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Você sabia que podemos economizar dinheiro mesmo com dívidas?



Economizar dinheiro parece um sonho distante para você? Ter uma reserva de emergência, ou uma reserva de férias, um fundo monetário que te permita realizar sonhos é coisa de “gente rica”, uma realidade estranha? Saiba que é possível que você comece agora, mesmo que esteja cheio de dívidas.

Neste artigo, queremos deixar algumas dicas simples para te ajudar a construir uma vida próspera, a ter liberdade, saúde, organização financeira, e assim ter a vida que sempre sonhou, com muita tranquilidade.

Logo abaixo você aprenderá:

como economizar dinheiro mesmo que esteja endividado;

como poupar de forma simples e muito eficiente;

como juntar dinheiro com uma técnica poderosa;

como funciona a lei da economia e da atração. Não deixe as dívidas para amanhã, coragem!

Milhões de pessoas no Brasil estão endividadas hoje, um número que corresponde a aproximadamente 60% da população. Dentro desse grande grupo, há os inadimplentes, ou as pessoas com dívidas atrasadas. São 35 milhões de devedores (o equivalente a 24,5% da população nacional) com atrasos de mais de 90 dias, e com valores acima de R$ 200,00.

Esses números nos mostram uma realidade preocupante. Há pessoas que sofrem por gastar demais e não conseguir juntar dinheiro, por transformar constantemente a sua vida em um caos financeiro, pois não conseguem quitar suas dívidas, e assim ficam tristes, chateadas, ou deprimidas com sua situação financeira. Algumas chegam a desenvolver quadros de ansiedade e até doenças físicas por não saber o que fazer para pagar as contas.

A partir daí, as pessoas começam a demonstrar uma falta de autoestima financeira. Passam a sentir incapacidade, tristeza, dor por não conseguirem manter as contas em dia, por não ter segurança financeira, e isso afeta a saúde emocional das pessoas endividadas.

A maior parte dos devedores confessa que é uma rotina faltar dinheiro no fim do mês, e que quase a metade de sua renda mensal está comprometida com dívidas. A princípio pode ser um problema contornável, já que a facilidade de acesso a crédito e compras parceladas deixa as pessoas momentaneamente tranquilas e com a sensação de que tudo se ajeita, mas essa ilusão leva as pessoas a perder o controle financeiro, que deixa toda a sua vida de cabeça para baixo.

Comprar com as emoções à flor da pele

O que acontece com frequência é que a maior parte dos consumidores apresenta um desequilíbrio emocional diante de vitrines e sites, fazendo-os comprar sem pensar nas consequências.

Primeiro vem a ansiedade por querer ter o produto à sua frente. Acontece um jogo de sedução, como se o próprio produto dissesse, através da sua propaganda, pelo marketing, que é um “bem” necessário e urgente, e como se sua vida não fosse mais a mesma sem ele. Além disso, dá para parcelar em até 18 vezes (normalmente só vemos quantas vezes e não os JUROS nas parcelas, e é aí onde mora o perigo)! Como resistir?

Partindo desse exemplo, podemos ter dois casos:

- O da pessoa que passou um dia terrível, está desconsolada e quer se sentir melhor. A compra é vista por ela como uma “terapia”, mas na verdade é uma válvula de escape, uma fuga da realidade. A pessoa perde a oportunidade de olhar para a situação de forma objetiva, pois se ilude com a sensação de bem-estar ao comprar algo para si. Comprar não é a real solução do seu problema;

- E o da pessoa que já tem de tudo, e quer uma novidade para sua vida. Ela já enjoou das coisas que já tem, então acaba se viciando nas compras. A pessoa já tem tudo o que precisa para sobreviver, mas não está satisfeita com algo em sua vida e acredita que a solução seja comprar, então se torna compulsiva e não consegue mais parar. Comprar também não a ajudará a resolver o seu problema, e sim te levará para longe da realidade.

Ambos os casos são chamados de compra emocional. Quando damos vazão às emoções na hora de decidir comprar, somos levados pelo imediatismo, pelo calor do momento. Mas se pararmos para pensar “Será que eu realmente preciso comprar isso? E precisa ser agora?”, poderemos começar a fazer o caminho inverso do endividamento, da via tortuosa das faturas altas do cartão de crédito, e encontrar uma saída para economizar dinheiro.

As estratégias do mercado e a inteligência ao consumir

Antes de economizar, é preciso entender como somos induzidos a comprar. Normalmente temos necessidades básicas no dia a dia, e alguns bens de consumo são muito úteis e importantes para nosso conforto e praticidade, numa rotina cheia de tarefas e compromissos.

Porém, sempre são lançadas coisas novas e melhores, mais rápidas, mais fáceis de usar. Sem que a gente perceba, estamos consumindo não porque precisamos, mas porque somos tentados e atraídos pelo canto da sereia, a propaganda muito bem feita e o marketing que é pensado e planejado para atrair cada vez mais, e de forma personalizada, os consumidores. Muitas vezes é algo inútil, mas aí já estamos hipnotizados e nem ligamos para a utilidade, simplesmente compramos.

Então, antes de cair na rede, e nas teias, perceba que é preciso comprar com as emoções sob controle. Mas antes de tentar, esteja certo de que você quer sair das dívidas e/ou economizar dinheiro. Quando estiver comprometido com esse objetivo, siga as instruções abaixo para se preparar para sua próxima compra.

Como poupar dinheiro

Faça um levantamento de tudo o que você tem. Essa técnica serve para pessoas que adoram roupas, calçados, livros, canetas, bebidas, comida, jogos de computador, esmaltes, bolsas, brinquedos, maquiagem, cosméticos, pratos, panelas; enfim, qualquer coisa que se acumule, seja colecionável, e você não tenha mais noção na hora da compra. Abaixo vamos usar as roupas como exemplo.

Abra seu guarda-roupa e conte quantas calças, camisas, vestidos, sapatos, tênis, meias, roupas íntimas, cachecóis, lenços, blusas, enfim, conte tudo o que tem e anote a quantidade de cada item, como se fosse o estoque de um armazém.

Coloque todas as quantidades em uma planilha, anote no papel, organize-se como achar melhor.

