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Violência verbal nas redes sociais : não entre nesta !





Comunicação não-violenta e o ódio nas redes sociais


Stephanie Gomes

O que vem à sua mente quando você pensa na palavra “violência”? Agressões físicas, brigas, crimes, guerras, armas de fogo…?

Existe uma forma de violência que geralmente não chamamos de “violência” e sobre a qual não ficamos tão chocados e preocupados, mas que é tão destrutiva quanto qualquer outra: a comunicação violenta. Agressão verbal é violência. Bullying é violência. Racismo é violência. Homofobia é violência. Preconceito é violência. Invalidar a liberdade de opinião de uma pessoa é violência. Incitação ao ódio é violência. Certos tipos de insinuações e piadas são violência.

Onde é que estamos vendo esse tipo de violência acontecer todos os dias, escancaradamente sob os nossos olhos?

Pois é, atire a primeira pedra quem nunca viu algum comentário racista, preconceituoso, abusivo, constrangedor ou de incitação ao ódio nas redes sociais.

Estamos o tempo todo nos perguntando: como é possível que políticos com discursos de ódio estejam sendo exaltados e eleitos? Como pode uma mulher aceitar ser tratada de tal forma pelo marido? O que está acontecendo com o mundo? Como podem tantas barbaridades estarem acontecendo? As pessoas estão cegas? Ninguém vê o tamanho desses absurdos? Que tempos sombrios são esses?

Mas pouco estamos nos perguntando como o mundo pode ser diferente se achamos normal os discursos de ódio que vemos todos os dias nas redes sociais, se não estamos preocupados com a forma violenta como estamos nos comunicando ou vendo outras pessoas se comunicarem, se estamos falando com tanta agressividade no mundo virtual, se estamos rindo de piadas violentas e preconceituosas.

Precisamos falar sobre isso! O mundo virtual não é um universo à parte que não tem nada a ver com a vida real. 

As redes sociais são parte da vida da maioria das pessoas e não podemos negar isso ou fingir que não tem importância. Nós estamos fazendo muitas coisas importantes pelas redes sociais: nos informando sobre o que está acontecendo no mundo, nos comunicando com as pessoas, espalhando informações, influenciando outras pessoas, trabalhando, debatendo opiniões, dando início a movimentos e manifestações, expondo aquilo que estamos fazendo e muitas outras coisas que antes fazíamos sem as redes sociais, mas que hoje se concentram nelas.

Precisamos encarar e falar sobre isso porque, apesar de as redes sociais estarem sendo usadas para muitas coisas boas, os discursos de ódio nesse meio estão cada vez mais comuns e estamos falando muito pouco e fazendo muito pouco para mudar essa forma de violência que está se espalhando e sendo encarada como algo normal.

O discurso de ódio serve apenas para disseminar e incitar violência. Ele não oferece soluções, não constrói nada, não melhora nada. Mas existem coisas que podemos fazer nas redes sociais que têm o poder de solucionar, de construir, de melhorar, de pacificar, de transformar, de mostrar novos caminhos.

O que nós, conscientes dessa questão e buscadores do bem e da luz, podemos fazer sobre isso? Como podemos ajudar a reverter esse movimento?

A força negativa está grande, é verdade. Mas nós não somos poucos! Temos força também e podemos trazer mais pessoas para o nosso lado.

Eu pensei em algumas sugestões de ações que podemos colocar em prática para aumentar o saldo de energia positiva nas redes sociais, e gostaria de fazer uma coisa diferente nesse post: pedir a ajuda de vocês para fazermos uma grande lista de ações positivas para colocarmos em prática. Topam me ajudar? Eu começo:

Comunicação não-violenta: você pode opinar, argumentar e expor o que pensa sempre que quiser, mas para isso não precisa ironizar quem pensa diferente ou usar um discurso preconceituoso ou agressivo. Fale sem agredir.

Não invalide a opinião do outro. Você pode discordar de alguém e participar de uma discussão saudável sem precisar invalidar o direito do outro de ter sua opinião também.

Não responda agressão com agressão. Se alguém te ofereceu palavras agressivas, não responda na mesma moeda. Quebre o ciclo. Seja a mudança que você quer ver no mundo. Sempre que decidir entrar em um campo escuro, escolha ser luz.

Incite mais a reflexão do que a discussão. Não que discutir seja ruim, mas sabemos que certos assuntos deixam as pessoas mais agressivas e no formato de discussão as coisas podem sair do controle. Se colocar um assunto em pauta, pense em como pode fazê-lo de forma reflexiva, questionando os pontos de vista possíveis, apresentando soluções e mostrando seus lados positivos e negativos (incentivando que o outro faça isso também, e lhe dando espaço para isso).

Aproveite oportunidades de oferecer palavras positivas: elogie sua amiga quando ela publicar uma foto bonita, prestigie o trabalho de alguém que está começando a divulgar o que faz, dê incentivos, exalte notícias de ações positivas… fique atento e não deixe passar chances de espalhar coisas boas nas redes sociais.

