Boa música: Fábio Jr.









Desempenho de cotistas fica acima da média




Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo

Estudos realizados pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pela Universidade de Campinas (Unicamp) mostraram que o desempenho médio dos alunos que entraram na faculdade graças ao sistema de cotas é superior ao resultado alcançado pelos demais estudantes.

O primeiro levantamento sobre o tema, feito na Uerj em 2003, indicou que 49% dos cotistas foram aprovados em todas as disciplinas no primeiro semestre do ano, contra 47% dos estudantes que ingressaram pelo sistema regular.

No início de 2010, a universidade divulgou novo estudo, que constatou que, desde que foram instituídas as cotas, o índice de reprovações e a taxa de evasão totais permaneceram menores entre os beneficiados por políticas afirmativas.

A Unicamp, ao avaliar o desempenho dos alunos no ano de 2005, constatou que a média dos cotistas foi melhor que a dos demais colegas em 31 dos 56 cursos. Entre os cursos que os cotistas se destacaram estava o de Medicina, um dos mais concorridos - a média dos que vieram de escola pública ficou em 7,9; a dos demais foi de 7,6.

A mesma comparação, feita um ano depois, aumentou a vantagem: os egressos de escolas pública tiveram média melhor em 34 cursos. A principal dificuldade do grupo estava em disciplinas que envolvem matemática.

Postado no blog O Esquerdopata em 13/08/2012

O preconceito e a arrogância dos bonzinhos no debate sobre cotas


Os bonzinhos seguem fazendo sua parte para tornar o mundo pior. Numa canção inesquecível sobre a vida dos trabalhadores ingleses, John Lennon anotava: “assim que você nasce eles te fazem sentir-se pequeno…”

paulo moreira leite
Paulo Moreira Leite: “argumento do bonzinho é apenas arrogância fantasiada de caridade”.
A forma mais hipócrita de combater toda política pública de acesso dos brasileiros pobres às universidades consiste em dizer que os jovens de origem humilde não irão sentir-se bem em companhia de garotos de famílias abastadas, que puderam chegar lá sem auxílio de medidas do governo.
Por esse motivo, segue o raciocínio, iniciativas como cotas, pró-Uni e outras, iriam prejudicar até psicologicamente aqueles alunos que pretendem beneficiar, pois estes cidadãos se sentiriam diminuídos e inferiorizados ao lado de colegas cujas famílias frequentam universidades há várias gerações.
Vamos combinar que estamos diante de um recorde em matéria de empulhação ideológica. É possível discutir as cotas a partir de argumentos políticos, pedagógicos e assim por diante.
Mas o argumento do bonzinho é apenas arrogância fantasiada de caridade.
Num país onde a desigualdade atingiu o patamar da insania e da patologia, este raciocínio se alimenta de um desvio essencial. Consiste em considerar que um cidadão que não teve acesso a boas escolas desde o berço e encara o lado desagradável da pirâmide social logo depois de abrir os olhos é incapaz de raciocinar sobre sua condição e compreender que enfrenta dificuldades pelas quais não tem a menor responsabilidade como indivíduo mas como herdeiro de uma estrutura social desigual e injusta.
É aquela noção de quem acredita que as pessoas que se encontram nos degraus inferiores da pirâmide desconhecem a origem histórica material de suas dificuldades e, intimamente, se consideram “inferiores” aos demais. No fundo, se sentiriam culpadas por usufruir de um certo “privilégio” que os ricos, bem nascidos e instruídos podem dispensar — até porque o recebem por outros meios.
A vida real não é assim. Basta visitar escolas publicas e privadas que aplicam esses programas para descobrir que a maioria dos estudantes que se beneficiam de políticas compensatorias tem um desempenho igual ou até superior a seus colegas. Alguns dão duro como os demais. Outros batalham menos. Alguns fazem amigos. Outros encontram colegas que não querem ser amigos. É a vida de verdade, como se aprende até em filme sobre adolescentes americanos. A única pergunta relevante é saber se dentro de dez ou vinte anos o país estará melhor com cidadãos menos desiguais. Alguém tem alguma dúvida?
Mas os bonzinhos seguem fazendo sua parte para tornar o mundo pior. Numa canção inesquecível sobre a vida dos trabalhadores ingleses, John Lennon anotava: “assim que você nasce eles te fazem sentir-se pequeno…”
A mensagem dos bonzinhos é essa. Os filhos de pais pobres são tão pequenos que se sentem menores mesmo quando chegam à universidade. O melhor, então, é que sejam mantidos ao longe. Pode?
Postado no blog Pragmatismo Político em 13/08/2012

Globo e manipulação tudo a ver !


