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5 virtudes das mulheres sábias



As 5 virtudes que caracterizam as mulheres sábias


Não é que exista um grupo de mulheres sábias e outro de mulheres inaptas. Toda mulher e, na verdade, todo ser humano, leva dentro de si a semente da sabedoria. O que acontece é que alguns ouvem o som dessas aprendizagens, enquanto outros preferem fingir que não ouviram.

Vamos usar o adjetivo “sábias” para caracterizar aquelas mulheres que conseguiram superar em grande medida os preconceitos e as falsas crenças que giram em torno do feminino. Pense que muitas sociedades se gabam de ter dado um lugar de maior relevância às mulheres; no entanto, todos nós sabemos que se trata de um processo que ainda não foi concluído e que, em muitos casos, ainda falta um longo caminho. Infelizmente, a verdade é que as mulheres de todo o mundo continuam enfrentando realidades de indolência e discriminação.
“ Em todos os momentos de minha vida há uma mulher que me leva pela mão nas trevas de uma realidade que as mulheres conhecem melhor do que os homens, e nas quais se orientam melhor com menos luzes ”.
- Gabriel García Márquez -
Há muitas virtudes que definem as mulheres sábias. No entanto, aqui iremos dar relevância a cinco delas. São características complexas, que somente são alcançadas quando a mente e o coração passaram por um processo saudável de evolução. São as seguintes:

Temer citou como "papel" da mulher os "afazeres domésticos"




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GLEISI PEDE VOTO DE CENSURA À FALA MACHISTA DE TEMER



Líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse já ter 15 assinaturas e pediu apoio para chegar às 27 necessárias para que o documento, em protesto contra o discurso de Michel Temer na cerimônia que "supostamente deveria fazer homenagem às mulheres", conforme disse Gleisi, seja colocado em votação na Casa. 



" Pensar em uma mulher vinculada apenas ao papel do lar é retroceder a história em pelo menos 70 anos. Por isso o discurso proferido ontem pelo presidente Michel Temer foi um insulto, para nós mulheres e para a sociedade, contra a história, contra as nossas conquistas, contra a nossa inteligência e a nossa participação social", disse a senadora; a visão de Temer " é a visão que está dirigindo as políticas públicas para as mulheres ", completou. 

Em cerimônia no Palácio do Planalto pelo Dia Internacional da Mulher, Temer citou como "papel" da mulher os "afazeres domésticos", a ida ao supermercado, cuidar dos filhos e do orçamento familiar. Ele recebeu uma enxurrada de críticas pelo discurso (leia aqui). Hoje, a equipe do Planalto tentou consertar a situação defendendo " igualdade de direitos " nas redes sociais, mas ele também foi criticado.

Assista.







Postado em Brasil 247 em 09/03/2017


Imagens de 1950



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Gente que faz a diferença ! Quem é a 'freira tuiteira' argentina que provoca polêmica - e admiração - na Espanha


Irmã Lucía rodeada de crianças em um jogo de futebol
Lucía tem uma ONG focada na pobreza infantil


Pablo Esparza 
Da BBC Mundo na Espanha


Lucía Caram não é só mais uma das pessoas que alcançaram a fama com o apoio das redes sociais.

A freira argentina, que tem mais de 180 mil seguidores no Twitter - seu perfil é o @sorluciacaram - e é figurinha carimbada em debates da TV espanhola, é conhecida por suas polêmicas declarações combinando religião e política. Desperta críticas e admiração.

Nascida em Tucuman, em 1966, ela vive na Catalunha e, em 2015, recebeu o prêmio "Catalã do Ano", oferecido pelo jornal Periódico de Cataluña.

Irmã Lucía mora no convento de Santa Clara de Manresa, em Barcelona, e de lá desenvolve seu ativismo social. Um de seus principais trabalhos é uma fundação contra a pobreza infantil.

Até aí, nada muito incomum. Mas a freira da Ordem Dominicana define a si própria como a monja cojonera - a última palavra faz menção, em espanhol, a uma espécie de mosca com fama de irritante.
Inquieta

" Na minha conta do Twitter, deixo claro: sou uma freira inquieta e inquietante. Mas sou sobretudo uma mulher de fé e creio ser urgente humanizar a humanidade. Por isso dedico-me a trabalhar para que todo mundo mereça viver decentemente ", diz a irmã Lucía à BBC Mundo (o serviço em espanhol da BBC).

A freira diz que a mídia é aliada em sua luta contra a injustiça social


Quando questionada sobre por que se descreve como inquietante, ela vai além:

" Minha fonte de inspiração é o Evangelho. E o Evangelho é inquietante. Jesus entra no Templo (de Jerusalém) e diz (aos vendilhões): " Transformaram a casa do meu pai em uma caverna de bandidos ". Quando alguém denuncia temas sociais, torna-se incômodo. Creio que o único Mandamento é o da justiça social ".

