Os patos do Dr. Rui






Diz uma antiga e divertida lenda baiana que, ao chegar em casa, o Conselheiro Rui Barbosa, também conhecido como "Águia de Haia", ouviu um barulho estranho vindo do quintal.

Foi averiguar e encontrou um ladrão tentando levar os patos de sua criação.

Aproximou-se vagarosamente do elemento, e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os anseriformes anatídeos, gritou-lhe com autoridade:

- Bucéfalo!, não o interpelo pelo valor intrínseco dos palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.

Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, entre perplexo e quase a choramingar:

- Dotô, rezumindo... eu levo ou eu dêixo os pato?...


As incríveis miniaturas de personagens famosos e animais feitas de crochê



Olha só que legal estas miniaturas feitas de crochê! Elas são mini mesmo, pois cabem nas pontas dos dedos. Criadas por um grupo de 5 artesãos chamado SU AMI, as miniaturas são inspiradas em animais, alguns deles personagens de desenhos e séries. Alguns exemplos são Shaun, Elmo, Rilakkuma e amigos, entre outros. Veja alguns deles na galeria de imagens a seguir:




Imagine só o trabalho que dá para fazer cada peça desta, só com muita paciência de dedicação!

Estas e outras miniaturas estão à venda na Etsy.










Maldita inclusão digital?


O “maldita inclusão digital” já virou uma expressão com vida própria. Ela é uma maneira rápida de mostrar desagrado diante de um texto mal escrito, uma montagem brega no youtube ou qualquer outra coisa que denuncie um gosto ou origem mais popular. Quem usa acha que disse tudo numa tacada só: reconhece algo mais popular quando o vê, sabe do recente aumento da capacidade de consumo, se declara como parte de uma classe que estava aqui muito antes e que lamenta a entrada de novos membros. O que ele consegue, na verdade, é ser preconceituoso.
Essa inclusão é maldita, é algo a se lamentar? Lamentar a inclusão digital é desejar que as distâncias sociais continuem tão profundas como eram antigamente; que os de origem diferente (inferior?) nem de longe possa frequentar os mesmos lugares dos de origem igual (superior?), nem ao menos os espaços virtuais. Qualquer coisa diferente do que seria a maneira correta de escrever e gostar é punida, é motivo de chacota. Pelo jeito, a igualdade social é admirada apenas quando praticada nos outros países.
Eu também me incomodo quando leio um “quizer” por aí. Mas se eu tivesse que eleger o maior problema da vida virtual, nem pensaria em citar esses erros. Aqui há tanta oferta de qualidade que só lê coisa ruim quem quer. O que realmente me incomoda aqui é a agressividade – cada dia maior e mais gratuita. E não adianta dizer que a culpa é “deles”. Qualquer um que escreva errado por aqui é massacrado, nem que seja apenas por um erro de digitação. A agressividade que eu vejo é justamente daqueles que se acham mais cultos, mais escolarizados e, por isso, superiores aos outros.
Eu vejo no lamento pela inclusão digital um ranço escravocrata, um desprezo íntimo que todos nós aprendemos a ter por aqueles que ganham a vida com o trabalho braçal. Ele vem de uma classe média que sempre se sentiu muito mais rica do que realmente era, e agora se sente empobrecida ao encarar a realidade. Se existe uma diferença cultural tão marcante é porque nunca houve interesse em diminuir as distâncias sociais, apenas em aumentá-las. Isso não passa apenas pela esfera política, ela diz respeito à maneira de falar, de se vestir, de tratar o outro.
Existe sim uma maneira correta de escrever “quizer” e todas as outras regras gramaticais. Fora isso, quase tudo o que torna a inclusão social “maldita” é a dificuldade de lidar com as diferenças.

Sobre o autor

Caminhante Diurno

Caminhante tem casa, marido, cachorro, blogs (Caminhante Diurno e Caminhando por Fora), carteirinha da biblioteca. E não pode viver sem qualquer um deles.




Postado no blog Livros e Afins em 26/06/2012


Mídia se une para salvar golpistas



Por Altamiro Borges

Num primeiro momento, a mídia brasileira ficou confusa e dividida diante do golpe relâmpago no Paraguai. Colunistas amestrados da direita, como Reinado Azevedo e Augusto Nunes, da Veja, e Merval Pereira, da Globo, aplaudiram os golpistas e até justificaram a deposição “democrática” de Fernando Lugo. Já nos editoriais, mesmo sem usar o termo “golpe”, jornais e emissoras de televisão estranharam a rapidez do impeachment e foram mais cautelosos. Agora, porém, a mídia se uniu para socorrer os golpistas.