Guarde uma cópia dessa lista ou planilha em sua carteira, na bolsa, usando uma folha de papel. Você também pode fazer essa lista no bloco de notas do seu celular e salvá-la em algum lugar fácil.

Quando você ficar com vontade de comprar qualquer item da lista que você fez, consulte-a novamente e confira a quantidade. Se você já tem 5 pares de tênis, ou 4 bolsas, 3 livros novos, é sinal de que ainda não é hora de comprar um novo.

Usando essa técnica, você já pode começar a se policiar e a colocar em ação o seu lado racional do cérebro. Com essa lista, você poderá exercitar o poder de se questionar:

Eu quero comprar por que preciso ou só por comprar?

Eu realmente preciso comprar?

Qual é o grau de importância desse produto que quero comprar?

Posso esperar outro momento para comprar por um preço mais baixo?

Já pesquisei em todos os lugares onde sei que encontro produtos parecidos?Certamente, com essa técnica, você já sentirá alguma diferença no seu modo de pensar quando estiver comprando, e sairá do piloto automático.

Como juntar dinheiro

Saiba que é possível economizar dinheiro, mesmo se hoje você está endividado e não sobra dinheiro para nada, até fica com o saldo negativo em sua conta bancária. Quando se está numa situação como essa, a tendência é pensar que não há saída. Mas é tudo uma questão de hábito e reeducação.

Infelizmente, não somos educados desde pequenos para economizar, fazer reserva financeira, nem criar um lastro para o nosso patrimônio. É muito raro que isso aconteça, senão os dados seriam bem diferentes. Porém, o hábito de economizar é que nos garante sobreviver numa sociedade capitalista como a nossa, e podemos perder nossa qualidade de vida e nossa saúde se não criarmos a cultura de poupar dinheiro.

Como já vimos com a técnica do inventário, é possível mudar nossa mentalidade de comprador compulsivo/emocional para comprador consciente, e isso vai mudar significativamente nossa forma de consumir. E para deixar de se endividar, precisamos mudar nossa realidade. O primeiro passo é deixar de comprar por impulso.

No início, é essencial buscar informação e estar sempre em movimento, assim como você está fazendo agora ao ler este artigo. Hoje em dia há muitos livros sobre o assunto, como O Criador da Realidade e o Conexão com a Prosperidade (clique nos links para conhecer). Outra coisa é mudar sua forma de pagar pelo que comprou. Isso quer dizer que você não irá mais pagar tudo com o cartão de débito ou crédito.

Dicas para economizar dinheiro

Para que você possa economizar, o primeiro passo é pagar todas as suas contas mais importantes logo que receber seu salário ou tiver dinheiro na sua conta: despesas da casa, água, luz, telefone, aluguel, enfim, contas que se você não pagar, pode ficar sem o serviço. São coisas básicas e primordiais para o cotidiano. Não vale pagar coisas supérfluas antes de todas essas.

Feito isso, você usa o que sobrar em dinheiro, ou seja, saque o valor no banco para usar em outras necessidades do mês. Se você for a uma loja, ao mercado, a um restaurante, pague sua compra com dinheiro. Você deve estar se perguntando por que, mas mais adiante vamos explicar.

Se você pagar com dinheiro, logo, receberá um troco, em notas e moedas. As moedas serão importantes no processo de juntar dinheiro. Você, então, vai guardar todas as moedas em algum lugar. Você vai pagar tudo o que puder em dinheiro, e guardar o troco em um recipiente. Pode ser uma caixa, uma lata, um cofre, qualquer coisa em que as moedas fiquem reservadas.

Além de você conseguir “ver o dinheiro” que está gastando, terá mais controle sobre ele e passará a pensar melhor antes de sair comprando as coisas. Quando usamos o cartão de débito e de crédito, nós não vemos o dinheiro e achamos que está tudo bem, que o dinheiro continua a salvo na conta. Mas já sabemos que não é bem assim...

Como guardar dinheiro

Pode ser divertido se você mobilizar todo mundo da sua casa para juntar moedas e recuperar o orçamento familiar. Tendo um esforço conjunto, a tarefa fica mais fácil e o resultado final, mais prazeroso. Explique para todos que o objetivo é sair das dívidas e economizar o máximo que puderem toda semana. O recipiente das moedas fica em um lugar de fácil acesso a todos e o combinado é não gastar nenhuma moeda, e sempre ir alimentando essa poupança.

Ah, e além de contar com a ajuda para guardar dinheiro, todos se monitoram para não quebrarem o acordo. Não vai adiantar se alguém pegar as moedas escondido ou por uma “emergência”. Dessa forma, o objetivo não será atingido.

Depois de uma semana, conte o valor que conseguiu juntar. Não precisa ser muito. Se você conseguir juntar R$ 3,00, já será motivo para comemorar. O objetivo é começar e a velocidade não importa tanto nesse momento.

Se conseguir juntar muitas moedas, vá até algum estabelecimento comercial e troque suas moedas por notas. É importante fazer isso porque, hoje em dia, há menos dinheiro circulando, pois a maior parte das transações é feitas por cartão. Então podemos ir toda semana trocar as moedas para não desabastecer a economia. Em seguida, deposite as notas em uma poupança que você não tenha acesso fácil.

Caso você ainda não tenha uma poupança, abra uma especialmente para isso. Os bancos não costumam cobrar para mantê-la aberta e ativa. De preferência, usa-a somente pela agência do banco e faça apenas depósitos. O intuito dela é de juntar a maior quantia que você puder, dentro das suas condições.

Por que seguir essas dicas?

Em primeiro lugar, existe um motivo para você estar endividado. Geralmente, as pessoas se esquecem de se organizar e se planejar financeiramente. As dívidas surgiram do descontrole emocional e da desorganização financeira. Se você continuar desorganizado, certamente continuará com dívidas e não sairá do lugar. Além disso, o seu desânimo e a sua ansiedade com a situação são energias que enviam um sinal para o Universo mais ou menos assim:

“Nossa, eu estou numa situação muito difícil, não posso mais pagar nada. Tomara que não apareça nenhum imprevisto, pois estou sem dinheiro...”