Saiba a hora de parar. Cada um de nós possui sua história, suas experiências, suas crenças, seus problemas, suas dúvidas, suas dificuldades, suas tristezas… às vezes um comentário que, para você, parece uma brincadeira boba, afeta e magoa profundamente o outro. Cada pessoa tem suas dores e nós nunca sabemos exatamente o que o outro está sentindo ou enfrentando. Sei que na maioria das vezes nós não fazemos brincadeiras por mal, mas procure perceber como o outro reage ao que você diz. Se parecer que a pessoa está se sentindo desconfortável, pare.

Espalhe notícias boas. Assim como notícias ruins nos deixam com raiva, tristeza e desesperança, notícias boas nos fazem retomar a fé, sentir vontade de ajudar e adquirir uma postura positiva.

Empatia: coloque-se no lugar do outro e trate-o como você gostaria de ser tratado. SEMPRE.

Não tente forçar o outro a mudar. Uma coisa que aprendi recentemente observando a mim mesma é que forçar uma pessoa a mudar não funciona NUNCA. Você pode até influenciar uma mudança positiva em alguém, mas não é você quem decide isso. Mudanças só acontecem de dentro para fora, então o que você pode fazer é apresentar informações, contar experiências suas, explicar a sua perspectiva e os seus motivos e deixar que o outro decida o que fazer. Querer que alguém faça aquilo que você acredita que é melhor simplesmente dizendo “faça isso”, “esse é o certo”, “você tem que mudar” só vai desgastar a sua relação com essa pessoa e causar desentendimentos.

Fale (escreva) amorosamente. Vá na contramão do discurso de ódio e use palavras que incitam o amor, a paz, a reflexão, a honestidade, a gentileza, a fé e o que mais você puder colocar de positivo em seu discurso. Antes de escrever algo, olhe para dentro de si e encontre o que há de mais bonito em você que pode ser colocado para fora.

Espalhe essa mensagem! Se esse post fez você sentir vontade de entrar nesse movimento, compartilhe com mais pessoas para que elas possam ser tocadas e incentivadas também!

Vamos colocar essas ações em prática? Fique atento às oportunidades de agir quando estiver nas redes sociais.



Postado em Desassossegada 



Radicais fascistas, analfabetos políticos, midiotas agridem Letícia Sabatella



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A atriz Letícia Sabatela foi agredida neste domingo (31) em Curitiba quando parou para conversar com uma pessoa próximo de onde se concentrava um grupo que participaria logo depois de um protesto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. A agressão foi filmada pela atriz e publicada no Instagram (leticia_sabatella).

No vídeo divlugado pela atriz ouve-se gritaria e uma profusão de insultos como "sem-vergonha, "acabou a mamata", “sua puta”, “chora, petista”, “nossa bandeira jamais será vermelha”, e “vai embora, tira ela daí”. Letícia limitou-se a dizer que a turma de agressores não era democrática.

Na postagem, ela desabafa: “Não fui provocar ninguém, passava pela praça antes de começar a manifestação e parei pra conversar com uma senhora. Meu erro. Preocupa esta falta de democracia no nosso Brasil. Eles não sabem o que fazem.”

Aqui a postagem e o vídeo da atriz.

O ato na capital paranaense fez parte da mobilização nacional organizada pelo Movimento Vem Pra Rua, em apoio ao impeachment. A cena da agressão foi gravada em frente ao Teatro Guaíra, na Praça Santos Andrade.

Em contrapartida, nos próximos dias, o local receberá o evento nacional “Circo da Democracia”, que irá reunir artistas, políticos, ativistas e intelectuais do Paraná e de todo o Brasil em defesa da democracia e contra o golpe institucional em curso.

O palco do evento já está montado na praça e organizadores pedem reforço para que não seja atacado por manifestantes da direita.

No início da noite, a senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) publicou no seu Twitter uma mensagem em solidariedade a Letícia: "Em nossa democracia não há espaço para violência. Nossa solidariedade à atriz Letícia Sabatella atacada em Curitiba".

No post, há fotos com pedidos de identificação dos agressores.



agressores de letícia



Postado em Brasil247 em 31/07/2016



Chico Buarque proíbe peça de ator que ofendeu Dilma e os negros



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O cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda retirou, neste domingo, a autorização para que o ator Cláudio Botelho continuasse a apresentar um musical feito a partir de suas canções; na noite de ontem, em Belo Horizonte, Botelho atacou a presidente Dilma Rousseff no meio da peça e foi interrompido pela plateia, que passou a gritar "não vai ter golpe"; em seguida, Botelho disse que "um ator não pode ser peitado por um negro"; antes, nas redes sociais, Botelho já havia pregado a morte dos parlamentares Lindbergh Farias (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ); como os direitos autorais são de Chico, o musical terminou ontem em Belo Horizonte