Mídia como arma

Irmã Lucía usa os meios de comunicação para esse trabalho.

"Admito que meu caso é atípico no que diz respeito ao protocolo para uma freira. Mas minha vida foi colocada de pernas para o ar pelos mais pobres", afirma a religiosa.

A religiosa disse que origens latinas inspiraram luta por justiça social


" A mesma paixão que me estimula a rezar e a ter deixado meu país e minha família para trás para trabalhar pelas pessoas é a mesma que me anima a explicar o que estou vivendo. Para que as pessoas me ajudem, os meios de comunicação são grandes aliados para que sejam ouvidas as vozes das pessoas com quem trabalho diariamente ".

Há alguns dias, a freira causou controvérsia quando sua ONG, a Fundação Invulnerables, publicou um vídeo de uma entrevista de Lucía com o ator pornô mais famoso da Espanha, Nacho Vidal.

Ela foi criticada pelo que foi interpretado por alguns como uma provocação.

" Gravei a entrevista há quase um ano e o objetivo era ver como duas pessoas que pensam diferente e que têm um estilo de vida diferente podem tentar se entender ", defende.

Entrevista com ator pornô Nacho Vidal gerou imensa polêmica

" Foi uma entrevista amável e tentaram tirá-la de contexto. Mas creio que foi libertadora para muita gente. Sim, falei com Nacho e não foi nada demais. Poderei conversar com Donald Trump e sei que não serei compreendida, porque sua violência contra os mais pobres me enoja ", acrescenta.

" Mas o problema aqui seria me recusar a dialogar. Não tenho como objetivo conversar com Trump, mas precisamos ser capazes de dialogar com pessoas que são opostas a nós. Não podemos excluir mais gente da sociedade ".

José e Maria

A freira também causa desconforto por suas opiniões religiosas controversas. Recentemente, afirmou em um programa de TV que " Maria estava apaixonada por José, que eram um casal normal e que o normal era que fizessem sexo ".

As declarações pareciam pôr em dúvida o dogma da virgindade da mãe de Jesus Cristo, e os mais críticos pediram que ela fosse excomungada. A diocese de Vic, onde está seu convento, desautorizou-a publicamente.

Em uma carta enviada à agência de notícias Efe, Irmã Lucía respondeu com um pedido de desculpas, mas também disse que sua declaração tinha sido alvo de uma leitura " fragmentada, ideológica e perversa ".

Freira encontrou Francisco em março do ano passado


" Reconheço que às vezes tenho incontinência verbal e que não sou prudente. Mas sempre penso na boa fé das pessoas e não nos mal-intencionados ", diz.

" Não tenho medo das pessoas, mas sim dos fundamentalistas e os que querem ver algo mau onde não há ", acrescenta.

Sangue latino-americano

Quinta de sete irmãos, a freira argentina diz que sua combatividade está ligada a sua origem latino-americana.

" Levo a América Latina no meu sangue, e a luta por justiça social tem origem na Argentina e na igreja latino-americana. Vivi nos tempos da ditadura militar, um momento de muitos confrontos, e ali nasceu minha vocação ", conta.

" O papa Francisco, que vem da América Latina (é também argentino), é minha grande referência. Para mim, ele é uma brisa de ar fresco. Uma pessoa que me disse para seguir trabalhando quando lhe contei sobre o trabalho com os mais pobres ". 

Para o entusiasmo de um e raiva de outros, irmã Lucía seguiu o conselho.



Postado em BBC Brasil em 07/03/2017




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Escolhi a Irmã Lucía Caram para marcar este dia
 8 de Março de 2017, Dia Internacional da Mulher, mas poderiam ser outras milhões de mulheres, igualmente, lutadoras e inspiradoras.

Sofremos, todos os dias, ao redor do Mundo, em pleno Século XXI, muita violência, desrespeito e preconceitos. 

Ainda faltam muitas coisas mudarem, em relação a nós mulheres, no Mundo todo, para que possamos "comemorar" a passagem deste dia ! 

Aliás, o melhor seria não precisarmos de um "Dia da Mulher" para refletirmos que todos somos seres humanos, não importando se homem ou mulher e que apenas temos especificidades físicas legadas pela natureza.

Naquilo que mais importa, a Alma ou Espírito, somos iguais, sem gênero sexual, sem cor de pele, sem cheiro, apenas Pura Energia ! 


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Quem vestiu a Globeleza?







Lelê Teles

Enganam-se os que acham que foi a globo que vestiu a globeleza.

Quem vestiu a globeleza foram as feministas.

Foi o grito das mulheres contra a objetificação do corpo feminino e contra a hipersexualização do corpo negro que calou o assanhamento dos machos brancos.

A globeleza nunca representou o carnaval, ela representava apenas o samba carioca bordelizado que nasceu nos tempos do sargentelli.