As sensações ruins junto com pensamentos como esse atraem mais escassez, mais falta de dinheiro e dívidas, e por isso as coisas não se resolvem. Você já percebeu que, quando está endividado, o dinheiro não dá para nada, parece que some? Isso acontece por causa dos pensamentos, emoções e atitudes negativos, de medo e ansiedade com o dinheiro. E como mudamos isso?

Em primeiro lugar, pare de fazer novas dívidas. Se não pode pagar as que tem, peça para renegociar, e pare de comprar compulsivamente. Seguindo as dicas e técnicas que já ensinamos acima, as coisas vão melhorar aos poucos.

Essa prática é regida por uma lei natural que comanda o nascimento de todas as coisas do Universo. As plantas nascem a partir da germinação de uma única semente. Os seres vivos, da fecundação de uma célula, a célula surge a partir do seu núcleo.

Tudo surge a partir de uma pequena partícula que se unta outra, e outra, e aos poucos se multiplicam até crescer, se reproduzir e tornar-se uma árvore, uma flor, um animal, um homem, um ecossistema, um planeta. Portanto, sua poupança começará da mesma forma, pequena. Mas se continuar alimentando esse campo de energia financeiro e de abundância, sua vida financeira poderá se tornar saudável e próspera em pouco tempo.

Enquanto estiver “com a conta no vermelho”, corte gastos supérfluos, fique apenas com o essencial para sua vida. Siga a lei da economia: gastar menos do que ganha. Organize suas contas, coloque no papel todos os gastos que você tem.

Use dinheiro vivo e guarde o troco sempre, usando a técnica acima. Se alguém lhe pedir moeda, diga que não tem. Na verdade, evite ter moedas com você ao sair de casa, prefira guardá-las no seu cofre sempre que chegar em casa, junte o quanto puder durante o dia e esvazie sua carteira no fim do dia. Ande apenas com notas.

Quando estiver com a situação controlada, continue mantendo a cultura de poupar. Essa prática manda uma mensagem para o Universo inversa à anterior: “Eu sou um poupador e quero criar um lastro, uma reserva de dinheiro para fazer o que eu quiser. Tenho abundância e sei usar o dinheiro com inteligência.”

A partir dessa mensagem, o Universo enviará para você tudo o que está compatível com as vibrações emanadas por ela, que é mais dinheiro, mais satisfação. Estando com as contas em dia, você fica mais tranquilo, seguro, sua saúde mental e emocional melhora, e assim você começa a atrair prosperidade para sua vida. Essa é a dinâmica da lei da atração magnética.

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Muita Luz ! 

Bruno J. Gimenes


Professor e palestrante, ministra cursos e palestras pelo Brasil.




Dinheiro é importante, mas se focarmos apenas nele, nossa vida perde sonho, realização e encantamento. Priorizar, exclusivamente, o acúmulo de dinheiro e bens materiais pode levar à perda de experiências e sentimentos essenciais para uma vida plena e significativa.

 ( nota de Rosa Maria - Editora do Blog )






Guerra na Europa escancara o caos econômico do Brasil

 

Capa de 2009 : Brasil Decola 


Capa de 2021 : Brasil Desolado 




Ela não reclamou quando, no governo Temer, a gasolina
 começou a ficar cara ...

 E nem agora, com Bolsonaro, que está R$ 8,00

Cadê ela ? 







Guerra na Europa escancara o caos econômico do Brasil

 

Capa de 2009 : Brasil Decola 


Capa de 2021 : Brasil Desolado 




Ela não reclamou quando, no governo Temer, a gasolina
 começou a ficar cara ...

 E nem agora, com Bolsonaro, que está R$ 8,00

Cadê ela ? 







Moro, Dallagnol e a Lava Jato destruíram o Brasil

     












Moro, Dallagnol e a Lava Jato destruíram o Brasil

     












5 coisas que irão ocorrer em 2021 no grande reset

 







5 coisas que irão ocorrer em 2021 no grande reset

 







O mundo pós-pandemia


No mundo pós-pandemia, haverá espaço para escritórios não digitais?








10 Tendências para o Mundo Pós-Pandemia


Confira as 10 tendências para o mundo
 pós-pandemia


Consumir por consumir sai de moda, trabalho remoto, atuar mais no coletivo com colegas de empresas, ou vizinhos do bairro. A Covid-19 vai rever valores e mudar hábitos da sociedade.


1. Revisão de crenças e valores

A crise de saúde pública é definida por alguns pesquisadores como um reset, uma espécie de um divisor de águas capaz de provocar mudanças profundas no comportamento das pessoas. “Uma crise como essa pode mudar valores”, diz Pete Lunn, chefe da unidade de pesquisa comportamental da Trinity College Dublin, em entrevista ao Newsday.

“As crises obrigam as comunidades a se unirem e trabalharem mais como equipes, seja nos bairros, entre funcionários de empresas, seja o que for… E isso pode afetar os valores daqueles que vivem nesse período —assim como ocorre com as gerações que viveram guerras”.

Já estamos começando a ver esses sinais no Brasil — e no centro de São Paulo, com vários exemplos de pessoas que se unem para ajudar idosos, por exemplo.

Está ruim e vai piorar !



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Colapso econômico global : Devemos, também no Brasil, estocar alimento e água ?



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Direita prefere destruir o país a aceitar justiça social





Eduardo Guimarães

O biênio 2013 – 2015 ficará registrado na história como um período em que uma das maiores nações do mundo cometeu um literal suicídio. Com requintes de crueldade, tomada por um surto autodestrutivo que talvez jamais seja explicado.

Há míseros dois anos, o Brasil despontava como potência emergente – finalmente o país do futuro estava se tornando o país do presente.

A economia crescia pouco, mas crescia continuamente; a inflação estava alta por conta da forte demanda, mas estava controlada; a taxa de investimento privado vinha subindo; o desemprego caía mês a mês.

Enquanto o resto do mundo se contorcia em uma crise internacional interminável, então no quinto ano, com europeus e americanos à beira da convulsão social, o Brasil parecia uma ilha de prosperidade e estabilidade.