247 O cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda retirou, neste domingo, a autorização para que o ator Cláudio Botelho continuasse a apresentar um musical feito a partir de suas canções.
Na noite de ontem, em Belo Horizonte, Botelho atacou a presidente Dilma Rousseff no meio da peça e foi interrompido pela plateia, que passou a gritar "não vai ter golpe".
Em seguida, Botelho disse que "um ator não pode ser peitado por um negro". Antes, nas redes sociais, ele já havia pregado a morte dos parlamentares Lindbergh Farias (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Como os direitos autorais são de Chico, o musical terminou ontem em Belo Horizonte.
"Nunca senti medo de me expressar. E se o Chico não vai dar mais autorização para remontarmos o espetáculo, paciência. Lamento muito porque sou apaixonado por ele, admiro o trabalho dele, e sempre o considerei um defensor da liberdade, acima de qualquer orientação política", disse ele.
Leia, abaixo, reportagem anterior do 247 sobre o caso:
Minas 247 - Uma confusão marcou a apresentação do espetáculo "Todos os Musicais de Chico Buarque", no teatro do Palácio das Artes em Belo Horizonte, nesse sábado, 19.
Durante a peça, o diretor e ator Claudio Botelho protagonizou uma sequência de ataques à presidente Dilma Rousseff, entre outros adjetivos, chamada de "ladra" e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A plateia reagiu com gritos de "Não Vai Ter Golpe!!"
O espetáculo foi interrompido antes do fim pela plateia, que chegou a pedir o dinheiro do ingresso de volta.
Já no camarim, em áudio divulgado na internet, Cláudio Botelho aparece nervoso, desferindo xingamentos de cunho racista contra o público. "Eles são neofascistas, neonazistas, são petistas, são o que há de pior no Brasil", afirmou. "O ator quando entra em cena é um rei, não pode ser peitado por um negro filho da puta que sai da plateia. Não pode", diz Botelho em tom exaltado. 
Na conversa, Botelho é acusado de ter misturado, durante a apresentação, a obra de ficção com o momento político atual, ao atacar a presidente Dilma Rousseff
Ouça o áudio: 

Veja o vídeo divulgado pelo Mídia Ninja:


O desafio de conversar com um fascista




Rubens Casara 


Em Adorno, a ignorância, a ausência de reflexão, a identificação de inimigos imaginários, a transformação dos acusadores em julgadores (e vice-versa) e a manipulação do discurso religioso são, dentre outros sintomas, apontados como típicos do pensamento autoritário.

Pensem, agora, na naturalização com que direitos fundamentais são afastados e violados no Brasil, na crença no uso da força (e do sistema penal) para resolver os mais variados problemas sociais, na demonização de um partido político (que, apesar de vários erros, e ao contrário de outros partidos apontados como “democráticos”, não aderiu aos projetos a seguir descritos), no prestígio novamente atribuído aos “juízes-inquisidores”, nos recentes linchamentos (inclusive virtuais), no número tanto de pessoas mortas por ação da polícia quanto de policiais mortos e nos projetos legislativos que:

a) relativizam a presunção de inocência; 

b) ampliam as hipóteses de “prisão em flagrante” em evidente violação aos limites semânticos da palavra “flagrante” inscrita no texto Constitucional como limite ao exercício do poder; 

c) criminalizam os movimentos sociais com a desculpa de prevenir “atos de terrorismo”; 

d) impedem o fornecimento de “pílulas do dia seguinte” para profilaxia de gravidez decorrente de violência sexual e criminalizam médicos que dão informações para mulheres vítimas de violência sexual;

e) eliminam o princípio constitucional da gratuidade na educação pública, dentre outras aberrações jurídicas.

Conclusão? Avança-se na escala do fascismo.

O fascismo recebeu seu nome na Itália, mas Mussolini nunca esteve sozinho. Diversos movimentos semelhantes surgiram no pós-guerra com a mesma receita que unia voluntarismo, pouca reflexão e violência contra seus inimigos. 

Hoje, parece que há consenso de que existe(m) fascismo(s) para além do fenômeno italiano ou, ainda, que o fascismo é um amálgama de significantes, um “patrimônio” de teorias, valores, princípios, estratégias e práticas à disposição dos governantes ou de lideranças de ocasião (que podem, por exemplo, ser fabricadas pelos detentores do poder político ou econômico, em especial através dos meios de comunicação de massa), que disseminam o ódio contra o que existe para conquistar o poder e/ou impor suas concepções de mundo.

O fascismo possui inegavelmente uma ideologia: uma ideologia de negação. Nega-se tudo (as diferenças, as qualidades dos opositores, as conquistas históricas, a luta de classes, etc.), principalmente, o conhecimento e, em consequência, o diálogo capaz de superar a ausência de saber.

Os fascistas, como já foi dito, talvez não saibam o que querem, mas sabem bem o que não suportam. Não suportam a democracia, entendida como concretização dos direitos fundamentais de todos, como processo de educação para a liberdade e de limites ao exercício do poder.