A mulata globeleza se saracoteando pelada, era o símbolo da exploração do corpo negro, da carne barata servida nos banquetes bacantes da casa grande desde a hora primeva.

Nua, a mulata globeleza evidenciava apenas a beleza negra que importa aos mercadores: peito, bunda e tapa sexo.

Ela não fala.

A globeleza, vestida, é uma vitória das pretas cansadas de serem virtualmente mucamizadas.



Postado em Brasil 247 em 10/01/2017








Respeito é bom e elas gostam. As novas caras do feminismo



Lillith: 'Movimento escancarou processo de opressão sobre estudantes de escolas públicas, mais ainda quando são mulheres negras'


Lute como uma menina. Ameaças de retrocessos dão gás ao feminismo 


A juventude que ocupa as ruas e as redes recicla o feminismo e avisa aos machistas, de ontem e de amanhã : sem igualdade e respeito não haverá democracia, nem paz 


Rose Silva

Era mais um dia de protestos para pedir a saída do então presidente da Câmara dos Deputados. Na ocasião, o “Fora Cunha” estava explosivo entre mulheres, sobretudo jovens, indignadas com a agenda do peemedebista. Ele só viria a ser afastado pelo Supremo Tribunal Federal seis meses depois. 

Não por bancar projetos como o que proíbe o uso de pílula do dia seguinte por vítimas de estupro ou o que institui o Dia do Orgulho Hétero. Não foi o atraso civilizatório que o derrubou, mas a corrupção – e não sem antes liderar o afastamento da primeira mulher eleita presidenta da República. Foi naquela tarde de novembro que a produtora Beatriz Alonso, de 24 anos, tomou pela primeira vez contato com os secundaristas que ocupavam a escola Fernão Dias Paes, na zona oeste de São Paulo, contra o fechamento de escolas públicas pelo governo do estado.

Coragem das secundaristas estimulou produção de documentário
 de Beatriz Alonso

“A escola estava ocupada havia três dias. Fui aluna de escola pública e sei do que aquela moçada estava falando. Fiquei entusiasmada com a organização e encantada com a bravura das meninas. Numa sociedade em que há pouco espaço para as vozes femininas, até nos movimentos e na política, aquilo me tocou”, lembra Beatriz. 

O cenário a inspirou a produzir, junto com o namorado, Flávio Colombini, o documentário Lute como­ uma Menina, título tirado de um chamado que se espalhava nas redes sociais. “Foi impressionante deparar com o nível de consciência e politização daquelas meninas. As adolescentes têm muito mais restrição à liberdade desde de dentro de casa. Cresci e amadureci com elas.”

O filme, ainda não lançado, reúne imagens dos movimentos e depoimentos de 33 estudantes de 12 escolas estaduais, todas mulheres, de 15 a 18 anos.

Uma delas é Lilith Cristina Passos Moreira, 15 anos. Ela teve contato com o feminismo em redes sociais. Passou a prestar atenção aos papéis feminino e masculino e apresentou um trabalho escolar que inicialmente nem entraria na questão. “Comecei a ouvir opiniões e fiquei inconformada com o pensamento de um entrevistado que iria compor a minha apresentação. E me dei conta do machismo”, conta. 

Participar da ocupação da escola Maria José, na Bela Vista (bairro da região central de São Paulo), durante um mês, foi importante para aprimorar sua percepção. “Durante o movimento escancarou-se o processo de opressão existente sobre os estudantes de escolas públicas, mais ainda quando se trata de mulheres negras”, diz Lilith. “Por isso, foi muito natural que as meninas tenham liderado as ocupações. Formou-se uma unidade entre as mulheres, que logo montaram um coletivo para continuar discutindo e atuando.” 

Na ocupação, ela lembra, a primeira polêmica surgiu na divisão do trabalho. Em uma assembleia, um dos participantes sugeriu que as meninas ficassem na cozinha. “Pra quê...” Após conversarem, criaram cotas para as comissões de alimentação e segurança, o que garantiu participação equilibrada nas atividades. “Foi um processo como eu acredito que deva acontecer para construir uma nova sociedade, mais livre”, afirma. 

Para ela, o mais difícil tem sido lidar com a conduta de alguns educadores que não levam o assunto a sério. Lilith cita o exemplo de um professor de História que em sala de aula considerou “vitimizador” o tema da violência contra as mulheres na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Na estrutura social e na cena política, observa Beatriz, não é novidade a mulher ser inferiorizada. “Está aí o interino que baniu as mulheres dos postos importantes do governo”, comenta. O que é novidade, em sua avaliação, é que esse estopim feminino já característico dos movimentos e dessa nova geração que vai às ruas está se expandindo para ambientes não engajados. 

“Vejo mudanças na minha casa, com a divisão de tarefas. E no meu trabalho, com mulheres tomando a frente e se fazendo ouvir. Vejo amigos admitindo que determinados gestos e condutas deles são machistas.”