A nova classe média vivia um sonho dourado. Famílias viam seus filhos e netos se tornarem os primeiros universitários da linhagem, o sonho da casa própria se materializava, os salários tinham cada vez mais poder de compra.

Eis que surge, na maior metrópole, um movimento inexplicável. Com a renda em ascensão e o desemprego despencando, partidos de esquerda, professores universitários e estudantes desencadeiam uma guerra contra aumentos de passagens no transporte público.

As passagens de ônibus e metrô iriam subir 20 centavos. Em um momento de valorização dos salários e queda do desemprego, não era para tanto. Mas esses grupos radicalizados tinham uma proposta tentadora – para os incautos: em vez de aumentar o preço do transporte público, a endividada capital paulista deveria fornecer transporte de graça para todos.

Décadas de problemas no transporte público foram jogados no colo do recém-empossado prefeito paulistano, Fernando Haddad.

Um prefeito que mal tomara pé da situação escabrosa da administração herdada de José Serra e Gilberto Kassab, obviamente que não tinha meios de atender à demanda surpreendente de, do nada, oferecer transporte público de graça para todos ou ao menos transferir para os cofres públicos, já combalidos, o custo dos reajustes contratuais com as empresas de ônibus.

Os grupos de ultraesquerda, porém, tinham um plano para pôr de joelhos o novo prefeito. Importaram uma tática de protestos conhecida como “bloco negro” que se valia da destruição do patrimônio público e privado, com uso até de bombas incendiárias, para parar a cidade, impedindo o trânsito nas principais vias de acesso e desesperando a população que tem que ir trabalhar e retornar para casa todos os dias.

A influência de “pensadores” de ultraesquerda sobre as mídias, sobretudo as mídias alternativas, romanceou aquele processo. Sem alguma razão lógica em um país que vinha se desenvolvendo a passos largos e distribuindo renda, aquele processo foi visto como positivo.

Eis que o governo paulista, controlado pela direita fundamentalista religiosa, opta pela violência como forma de conter os abusos contra o povo paulistano em vez de buscar diálogo. Da violência policial, brota, então, um fortalecimento do movimento radical.

Incrivelmente, os grupos radicalizados ditos “de esquerda” se voltam contra o prefeito em vez de culparem o governador e o partido de Fernando Haddad vira a Geni das manifestações. Às dezenas de milhares, entre bandeiras de partidos como PSOL, PSTU, da Rede de Marina Silva e outros, os brados de “fora, PT!” ecoam pelos quatro cantos do país.

Agora, após a violência da ditadura tucana em São Paulo, as ruas de todo país são tomadas por centenas de milhares de congêneres dos bichos-grilos paulistas aos brados de “Fora, PT!”. Vendo aquelas marés humanas bradando contra o partido que governa o país, Dilma Rousseff torna-se depositária de uma revolta por vinte centavos.

Nesse momento, a extrema direita vê oportunidade que não encontrava havia mais de uma década. E sai à rua.

Todo lixo social do pais invade as ruas, agora transformadas em uma gigantesca rave em que cabiam de radicais de esquerda a neonazistas. A mídia corporativa vê a oportunidade que tanto ansiava e minimiza a insensatez que se apossa do país. E até a incentiva.

Eis que em meados de junho de 2013 os autores esquerdistas daqueles protestos se dão conta de que pavimentaram as ruas para a ultradireita e se recolhem, após dobrarem os governos do Estado de São Paulo e da capital na questão dos aumentos das passagens.

Chega 2014 e a ultraesquerda tem outra ideia de jerico. Decide que a Copa do mundo era a culpada por todos os males nacionais e volta às ruas quebrando e incendiando, tentando impedir a realização do evento. O país perde a oportunidade de obter lucros altíssimos, pois o fluxo de turistas acaba sendo muito menor do que poderia.

Nas redes sociais, grupos organizados de extrema-direita e extrema-esquerda tratam de compor vídeos e memes em inglês para assustar os turistas estrangeiros, chegando a dizer que se viessem ao país correriam risco de vida devido à radicalização dos protestos contra a Copa.

Chega a eleição presidencial e Dilma Rousseff parece ter poucas chances de se reeleger. A economia já se combalia diante dos ataques pela esquerda e pela direita, que assustaram investidores e ensejaram uma progressiva paralização da economia.

Enquanto isso, os dois candidatos de oposição mais competitivos ameaçam o país com reformas ultraliberais como privatização de bancos públicos, desvalorização do salário mínimo, independência do Banco Central.

A esquerda radical percebe que não poderia implantar o socialismo e, pior, que estava para ver surgir um regime ultraliberal que resultaria em graves retrocessos, sobretudo no que diz respeito ao processo de distribuição de renda que fez o índice de Gini brasileiro melhorar como jamais ocorrera desde que fora criado para medir a concentração de renda das nações.

Por pouco, muito pouco, Dilma se reelege. Porém, o custo de quase dois anos de sabotagens da economia, com redução drástica de investimentos devido à insegurança gerada pela política, impõe que as políticas anticíclicas sejam abandonadas.

Não dá mais para renunciar a impostos para manter o ritmo da economia, do crescimento, dos salários e da queda do desemprego. Há que fazer um ajuste fiscal. Muito mais brando do que seria feito pelos principais candidatos a presidente derrotados por Dilma, mas, ainda assim, um ajuste duro, pois implicaria em um freio de arrumação na economia.

Sem novas sabotagens, porém, em alguns meses estaria tudo resolvido. A economia daria uma parada, mas, no segundo semestre – agora com os investidores mais confiantes devido ao equilíbrio entre receita e despesa –, o país recomeçaria a crescer, o emprego voltaria a subir, os salários a se valorizar e a desigualdade a cair.

Eis que a extrema-direita se recusa a aceitar o processo de soerguimento do país. Unindo-se à centro-direita tucano-midiática e a grupos radicais conservadores incrustados na Polícia Federal e no Ministério Público, desencadeia uma ofensiva “contra a corrupção” que paralisaria a economia ao emitir sentenças condenatórias contra grandes empresas antes do devido processo legal.

Já não é mais polêmico dizer que a política está destruindo a economia. Todos já reconhecem que a política está afundando o país.