É FANTÁSTICO - COMO ELES MANIPULAM A NOTÍCIA E SONEGAM A INFORMAÇÃO



É FANTÁSTICO como a dupla de apresentadores Zeca Camargo e Fátima Cilibelli conseguiu, apresentar uma manchete da Carta Capital pela metade, abordando a gravação da Polícia Federal sobre o envolvimento de Cachoeira em uma ação de sequestro e, cravando um GRITANTE e ABSOLUTO SILÊNCIO sobre a gravação do jornalista Policarpo Jr da Revista Veja e o mesmo Cachoeira, com pedido de grampos ilegais e acertos sobre a "próxima edição da revista".

Evidente que a dupla de apresentadores não tem culpa nenhuma na matéria, eles só apresentam o que os redatores chefes mandam, e esses fazem por sua vez o que os patrões ordenam.

Dentro dessa "HIERAQUIA GLOBAL" não há lugar para os fatos como se dão, só para os fatos como interessam ao fantástico show de manipulação da informação.

Postado no Blog do Saraiva em 14/08/2012 

Obs.:  Revista Carta Capital e as reportagens que foram manipuladas pelo Fantástico



Controle da Internet pelos filtros invisíveis do Google e Facebook



Eli Pariser : Filtro Bolha





E tem gente que ainda sonha com a Ditabranda


(Ele emocionou a plateia que lotou o auditório da OAB ao lembrar que foi torturado diante da mulher e da filha, então com 12 anos. Depois, contou que elas foram torturadas e abusadas sexualmente diante dele: "Esses monstros fizeram isso com uma criança de 12 anos. Eu disse 12 anos. Ela até hoje não consegue falar sobre isso".)



Integrante da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, que foi secretário nacional de Direitos Humanos no governo FHC, afirmou que as torturas ocorridas no país de 1964 a 1985 foram "políticas de Estado".

"Não foi abuso, não foi excesso: foi uma política de Estado. As dezenas de jovens assassinados no Araguaia foram mortos por uma política pública que dizia que eles não poderiam sair vivos de lá. As casas de tortura também operavam por ordem dos ministérios militares", disse.

"Se não conseguirmos comprovar que todas as práticas de agentes contra militantes foram políticas de Estado, falharemos em nosso papel", afirmou Pinheiro.

As declarações de Pinheiro foram feitas durante audiência pública da comissão na seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio, que reuniu ontem parentes de presos políticos e mortos durante a ditadura militar.

Também participaram advogados e representantes de ONGs que atuam na defesa dos direitos humanos.

Na audiência, o aposentado José Maria Gagliassi pediu que a comissão identifique os culpados por torturas.

Ele emocionou a plateia que lotou o auditório da OAB ao lembrar que foi torturado diante da mulher e da filha, então com 12 anos. Depois, contou que elas foram torturadas e abusadas sexualmente diante dele: "Esses monstros fizeram isso com uma criança de 12 anos. Eu disse 12 anos. Ela até hoje não consegue falar sobre isso".

"Temos o compromisso para que documentos existentes venham a público. O que vai acontecer no final do trabalho da comissão eu não sei, mas o Brasil não será como antes", afirmou Gilson Dipp, ministro do Superior Tribunal de Justiça e presidente da Comissão da Verdade.


Postado no blog DoLadoDeLá em 14/08/2012

Londres 2012 esqueceu o Museu Britânico, aquela rica 'caverna' de Ali Babá





Rapinagem


A melhor observação que li sobre a crise das dívidas na Europa foi a de um leitor do “London Review of Books” que, numa carta à publicação, comenta as queixas dos alemães inconformados com a obrigação de mandar seus euros saudáveis para sustentar a combalida economia grega. O leitor estranha que ninguém se lembre de perguntar sobre as grandes reservas de ouro que os alemães levaram da Grécia durante a Segunda Guerra Mundial – e nunca devolveram. Só os hipotéticos juros devidos sobre o valor do ouro roubado dariam para resolver, ou pelo menos atenuar, a crise grega. O autor da carta poderia estranhar também o silêncio que envolve um exemplo mais antigo de pilhagem, a dos tesouros artísticos da Grécia Antiga, levados na marra e de graça para os grandes museus da Alemanha. Seu valor garantiria com sobras a ajuda aos gregos que os alemães estão dando com cara feia.


É claro que se, num acesso de remorso, os alemães decidissem devolver ou pagar o que levaram da Grécia, estaria estabelecido um precedente interessante: a América poderia muito bem reivindicar algum tipo de retribuição da Europa pelo ouro e pela prata que levaram daqui sem gastar nada e sem pedir licença, durante anos de pilhagem. Que não deixaram nada no seu rastro, salvo plutocracias que continuaram a pilhagem e sociedades resignadas à espoliação. Alguém deveria fazer um cálculo de quanto a metrópole deve às colônias pelo que não pagou de direitos de mineração no tempo da rapinagem desenfreada. Só por farra.