Instrumento de peso 

A socióloga Verônica Borges é um exemplo de mulher que se faz ouvir. Foi a primeira a tocar caixa na bateria da Nenê de Vila Matilde, em 2012, quando a escola de samba paulistana já tinha 63 anos de existência. 

A ritmista mergulhou no movimento de mulheres do samba. Aos 31 anos, após uma década de carnaval e seis anos em rodas, toca surdo em quatro grupos e luta para ser musicista profissional. “Até hoje a participação de mulheres em baterias de escolas é limitada a instrumentos leves por causa do preconceito, mas hoje tem muita gente se reunindo para criar espaços femininos”, afirma. 

Luisa: 'Mídia machista objetifica as mulheres; andamos nas ruas inseguras todo tempo. É crucial desconstruir esse ciclo'

Na primeira vez em que “vestiu” o surdo, pensou que ia cair. “É questão de ritmo e treinamento. Você vê as mulheres que dançam nas rodas de samba, é puro ritmo. Se colocar um instrumento leve ou pesado nas mãos delas certamente aprenderão”, acredita Verônica. 

A inspiração vem de um lugar importante surgido recentemente em São Paulo, o Samba da Elis. Ao ar livre, na Praça Elis Regina, bairro do Butantã, na zona oeste, o projeto reúne mensalmente pelo menos dois grupos formados exclusivamente por mulheres. “Lá também atuam vários coletivos que conversam sobre temas ligados ao feminismo.”

Mais do que as ruas, as redes sociais se tornaram focos de “reuniões” e discussões. Para a secundarista Luísa Segalla, aluna do Colégio Equipe, as redes sociais e o ambiente escolar foram determinantes para sua percepção crítica da cultura machista. 

“Quando eu entrei no ensino médio comecei a me incomodar fortemente com isso. Procurei informações, li muito, entrei em grupos no Facebook e passei a entender melhor o que era o feminismo e o quanto é importante”, diz.

“É muito complicado ser bombardeada pela mídia machista, que expõe e ‘objetifica’ as mulheres, perceber a diferença na criação entre meninos e meninas, andar na rua sempre insegura. Eu acho crucial querer desconstruir esse ciclo”, afirma Luísa, moradora da Casa Verde, na zona norte paulistana. 

Porém, ela observa que muitas vezes as pessoas não estão dispostas a ouvir. “O feminismo não está aqui para ser confortável. Assim como todas as lutas contra um sistema, vai incomodar. Ser feminista é começar as mudanças no espaço do microcosmo, como na sua casa e escola, e se possível, abranger o macro”, defende.

E quem não aprende na escola aprende na vida. Foi em casa que a jornalista Semayat Silva e Oliveira, de 27 anos, do coletivo Nós, Mulheres da Periferia, recebeu desde criança informação e impulso de mãe sobre a necessidade de se defender do racismo e do machismo. Moradoras do Jardim Miriam, na zona sul de São Paulo, elas sempre souberam das dificuldades das mulheres negras na região. “Minha mãe fez questão de me proteger desde a infância. Também me orientou desde cedo a buscar relacionamentos respeitosos e igualitários.”

Semayat foi crescendo e passou a questionar por que a liberdade feminina é tão limitada. A família se formou no ensino superior toda ao mesmo tempo, como bolsista do ProUni: pai, mãe, irmã e ela. “Além da limitação geográfica, com pouco acesso a direitos, também existe a tripla jornada que a maioria das mulheres negras e pobres administra. Isso te empurra para o feminismo, a necessidade de bancar a casa, de ir à luta, de estudar ao mesmo tempo, de buscar segurança no lugar onde moramos, que é extremamente vulnerável e não tem a proteção do Estado.” 

Quebrando resistências: Jéssica, Karol e Verônika superaram preconceitos 
para ocupar seu espaço


Semayat: 'Necessidade de bancar a casa, ir à luta, estudar, buscar segurança no lugar onde moramos'

Capa da IstoÉ com Dilma gera polêmica e acusações de machismo



À direita, controversa capa da IstoÉ desta semana; à esquerda, montagem feita por internautas em resposta ao teor da matéria

À esquierda, controversa capa da IstoÉ desta semana; à direita, montagem feita por internautas em resposta ao teor da matéria



Internautas reagem à capa da última edição da revista, que trata a presidente como louca, agressiva e descontrolada 




A capa da última edição da revista IstoÉ tem gerado polêmica nas redes sociais, acusações de machismo e misoginia, e ainda promete muita repercussão, na web e fora dela.

Na edição desta semana, a publicação traz uma reportagem intitulada “As Explosões Nervosas da Presidente”, que trata sobre supostos casos de descontrole emocional da petista, chegando a comparar a presidente com Maria I, a Louca, rainha de Portugal no fim do século 18.