Essa mistura de pouca reflexão (o fascismo, nesse particular, aproxima-se dos fundamentalismos, ambos marcados pela ode à ignorância) e recurso à força (como resposta preferencial para os mais variados problemas sociais) produz reflexos em toda a sociedade.

As práticas fascistas revelam uma desconfiança. O fascista desconfia do conhecimento, tem ódio de quem demonstra saber algo que afronte ou se revele capaz de abalar suas crenças.

Ignorância e confusão pautam sua postura na sociedade. O recurso a crenças irracionais ou anti-racionais, a criação de inimigos imaginários (a transformação do “diferente” em inimigo), a confusão entre acusação e julgamento (o acusador – aquele indivíduo que aponta o dedo e atribui responsabilidade – que se transforma em juiz e o juiz que se torna acusador – o inquisidor pós-moderno) são sintomas do fascismo que poderiam ser superados se o sujeito estivesse aberto ao saber, ao diálogo que revela diversos saberes.

Diante dos riscos do fascismo, o desafio é confrontar o fascista com aquilo que para ele é insuportável: o outro. O instrumento? O diálogo, na melhor tradição filosófica atribuída a Sócrates.

Talvez esse seja o objetivo do diálogo proposto pela filósofa Marcia Tiburi em seu novo livro, que tive o prazer de apresentar (o prefácio é do sempre excelente Jean Wyllys).

Em “Como conversar com um fascista: reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro” (Rio de janeiro: Record, 2015), a autora resgata a política como experiência de linguagem, sempre presente na vida em comum, e investe nessa operação, que exige o encontro entre o “eu” e o “tu”, apresentada como fundamental à construção democrática.

De fato, a qualidade e a própria existência da forma democrática dependem da abertura ao diálogo, da construção de diálogos genuínos – que não se confundem com monólogos travestidos de diálogos – em que a individualidade e os interesses de cada pessoa não inviabilizam a construção de um projeto comum, de uma comunidade fundada na reciprocidade e no respeito à alteridade.

Ao tratar da personalidade autoritária, dos micro-fascismos do dia-a-dia, do consumismo da linguagem, da transformação de pessoas em objetos, da plastificação das relações, da idiotização de parcela da população, dentre outros fenômenos perceptíveis na sociedade brasileira, Marcia Tiburi sugere uma mudança de atitude do um-para-com-o-outro.

Nos diversos ensaios deste livro, a autora conduz o leitor para um processo de reflexão e descoberta dos valores democráticos, bem como desvela as contradições, os preconceitos e as práticas que caracterizam os movimentos autoritários em plena democracia formal.

Mas, não é só.

Ao propor que a experiência dialógica alcance também os fascistas, aqueles que se recusam a perceber e aceitar o outro em sua totalidade, Marcia Tiburi exerce a arte de resistir.

Dialogar com um fascista, e sobre o fascismo, forçar uma relação com um sujeito incapaz de suportar a diferença inerente ao diálogo, é um ato de resistência. Confrontar o fascista, desvelar sua ignorância, fornecer informação/conhecimento, levar esse interlocutor à contradição, desconstruindo suas certezas, forçando-o a admitir que seu conhecimento é limitado, fazem parte do empreendimento ético-político da autora, que faz neste livro uma aposta na potência do diálogo e na difusão do conhecimento como antídoto à tradição autoritária que condiciona o pensamento e a ação em terra brasilis.

O leitor, ao final, perceberá que não só o objetivo foi alcançado como também que a autora nos brindou com um texto delicioso, original, profundo sem ser pretensioso. Mais do que recomendada a leitura.


Rubens Casara é Doutor em Direito, Mestre em Ciências Penais, Juiz de Direito do TJ/RJ, Coordenador de Processo Penal da EMERJ e escreve a Coluna ContraCorrentes, aos sábados, com Giane Alvares, Marcelo Semer, Marcio Sotelo Felippe e Patrick Mariano.



Postado no Pragmatismo Político em 05/02/2016


Os sites e os blogueiros que fazem a cabeça da mulher que agrediu Suplicy : Celene Carvalho é filha da mídia



O fascismo tem rosto e voz 


O ídolo
Celene e seu ídolo, o jornalista Reinaldo Azevedo


Paulo Nogueira


Onde buscam suas informações desvairados como a mulher histérica que hostilizou neste sábado o ex-senador Suplicy na Livraria Cultura de São Paulo?

Quem turva a cabeça deles? Quem os enche de uma mistura brutal de ódio e ignorância?

São questões que vinham de ocorrendo desde que assisti a vídeos de manifestações de direita em que os presentes, diante de um microfone, falavam coisas desconexas, num tom de quem não tem nenhum controle emocional, os olhos arregalados e uma expressão de doidos.

Tive, agora, a oportunidade de responder a muitas de minhas dúvidas.

Um amigo do Facebook, Alexandre, me enviou a conta ali da mulher que estrelou o vídeo da agressão a Suplicy na Livraria Cultura.

Seu nome é Celene Carvalho, 50 anos.

Ela já ganhara notoriedade ao perturbar o casamento do médico Roberto Kalil, ao qual Dilma e Lula compareceram.