Quanto às reservas de ouro levadas da Grécia pela Alemanha nazista, a observação do leitor do “London Review” mostra como a História não é linear, é um encadeamento. A atual crise do euro e da comunidade europeia é a crise de um sonho de unidade que asseguraria a paz e evitaria a repetição de tragédias como as das duas grandes guerras. Sua meta era uma igualdade econômica, que dependia de um equilíbrio de forças, que dependia da Alemanha como potência econômica ser diferente da Alemanha que invadiu e saqueou meia Europa. Os alemães atuais não têm culpa pelos desmandos dos nazistas, mas não podem renunciar à força desestabilizadora que têm, que continuam a ter. Como a Grécia não pode evitar de ter saudade do seu ouro, do qual nunca mais ouviu falar.
Artigo de Luiz Fernando Veríssimo, publicado hoje em vários jornais brasileiros. 
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Completando as pertinentes observações do Veríssimo: na abertura das Olimpíadas de Londres 2012, dias atrás, houve um detalhado desfile das conquistas britânicas pelo mundo afora, com destaque para os avanços civilizatórios operados pela primeira revolução industrial, as contribuições inegáveis da cultura inglesa, etc. Mas faltou a menção às conquistas do Império inglês nos séculos 18 e 19. Faltou alguma alusão às rapinagens, saques e roubos mesmo do colonialismo inglês no Egito, por exemplo, na Índia, no sul da China, onde se apoderaram de Hong Kong, só para citar alguns locais onde houve choro e ranger de dentes por onde os "civilizados" ingleses passaram. Não mencionaram nada acerca do famoso Museu Britânico. Curioso, não? 
Foto: Museu Britânico de Londres, erguido em 1753. Mantém uma variada e valiosa coleção de objetos saqueados do mundo todo. Lá é possível encontrar peças de valor inestimável subtraídas da antiga Grécia, do Japão, das culturas pré-colombianas da América, da África, sobretudo do antigo Egito, e naturalmente da Ásia inteira, principalmente arte chinesa e persa antigas. O Museu Britânico é uma suntuosa caverna de Ali Babá da civilização branca e culta do Ocidente. 

Postado no blog Diário Gauche em 13/08/2012

Os jogos, a vida e as lições de Londres 2012




As meninas do vôlei ensinaram que nem tudo está perdido e a equipe masculina que nada está ganho antes do fim; aos que decepcionaram, como Cesar Cielo, Neymar e Fabiana Murer, não adianta chorar sobre o leite derramado; heróis improváveis, como a judoca Sarah Menezes e a pentatleta Yane Marques, nos provaram que a sertaneja é também uma forte; e da força dos braços de Arthur Zanetti, veio a prova: nada é impossível.


De onde vem a emoção dos Jogos Olímpicos? Nas passadas, nas braçadas, nos saltos e na disputa de uma bola, estão concentrados, em alguns instantes, os esforços de uma existência. E cada esporte, à sua maneira, é também um retrato da vida e da luta cotidiana de cada ser humano.

No fim, com 17 medalhas, o Brasil teve um desempenho razoável, em linha com as expectativas da delegação olímpica, que previa 15 medalhas. Mas nem todas vieram de onde se esperava. Em cada conquista ou derrota, há lições importantes.

Nem tudo está perdido – Campeã olímpica em 2008, a seleção brasileira de vôlei feminino quase foi eliminada na fase inicial. Nas quartas, numa disputa contra a favorita Rússia, que vinha melhor na competição, as meninas do vôlei salvaram nada menos que seis match points antes de passar para a semi. “Nunca desistimos”, disse a guerreira Fabi. “Isso aqui é Brasil”. Não desistir e saber enxergar uma luz no fim do túnel foi a chave para recuperar a confiança e, nos jogos decisivos, atropelar os adversários.




Nada está ganho antes do fim – Também contra a Rússia, o Brasil viveu o reverso da medalha no vôlei masculino. Com dois sets a zero e dois match points, os brasileiros permitiram a virada e receberam uma medalha de prata amarga. Como diz o ditado, não adianta contar com o ovo antes que a galinha a ponha.




Ninguém ganha de véspera – Cesar Cielo era cantado em prosa e verso como o maior atleta olímpico brasileiro de todos os tempos, pronto para arrebatar dois ouros na natação: nos 50 e nos 100 metros. Campeão olímpico em Pequim, ele trocou o centro de treinamento nos Estados Unidos por um no Brasil, fez várias campanhas publicitárias e virou até nome de uma empresa de cartões de crédito. “Minhas pernas não responderam”, disse ele, que recebeu, em lágrimas, a prata. Sua medalha veio amarga. Mas Thiago Pereira, nos 200 medley, levou uma prata com sabor de ouro porque superou Michael Phelps. Na piscina, foco é essencial.