“A mandatária está irascível, fora de si e mais agressiva do que nunca. […] A medicação nem sempre apresenta eficácia, como é possível notar”, afirma um dos trechos da reportagem.

Nas redes sociais, em resposta à matéria, a hashtag #IstoÉMachismo tem sido usada por usuários e acabou se tornando um dos assuntos mais comentados neste final de semana.

Jornalistas e grupos feministas engrossam o coro contra a revista na web. As críticas repousam no argumento de que a matéria reforça o estereótipo machista que relaciona as mulheres ao descontrole emocional, logo, inapropriadas para assumir cargos políticos e de liderança.

A repercussão do caso, no entanto, não deve ficar apenas no mundo virtual. A Advocacia Geral da União (AGU) divulgou no último sábado (2) que defende a abertura de inquérito para apurar crime de ofensa praticados pela publicação contra Dilma.

No comunicado, a AGU afirma também que requisitará ao poder Judiciário a abertura de investigação e informa que advogados particulares da presidente também já estudam medidas para o ressarcimento dos danos morais causados.


Lugar de mulher é na política, sim! Não toleramos mídia machista que nos coloca como loucas ou histéricas.

Hipoglós e Bepantol no rosto





Jessica Moraes

Não é só o Bepantol que faz sucesso entre as mulheres. Outra pomadinha milagrosa está dando o que falar. A famosa Hipoglós tem sido testada por muitas blogueiras brasileiras, que confirmam seus inúmeros benefícios para o rosto: as espinhas somem, as olheiras diminuem, a pele clareia, fica mais hidratada...será?

É claro que as receitinhas caseiras nem sempre funcionam para todos os casos, pois cada mulher possui um tipo de pele do rosto diferente.

Mas no geral, nota-se que algumas dessas receitas produzem um resultado muitas vezes melhor que cremes mais caros e/ou importados!

Uma dica muito bacana vem da apresentadora Glória Maria, que em entrevista ao canal GNT revelou sua receitinha milagrosa recomendada por ninguém mais ninguém menos que o cirurgião mais famoso do Brasil, Ivo Pintanguy: é o trio Bepantol-Hipoglós-Arovit.

Misture um pouquinho do creme Bepantol, um pouquinho da pomada Hipoglós e pingue uma gotinhas de Arovit.

O Bepantol, segundo a apresentadora, ajuda a tirar manchas, a Hipoglós hidrata e a Arovit (que nada mais é que vitamina A) ajuda a dar viço.

Se possível acrescente gotinhas de vitamina E, que também ajuda a restaurar a pele facial.

A mistura deve ser eficaz por contas dos complexos vitamínicos na composição desses produtos. Vale a pena experimentar, não?

Tem a sobrancelha ralinha ou cheia de falhas? Bepantol também resolve! Aplique a pomada nas sobrancelhas todos os dias antes de dormir. Bepantol promove o crescimento dos fios (cobrindo falhas), e faz com que os pelos fiquem mais lisos e disciplinados.


Postado no Vila Mulher





Mulheres possíveis !







Martha Medeiros

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. 

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado algumas vezes por semana, decido o cardápio das refeições, telefono para minha mãe, para minha sogra, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, faço academia, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! 

E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. 

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer não. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer não. 

Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. 

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. 

Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. 

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo. 

Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. 

Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra. 

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. 

Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. 

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. 

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.






Martha Medeiros


Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. 

Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir, às vezes, que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo para o alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha. 

Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascinante. 

Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. 

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. 

E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra. 





Martha Medeiros

Qual o elogio que uma mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.

Diga que ela é uma mulher inteligente, e ela irá com a sua cara. Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número. 

Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.

Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta. 

Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios. Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical. Agora quer ver o mundo cair? Diga que ela é muito boazinha. 

Descreva uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rente ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha. Enfim, uma mulher boazinha. 

Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. 

A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas. 

Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. 

Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen. Ser chamada de patricinha é ofensa mortal. Quem gosta de diminutivos, definha. 

Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As boazinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância. PH neutro. 

Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos. 

Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. 

As “inhas” não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas. 



Tirinha resume os motivos pelos quais todos nós deveríamos ser feministas




Se a mulher não quer sair com um cara, ela é difícil. Se convida pra sair, é desesperada. Se ela não está dentro dos padrões de beleza estabelecidos, é relaxada. Se está, é neurótica. 

O machismo não coloca apenas a mente e o corpo das mulheres em risco, mas também o próprio homem.

Afinal, o machismo também prega que é feio ser virgem, que você não pode ir a uma festa e não “pegar” ninguém, que chorar é coisa de mulher e que ser “viado” é xingamento.

O machismo exige que você prove o tempo todo que é homem, que é forte e que é alpha. 

O machismo acaba com a sua sensibilidade, tripudia sobre os homossexuais e desrespeita as mulheres.