Os grupos de ultradireita fazem a festa. Pouco lhes importa o futuro. Só a destruição da esquerda – inclusive daquela que tanto os ajudou – interessa. Saem à rua, agora sem pudor, e pedem nada mais, nada menos do que um golpe militar. A esquerda a tudo assiste impassível, em seu mimimi contra medidas econômicas sem as quais o país afundaria muito mais.

Esse é o resumo da ópera. A direita radical ataca por um lado, a esquerda radical ataca por outro e o país mergulha em um buraco político, econômico e institucional cujo fundo ainda não é possível vislumbrar.

Em breve, os próximos capítulos do suicídio do Brasil.


Postado no Blog da Cidadania em 21/06/2015



NOTA

Ótima análise do triste momento do nosso país. Estamos vendo o Governo Federal refém de grupos radicais que querem tirar a Presidenta Dilma e voltar aos governos neoliberais e entreguistas de antes de 2003.

Se nada for feito para barrar os excessos de poder do juiz Moro, de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, o PT será destruído e o país sofrerá grave retrocesso em várias áreas.

E o pior de tudo, perderemos o Pré-Sal que é nosso principal passaporte para o desenvolvimento e para a vida que sempre sonhamos e merecemos.

E é claro que não podemos esquecer que todo este quadro se pinta e continuará sendo pintado com as pinceladas de TERROR MIDIÁTICO dos donos da mídia corporativa brasileira e internacional, que querem um Brasil subalterno aos seus próprios interesses e aos interesses dos Estados Unidos.

A Presidenta Dilma precisa sair de seu gabinete, entrar em contato mais direto com o povo, dialogar mais com o Congresso, usar mais os rádios e tvs, sentar na mesa para dialogar e fazer acordos com os trabalhadores em greve, entre outras coisas.

( Rosa Maria - editora do blog )



Pingos nos is



Rodolpho Motta Lima

A hipocrisia, como a desonestidade ou a corrupção, não admite gradação. Não há maior ou menor hipocrisia, assim como inexiste desonestidade mínima ou máxima, corrupção de grande ou de pequeno porte. 

A hipocrisia da nossa mídia, por exemplo, não é maior nem menor do que as que ela denuncia na política. A sua desonestidade é tão grande quanto qualquer outra quando sonega informações ou trata com privilégios certos pontos de vista sem a apresentação equivalente do contraditório.

E ela é cúmplice da corrupção quando, em nome de interesses políticos, elege a dedo um caso e deixa de lado, acintosamente, todos os demais , que têm como protagonistas os seus aliados.

É por isso, é só por isso, que defendo a democratização dos meios de informação – sempre lembrando que alguns deles são concessões públicas - , de modo a impedir que meia dúzia de famílias brasileiras – afinadas ideologicamente em torno de interesses que não são os nacionais - detenham o monocórdio poder de distorcer fatos ao seu bel prazer.

Não vivemos o melhor dos mundos no Brasil de hoje. Mas ninguém vive o melhor dos mundos na Terra de hoje. Sem precisar ser um especialista, qualquer bom leitor do planeta pode perceber os sérios problemas que envolvem, hoje, os caminhos da humanidade. 

Se nos voltarmos para a economia, veremos a derrocada de grandes países da Europa, com seus índices expressivos de desemprego, a estrondosa desaceleração do império norte-americano, a previsível falência desse sistema integrado de mercados que vincula os descalabros das grandes corporações bancárias à infelicidade dos cidadãos do mundo inteiro.

Não vivemos o melhor dos mundos no Brasil, mas vivemos melhor, no Brasil, que o mundo em geral.

Só a desfaçatez dos manipuladores da informação consegue não enxergar isso. Só essa preocupação mórbida com as previsões catastróficas e terroristas pautadas pelos patrões midiáticos faz com que alguns profissionais trabalhem sempre com meias verdades, repletas de parcialidade. 

Temos a “imprensa do tomate”, aquela que preconizou uma inflação galopante a partir de um problema sazonal que envolvia um único produto da mesa do brasileiro. 

Temos a imprensa de analistas e especialistas escolhidos a dedo para repetir os mantras da turma que até hoje não engoliu três derrotas seguidas afirmadas pelo maior dos ícones da democracia: o voto.

Afirmei e afirmo minha independência quanto a partidos políticos, nesse conturbado sistema que obriga a governabilidade a criar “sacos de gatos” em que os princípios ideológicos cedem a pragmatismos de ocasião. 

Afirmo, aqui, inclusive, minha insatisfação em ver, “aliados” do atual Governo, os atores de sempre – aqueles mesmos que povoaram gabinetes repressores da ditadura, salões colloridos pouco respeitáveis ou festas da privataria tucana. 

Reafirmo aqui meu desconsolo com agremiações partidárias, cuja integridade é incompatível com o sistema político vigente.

Nada disso, porém, me impede de posicionar-me a favor de medidas que se voltem para a diminuição das desigualdades sociais, para o combate à miséria, para a dignidade do ser humano, para a afirmação cidadã.

Cético em relação a utopias, aplaudo, no entanto, tudo que se aproxima da justiça social. Nesse sentido é que me coloco a favor de muitas das medidas tomadas pelos últimos governos, os que sucederam ao neoliberalismo clássico dos tucanos.

Como ignorar os inéditos e baixíssimos índices de desemprego entre nós, na contramão do panorama de grandes potências do planeta? 

Como não aplaudir as significativas quedas na mortalidade infantil, o aumento das expectativas de vida, ou os níveis de redução do trabalho escravo?

Como ignorar que esses governos tiraram algumas dezenas de milhões de pessoas da pobreza, através de programa consagrado no mundo inteiro? 

Como não valorizar o acesso de milhões de pessoas a bens e serviços de que não dispunham, a ponto de constituírem uma “nova classe média”? 

Como não nos orgulharmos da ascensão internacional do país, cuja voz hoje é respeitada e interfere no cenário mundial? 

Como colocar-se contra um programa que pretende levar médicos a quem não tem, em nome de corporativismos perversos?