O discurso único parece combinado. Todos os veículos criticam o Mercosul e a Unasul pela suspensão dos golpistas do Paraguai. A pressão maior é contra a presidenta Dilma Rousseff. A mesma mídia que sempre exigiu posições rápidas e duras contra o Irã, a Síria e outras nações contrárias à política expansionista dos EUA, agora pedem que o governo brasileiro “respeite a autonomia” do país vizinho. Na prática, a mídia colonizada recomenda a “neutralidade” para salvar os golpistas do isolamento na América Latina.


Postado no blog A Justiceira de Esquerda em 26/06/2012



Choque de realidade ! E a Rio+20 foi blá blá blá...








Postado no blog Educação Política em 26/06/2012

Obs.: Esta postagem pode chocar, mas precisamos ver as consequências do nosso estilo de vida e consumismo sem os devidos cuidados no descarte dos vários materiais.

Zona de conforto




Andrea Pavlovitsch 

Quem é que não gosta de um bom sofá. Sabe? Um sofá grande, confortável. Um sofá fofo, macio, quentinho nestes dias frios de São Paulo? Que tal? E se, além do sofá, colocarmos uma pipoquinha? Ai, que delícia, uma pipoquinha bem quentinha, com manteiga? Quem é que não quer? 

Pois é, todos nós sabemos o que é o conforto. Todos nós sabemos o que nos faz ficar confortáveis e o que nos faz ficar desconfortáveis. Muitas vezes, se sentir desconfortável com alguma coisa é pior até do que ter dor. É pior do que uma série de situações ruins, porque, ai, sei lá, incomoda uma coisa dentro da gente que a gente não sabe o que é. O desconforto é, de fato, extremamente desconfortável. 

E aí você olha para a sua vida. Seu pequeno sofá de vida, aquela zona de segurança onde você se encontra. Uma família, um relacionamento, um emprego, não sei. Aquela coisa que há tempos não é boa, mas é confortável. Aquela vida, vidinha, que faz com que você sinta que merece uma caixa de cerveja no fim de cada dia. Que faz você pensar que não tem problema arrumar só uma paquerinha fora do casamento. Aqueles pequenos pecados que, de tão pequenos, passam despercebidos. Aquela tentativa da alma e do espírito em mostra que não, as coisas não estão boas. 

Mas estão confortáveis. E por confortáveis eu digo, você conhece. Você não precisa pensar muito, você já sabe como lidar. Pensa, se eu ficar bem quietinho e não responder, não arrumo confusão com meu marido. Eu odeio fazer isso, mas, pelo menos, eu não preciso pensar que meu casamento acabou faz tempo.  
Ou, se eu fizer meu serviço aqui na firma "médio", ninguém me mandar embora e eu não preciso parar e pensar porque eu queria ser agricultor e agora sou escriturário. E odeio. Mas pago as contas, com dificuldade, não estou passando fome. Ai que lindo! Fique até comovida agora. 

A frase "o bom é inimigo do ótimo" é extremamente verdadeira. E quer dizer isso mesmo que, muitas vezes, não queremos sair da nossa zona de conforto. Ah, os amigos são pessoas ótimas, mas ir até lá? Poxa, a fulana mora tão longe, tão distante! Não seria melhor ficar aqui, pedir uma pizza? Vou ter que me arrumar pra ir pra festa? Ah, mas eu não tenho um sapato. Vou ficar em casa. 

E a vida passando lá fora. E a vida correndo, até o dia em que você olha no espelho e pensa: quem é essa senhora? O que ela fez da vida? Ela se divertiu? Ela dormiu pelada só pra refrescar, nadou num rio que não conhecia a água? Ela tomou pelo menos um porre? Ela dançou agarradinha até às cinco da manhã? Ela curtiu os filhos crescendo, os levou ao parque e pra se sujar na lama? Ela se sujou de vida? 

Ou ela ficou bem. Confortável, acompanhada de uma TV a cabo eu um cálice de vinho barato (porque, né, não deu pra comprar um melhorzinho). O que diabos você quer da sua vida? 

Outro dia eu ouvi a expressão: preguiça de viver. A preguiça de viver é a irmã caçula da depressão. Você vai tendo preguiça de fazer as coisas. Preguiça de vencer seus medos, preguiça de tentar. E um dia você está tão instalado na sua zona de conforto que nem sabe mais quem você é. 

E espero que, lendo este texto, talvez você identifique isso em uma ou duas áreas da sua vida. E pense que o tempo está passando e precisamos só ir em frente. Com medo ou não. Com preguiça ou não. Precisamos buscar a nossa força, lá dentro e ir atrás do que queremos. Porque somos muito, muito maiores do que imaginamos. Temos muito mais talentos que nos fizeram acreditar nossos pais e professores. Somos enormes, gigantes e perfeitos! Aos olhos do Universo. Aos olhos da criação divina! 