Em uma sequência de tirinhas, o ilustrador japonês conhecido como Rasenth resumiu alguns motivos simples para que todos nós – homens, mulheres, trans, homossexuais, bissexuais ou heterossexuais – sejamos feministas. Porque onde há machismo, a mulher não é a única a ser oprimida.

Veja, reflita e compartilhe:

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Postado no site Hypeness







A árdua tarefa de ser mãe no século 21


ser mãe maternidade século 21

Um diálogo com um menino da sexta série trouxe à baila o lado da maternidade que ainda não estamos preparadas para discutir.
Está na hora de começar a falar sobre nossa luta para que nossos filhos entendam o que estamos enfrentando, nossos maridos entendam por que estamos cansadas o tempo todo e, como mulheres, possamos ter mais empatia umas pelas outras e comecemos a nos concentrar em soluções que tragam alívio a nossas vidas.


Traci Bild*, Huffington Post. Tradução: Brasil Post

Ao entrar em uma sala de aula da sexta série para dar uma palestra de cunho social, percebi um lindo menino de cabelo louro tão claro que era quase branco. Ele tinha olhos azuis brilhantes e a pele imaculada. Olhando para ele, pensei no meu próprio filho e em como ele havia crescido depressa – num dia era um bebê e no outro estava praticamente adulto (pelo menos é o que parece).

Eu estava programada para falar para seis classes sobre editoração de livros, e esta era minha última palestra do dia. Acreditem, eu estava bem aquecida! Comecei mostrando dois livros de negócios que já havia publicado, e depois meu atual projeto e obra da vida inteira, Get Your Girl Back [Recupere a sua menina]. 

Um dos garotos levantou a mão e disse: “sobre o que é esse livro, ‘Recupere a sua menina’?”

Puxa vida… como eu poderia explicar isso em termos que crianças da sexta série compreendessem? Comecei delicadamente, tateando com as palavras… 

“Você sabe quando sua mãe o deixa no ponto de ônibus ou na escola e então vai para o trabalho?” 

A maioria das crianças balançou a cabeça e disse “sim…” 

“Ela pode trabalhar das 9 às 17h ou até 18h, depois volta para casa, certo? Mas então ela começa a trabalhar de novo. Faz o jantar, limpa a cozinha, talvez lave um monte de roupas e o ajude com a lição de casa.” 

Fiquei surpresa – as crianças estavam na beirada das cadeiras, atentas a cada palavra minha. 

Então continuei: “Sem querer, sua mãe pode ficar meio chata, talvez gritar com você, sem intenção – porque ela está realmente cansada e, mesmo sem perceber, perde a paciência.”

As crianças balançavam as cabeças e algumas diziam “sim” em voz alta.

Bem, meu livro é para ajudar sua mãe, porque ela não quer ser assim. Ela não quer ficar cansada, ela quer brincar e conversar com você. Acredite ou não, ela quer se divertir e fazer as coisas que fazia quando era menina, na sua idade, antes que a vida a obrigasse a crescer. O problema é que sua mãe não tem certeza de como fazer isso, na verdade, porque ela tem tanta coisa para fazer em um dia que tudo o que ela realmente quer é dormir!” 

Eu continuei muito suavemente e expliquei que já tinha sido essa mãe, mas tinha encontrado uma maneira de sair da opressão diária. Minha paixão, meu livro, pretendia ajudar suas mães a fazer a mesma coisa. 

Como tenho dois filhos, fiquei arrasada ao ver como esses garotos estavam interessados. Todos os olhares estavam fixos em mim – os meninos, as meninas e até a professora escutavam atentamente cada palavra que eu dizia. Era como se eles compreendessem exatamente o que eu estava falando (na verdade, eu pensava que esse assunto não interessaria aos garotos). 

Eu tenho uma pergunta…

Então o menino louro que vi quando entrei levantou a mão para fazer uma pergunta. “Eu não tenho uma pergunta, mas sabe as mães de que você estava falando, as que trabalham o dia inteiro?”

“Sim”, respondi. 

“Bem, minha mãe é assim. Ela trabalha das 9 até as 18h e então volta para casa e pega seu laptop e trabalha por mais algumas horas… ela é como essa mãe de que você falou.” 

Não foi exatamente o que ele disse, mas o modo como disse que partiu meu coração. Havia tristeza. Ele tinha acabado de perceber pelo que sua mãe estava passando. 

Eu pude ver um despertar em sua expressão… não apenas como “mãe dele”, mas como mulher. Pela primeira vez em sua vida, ele estava do lado de fora olhando para dentro e viu sua mãe de modo diferente.

Mãe e filho tentando encontrar um caminho no mundo, com esperanças, sonhos e o desejo de criar uma boa vida.

Fiquei arrepiada.

Olhei para o menino diretamente nos olhos e disse: "sua mãe o ama mais que a própria vida”.