Críticas sempre haverá. Eu ainda penso que os bancos brasileiros continuam deitando e rolando com seus lucros astronômicos , penso que é preciso alavancar, e muito, os índices de saúde, educação e moradia do povo, penso que agências reguladoras devem abandonar uma certa cumplicidade perversa com os malfadados planos de saúde e as oportunistas empresas de telecomunicações (orgulho dos privatistas), penso que as nossas tarifas de celular não podem ser as mais caras do mundo, penso que o Governo deveria insistir na criação da Lei dos Meios, penso, enfim, que há muito por fazer.

Mas, se você prestar bem atenção e não quiser aderir cegamente às manipulações que andam por aí, perceberá que o neoliberalismo não tem nenhuma resposta a dar para esses problemas e, pelo contrário, só tende a acentuá-los.

A mais recente falácia dessa turma – agora acumpliciada com “novos velhos atores” que, convenientemente, renegaram apoios e convicções antigas - foi a crítica ao modelo de leilão de Libra, o do pré-sal. 

Tudo sempre pode ser melhor. É o caminho natural das coisas. Mas Dilma está certa quanto ao modelo.

Não dá para a Petrobras, sozinha, bancar a monumental exploração desses recursos. 

É preciso contar com parcerias sólidas, mas mantendo a ingerência nacional no negócio pactuado. 

O entreguismo de sempre preferiria tirar a Petrobras da jogada e, em nome dessa coisa pérfida chamada mercado, alienar o patrimônio do país à saga do lucro internacional.

O que se está fazendo é bem diferente do processo neoliberal de privatizações. É preciso ser hipócrita, intelectualmente desonesto, para não enxergar isso. Ou, então, estar a serviço de outros interesses...

Bom, cada um põe os pingos nos is do jeito que acha melhor. O meu jeito é esse. Tem gente que põe e tira, e fica “enredado”, em cima do muro. Tem gente que nunca escreve os is com os devidos pingos...

Rodolpho Motta Lima : Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.


Postado no site Direto da Redação em 27/10/2013
Trechos do texto grifados por mim
Ilustração inserida por mim

Raça é racismo, preconceito é elitismo e a violência é contra todos




”A única obscenidade que conheço é a violência”.
(Jim Morrison – 1943/1971).

Por Davis Sena Filho 


   Todos nós sabemos que o Brasil é um País injusto, com enorme concentração de renda, de terras e com uma história cruel de exclusão social, no que concerne ao acesso da população brasileira ao ensino, à saúde, à moradia, à terra e ao emprego. 

   Essa situação se eterniza no nosso País porque não convêm às classes dominantes, que controlam as áreas econômicas, políticas, acadêmicas, científicas, além dos setores ligados à segurança do estado nacional, democratizar e distribuir as riquezas e o conhecimento que as instituições privadas e estatais adquiriram através do tempo, em 511 anos de história desse País.

   O Atlas elaborado em 2003 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) denuncia e aponta mazelas sociais e econômicas graves que oprimem e retiram o direito à cidadania plena da população brasileira formada por cidadãos negros e pardos. É lamentável e vergonhoso que pequena parte da sociedade brasileira, que controla os sistemas de produção, financeiro e principalmente de comunicação, além de milhões de hectares de terras, não tenha chegado à conclusão que enquanto houver exclusão social e econômica a ditar a rotina de vida dos brasileiros haverá sempre espaço para a perpetuação da miséria, da ignorância, da prostituição, do tráfico de drogas e de armas, da violência e da banalização de homicídios.

   Não é possível também que os estados brasileiros, por intermédio de seus governos, não efetivem, com a celeridade necessária, políticas públicas que ajudem a conter, com urgência, o momento caótico, de degradação moral, pelo qual passa a sociedade brasileira, que, refém da criminalidade e ainda da miséria, não sabe a quem recorrer e nem a quem pedir proteção, porque no Brasil a Justiça tarda e falha. 

   A taxa de homicídios no Brasil, no período de 1992 a 2007, cresceu 32% em 15 anos, conforme pesquisa IDS 2010 (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável) divulgada pelo IBGE. Em 2007, de acordo com o IDS, a média foi de 25,4 mortes para cada 100 mil habitantes, enquanto em 1992 o índice ficou em 19,2 mortes. No ano de ano de 2008, a média foi similar.




   O estudo indica ainda que cerca de 47 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. A grande maioria das vítimas era negra. Os Estados Unidos, durante 13 anos de guerra no Vietnã, perderam 54 mil soldados. Portanto, temos em nosso território uma guerra muito mais cruel e sanguinária, verdadeira guerrilha urbana e rural, despida de ideologias, mas solidificada no desejo de consumo e na vontade de auferir lucro e vantagem, mesmo se o lucro for de natureza ilegal.

   Nós vivemos a apologia “do ter” e não “do ser”. O mercado, a publicidade, a propaganda e o marketing apregoam que o cidadão somente será aceito ou terá sucesso se ele comprar, usar, beber ou comer os produtos por eles inventados e fabricados e vendidos nos balcões de negócios em que se transformaram os meios de comunicação — porta-vozes do sistema de mercado massificado. 

   É a ditadura da futilidade, da leviandade, do engano e da mentira. É a indústria do que é, efetivamente, descartável, porém, com o tempo, cara para sociedade, que “entra de cabeça” nesse engodo, por não se preocupar com as coisas que realmente edificam o desenvolvimento humano, que é a cultura, o ensino escolar de base e universitário, a saúde e o acesso universal aos serviços públicos, de preferência de boa qualidade. O restante vem depois, sempre vem, quando uma civilização se torna mais homogênea, quando as diferentes classes sociais diminuem as desigualdades, as contradições e os antagonismos.

   Os nossos garotos se matam entre si, enfrentam a polícia e quem mais tiver de enfrentar para ter status, namoradas, o tênis da moda, o carro “oferecido” pela publicidade, a bebida do sucesso, além das roupas e cosméticos que os meios de comunicação garantem que são o máximo. A questão é de auto-afirmação em relação à comunidade em que vivem, bem como a quase total ausência de valores morais, familiares, educacionais e religiosos.