Na linha do tempo de Celena você encontra diversas menções ao site O Antagonista, dos jornalistas Diogo Mainardi e Mário Sabino.

Não surpreende.

O Antagonista é um vulcão em permanente erupção de ódio ao progressismo. Mainardi é Mainardi. Sabino é aquele ex-redator chefe da Veja que mandou um subalterno escrever uma crítica glorificadora de um romance dele mesmo que desapareceu no tempo e no espaço, pela irrelevância literária.

A Veja também é muito citada por Celene. Mais uma vez, nenhuma surpresa.

Num vídeo da Veja compartilhado por ela, Augusto Nunes e Marco Antônio Villa discorrem sobre “a organização criminosa”, o PT.

Em outro, Marcelo Madureira convoca as pessoas para uma manifestação pelo impeachment.

Publicações em geral elegem uma pessoa como seu personagem símbolo, para que os editores calibrem melhor seus textos e atinjam o público alvo.

O personagem símbolo da Veja e do Antagonista é Celene Carvalho. Isto conta tudo sobre o conteúdo de ambos.

Lauro Jardim, ex-Veja e atual Globo, também aparece na página de Celene. De novo, era previsível.

Fica claro, pela leitura do Facebook de Celene, que é a mídia que foi criando figuras como ela, gente que vai espalhando seu ódio doentio por todos os lados.

São os filhos da mídia.

Celene aparentemente é solteira. Não se vê nenhuma menção a filhos ou a marido ou namorado em seu Facebook. Tampouco amigos são vistos lá. Nada de livros, nada de filmes.

Tudo é dominado pelo antipetismo.

Provavelmente ela encontrou na militância de direita um substituto para uma vida pessoal vazia e sem sentido.

Sua raiva escalou degraus, pelo que se percebe. No vídeo da Cultura ela surge com um soco inglês na mão direita, sinal de que se preparara para brigas físicas.

Ela se apresenta como hoteleira. Uma pesquisa no Google a aponta como dona do hotel Dona Balbina, de uma estrela, no Espírito Santo.

Aparentemente, ela não tem tido tempo para cuidar de seu negócio. No site TripAdvisor, um hóspede relata que a água do chuveiro estava fria, que a cama de casal era dura e muito estreita e que o telefone do quarto não se comunicava com a recepção.

“Além do mais falta frigobar no quarto”, disse o hóspede. “Acho que no verão deve ser impossível dormir pela falta de ar condicionado.”

O hotel parece ser uma das últimas prioridades de Celene. Além de insultar outras pessoas, Celene se entreteve nos últimos meses em atividades como a feitura do boneco Pixuleco.

Penso comigo que já é hora de ela acrescentar uma nova atividade a sua rotina: providenciar um advogado para defendê-la num processo.

Até aqui, ela tem tido mãos livres para disseminar injúrias e atormentar pessoas pacíficas como Suplicy.

Torço que Suplicy se incumba de dar esta nova atividade a Celene Carvalho.


Postado no Diário do Centro do Mundo em 25/10/2015


A mídia comanda o retrocesso



Celso Vicenzi

Uma fotomontagem em que a presidenta Dilma Roussef aparece de pernas abertas, na boca de um tanque de gasolina de automóvel, jogou mais combustível na fogueira de ódio e insensatez que se espalha por todo o país. A imagem é chocante e não ofende apenas a mais alta autoridade do país, mas todos os cidadãos e, principalmente, as mulheres, no Brasil e no mundo. A metáfora visual é a de uma penetração sexual, de um estupro.

Essa afronta não é um caso isolado. Pelo contrário, a passividade das principais autoridades do país tem autorizado uma série de crimes, contra a democracia e contra a dignidade humana. 

Por trás de gestos mais raivosos, tresloucados e imbecilizados, foi tecida uma competente estratégia de propagar o ódio e promover a agitação social necessária à aplicação de um golpe de estado para o qual só parece faltar o acerto de data. 

Mais que um golpe contra o resultado das urnas, seria um golpe contra boa parte dos avanços civilizatórios duramente conquistados desde o fim da ditadura de 64. 

Some-se a isso uma intolerância religiosa que era até então desconhecida no país e que hoje grita seus slogans medievais muito além dos púlpitos, nos parlamentos e nas emissoras de rádio e tevê.

Depois da quarta derrota eleitoral à presidência, os setores mais conservadores da sociedade brasileira perceberam que, pela via democrática, suas chances de ascender ao Palácio do Planalto tornaram-se remotas. 

Se não foi possível convencer pelo voto, importantes setores da mídia, do parlamento e do judiciário desenharam nova estratégia. Os principais veículos de comunicação passaram a desenvolver, diariamente, uma estratégia que consiste em omitir o que há de positivo no país e exagerar na análise pessimista. 