Ele parecia tão triste e arrasado… tive de me esforçar para não chorar. 

Continuei: “Sua mãe provavelmente sofre tamanha pressão, que nem percebe que não está dedicando tempo a você. Ela quer brincar e rir com você, simplesmente não sabe como fazer isso”. 

Na minha mente, eu estava revendo os milhares de conversas que tive com mães trabalhadoras nos últimos 20 anos, enquanto dava consultoria a empresas, como palestrante e coach profissional. Suas barreiras raramente eram relacionadas ao trabalho, e sim pessoais, e quando não eram resolvidas se refletiam na queda do desempenho no trabalho.

Olhei ao redor da sala… ainda não podia acreditar no modo como aquele menino estava se expondo na frente de toda a classe. Mas a verdade era que éramos apenas ele e eu conversando sobre a mãe dele. Ele não se importava com o que os outros pensassem ou pudessem dizer, ele estava processando o que era a vida da mãe dele, não em relação a si mesmo e suas necessidades, mas à vida e às necessidades dela, o que ela suporta, e vendo-a sob uma luz diferente. 

De maneira surpreendente, as outras crianças continuavam me ouvindo, e no centro dessa conversa tão inesperada elas entenderam: a mãe delas deveria ter tudo resolvido, quer trabalhasse fora de casa quer não, mas na verdade não tinha. 

Fui para a escola ensinar às crianças sobre editoração e saí tendo aprendido que as crianças são muito mais intuitivas do que pensamos – e que precisamos falar com elas sobre as realidades de ser uma trabalhadora no século 21. 

A verdade é que a maioria de nossas avós não trabalhava fora de casa, mas hoje 40% das mulheres são as provedoras da família. Nesse período de tempo, ninguém deu às mães um manual de instruções sobre como lidar com tudo isso, e por mais que nos esforcemos para esconder ainda não estamos fazendo um trabalho muito bom. 

Apesar de termos “mais”, as mulheres são menos felizes hoje do que em qualquer outro momento da história.

Em vez de agir como se tivéssemos resolvido tudo, está na hora de começar a falar sobre nossa luta para que nossos filhos entendam o que estamos enfrentando, nossos maridos entendam por que estamos cansadas o tempo todo e, como mulheres, possamos ter mais empatia umas pelas outras e comecemos a nos concentrar em soluções que tragam alívio a nossas vidas. 

Também aprendi que não estou apenas lutando pelas mulheres, mas pelos filhos também, e por mais que lutemos, devo pressionar e continuar defendendo as mulheres que não podem ou não conseguem defender a si mesmas. 

Nunca esquecerei o olhar daquele menino nem o som de sua voz… tão desesperado para compreender por que sua mãe passa tão pouco tempo com ele. 

Eu nunca esquecerei as crianças penduradas de cada palavra minha porque para muitas delas eu também estava falando sobre suas mães. 

Podemos falar sobre isto?

Não importa o quanto este texto o afete, se ele o deixa irritado comigo por falar a verdade ou atinge um nervo porque você pode entender a situação, o que eu mais quero é iniciar a conversa. 

Ninguém quer ser “aquela mãe” que trabalha o tempo todo, passa pouco tempo com os filhos, grita com eles quando eles tentam falar porque ela está verificando e-mails, distraída em seus pensamentos sem sequer perceber o que está fazendo — e isolando-se das pessoas que ela mais ama. Mas muitas de nós estamos fazendo exatamente isso!

Se quisermos ver a mudança, temos de começar a falar a verdade sem medo de ser julgadas.

Devemos nos ajudar umas às outras, falando em vez de julgar; mostrando nossas vulnerabilidade em vez de agir como se tudo estivesse perfeito em nossas vidas. 

Eu já fui “aquela mãe”, mas me orgulho de dizer que hoje não sou. Começarei a conversa oferecendo pequenos passos que dei que levaram a outros e afinal transformaram minha vida.

1. Respire. É sério, faça uma respiração profunda para dentro e para fora, para dentro e para fora e desacelere por um momento. Você precisa respirar! 

2. Faça listas. Como mulher, você provavelmente foi educada para acreditar que poderia conseguir “tudo”, e esteve se matando para tentar consegui-lo. Sabe o que é esse tudo? Como você vai saber quando o tiver? Você está perdendo o que é mais importante no esforço para conquistar tudo?” 

3. Priorize sua vida. Seja honesta sobre o que é mais importante para você. Está respeitando essas prioridades? Se não, provavelmente está em desequilíbrio, infeliz e não realizada. Escreva suas três maiores prioridades e considere que adaptações você pode fazer para colocá-las em ordem. 