O vento sopra para todos – Tal qual uma garota mimada, Fabiana Murer cruzou os braços e fez cara de choro. Em Pequim, haviam roubado sua vara. Em Londres, a culpa foi do vento. E ela, que tinha os melhores resultados do ano, nem passou para a finalíssima do salto com vara em Londres. Terminou dizendo que só a russa Isinbayeva é melhor do que ela, mas de nada adiante chorar sobre o leite derramado.




Como são fortes as sertanejas – Sarah Menezes, ouro no primeiro dia de competições no judô, veio de Teresina, no Piauí. Yane Marques, bronze no pentatlo, no último dia de Londres 2012, veio de Afogados da Ingazeira, no sertão pernambucano. Se Euclides da Cunha dizia que o “sertanejo é, antes de tudo, um forte”, muito mais fortes são as sertanejas. E só elas sabem como lutaram para chegar onde chegaram.





Nome e fama não ganham jogo – Neymar, do alto de sua fortuna, Lucas, vendido por mais de R$ 100 milhões, e tantos outros astros estrelados da seleção brasileira não foram páreo para os mexicanos por uma razão simples. Eles se preparam; nós, não. Se o Brasil não acordar para o fato de que nome não ganha jogo, vem aí mais um fiasco em 2014.




Quem acredita sempre alcança – Com 1,57m, Arthur Zanetti tinha tudo para ser uma criança excluída dos esportes, mas escolheu algo perfeito para o seu biótipo: a ginástica olímpica, onde o que importa é ser baixo e forte. Treinou todos os dias, em equipamentos produzidos pelo próprio pai, em São Caetano do Sul. Nas argolas, a mais dura competição olímpica, ele provou que não há limites para quem acredita nos seus sonhos.





Postado no blog Brasil247 em 12/08/2012

Pai é um só



Martha Medeiros

Verdade seja dita: há muitas como sua mãe, mas ninguém como seu pai. Mãe é tudo igual, só muda de endereço. 

Não concordo 100% com essa afirmação, mas é verdade que nós, mães, temos lá nossas semelhanças. Basta reunir uma meia-dúzia num recinto fechado para se comprovar que, quando o assunto é filho, as experiências são praticamente xerox umas das outras.

Por outro lado, quem arriscaria dizer que pai é tudo farinha do mesmo saco? Nunca foram devidamente valorizados, nunca receberam cartilhas de conduta e sempre passaram longe da santificação. Cada pai foi feito à imagem e semelhança de si mesmo.

As meninas, assim que nascem, já são tratadas como pequenas "nossas senhoras" e começam a ser catequizadas: "Mãe, um dia você vai ser uma". E dá-lhe informação, incentivo e receitas de como se sair bem no papel. Outro dia, vi uma menina de não mais de três anos empurrando um carrinho de bebê com uma boneca dentro. Já era uma minimãe. Os meninos, ao contrário, só pensam nisso quando chega a hora, e aí acontece o que se vê: todo pai é fruto de um delicioso improviso.

Tem pai que é desligado de nascença, coloca o filho no mundo e acha que o destino pode se encarregar do resto. Ou é o oposto: completamente ansioso, assim que o bebê nasce já trata de sumir com as mesas de quinas pontiagudas e de instalar rede em todas as janelas, e vá convencê-lo de que falta um ano para a criança começar a caminhar.

Tem pai que solta dinheiro fácil. E pai que fecha a carteira com cadeado. Tem pai que está sempre em casa, e outros, nunca. Tem pai que vive rodeado de amigos e pai que não sabe o que fazer com suas horas de folga. Tem aqueles que participam de todas as reuniões do colégio e outros que não fazem ideia do nome da professora. Tem pai que é uma geleia, e uns que a gente nunca viu chorar na vida. Pai fechado, pai moleque, pai sumido, pai onipresente. Pai que nos sustenta e pai que é sustentado por nós. Que mora longe, que mora em outra casa, pai que tem outra família, e pai que não desgruda, não sai de perto jamais. Tem pai que sabe como gerenciar uma firma, construir um prédio, consertar o motor de um carro, mas não sabe direito como ser pai, já que não foi treinado, ninguém lhe deu um manual de instruções. Ser pai é o legítimo "faça você mesmo".

Alguns preferem não arriscar e simplesmente obedecem suas mulheres, que têm mestrado e doutorado no assunto. Mas os que educam e participam da vida dos filhos a seu modo é que perpetuam o charme desta raça fascinante e autêntica. Verdade seja dita: há muitas como sua mãe, mas ninguém é como seu pai.