Mais que isso: o que poderia ser uma excelente oportunidade para desnudar como funciona o esquema de financiamento de campanhas políticas e o uso da máquina pública e de empresas estatais para troca de favores – em todas as esferas, federais, estaduais e municipais – resultou em uma justiça caolha, uma mídia manipuladora e um Congresso Nacional retrógrado, centrados no objetivo de criminalizar um único partido, um único governo e, especialmente, Lula e Dilma.

O festival de imagens agressivas vem sendo produzido há muito tempo. Um dos casos mais recentes ocorreu na coluna do jornalista Ricardo Noblat, no jornal O Globo (29/6/2015), que pôs a cabeça degolada da presidenta Dilma em uma bandeja. O título acompanha o “primor” da ilustração: “Em jogo, a cabeça de Dilma”.

O jornal Correio Braziliense publicou no dia 8/9/2014, na capa, uma foto de Beto Barata em que uma metralhadora é apontada contra a face da presidenta, durante desfile militar de 7 de Setembro. O mesmo truque de angulação – usado à exaustão e, portanto, já sem nenhuma originalidade – deu a Wilton Júnior (O Estado de S. Paulo) o Prêmio Esso de Fotografia de 2012. Ilusoriamente uma espada trespassa o corpo da presidenta durante uma cerimônia na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ).

Se alguns dos principais veículos de comunicação, por repetidas vezes, simulam que a presidenta deve ser executada – e aí não há nenhuma possibilidade de inocência nessa metáfora de “morte à presidenta” –, porque deveríamos estranhar que essa convocação à “malhação de Judas” não encontraria campo fértil em meio a milhares de internautas ávidos por exibir toda a sanha reacionária e a falta de escrúpulo no debate político?

Por que nos surpreenderíamos com tantos cartazes pedindo a volta da ditadura em passeatas que a mídia louva como a fina flor da democracia? Por que nos espantaríamos com as bancadas evangélicas, da bala e do latifúndio a vociferar contra os direitos humanos?

Houve quem tenha se recusado a reproduzir, nas redes sociais, a imagem sórdida de uma mulher, de pernas abertas na boca do tanque de combustível de um automóvel. Compreendo e louvo a tentativa de evitar a banalização da cena. 

Inclino-me, no entanto, na direção contrária, por uma razão: não podemos deixar de ver, compreender e estar alerta contra o que ameaça destruir a dignidade humana. Ver para não se iludir sobre o crescimento da barbárie. Ver para denunciar o ódio que cega tantas pessoas que se consideram humanas, amorosas.

Estranhamente, começaram a surgir, também na internet, os indignados contra quem se indignou. Houve muitas críticas aos que optaram por mostrar as imagens anexas aos textos de protesto a esse ato de misoginia. Boa parte dos críticos não atacou os autores da fotomontagem que escandalizou o país. Preferiu desviar o foco do debate, para tentar atingir apenas aqueles que se disseram profundamente impactados pelo ato vil.

A imagem é grosseira e não cabe banalizá-la com reproduções gratuitas e comentários machistas. Mas é preciso mostrá-la a quem ainda não viu, para que percebam a extensão do que acontece hoje no Brasil, e acordem a tempo de evitar o pior. 

Há uma profusão de atentados à democracia e à dignidade humana. E, por serem desferidas contra o atual governo, contra Lula, Dilma e o PT, não faltam incentivadores desse ódio que brota de nossas raízes racistas, conservadoras e elitistas.

Há coisas que precisam ser vistas. Não há como esconder as atrocidades que o ser humano já foi capaz de perpetrar, ao longo de milênios. Algumas imagens têm o poder de alertar contra a fera humana, sempre numa tênue fronteira entre civilização e barbárie.

A imagem que repugnou o país é somente o ápice de uma ação que tem os donos da mídia como principais articuladores. 

É um movimento que também grita contra os direitos humanos, que não se conforma com a inclusão social, não se importa em entregar as riquezas e o futuro do país aos interesses do capital internacional, não se importa com uma justiça de duas caras, dois pesos e duas medidas, que não aceita as mudanças que ocorreram nos últimos anos beneficiando sobretudo os mais pobres.

Essa imagem é só uma amostra do nível de degradação a que estaremos expostos se as forças reacionárias dominarem novamente o Brasil.


Celso Vicenzi é jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas/SC, Prêmio Esso de Ciência e Tecnologia (1985). Atuou em rádio, TV, jornal, revista e assessoria de imprensa.


Postado no Sul21 em 08/07/2015


Nota

Se você quiser ver clique no link abaixo:








Enquanto houver Marietas Severo, Faustões não passarão




Eduardo Guimarães



O último domingo foi um dia de efervescência política – como de costume, a partir de São Paulo. Em um improvável dia para tantas emoções, em geral reservado ao descanso ante a semana “útil” que recomeça, demonstrações públicas de civismo e de intolerância.

Por onde começar? Talvez pelo mais importante. O que seja, que nem tudo está perdido.