   Vazios de princípios pétreos, como trabalhar, estudar, respeitar o semelhante, ser cidadãos honestos e lúcidos e dignos entre seus contemporâneos, muitos de nossos garotos preferem transitar por veredas tortuosas, sendo que a maioria delas não leva a lugar algum — a não ser ao abandono social e familiar, cujo destino é a cadeia, se tiver a sorte de não parar no cemitério. 

   Entretanto, faço uma ressalva: a enorme parcela dos garotos que são acusados e processados pelo estado de transgredir as leis, as regras e cometer crimes de modalidades diversas têm origem humilde, são filhos de famílias carentes, e, por ser pobres, geralmente são indivíduos de etnia negra ou parda.

      Essa realidade existe porque a maioria dos criminosos brancos não usa armas para roubar ou matar. Os criminosos brancos têm como armas a caneta, a força política e econômica, o poder de influência na Justiça, no Legislativo, no Executivo e na polícia — em todas as polícias. O criminoso branco geralmente estudou e tem bons e caros advogados, que são pagos, regiamente e fartamente, com o dinheiro cuja origem é a corrupção estatal associada à iniciativa privada, além do roubo de mercadorias, da manipulação da gasolina e do álcool, das licitações fraudulentas, do roubo de carros e caminhões e, como não poderia deixar de ser, tal qual acontece com os negros das favelas, do tráfico de drogas e armas.

   Neste último caso, o criminoso branco não troca tiros com grupos rivais ou com a polícia, porque ele somente atua no atacado. O varejo fica para os negros, que defendem seus territórios por meio do enfrentamento à bala. O criminoso branco não se expõe, porque tem recursos e meios para isso. As palavras até agora escritas me levam a afirmar que a violência, o racismo e a pobreza são irmãos siameses. São unidos umbilicalmente. Um é resultado de outro; é conseqüência. E sempre foi assim, desde o início da humanidade. Por isso, que a criminalidade tem de ser combatida, por intermédio também da repressão do estado, mas, principalmente, por meio da melhoria das condições de vida das pessoas que vivem à margem da sociedade e abaixo da linha de pobreza.

   Repressão, por si só, não acaba com a miséria material e com a miserabilidade humana. Criminoso tem de ser preso, seja ele rico ou pobre, mas os políticos, os economistas, os sociólogos, os professores, os jornalistas e os administradores, se forem sensatos e inteligentes, saberão compreender que a miséria é a mãe do crime e da degeneração social e moral.




   O estado pode prender cem, mil; prende-se um milhão de pessoas, mas é imperativo realizar a distribuição de renda e de terras. Equacionar os impostos, criar empregos, diminuir os tributos e exigir um novo reescalonamento das dívidas públicas, principalmente a interna, porque a externa atualmente é praticamente da iniciativa privada e ela que arque com suas responsabilidades. E o estado nacional que a deixe arcar, porque os empresários apoiaram o neoliberalismo e portanto, que paguem por seu erro.

   O contribuinte tem de exigir serviços públicos de boa qualidade do estado e o estado tem a obrigação de atender as pessoas que dele necessitam, e, obviamente, os empresários não fazem parte desse grupo que depende da atenção do estado. Além do mais, o grande empresariado admira e prega a frase “quem não tem competência não se estabelece”. 

   Então que ele faça jus ao slogan e não procure o estado quando fracassar, atitude que todos nós sabemos que nunca acontece, como ocorreu na Europa e nos EUA, a partir da crise iniciada em 2008, quando os estados nacionais tiveram de socorrer a incompetência e a irresponsabilidade dos empresários, e a falta de regras regulatórias para fiscalizar e punir os diversos mercados, além de cobrar a leviandade da imprensa privada (privada nos dois sentidos, tá?) e de seus “especialistas” de prateleira, que caíram com seus burros n’água, por causa do derretimento do neoliberalismo, que eles defenderam até se afogar na própria irreflexão, insensatez e má-fé.

   Para isso, o Governo precisa ter coragem, disposição e, por intermédio desse processo, levantar recursos para combater a criminalidade, a ignorância e a miséria. Isso pode ser feito e está a ser realizado. Só não vê quem não quer, talvez por ideologia, preconceitos ou simplesmente ignorância. Ou talvez estivesse em um processo de coma durante dez anos e depois acordou e por isso não percebe as mudanças que aconteceram na última década no Brasil. Uma verdadeira revolução, que ocorreu sem repressão aos movimentos sociais e às instituições e entidades públicas e privadas. 

   Sem repressão contra o povo brasileiro. Porque os números econômicos e financeiros e sociais estão aí, para quem quiser ver, analisar e estudar. Instituições e órgãos como IBGE, BC, Receita, Fazenda, Tesouro, BB, CEF, Sudene, Sudam, BNDES, PNUd e Unicef estão abertos para quem quiser pesquisar os números econômicos e os índices sociais do Brasil e de seu povo. Compete a quem duvida ir atrás desses números.




   Muitos dizem que as coisas são complexas e demandam tempo e dinheiro. Mas quem afirma esse tipo de coisa, esse despropósito, é porque não quer mudanças. Na verdade, quer manter os privilégios, ou até mesmo, por ignorância ou conservadorismo, não consegue compreender, com precisão, o que está a acontecer no Brasil — a sétima maior economia do mundo, aceite ou não a direita partidária urbana e rural e a imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?). 

   Todavia, sei de uma coisa: apesar de reconhecer, e muito, que o Brasil avançou espetacularmente no Governo Lula, permanece ainda no fundo do meu coração o sentimento de que o País ainda não é confiável para as gerações vindouras, que poderão (a gente nunca sabe) ficar igualmente expostas ao que a minha geração, infelizmente, está cansada de ver: violência, pobreza, impunidade e os 10% mais ricos do País a concentrar 75,4% da riqueza produzida pelos brasileiros, conforme pesquisa do Ipea de 2010.