Então aproveite os seus potenciais, sejam eles para o que forem. Um trabalho, um hobbie, um novo relacionamento? Afinal de conta: do que você precisa? 


Postado no Vou-de-Blog


Livros na praça !


GELADEIROTECA: EM UMA PRAÇA DE ARARAQUARA, INTERIOR DE SÃO PAULO, UMA GELADEIRA “CONSERVA” LIVROS QUE SÃO EMPRESTADOS À POPULAÇÃO




Postado no blog Educação Política em 25/06/2012

Tabaré Vázquez: “Política, filosofia e cultura devem primar sobre a economia”



"Para uns, semear medo traz benefícios eleitorais; para outros, é um bom negócio. O resultado é uma sociedade que esteriliza o espaço público” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes

A uma plateia de médicos, o colega de profissão e ex-presidente do Uruguai Tabaré Vázquez constatou que vivemos em um tempo “fronteiriço”, ainda impossível de ser compreendido, chamado por muitos de pós-modernidade, o qual gera novas patologias, como a sensação de vazios, a obsessão por segurança e por saúde, o consumo massificado e o individualismo exagerado. “Incerteza, insegurança e desproteção deveriam figurar entre as patologias das grandes cidades em nosso tempo. Para uns, semear medo traz benefícios eleitorais; para outros, é um bom negócio. O resultado é uma sociedade que esteriliza o espaço público”, disse em sua participação no 7º Fórum Político da Unimed-RS, nesta sexta-feira (22), no Teatro do Bourbon Contry, em Porto Alegre.
Para Tabaré, neste tempo a reflexão deve predominar sobre questões técnicas. “A política, a filosofia, a cultura devem primar neste tempo. Não podemos nos submeter à economia”. Citando o escritor francês do século XV François Rabelais, complementou: “A ciência sem consciência é a ruína da alma”.
Ele disse ainda que a sociedades devem ser encaradas como seres vivos, que também sofrem patologias. Além disto, considera que o “imobilismo social” e o “apego ao passado” devem ser considerados enfermidades. Por outro lado, Vázquez ressaltou que as utopias já são parte deste passado. “Se algo está claro neste tempo é que as utopias épicas e os relatos heroicos já saíram de moda”.
"Utopias épicas e relatos heroicos já saíram de moda", disse Tabaré Vázquez durante evento em Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Sobre o individualismo, o ex-presidente exemplificou mostrando que boa parte dos líderes de maio de 68 esqueceram das velhas ideologias e foram buscar a salvação pessoal por meio da yoga, do tai chi chuan, etc. “Onde ficou a revolução? O homem novo? O socialismo”, questionou.
América do Sul é a região que pior distribui riqueza, diz ex-presidente
Tabaré Vázquez começou sua palestra falando mostrando dados que mostram a situação precária em que ainda vive boa parte dos moradores de grandes cidades no mundo e, em especial, na América Latina. “Nosso subcontinente não é a região mais pobre do mundo, pelo contrário, temos muitas riquezas naturais. Mas somos a que pior distribui entre seus habitantes”, disse.
Ele defendeu o desenvolvimento sustentável, mas, principalmente, que as sociedades se desenvolvam homegeneamente, que todos os cidadãos sejam beneficiados pelo desenvolvimento. “O desenvolvimento sustentável é a única alternativa”, disse. Tabaré afirmou que um dos meios para efetuar a justiça social é a questão tributária, tirando mais de quem tem mais e distribuindo, por meio da seguridade social e de investimentos sociais.
Saúde e educação são eixos principais para melhora da qualidade de vida, argumentou Tabaré Vázquez | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Vázquez defendeu que os dois eixos principais para melhorar a qualidade de vida e dos serviços públicos devem ser saúde e educação. Em seu governo no Uruguai, ele relatou que sistematizou a saúde pública e privada, de modo que se complementem. “A sociedade não acaba no Estado”, afirmou.
No campo da educação, fez defesa veemente do Plan Ceibal, pelo qual o Uruguai deu um computador a cada aluno da escola pública do país e a cada professor. “Quando resolvemos dar um computador para cada criança, apareceram uns fenômenos para criticar”. Vázquez acredita que planos como este são um modo de dar igualdade de condições. “Esta talvez seja uma das melhores formas de distribuir a riqueza”.

Postado no blog Sul21 em 25/06/2012

Das Vantagens de Ser Bobo


por Clarice Lispector


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." 

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. 

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. 

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. 

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?" 

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama! 

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz. 

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem. 

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas! 

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo. 

Postado no blog DoLadoDeLá em 24/06/2012