O título deste texto alude a episódio ocorrido na última edição do programa Domingão do Faustão. O assunto está “bombando” nas redes sociais por conta de uma cena rara, nos últimos tempos. Uma mulher de feições serenas, fala firme, porém suave, se contrapôs a um discurso absurdamente derrotista e deprimente, vertido por um importante comunicador de massas em uma concessão pública de rádio e tevê, transformada em palanque eleitoral de forma absolutamente ilegal e incompatível com a coisa pública.

Antes de prosseguir, um lembrete: a faixa do espectro radioelétrico por onde é transmitida a programação da Rede Globo é como que uma via pública, pertence a todos e não pode ser usada por grupos políticos ou seus representantes, ao menos não sem que grupos políticos de todos os matizes possam se manifestar em igualdade de condições.

Todos sabem que há décadas que as famílias que detêm concessões de rádio e televisão neste país usam essas concessões para difundirem suas opiniões político-ideológicas, mas, no último domingo, essa lógica sofreu um abalo.

Apesar da iniciativa lamentável do apresentador Fausto Silva de formular um discurso derrotista e partidarizado contra o grupo político que ocupa o poder, o que se torna lamentável por ele ter achado lícito fazer esse discurso, ocorreu uma surpresa. Ao contrário do que costuma acontecer, quando a discordância de posições tão polêmicas costuma ser reprimida pelas Redes Globo da vida, convidada do “programa do Faustão” enfrentou, com rara elegância, a estupidez que acabara de ser proferida por seu anfitrião.

O vídeo abaixo mostra como a atriz Marieta Severo, ex-mulher do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, respondeu a afirmação absurda de Faustão, de que o Brasil seria “o país da corrupção”, “da crise”, enfim, de toda sorte de desgraças por conta de uma situação econômica que não é boa, mas que está longe de ser tão ruim quanto as que viveu em passado não tão distante e que superou com grande sucesso, até há alguns meses.




O grande gol de Marieta foi dizer, com clareza, que viver uma crise econômica não é novidade. Para quem tem memória – e cérebro –, basta lembrar do que o Brasil viveu há pouco mais de uma década, quando políticos que hoje se apresentam como “salvação” para o país pilotaram crise que causou danos muito piores ao emprego, à renda e ao social como um todo, sem falar no estado de miséria em que deixaram a economia do país, ajoelhada aos pés do FMI e sem reservas internacionais.

E só para que não restem dúvidas de que Marieta sabe do que está falando, aí vão alguns dados sobre quanto o país melhorou nos últimos anos, apesar das dificuldades momentâneas.

Produto Interno Bruto:

2002 – R$ 1,48 trilhões

2013 – R$ 4,84 trilhões

PIB per capita:

2002 – R$ 7,6 mil

2013 – R$ 24,1 mil

Dívida líquida do setor público:

2002 – 60% do PIB

2013 – 34% do PIB

Lucro do BNDES:

2002 – R$ 550 milhões

2013 – R$ 8,15 bilhões

Lucro do Banco do Brasil:

2002 – R$ 2 bilhões

2013 – R$ 15,8 bilhões

Lucro da Caixa Econômica Federal:

2002 – R$ 1,1 bilhões

2013 – R$ 6,7 bilhões

Produção de veículos:

2002 – 1,8 milhões

2013 – 3,7 milhões

Investimento Estrangeiro Direto:

2002 – 16,6 bilhões de dólares

2013 – 64 bilhões de dólares

Reservas Internacionais:

2002 – 37 bilhões de dólares

2013 – 375,8 bilhões de dólares

Índice Bovespa:

2002 – 11.268 pontos

2013 – 51.507 pontos

Empregos Gerados:

Governo FHC – 627 mil/ano

Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano

Taxa de Desemprego:

2002 – 12,2%

2013 – 5,4%

Valor de Mercado da Petrobras:

2002 – R$ 15,5 bilhões

2014 – R$ 104,9 bilhões

Lucro médio da Petrobras:

Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano

Governos Lula e Dilma – R$ 25,6 bilhões/ano

Falências Requeridas em Média/ano:

Governo FHC – 25.587

Governos Lula e Dilma – 5.795

Salário Mínimo:

2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)

2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

Dívida Externa em Relação às Reservas:

2002 – 557%

2014 – 81%

Posição entre as Economias do Mundo:

2002 – 13ª

2014 – 7ª

Passagens Aéreas Vendidas:

2002 – 33 milhões

2013 – 100 milhões

Exportações:

2002 – 60,3 bilhões de dólares

2013 – 242 bilhões de dólares

Desigualdade Social:

Governo FHC – Queda de 2,2%

Governo PT – Queda de 11,4%

Taxa de Pobreza:

2002 – 34%

2012 – 15%

Taxa de Extrema Pobreza:

2003 – 15%

2012 – 5,2%

Mortalidade Infantil:

2002 – 25,3 em 1000 nascidos vivos

2012 – 12,9 em 1000 nascidos vivos

Estudantes no Ensino Superior:

2003 – 583.800

2012 – 1.087.400

Risco Brasil (IPEA):

2002 – 1.446

2013 – 224

Operações da Polícia Federal:

Governo FHC – 48

Governo PT – 1.273 (15 mil presos)

FONTES:

47/48 – http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas

39/40 – http://www.washingtonpost.com

42 – OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU

37 – índice de GINI: http://www.ipeadata.gov.br

45 – Ministério da Educação

13 – IBGE

26 – Banco Mundial

Notícias, Informações e Debates sobre o Desenvolvimento do Brasil: http://www.desenvolvimentistas.com.br

Como se vê, país avançou muito em pouco mais de uma década. Alguns números pioraram do fim do ano passado para cá, mas ainda são muito superiores ao passado e a piora é recente.

