a égide do sistema Nações Unidas.

Torna-se corriqueira postura de crítica acerba de segmentos sociais com maior acesso aos meios midiáticos para externar desapreço e contrariedade com a gestação, execução e avaliação de políticas públicas. Nesta quadra em que vivemos, à simples menção da expressão ‘governo’, tem-se a impressão que o vocábulo carrega em seu bojo o odor putrefato da corrupção. 

E a corrupção, inicialmente vista como desvio criminoso de recursos públicos para atender a interesses pessoais e egoísticos por parte dos detentores de poder político, econômico e social, começa a ser vista como algo ainda mais letal para a saúde do tecido social das nações. Algo que obscurece a visão que a corrupção nos torna insensíveis e arredios àquelas virtudes milenares que poderiam engendrar à criação de um novo mundo possível, fundado na solidariedade e na compreensão que, como seres de uma única espécie, temos um destino comum a partilhar.

Dentre as virtudes humanas mais necessárias nos tempos que correm existe esse profundo vazio de significado da própria vida humana. É que nas relações humanas, tanto na esfera dos governos quanto da vida ordenada das sociedades, parece não haver espaço para a pureza de intenções, a veracidade, a honestidade, a lealdade, quando fazemos a travessia do mundo das ideias para o chão duro da realidade.

Relógio da crise mostra impaciência

O relógio da crise não admite pausas nem hesitações. É chegado o momento para abrir um novo ciclo na história. E isto requer uma profunda imersão em temas milenares e que nos desafiam, desde aquele longínquo momento em que pela primeira vez pisamos no palco da História.

Faz-se inadiável uma imersão sobre o propósito da vida, a compreensão da natureza humana, o entendimento de que integramos um todo único e indivisível – que inclui o ser humano e o meio-ambiente igualmente – e o conceito de que temos uma pesada responsabilidade moral e social para proteger e amparar as populações vulneráveis e sofredoras de nossa espécie.

São desafios e, portanto, precisam ser superados. Tratemos das causas e deixemos de tratar os efeitos com quimeras paliativas de sempre.

Em nossa longa história humana pontuada por tentativas de erros e acertos bem podemos inverter o curso de ação da história. E isto requer o apreço pela rica diversidade humana, o respeito às múltiplas expressões de como nos relacionarmos com o Sagrado e, também, a indispensabilidade de reputarmos a pluralidade de pensamento e de opinião como meios efetivos para a geração de novos conhecimentos, no contexto que somos chamados a produzir uma cultura fundada na paz entre povos, raças, etnias, credos e classes sociais.

O clamor por transformações sociais que principiem na raiz de todos os problemas surgem por todas as partes. Partem das cidadelas conservadoras do pensamento eclesiástico, ainda voltado para a tolerância e não para o respeito e o apreço às diferenças.

Este clamor se eleva com contundência e grande nível de estridência contra a manutenção de sistemas econômicos obtusos e excludentes, duramente estabelecidos, defendidos à custa do sacrifício do bem-estar de sociedade inteiras, muitas vezes vistas como “campos de testes”, e os próprios seres humanos não mais que “ratos de laboratório”.

A crise econômica da Europa e dos Estados Unidos são apenas fios desencapados de um mundo às voltas com formidável curto-circuito.

Os “indignados” da Espanha e os que se imolam nas praças e ruas públicas da Grécia, as centenas de milhares de jovens e adultos que engrossam filas por emprego em dezenas de países do antes chamado continente mais desenvolvido – a Europa – são não mais que outros fios desencapados dando conta que a fiação inteira encontra-se comprometida e sempre prestes a gerar novas fagulhas no já profundo oceano de desespero que assola as massas da humanidade. 

O desespero humano decorre, em vasta medida, de uma realidade incômoda. É a realidade construída sobre falsos alicerces da injustiça secular, produto de inúmeras formas de destruição massiva, e tem, sem qualquer pudor, submetido povos e nações com menos recursos materiais a interesses subalternos de povos e nações detentoras de verdadeiras máquinas a movimentar a economia global, a indústria de guerras, transformadas rapidamente em fontes muito lucrativas de bens e dividendos econômicos. Seres humanos não mais são explodidos ao firmarem o pé sobre minas terrestres.

É o próprio sistema que se encontra minado: somos explodidos a cada vez que perdemos vagas de trabalho, que precisamos de cuidados médicos e não os temos, a cada escola que é fechada e a cada penitenciária que se inaugura. Parte expressiva da população mundial, mesmo sem terem disso consciência, são como minas humanas em movimento.

Cultura do descartável precisa, ela própria, ser descartada

As transformações sociais exigidas envolvem completa mudança dos atuais processos decisórios, geralmente enfeixados nas mentes e nas mãos de indivíduos que alcançaram poder e prestígio mediante processos de escolha contendo vícios insanáveis, como o uso de expressivos recursos financeiros desviados ardilosamente dos fins a que se destinavam, além de manipulação ostensiva de corações e mentes através do uso de meios de comunicação quase sempre monopolistas, e a serviço de interesses outros que não o bem-estar das populações às quais se propõem informar.

Os desvios de natureza financeira punem gravemente a promoção do bem-estar coletivo, o que inclui investimentos maciços na educação, saúde, segurança, geração de emprego e renda e a preservação do meio-ambiente. 

Como escreveu o pensador Shoghi Effendi (1897-1957), “… governança, em essência, é uma prática moral e espiritual cuja bússola é encontrada no interior do coração humano.” Àqueles que realmente mostram preocupação pelos caminhos e descaminhos em que o mundo se encontra bem podem ouvir de todas as regiões a exigência inadiável para o estabelecimento de um novo paradigma civilizatório. 

