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Motorista critica vaga reservada “colorida” e acaba expondo algo que nem ele mesmo percebeu na gravação


Vídeo de motorista indignado em estacionamento gera revolta e milhões de visualizações


Um vídeo gravado em um estacionamento e divulgado nas redes sociais virou exemplo perfeito de como falta de informação pode virar cena de vergonha pública em poucos segundos.

Nas imagens, um homem filma uma vaga sinalizada para pessoas neurodiversas e, sem saber do que se trata, parte para o ataque como se estivesse diante de um “privilegio” voltado à comunidade LGBT+.

Visivelmente alterado, ele aponta para a pintura no chão e reclama em voz alta, chamando a iniciativa de “desgraça” e emendando a frase: “Isso é PT”. A associação equivocada mistura política, preconceito e desconhecimento.


O resultado foi uma enxurrada de críticas, memes e comentários irônicos de internautas, que destacaram o total desconhecimento do homem sobre o termo “neurodiversidade” e sobre o objetivo real da sinalização.

A vaga, na verdade, é destinada a pessoas neurodiversas — um grupo que inclui autistas, pessoas com TDAH, dislexia e outras condições neurológicas que impactam a forma como o cérebro processa informações, estímulos e rotinas.


Em muitos casos, indivíduos neurodiversos podem ter maior sensibilidade a barulho, luz, aglomeração ou desorganização, o que torna deslocamentos em locais movimentados mais desgastantes do que para a maioria das pessoas.

Esse tipo de vaga segue a mesma lógica das áreas reservadas para idosos, gestantes ou pessoas com deficiência: não é “privilégio”, é uma tentativa de reduzir barreiras e oferecer um mínimo de acessibilidade.


Ficar mais perto da entrada, evitar longas caminhadas em ambientes confusos e diminuir o tempo de exposição a estímulos intensos faz diferença concreta no dia a dia dessas pessoas.

Ao transformar uma medida de inclusão em motivo de ataque e chacota, o homem do vídeo acabou expondo algo bem maior que sua opinião sobre política: expôs como muita gente critica o que não entende.

A tal vaga não tem qualquer relação com orientação sexual ou identidade de gênero; é uma política de respeito a condições neurológicas reconhecidas e que, goste alguém ou não, existem e exigem adaptação do espaço público.





A ignorância não morreu





Anderson Pires*

A morte de Olavo de Carvalho é um fato carregado de simbolismos. O pseudopensador cumpriu o papel de sistematizar a negação ao saber. Como um oráculo do mundo bizarro, espalhava obscurantismo e um moralismo desumano de ultradireita. O defensor de teses absurdas como o terraplanismo, crítico do globalismo, escritor admirado por uma legião de figuras exóticas, foi alçado a grande influenciador nas decisões do país, com o título de guru do bolsonarismo.

A impressionante ascensão de Olavo de Carvalho diz muito sobre o culto a ignorância. Abre espaço para questionar: a quem serve esse tipo de idolatria, por alguém que propaga ideias sem qualquer fundamento científico? Mais estranho ainda, quando muitos dos seus discípulos são pessoas que tiveram acesso a boa educação, em algumas escolas e universidades renomadas, mas nem assim adotam tom crítico em relação aquilo que Olavo propagava.