   Caro leitor, o Produto Interno Bruto (PIB) mostra as riquezas do País, enquanto o Índice de Desenvolvimento Econômico (IDH) mostra a pobreza. Evidentemente, o IDH é o índice que deveria pautar e dar direcionamento de pensamento aos nossos economistas e administradores, governantes e empresários e meios de comunicação, para que pudéssemos desenvolver e pensar o Brasil, e, conseqüentemente, melhorar as condições de vida do povo brasileiro, se o capital e os mercados, repetidamente, com a cumplicidade de governos, principalmente os de perfis neoliberais, que foram derrotados nas urnas na América Latina, não dessem prioridade às demandas e aos privilégios dos ricos que controlam a macroeconomia.

   Observemos o que está a acontecer na Europa, no Japão e nos EUA. É o mundo real. É a face dura das sociedades quando falta salário e emprego. Os conflitos se multiplicam, porque “quando falta pão todo mundo grita, mas ninguém tem razão”. Principalmente os governos que se aliaram aos empresários e faliram seus países, e depois querem resolver os problemas com repressão policial.




   Besta é o policial que entra nessa, porque ele faz parte da classe trabalhadora. É bom lembrar. Por isso, não dá, não é de boa monta acreditar, por exemplo, na Globo News e em suas co-irmãs, bem como nos “especialistas” de prateleira, que defendem o indefensável; justificam o injustificável e pregam o que não é mais ouvido — escutado.

   Contudo, e com a realidade a nos dar quase todo o dia um soco no estômago ou um tapa na cara, à escolha, o sistema prefere manter os privilégios das classes abastadas, com o apoio da classe média universitária, conservadora, porém despolitizada, mas empregada nas empresas dos que controlam os meios de produção e os poderes constituídos. “Distribuir riqueza e renda, nunca!” É assim que pensam partidos como o PSDB e o DEM e certas entidades empresariais. 

   É dessa forma que agem os colunistas, editorialistas e comentaristas brancos e de classe média alta da imprensa corrupta e manipuladora quando não mentirosa. O preço é alto, porque os filhos dos ricos também terão uma vida de privações, pois ficarão exilados, desterrados em seus condomínios e enjaulados dentro de suas casas, como já acontece nos bairros de classes A e B das grandes e médias cidades.

   Viveremos em um País, se não dermos continuidade à distribuição de renda e de riqueza, além de continuarmos a efetivar a ampliação dos programas sociais, em que a liberdade de ir e vir será apenas um artigo da Constituição da República Federativa do Brasil. A questão da violência, da pobreza e do racismo está intrinsecamente ligada aos 350 anos de escravidão e à concentração de renda e de terras. 
   Para complementar o que foi dito até agora, necessário se faz salientar que o relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que de 1982 a 2003 a proporção de negros entre os pobres e indigentes do Brasil praticamente não teve alteração. Observe-se que, 21 anos depois, as elites brasileiras, herdeiras dos senhores de escravos, não cumpriram com suas responsabilidades e obrigações, mesmo após a redemocratização do País.




   Como em 1982, o percentual de negros em 2003 entre os pobres se manteve em 65% e entre os indigentes o percentual se manteve em 70%. Para o demógrafo Eduardo Rios Neto, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG, um dos autores do Atlas do Pnud, a raça é a dimensão estrutural da pobreza e da indigência e por isso é a questão mais difícil de solucionar. 

   O demógrafo disse ainda que mesmo quando houve planos que distribuíram alguma renda, como o Plano Cruzado de 1986, a situação social e econômica da população negra não melhorou. Rios Neto afirmou na época que a pobreza não é exclusiva dos negros, mas aparece em suas vidas com maior intensidade.

   O Atlas informa que brancos e negros de mesma escolaridade não recebem salários iguais. A renda dos negros é menor, uma prova inquestionável de que a discriminação racial explica e reflete as desigualdades no nosso País. A desigualdade, entre cidadãos brasileiros, retrata, cristalinamente, o racismo nas relações de trabalho no Brasil e, por conseguinte, em todas as relações sociais. 

   O racismo aprofunda as desigualdades e a sociedade brasileira o institucionalizou, bem como o estado, no decorrer dos séculos. Outro fator que colaborou para a situação da população negra não ser condizente com sua importância como trabalhadora e por isso geradora de riquezas é sua condição de escrava no passado.

   Por quase 350 anos a economia teve como base a escravidão, de forma oficial, o que prejudicou, sobremaneira, os descendentes de afro-brasileiros, que, como seus antepassados, não tiveram acesso a terra e por isso tiveram de ocupar os morros e as periferias, onde hoje acontece toda modalidade de crime, apesar de programas vencedores como o que implantou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro e do aumento dos recursos oriundos do Governo Federal, com o apoio logístico e de pessoal dos governadores dos estados federados para reprimir e combater a criminalidade, com o auxílio importante da oferta de serviços públicos, de implantação de infraestrutura (pavimentação e esgotamento sanitário) e de ampliação dos benefícios sociais, exemplificados no Bolsa Família, no Bilhete Único e na construção de casas, por intermédio do Minha Casa, Minha Vida, entre outros programas e benefícios.


O ritual de queima da cruz foi o primeiro a ser realizado em público em 50 anos
Foto: Reuters - 24/10/2010


   Além do mais, os negros não tiveram acesso à saúde de boa qualidade, o que faz com que essa importante parcela da sociedade brasileira tenha, em média, cinco anos de vida a menos que a parcela branca. Quanto à educação, o homem e a mulher negros estudam em média entre quatro a seis anos a menos. Este é o nosso País, onde moram pessoas que mesmo a conhecer realidades, índices e números preferem ficar presas em condomínios e carros blindados do que apoiar a desconcentração de renda e a distribuição de terras, bem como propiciar a divisão das riquezas produzidas pelos trabalhadores, brancos e negros e de todas as origens étnicas, porque o Brasil é um País de imigrantes e de índios. Todo cidadão brasileiro tem direito a viver em paz e em segurança.

   A questão da erradicação da pobreza ou da miséria é tão importante quanto à inserção, à inclusão dos negros brasileiros na sociedade. A maioria dos pobres é negra. Não se pode esquecer essa indubitável realidade. Até porque, como bem sabemos, existe somente uma espécie: a espécie humana. Definição de raça é racismo. Preconceito é elitismo. E a violência é contra todos. É isso aí.


Postado no blog Palavra Livre em 04/06/2012