As crises que nos defrontam não podem mais ser contidas com medidas pontuais, com ações específicas, com planos e metas de curto e médio prazo, facilmente abandonados e por outros substituídos ao sabor dos acontecimentos do momento. 

Este tempo passou e ao invés de deixar frutos, deixou miséria em grande profusão. A cultura do descartável precisa, ela própria, ser descartada. Medidas transitórias, em tempo algum, foram suficientes para sanar problemas permanentes.

E agora não pode ser diferente. Nunca o provisório ocupará o espaço do duradouro. A sociedade, vítima e algoz, responsável tanto por seus avanços científicos quanto por seus retrocessos morais e espirituais, bem poderia entender que ela própria é a atual face da crise maior que se prenuncia no horizonte.

Os valores culturais, cultivados ao longo de gerações, se espraiaram nessa busca frenética por bons descartáveis – e é como se o sentido da vida houvesse sido sequestrado por falsos brilhantes em sua contínua busca por ocultar o verdadeiro esplendor que emana do espírito humano.

É neste contexto que cidadania passa a ser sinônimo de consumismo: o indivíduo é tão cidadão quanto a sua capacidade para consumir. A capacidade de aquisição de bens materiais se transformou em capacidade de exercício da própria cidadania. E não existe nada mais equivocado que esta premissa, que traz em seu bojo, elevada carga de frustração em relação à realização do ser humano.


Postado no blog Cidadão do Mundo em 21/08/2013


Elton John













Como escolher uma calça branca



As calças brancas são super versáteis e podem compor os mais variados looks. Com elas podemos ir do básico ao chic sem precisar de uma produção tão elaborada. Mas para que isso aconteça, precisamos escolher a peça certa!

Nada de calça branca apertada demais, que fique marcando a calcinha ou com tecido muito fino, isso acaba com qualquer produção. Na hora de escolher, busque por uma peça que se adeque melhor ao seu corpo, como as flare que equilibram a silhueta ou as mais larguinhas para quem está acima do peso. E lembre-se de escolher uma peça que tenha o tecido de boa qualidade. 

Como vocês sabem, calça branca engorda, dá mais volume ao quadril e por aí vai. Por isso, todo cuidado é pouco na hora da escolha!!

Confira algumas produções de fácil combinação e com diversos modelos de calça branca. Escolha a sua favorita e inspire-se!








Postado no blog Antenadas em 16/08/2013


Mais calças brancas




A cultura da corrupção



Rodolpho Motta Lima

Não vou aqui repetir declarações do Ministro já muito bem destacadas no artigo “Mensalão ruim é o dos outros”, de autoria de Rogério Guimarães Oliveira, publicado aqui no DR. Prefiro então me ater a uma fala em que ele, exemplificando o que denominou de nossa “cultura da corrupção”, mencionou atitudes corriqueiras no cenário nacional, tais como “cobrar com nota ou sem nota”, “levar o cachorro para fazer necessidades na praia”, “fazer combinações ilegítimas nas licitações”. E destacar sua conclusão de que as instituições públicas são um reflexo da sociedade: “Não adianta achar que o problema está sempre no outro. Cada um deveria aproveitar este momento e fazer a sua autocrítica. a sua própria reflexão pessoal”.

Muitas vezes tenho mencionado aqui, a título de exemplo desse farisaísmo que anda solto por aí, diversas outras atitudes que compõem esse nosso cenário “cultural”. É a propina para o guarda de trânsito, é a sonegação no imposto de renda, é o pistolão para empregar parente, é a burla na alfândega... São as nossas pessoas físicas ou jurídicas utilizando-se de firulas para fraudar o tesouro e buscar o refúgio dos paraísos fiscais. São os nossos poderes legislativo e judiciário agindo em causa própria e presenteando-se com benesses que passam longe do cidadão comum. 

Não é preciso ser muito atento aos comportamentos sociais cotidianos para perceber que estamos muito longe do ideal ético. Nem é necessário estar muito envolvido nos meandros da política para perceber que há mil exemplos capazes de justificar, com sobras, as palavras do Ministro a respeito de uma corrupção que, ao contrário do que se quer fazer crer, não é “privilégio” de um partido político. Na terra em que se popularizou a “lei de Gerson”, aquela que parte do princípio que o bom é sempre levar vantagem em tudo, o que vemos são pequenas maracutaias do cotidiano que acabam tendo como projeção, na política, as grandes negociatas, fraudes e imoralidades de toda ordem.

Se quisermos ir mais longe, podemos ir ao tempo das Capitanias Hereditárias, podemos pesquisar o dia a dia da Colônia (procure ler o Gregório de Matos satírico), os anais do Império ou os diversos estágios da República (leia as crônicas ferinas de Lima Barreto). Podemos analisar a criação de Brasília, podemos esmiuçar os grandes negócios da Ditadura no tempo do “milagre brasileiro”. Sempre haverá , e fartamente, significativos momentos de denúncias – quase nunca apuradas com seriedade – de atos que envolviam corruptores e corruptos.

Mas também podemos nos limitar a tempos mais próximos do presente. Temos em plena atividade um ex-governador paulista e atual deputado eleito pelo povo, que não pode sair do país porque pode ser preso lá fora. Ele é do mesmo estado , aliás, que, nos anos 50, nos deu um governador que tinha como lema a frase “Roubo, mas faço”. Tivemos a era Collor, que dispensa explicações, logo seguida pelo escândalo dos “anões do orçamento”, no período de Itamar Franco. Tivemos o caso Lalau.