4. Assuma o comando. Considere mudar seu foco de ter “tudo” para o “seu tudo”. Provavelmente não é preciso muito para deixá-la feliz. Estou falando sobre a verdadeira felicidade, no fundo da sua alma. Então, o que ela faz por você? Construa seu tudo em torno das prioridades mais importantes. Faça uma lista resumida do que você quer na vida, o que você chama de “seu tudo”, e em vez de tentar ter o que todo mundo tem, persiga o que é mais importante para você. 

5. Faça mudanças. Se você não gosta da sua vida, modifique-a. Pequenas alterações podem criar enormes efeitos na sua felicidade. Que duas ou três pequenas mudanças você pode fazer esta semana?

Para a mãe do menino

Enquanto eu me emocionei com aquele menino na classe, também tive simpatia por sua mãe. Ser uma mãe trabalhadora não é fácil. 

Para ela e outras mães que se sentem arrasadas, eu diria: respire fundo, tudo vai dar certo. Conforme o ano termina, faça listas de prioridades na sua vida, assuma o comando e faça pequenas mudanças que a levarão para um lugar melhor ao entrar em 2015. 

Se você já chegou lá, apoie e anime as mães que ainda não entenderam. Vamos falar sobre isto hoje para que nossas filhas não continuem falando a respeito amanhã. Juntas podemos fazer a mudança que queremos ver. 


*Traci Bild é mãe, escritora, palestrante e empreendedora.


Postado no site Pragmatismo Político em 15/12/2014


Dia do olho roxo


Por Dentro... em Rosa: Dia do olho roxo

Pedro Cardoso da Costa


Parece daquelas brincadeiras de mau gosto, mas não é. Trata-se de definição de uma delegacia da mulher fazendo referência à segunda-feira, dia de maior incidência de espancamento de mulheres pelos companheiros, maridos, amantes e namorados.

No parágrafo anterior foi dito por ser colocado como se fosse uma coisa normal do cotidiano. Trata-se de uma tragédia. Quem espanca qualquer pessoa comete crime, e quem comete crime deve ser punido. Toda discussão correta tem que começar deste ponto. De outra forma é distorção.



Quando a decantada lei Maria da Penha foi aprovada como solução da violência contra mulheres, discordei e mencionei em artigo a ressalva de que se tratava de lei mais benéfica do que o Código Penal. E lei penal mais benéfica em vigor deve prevalecer sobre outra mais severa. A lei especifica a pena mínima de três meses. O Código Penal prevê dois anos, quando a agressão causa deformidade permanente (art. 129, § 2º, IV).

Mulheres com partes queimadas do corpo, com pedaços arrancados ou com imensas cicatrizes são o que se vê todo dia na televisão e nas delegacias. Alguém precisa explicar se há diferença da deformidade da mulher espancada pelo companheiro de outra causada por um estranho. Deve causar um sofrimento maior pela proximidade existente em razão do amor recíproco.

Além disso, vários outros artigos podem ser aplicados. No meio de tanta violência pode haver tipicidade de vários crimes num só ato, como cárcere privado, extorsão de bens, abortos provocados em decorrência das agressões, abuso do pátrio poder. A esmagadora maioria poderia ser tipificada como tentativa de homicídio, já que muitas mortes não se concretizam por interferência de terceiros.

Essas agressões ocorrem principalmente para calarem as mulheres sobre condutas como traição, namoro, bebedeiras, jogos e outras incompatíveis com a vida conjugal. Também se deve ressaltar que o agressor masculino se aproveita de sua condição física maior do que a da parceira.

Em grande parte são covardes incapazes de levantar a voz contra outros de seu porte e descarregam suas frustrações sobre aquelas a quem deveriam proteger.

Deixar a defesa por conta das próprias vítimas é não querer enfrentar o problema como se deve. É simplificar demais. As mulheres sofrem primeiro o domínio psíquico e, por isso, perdem as forças para se defenderem sozinhas.

Há algum tempo houve noticiário de agressão do ator Kadu Moliterno à esposa. A rede Globo, ao menos, poderia ter expedido um manifesto de repúdio e tornar pública alguma punição profissional ao ator. Essa permissividade ajuda a passar a ideia de que alguns podem agredir sem punição. E não vale a máxima de que o pessoal é separado do profissional. Nesses casos, não é, nem deveria ser, pois os atores são imitados e o comedimento vem em função de possíveis exemplos de punição.

Todos os órgãos públicos, o Ministério Público, a sociedade em geral, as instituições de voluntários precisam se unir para criar mecanismos efetivos de defesa às vítimas.

Já as mulheres precisam tomar a iniciativa de sua própria defesa, já que são elas que sofrem as torturas. Só colocar letras em papel, chame-se isso de lei, nada resolve, conforme comprovado pelo aumento de assassinatos de mulheres pelos companheiros.

Não há número de violência aceitável, mas continuar com uma a cada três mulheres sendo agredida pelos companheiros é uma deformidade social.


* Pedro Cardoso da Costa é bacharel em Direito.



Postado no site Sul21 em 01//12/2014