Desconhecer tudo isso, como fez Faustão, e difundir o derrotismo, o pessimismo a partir de opiniões tão pouco embasadas, baseadas em mera conjuntura – que, como demonstra o retrospecto acima, pode ser revertida como foi a situação dramática do fim do governo Fernando Henrique Cardoso –, é triste.

Mas Marieta salvou o dia.

No mesmo domingo, porém, outros fatos políticos opuseram lucidez e estupidez.

O ex-ministro Guido Mantega voltou a ser agredido publicamente. Desta vez, com virulência ainda maior. As cenas impressionantes sugerem que a agressão poderia ter sido até física, se ocorresse em local que facilita a violência, como a rua.







Apesar de, nesta vez, o restaurante ter tomado providências ao retirar os agressores, infelizmente eles puderam dar seu showzinho.

Porém, mais uma vez, após a tempestade vem a bonança. O Blog do Luis Nassif publicou breve reflexão de lucidez que mostra que há muita gente, por aí, que sabe que não se pode deixar o fascismo proliferar dessa maneira e que a forma de impedir é divulgar evidências do perigo desse tipo de comportamento.

A histeria nazista


O clima de histeria fascista, inteiramente criado pela mídia que abandonou o jornalismo para fazer política, em breve produzirá vítimas fatais. Os argumentos racionais se tornaram inúteis, já que muitas pessoas – incrivelmente mal informadas – pensam com o fígado.

No filme Cabaret, de Bob Fosse, Brian (Michael York) fica muito impressionado com a atitude beligerante dos jovens nazistas que agridem um judeu. O nobre Maximiliam (Helmut Griem) diz que ele não se preocupe. “Vamos deixar que eles acabem com os comunistas, depois nós acabamos com eles”.

O tempo passa e, num almoço campestre, Brian e Maximilian assistem um jovem nazista cantar uma linda canção patriótica (O futuro me pertence) que contamina a todos, homens e mulheres se emocionam em louvor cívico. Briam comenta: “Você ainda acha que eles podem ser controlados?”.

Todos sabem quem tinha razão.




Como se vê, o pior veneno pode vir em uma bela embalagem, muitas vezes em mensagens supostamente patrióticas, mas que contém nada além de ódio.

O fascismo (que permeou o surgimento do nazismo) inspirou-se no nacionalismo e na demonização de grupos acusados de ser responsáveis por todas as agruras do passado, do presente e do futuro. Algo como o que se vê na cena abaixo, o nacionalismo verde-amarelo e os demonizados de plantão.




Felizmente ou infelizmente – depende do ponto de vista –, não foi só. Um ínfimo grupo de representantes do Movimento Brasil Livre foi à inauguração da ciclovia da Paulista fazer provocação político-partidária, por a bela obra ter sido executada por uma prefeitura do PT. Contudo, todos os vídeos disponíveis mostram que foram manifestações isoladas de pessoas que querem impor seus pontos de vista a um direito da cidade de São Paulo de comemorar uma obra de seu interesse.





O grupo, de cinco pessoas, chegou a levantar faixas na altura da Praça do Ciclista, já nas imediações da Paulista com a rua da Consolação, mas a iniciativa foi considerada “afronta” e “provocação” por ciclistas e cicloativistas presentes – que devolveram com gritos de “fascistas, golpistas!” e “A Petrobras é nossa!”.

Nas camisetas usadas pelo grupo provocador havia o nome do movimento “Brasil Livre”, e, nas costas, a frase “Estatais gastaram mais que o previsto”.

Felizmente, assim como nos outros atos de intolerância, este último também foi enfrentado por um belo clima de festa, de congraçamento ante medida de interesse público que promete civilizar a cidade e que está sendo bem avaliada por especialistas e por expressiva parcela dos paulistanos, como mostra o vídeo abaixo, do insuspeito Estadão.



Enfim, foi um domingo intenso. Um domingo que resumiu o momento pelo qual passa o país, em que estupidez e lucidez disputam espaço.

Dirão que a estupidez está vencendo, mas não é bem assim. Os grupos que querem o quanto pior, melhor, podem estar se aproveitando da comoção episódica diante de ajustes pontuais na economia, mas este país tem potencial de sobra para superar essa conjuntura e voltar ao prumo em que vinha até há algum tempo e que acabará sendo retomado, que ninguém duvide.


Postado no Blog da Cidadania em 29/06/2015